Quinta-feira, 27.03.14

Um Audi A6 não é viver acima das nossas possibilidades?

Há algumas coisas que me causam perplexidade nesta ideia de oferecer Audis A6 e A4 às pessoas que pedem facturas com o nº do contribuinte.

A primeira perplexida é moral.

Este Governo passou 3 anos a dizer-nos que não podíamos "viver acima das nossas possibilidades".

Disse-nos que não era possível "gastar mais", que tínhamos de "poupar", e ajustar as nossas despesas.

Eram precisos sacrifícios em nome do país.

E agora oferece Audis A4 e A6 às pessoas?

 

Um Audi A6 não é um Audi A1, nem sequer A3.

Um Audi A6 é um carro de administradores de grandes empresas.

E agora vamos dá-lo à Dª Adelaide, ou ao Sr. Joaquim, que vencem o sorteio?

E não é isso uma aberração moral para quem diz que não podemos viver acima das nossas possibilidades?

Um Audi A6 consome muito, é muito caro. 

Não causa estranheza que o mesmo Governo que nos disse que não podíamos viver assim, agora nos venha oferecer Audis A6, para que nós possamos viver "acima das nossas possibilidades"?

 

Mas, tenho mais duas perplexidades sobre esta questão.

Então não era suposto o Governo não estimular a importação de bens caros, para que o nosso deficit comercial diminua?

E vai-se comprar Audis, que são importados, aumentando o deficit comercial?

Não haverá aí uma contradição simbólica entre o que é o discurso nacional do Governo, todo ele de promoção às exportações e diminuição às importações, e a oferta de Audis importados?

Não havia bens portugueses que se pudessem oferecer às pessoas?

Não podia ser dinheiro?

 

A terceira perplexidade é esta: se a ideia era oferecer carros, porque se escolheram carros alemães?

Tem o Governo algum pacto especial e secreto com os fabricantes alemães?

Não podiam ser carros italianos, ou franceses, que são bem mais baratinhos?

Os Audis são exportações alemãs, e importações portugueseas.

Ou seja, estão a aumentar o excedente comercial da Alemanha e a aumentar o deficit comercial português.

Mas não era precisamente o contrário disso que o Governo desejava?

Será que a subsverviência total à Alemanha já chegou ao ponto de eles nos obrigarem a comprar carros deles para oferecer ao nosso povinho bem comportado?

 

 

publicado por Domingos Amaral às 11:52 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Terça-feira, 25.03.14

Mais um fanático da Guerra dos Tronos

Cheguei a esta série muito atrasado, tarde e a más horas.

Tinha sobre ela uma vaguíssima opinião, do género "é uma espécie de Senhor dos Anéis", que me levava a ignorar os episódios, o buzz, o marketing geral e o boca-a-boca positivo que muitas vezes ouvia.

A verdade é que foi muito tempo a ignorar uma evidência: estava a perder uma grande série.

É assim mesmo, e hoje já posso dizê-lo sem dúvidas: "A Guerra dos Tronos" é uma grande série de televisão, uma das melhores dos últimos anos.

Um dia, decidi começar a vê-la no SyFy, e fiquei viciado.

Aquela saga dos sete reinos, com os Stark, os Lannister, a Mãe dos Dragões e mais uma mão cheia de personagens inesquecíveis, agarrou-me e ainda não me largou.

Estou agora a terminar a 2ª temporada, e espero ainda conseguir ver a 3ª a correr, aos 2 e 3 episódios por dia, antes de me preparar para a grande estreia da 4ª temporada, que está aí a chegar.

Há algo de grandioso na série, com os seus dragões, os seus Caminhantes Brancos, as suas lutas sangrentas, que nos fascina, como se aqueles tempos do impossível e do improvável tivessem mesmo acontecido.

Ah, e o anão também é genial, sem dúvida, mas não acho que seja a feitiçaria e o surrealismo que nos caçam, é mais o diálogo, a estranheza daquelas pessoas, os seus costumes, e sobretudo a imaginação delirante que produz aquele universo.

Uma história é sempre um Universo novo, onde tudo o que antes de passou volta a acontecer de forma original.

E este Universo dos Sete Reinos, do Domínio, da Muralha, é fascinante.

Tem política, sexo, guerra, traições, perversões, magia, estética, guarda-roupa, e muitas coisas mais.

