Segunda-feira, 08.09.14

Paulo Bento e a sua selecção mediana

Sempre que oiço os críticos de Paulo Bento, dou-lhes total razão, mas logo acrescento a pergunta: e quem seleccionavas tu?

As pessoas ficam atrapalhadas, falam em Quaresma, Carlos Mané, até num tal de Tomané que joga no Guimarães, e eu pasmo...

Importam-se de repetir? Acham mesmo que a seleção nacional ficaria melhor com um Ruben Neves, um Adrien, um Eliseu?

Talvez valha a pena descer um pouco à terra, digo eu...

 

A realidade é dura, mas há que enfrentá-la, e a realidade é que, por mais convocatórias que cada um de nós faça, não alteramos a coisa.

Hoje, não há em Portugal jogadores suficientes para construir uma grande seleção, essa é que é essa.

O tempo em que éramos uma das seis ou sete melhores seleções do mundo já passou.

Não há jogadores como Figo, Rui Costa, Deco, Maniche, Sérgio Conceição, Paulo Sousa, Ricardo Carvalho, e mais alguns.

Com a excepção Cristiano Ronaldo, e uma ou duas vezes Fábio Coentrão, o resto da seleção vale pouco.

E não há substitutos que se vejam, por mais que puxemos pela cabeça.

 

Quem devia ser a dupla de centrais? Tire-se Pepe, Costa e Bruno Alves, e quem resta?

Neto? Nem joga no seu clube...Vezo? Ouvi dizer que vai ser emprestado pelo Valência...

E nas laterais, se não jogar João Pereira, quem temos? André Almeida? Cedric? 

Passemos ao meio-campo: acham mesmo que Ruben Neves iria transportar-nos para o céu, com Adrien ao lado?

E quem tiravam? William?

 

Nani ainda mexe, mas Quaresma seria melhor, apesar de nem jogar no FC Porto?

E queriam Bebé, que não é titular no Benfica, ou Mané, que não é titular no Sporting?

Pois é, a realidade é dura.

Podemos criticar Paulo Bento, e eu também acho que ele não tem andado bem desde Novembro, mas será que um treinador diferente conseguia mudar o panorama geral de fraqueza?

 

Temos infelizmente todos de meter na cabeça que a nossa seleção caiu muito de qualidade, e por isso não vale a pena ter muitas aspirações.

Somos, e seremos nos próximos cinco ou dez anos, uma seleção mediana, como fomos nos anos 70 e 80, capaz de um inesperado brilharete, mas com uma qualidade geral muito fraquinha.

São as seleções medianas que perdem com as fracas, como ontem aconteceu com a derrota com a Albânia, e não conseguem vencer as grandes, como aconteceu no Mundial com a derrota com a Alemanha.

 

É triste mas é a realidade, e mandar embora Paulo Bento só vai alimentar a ilusão de que as coisas podiam ser diferentes.

Não podiam, nem serão. A mediania regressou, não há volta a dar-lhe.

O único conforto é que não somos os únicos.

Itália, Inglaterra, Polónia, Bulgária, Roménia, República Checa, e até a França e talvez em breve a Espanha, todas foram grandes seleções no passado, mas no presente não passam da vulgaridade.

É assim a vida, habituem-se.  

 

publicado por Domingos Amaral às 11:24 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quarta-feira, 25.06.14

Portugal: dois milagres no mesmo dia, nem em Fátima!

Sinceramente, não acredito que Portugal siga em frente.

Seriam precisos 2 milagres no mesmo dia, e à mesma hora, para isso acontecer.

Um milagre, ainda vá, às vezes acontece. Mas dois milagres? Isso nunca aconteceu.

 

Até porque, bem vistas as coisas, o Gana está bem mais perto de passar do que nós. 

Dos quatro jogos que vi no nosso grupo, acho o Gana mais forte que Portugal, e até que os Estados Unidos.

Perdeu com os americanos mas teve azar, e empatou com a Alemanha, mas podia ter ganho, e até merecia.

Portanto, acho mais provável o Gana vencer-nos, do que nós vencermos o Gana.