Está quase a entrar para o meu top 5 das melhores séries de sempre, onde estão os Sopranos, o 24, o Lost, o Colditz, e o Espaço 1999. 

publicado por Domingos Amaral às 11:19 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Sexta-feira, 21.03.14

Irritações: o melhor programa de televisão de sempre!

Já começou ontem, na SIC Radical, aquele que será sem sombra de dúvida o melhor programa de sempre da televisão mundial!

Chama-se "Irritações", e tem um painel único de alto quilate, formado por Pedro Bidarra, João Quadros, Pedro Boucherie Mendes e eu próprio.

Todas as semanas, cada um de nós tem de escolher as suas maiores irritações e falar sobre elas.

Ontem, por exemplo, falámos sobre Vítor Gaspar, alces e veados, a Sra Merkel, o furacão "Bruno" (a propósito do novo presidente do Sporting), e coisas avulsas como o "manifesto da dívida" e a comunicação de Cavaco Silva!

Foi um primeiro programa supersónico, com uma velocidade de raciocínio rara e bastante divertido.

E já estamos todos a preparar a próxima semana!

 

publicado por Domingos Amaral às 10:32 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 17.03.14

O avião da Malásia ainda anda por aí...

Passei o fim de semana fascinado com o misterioso caso do avião que desapareceu perto da Malásia, o já famoso voo MH 370.

Aprendi imenso sobre radares, satélites, pings, ACARS, e também sobre a política interna da região.

E continuo tão fascinado pela história que me atrevo a tirar algumas conclusões.

 

1 - O suicídio de um dos pilotos não parece fazer qualquer sentido

Se um piloto está em cima do mar, no Golfo da Tailândia, e se quer suicidar, qual o melhor caminho?

A mim parece-me que era fechar a porta do cockpit e atirar com o avião ao mar, em poucos minutos.

Não é muito lógico que o piloto primeiro feche a comunicação dos radares, depois do transponder, e depois diga boa noite à torre de controle.

A seguir, vira o rumo do avião, faz mais hora e tal a voar, atravessa a Malásia para o oceano Índico, e depois ainda faz mais seis ou sete horas de voo, em cima do mar, para depois então, finalmente decidir suicidar-se.

Isto faz algum sentido? 

É evidente que, a ser suicídio, o avião teria caído logo no mar, e ninguém se dava ao trabalho de desligar as comunicações e virar, era focinho para baixo e pronto, acabava tudo em minutos!

O suicídio do piloto, ou co-piloto, é para mim um cenário ilógico e absurdo.

 

 

2 - O avião foi sequestrado, mas depois os passageiros revoltaram-se, e o avião caiu no mar

É uma hipótese possível.

As primeiras manobras, o desligar das comunicações, a mudança de plano de voo, são consistentes com um "sequestro" do avião por alguém.

E, como sabemos que aconteceu com o quarto avião do 11 de Setembro, é possível a revolta dos passageiros provocar a queda do avião.

Porém, sendo assim, como explicar que sete horas depois ainda houvesse sinal de satélite?

Se um avião cai no mar, o sinal de satélite termina, pois os circuitos eléctricos deixam de funcionar.

Se cai em terra, podem ficar a funcionar ou não.

Seja como for, em qualquer das hipóteses era difícil não se dar pelo avião. 

Se ele tivesse caído, em terra ou no mar, a probabilidade de ter deixado vestígios era muito grande, e quase certamente já teriam sido descobertos.

Mas, é uma hipótese que, mesmo assim, não deve ser totalmente posta fora de parte, pois há sempre a possibilidade de ter caído e ainda não ter sido encontrado.

 

3 - O avião foi sequestrado e seguiu para Norte, para a Ásia.

É uma possibilidade forte, pois a viragem do avião para Oeste mostra que houve intenção de virar para essa direção, embora não se possa provar que tenha ido para o Norte.

Porém, como atravessar o espaço aéreo de países como Burma, Birmânia, Nepal, Bangladesh, Índia, China, e outros, sem ser visto?

Não digo que não seja possível, mas era extremamente difícil.

No entanto, não é possibilidade que deva ser eliminada.

No Norte da China, por exemplo, há uma região onde vivem muitos muçulmanos e movimentos locais que fazem atentados terroristas contra a China.

Ainda a semana passada, atacaram e mataram muitos chineses à catanada, numa estação de metro de uma cidade chinesa.

É perfeitamente possível que um comando de chineses terroristas tivesse tomado o avião e seguisse numa rota para Norte.

Sim, possível é, mas para onde se o avião não atacou, nem houve qualquer atentado com o avião?

 

4 - O avião foi sequestrado e seguiu para Sul, para a Indonésia.

Para mim, é a hipótese mais provável.

Há na Indonésia milhares de pequenas ilhas, ilhotas, arquipélagos, onde existem pistas de aterragem para aviões.

É perfeitamente possível que o avião tenha desviado para Oeste e depois tenha descido, debaixo dos radares, até a um ponto qualquer na Indonésia, onde aterrou.

É perfeitamente possível que esteja escondido, e camuflado, para ser usado no futuro, noutro ataque terrorista.

Mas, seria possível que os Indonésios não tivessem dado conta disso?

Sim, a Indonésia é um país vastíssimo, com muitas ilhas que não estão bem controladas pelo poder político de Jakarta.

E os passageiros, não conseguiam telefonar?

É provável que, se o comando terrorista é tão competente que faz desaparecer um avião, também consiga controlar os passageiros.

Se eles estão vivos ou não, isso é mais difícil de dizer.

Só estão vivos se tiverem alguma utilidade, para pedidos de resgate, por exemplo.

Era o melhor que lhes podia ter acontecido, nesta misteriosa história.

 

publicado por Domingos Amaral às 11:15 | link do post | comentar
Sexta-feira, 14.03.14

O mistério do avião desaparecido

É a história que me tem fascinado esta semana, a do avião malaio que desapareceu.

Como é que é possível o avião se ter eclipsado sem deixar qualquer rasto?

Não há sinais, comunicações, destroços, vestígios nos satélites ou nos radares.

De repente, de um momento para o outro, um Boeing desaparece, sem um alerta, um aviso, um barulho.

 

As autoridades de todos os países andam perplexas, confundidas, espantadas.

Os malaios fazem tudo o que podem, os chineses ajudam, os vietnamitas contribuem, os americanos interessam-se, mas nada acontece.

Cai aqui, caiu ali, caiu mais longe ou numa zona mais funda?

Ninguém sabe, ninguém descobre, é um vazio tremendo que dura há quase uma semana.

David Gallo, o cientista que descobriu o Titanic, e que ajudou a descobrir o avião da Air France que há uns anos caiu no Atlântico perto do Brasil, chama a este "o maior mistério da história da aviação". 

Nem ele consegue entender porque é que não há sons, vestígios, rastos, e só um zero absoluto para angustiar todos.

 

Como sempre acontece nos mistérios, na ausência de uma descoberta surgem as especulações.

Há quem diga que foi terrorismo, uma bomba, uma explosão, mas os satélites não registam nenhuma anomalia térmica.

Há quem diga que viu um avião a arder, na zona onde ele devia estar a voar, mas os barcos não encontram nenhum destroço no mar, nenhum bocado de carlinga como prova.

Há quem diga que os telemóveis ainda tocam, dias depois, sinal de que podem não estar todos destruídos.

Há quem diga que o avião se afastou muito da rota, e pode estar a mais de 140 quilómetros de distância, embora ninguém consiga explicar porque é o piloto não comunicou que estava a desviar-se.

 

Ao longo da semana, lembrei-me da série Lost, sobre um avião que caiu numa ilha do Pacífico, e que desapareceu do mundo real, passando os sobreviventes a viver num universo paralelo, à parte.

Seria possível isso acontecer ao avião malaio?

Será possível que o avião esteja numa espécie de poço magnético, numa ilha perdida, incapaz de comunicar com o resto do mundo?

É, infelizmente, muito pouco provável.

Histórias como a da série Lost só acontecem na ficção, e o mais certo é o avião malaio estar no fundo do mar.

Mas, há ainda no meu coração uma secreta esperança num milagre desse tipo.

publicado por Domingos Amaral às 10:07 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 13.03.14

Porque é que Passos Coelho se irritou tanto com o manifesto?

Passos Coelho irritou-se muito com o manifesto que pede a reestruturação da dívida.

Ainda a coisa não tinha nascido e já estava ele a matá-la no ventre da mãe.

Furioso contra os notáveis, jurou que jamais a dívida seria reestruturada.

Até me espantou, pois Passos não costuma ligar muito ao que dizem os supostos "notáveis" do país.