Bem sei que há problemas internos, discussões sobre dinheiros, essas coisas.

Mas, na hora do jogo tudo será esquecido e o Gana jogará como sabe, que é muito.

 

Quais são as probabilidades deles e nossas?

Bom, se Alemanha e Estados Unidos empatarem, que é o cenário mais provável, a probabilidade é zero.

Apesar das declarações todas muito honradas e as juras de jogar para a vitória de Klinsman e Low, a verdade é que o empate deixa ambas as equipas no Mundial, e nenhum alemão ou americano será louco suficiente para pôr isso em risco.  

Portanto, se houver empate no primeiro jogo, o resultado do Portugal-Gana será completamente indiferente.

 

Mas, admitamos que algo acontece e alguém marca um golo no Alemanha-Estados Unidos.

Se forem os americanos a vencer por 1-0, em que situação fica o grupo?

Os EUA ficam com 7 pontos, e os alemães com 4, com uma diferença de golos de +3 (6 marcados e 3 sofridos).

Nessa caso, o Gana teria de vencer Portugal por 4-0, ficando com 4 pontos e com um score idêntico de +3, mas com 7 marcados e 4 sofridos.

Só assim o Gana passava, o que convenhamos é muita fruta.

E Portugal?

Bom, Portugal teria de vencer o Gana por 7-0, pois está com -4 e teria de igualar os +3 da Alemanha, ficando com 9 marcados e 6 sofridos.

É completamente impensável!

Portanto, caso os EUA vençam, as probabilidades de Gana e Portugal são mínimas, para não dizer inexistentes.

 

Agora, admitamos o cenário contrário, a Alemanha a vencer por 1-0.

Nesse caso, a Alemanha conseguia 7 pontos, e os Estados Unidos ficavam com 4, com uma diferença de golos de 0 (4 marcados, 4 sofridos).

Ora, o Gana parte com um "goal average" de -1, e vencer por 1-0 não chegava pois ficavam ambos com 0 em golos, com os mesmos 4 marcados e os mesmos 4 sofridos, mas aí passavam os Estados Unidos pois venceram o Gana.

Portanto, o Gana teria de vencer Portugal por 2-1. 

Assim, ficaria com 4 pontos e uma diferença de golos de 0, mas com 5 marcados e 5 sofridos, ultrapassando os americanos por ter mais golos marcados, critério que se sobrepõe nos mundiais ao resultado do jogo entre ambos.

Ora, vencer Portugal por 2-1 não é nada impossível, e como se vê o Gana está muito mais perto de passar do que Portugal.

 

É que nós, no caso de vitória alemã por 1-0, teríamos de vencer o Gana por 4-0, para igualar os americanos, ficando com 0 de diferença de golos, mas com 6 marcados e 6 sofridos, e por isso passávamos nós, pois tínhamos marcado mais golos.

Como é óbvio, é bem mais difícil Portugal vencer o Gana por 4-0, do que o Gana vencer Portugal por 2-1.

Portanto, se a Alemanha vencer os Estados Unidos pela diferença de 1 golo, é bem mais provável que seja o Gana a passar do que Portugal. 

 

Só no caso de existir um resultado mais desnivelado no primeiro jogo é que as hipóteses de Portugal se aproximam das do Gana.

Imaginemos que, por milagre, a Alemanha vence os Estados Unidos por 3-0.

Nesse caso, passam os alemães com 7 pontos, e os americanos ficam com 4 pontos e -2 em golos (4 marcados, 6 sofridos).

No outro jogo, ao Gana bastaria vencer Portugal por 1-0, e passava.

Já Portugal teria vencer por 2-0, para pelo menos garantir a moeda ao ar entre Portugal e EUA, o que já daria pelo menos 50% de probabilidades à nossa seleção.

Seria o segundo milagre!

Porém, convenhamos que uma derrota dos EUA por muitos é um cenário muito pouco provável...

 

Em conclusão, as probabilidades totais de Portugal e Gana são pequenas, mas as de Portugal são muito mais pequenas do que as do Gana.