 

O que se passou para Passos perder a paciência?

É evidente que podemos dizer que este não é o timing certo para falar em reestruturação da dívida.

A dois meses do final do programa de ajustamento, estou de acordo que não é o momento certo.

Agora, o importante é terminar o programa, diz Passos, e não criar dúvidas aos nossos credores.

Sim, mas porque é que Passos acha que o manifesto dos notáveis cria dúvidas aos credores?

 

Em todos os países, quando existem crises de dívida pública, há quem defenda a reestruturação ou renegociação.

Não há qualquer novidade na ideia, que não é nem absurda, nem inesperada.

Porém, qual o real poder dos signatários do manifesto?

Na verdade, nenhum. 

São pessoas de esquerda, de direita, de centro, dali e daqui, mas nenhuma delas tem qualquer poder para condicionar Portugal.

Nem o PS, nem Cavaco, nem Portas, subscreveram o manifesto.

Então, porque se enfureceu Passos, como se tudo o que tinha feito até agora ficasse em causa?

 

Na realidade, Passos está sempre a criar inimigos, e precisa deles para se engrandecer.

Ontem, era o Tribunal Constitucional, hoje são os "notáveis do manifesto".

Alguém a quem se pode atirar culpas, alguém que se pode criticar.

Mas, se o TC ainda era uma instituição que podia limitar as escolhas do Governo, os "notáveis do manifesto" nem isso conseguem.

Enfurecer-se contra eles é uma inutilidade, é ruído sem sentido.

Ou será que Passos acha que a sra Merkel leu o manifesto dos notáveis portugueses e já nem dorme por causa disso?

Ou acha que o rating de Portugal vai ser abalado pelas ideias conjuntas de Louçã e Bagão Felix?

 

publicado por Domingos Amaral às 13:14 | link do post | comentar
Terça-feira, 11.03.14

A sra Merkel não deixa reestruturar a dívida!

Foi hoje revelado um manifesto de múltiplas "personalidades" que apela à reestruturação da dívida portuguesa.

Só peca por tardio, o dito manifesto.

Neste blog, por exemplo, há mais de ano e meio que escrevo que a "reestruturação" da dívida é das poucas saídas possíveis para Portugal.

Porém, não irá acontecer, com manifestos ou sem manifestos.

E não irá acontecer porque a Alemanha não deixa.

Empolgada com os resultados que começam a aparecer, de recuperação da zona euro, e sobretudo empolgada com a hipótese de Portugal conseguir regressar aos mercados em breve, a sra. Merkel nem quer ouvir falar em reestruturação da dívida.

Para ela, a austeridade é um caminho salvador, produz bons resultados, e resolverá a crise europeia.

E, além disso, a sra Merkel tem com ela todos os alemães, que não admitem "perder dinheiro" com os povos do Sul, esses libertinos e gastadores.

Pedir a "reestruturação" da dívida é pois pregar no deserto, pois os alemães estão-se nas tintas para o que nós pensamos, tal como se estão nas tintas para o que muitos economistas defendem.

 

É evidente, para quem conheça a história económica dos últimos setecentos anos, que não há casos relevantes de países que tenham saído da crise sem reestruturação de dívida.

O mito da "austeridade expansionista", tal como o mito do "crescimento pelas exportações", não passam disso mesmo, mitos.

Nenhum país conseguiu ultrapassar uma situação de dívida excessiva só com a austeridade ou com as exportações.

Mais tarde ou mais cedo, todos reestruturam as suas dívidas e a vida continuou.

Foi assim com a Alemanha, sobretudo a seguir à Segunda Guerra Mundial, mas também com muitos outros países por esse mundo fora.

Só que, havia uma diferença essencial entre esses países e o Portugal actual.

É que os países que reestruturaram as suas dívidas tinham uma moeda autónoma, e Portugal não tem.

 

Estar no euro muda tudo, principalmente porque estar no euro implica estar dependente de outros países para tomar decisões.

Dentro do euro, só se pode reestruturar a dívida se os nossos parceiros estiverem de acordo, e isso não acontece.

Nem vai acontecer nos tempos mais próximos, pois os alemães não se deixam persuadir nestas circunstâncias.

Uma reestruturação da dívida permitiria a Portugal pagar muito menos juros, o que libertaria fundos para estimular a economia.

Mas, para isso era preciso que os credores aceitassem essa reestruturação, recebendo menos dinheiro já.

Politicamente, tal hipótese é uma impossibilidade.

A carga pesada da dívida vai continuar sobre os nossos ombros, pois essa é a vontade da Alemanha.

E nada se faz na Europa sem a benção da mulher de Berlim, essa é que é essa.  

publicado por Domingos Amaral às 12:28 | link do post | comentar
Segunda-feira, 10.03.14

Programa cautelar: Cavaco bem quer, mas Merkel não deixa

O presidente da República tem feito tudo para avisar o país sobre a necessidade de um "programa cautelar".

Por mais que a situação tenha melhorado, para Cavaco estamos ainda numa zona perigosa, e sobretudo muito vulneráveis a qualquer mutação dos sentimentos dos mercados.

O esforço de consolidação orçamental foi enorme, as taxas de juro baixaram, mas apesar desses bons sinais a situação é ainda frágil.

Cavaco escreve, e avisa o país, apelando à prudência, pedindo cautela.

Temo que ninguém o oiça.

Embora na Europa muitos já tenham dito o mesmo (Barroso, Draghi, etc), nas últimas semanas o discurso europeu mudou, pois já todos perceberam que a Alemanha não quer que Portugal vá para um programa cautelar.

Merkel quer uma "saída limpa" de Portugal, para a apresentar como um "troféu".

Além disso, Merkel teme que se levasse um "programa cautelar" ao seu parlamento, ele fosse vetado, ou fossem impostas condições draconianas pelo SPD para aprovar tal coisa.

Por isso, vai obrigar Portugal a uma saída limpa, como fez com a Irlanda.

O caso Irlandês foi apresentado como uma vitória nacional de Dublin, mas não foi apenas isso, foi também uma obrigação imposta por Berlim.

O caso Português será semelhante.

Passos e o seu Governo vão apresentar a "saída limpa" como um colossal e esmagador triunfo das suas políticas, embora não estejam a fazer mais do que cumprir a vontade da Alemanha.

É uma situação arriscada, mas parece-me que ninguém quer saber o que Cavaco pensa.

Na Europa, manda Merkel, e os outros obedecem.

publicado por Domingos Amaral às 11:25 | link do post | comentar
Segunda-feira, 03.03.14

E a guerra a aproximar-se...

Por vezes, o impensável acontece, e normalmente é logo depois de acontecer o impossível.

Há dois meses, ninguém imaginava possível uma invasão da Crimeia pelas tropas russas.

As pessoas sabiam que a situação na Ucrânia não era fácil, que havia muita revolta, e uma divisão profunda do país entre os pró-russos e os pró-Europa.

Admitia-se turbulência e alta tensão, mas não se julgava possível muito mais do que isso.

Mas, dia a dia, a situação foi resvalando.

Primeiro, subiram de nível os confrontos em Kiev.

Temeu-se nessa altura a guerra cívil, que passou de impossível a imaginável em semanas.

O Presidente ucraniano fugiu, e sentiu-se alívio a Ocidente: as coisas iam entrar nos eixos, em breve haveria eleições na Ucrânia, os maus tinham perdido.

Não foi isso que aconteceu, infelizmente.

As forças russas começaram a movimentar-se, junto às fronteiras da Ucrânia, e a situação começou a agravar-se.

Aquilo que há meses era um impossível, a invasão da Crimeia, acabou por acontecer, e bem mais depressa do que o mundo esperava.

E agora estamos num local perigossímo, num abismo europeu, com a Rússia a ameaçar o Ocidente, aliada à China.

Aquilo que há dois meses seria impensável, uma situação de conflito quase militar entre Ocidente e Rússia, já mudou de carácter, e agora parece apenas impossível.

É sempre assim, o impensável passa a impossível, o impossível passa a possível, e em apenas algumas semanas o que era impensável passou a ser...possível.

Por mais que a todos nós seja absurda a ideia de uma guerra com a Rússia, as engrenagens da guerra já começaram a mexer-se, e ninguém pode dar certezas de nada.

Quem sabe se Obama, Merkel e Cameron não estarão, daqui a meses, a braços com um conflito armado em plena Europa, enfrentando um Putin cada vez mais ambicioso?

Seria uma tragédia colossal, mas deixou de ser uma tragédia impensável no espaço de semanas...

 

publicado por Domingos Amaral às 11:55 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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