Como se vê, não basta um milagre para Portugal passar, são precisos dois milagres e simultâneos, no mesmo dia e à mesma hora!

Ora, um milagre ainda pode acontecer, mas dois no mesmo dia, nem em Fátima!

publicado por Domingos Amaral às 11:26 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 23.06.14

A selecção é igual ao país: viveu acima das suas possibilidades

Quem são os portugueses para acharem que vão ganhar 5-0 ao Gana?

É preciso ter um descaramento dos diabos para, depois de levar 4 bolachas da Alemanha, e não ter sofrido um KO dos Estados Unidos por milagre, ainda ter o atrevimento para achar que vamos golear o Gana!

Será que os portugueses têm andado a ver o mesmo Mundial que eu?

O Gana jogou muito bem contra os Estados Unidos, mas teve azar e perdeu, e jogou muitíssimo bem contra a Alemanha, e merecia ganhar mas empatou.

Ganhar ao Gana, com a equipa que temos? Deve ser piada.

Teremos muita sorte se não formos nós a ser goleados pelo Gana, e o mais provável é perdermos o jogo, pois jogamos muito pior que eles.

 

Aliás, o golo de Varela só serve para prolongar uma agonia que já se sente desde os 4-0 com que a Alemanha nos brindou.

É um golo que dá jeito para muita gente se iludir com essa disparatada hipótese, a de continuar, depois de vencer o Gana por não sei quantos.

Importam-se de repetir?

Será que ainda ninguém percebeu que ganhar, mesmo por 15-0, não vai servir de nada?

É evidente que Alemanha e Estados Unidos vão jogar para o empate, e assim passam ambos, sendo absolutamente indiferente o resultado do Portugal-Gana.

Sim, eu se fosse a eles também "combinava" empatar, e não me preocupava mais com o assunto.

Klinsman e Klose são amigos, a Alemanha fica em primeiro, os Estados Unidos em segundo, empate a zero, e não se fala mais nisso.

Há quatro anos, foi o que nós fizémos também, empatando 0-0 com o Brasil no último jogo, e deixando de fora a Costa do Marfim.

 

A dura verdade é esta: ao final de quatro jogos, pode-se dizer que Portugal é a pior equipa do seu grupo.

Fizemos uma exibição miserável contra a Alemanha, e apenas sofrível contra os Estados Unidos.

Temos uma defesa que mete água, um meio-campo amorfo, e um ataque irregular.

Quando nos comparamos com os outros, saímos naturalmente a perder, e por isso não deve ser surpresa para ninguém o regresso a casa.

 

Temos todos de meter na cabeça que o ciclo de ouro da Seleção Nacional há muito que acabou.

Desde 2008 que temos vindo sempre a descer de qualidade, e a única surpresa foi o Euro 2012, onde conseguimos ser inesperadamente bons.

No resto, têm sido qualificações sempre em esforço, nos play-offs (2008, 2010, 2012, 2014), e fases finais fraquitas (2008 e 2010) ou muito fracas (2014).

A seleção não tem grandes jogadores ao seu dispôr, o talento é pouco, e ter Ronaldo não chega.

Para mais, este ano chegámos ao Brasil com demasiados jogadores fora de forma ou lesionados.

Pepe, Coentrão, Meireles, Veloso, Hugo Almeida, Hélder Postiga, Nani, Ronaldo, já estavam "chochos" quando aterraram em Campinas e só pioraram.

Como é que se pode aspirar a alguma coisa quando metade dos titulares deviam estar na enfermaria e não no campo?

 

Cristiano Ronaldo tem razão: há selecções muito melhores que nós.

Na verdade, são quase todas melhores que nós. Tirando os Camarões e a Coreia do Sul...

Lamento é que esse discurso de humildade não tenha sido feito por todos desde que se juntaram em Óbidos.

É pena que todos (incluindo Federação e Paulo Bento) tenham andado a "viajar na maionese", iludindo-se a si próprios e a nós.

Mas, num país que andou tanto tempo a viver acima das suas possibilidades, não é de estranhar que também a seleção tenha andado a viver claramente acima das suas possibilidades.  

publicado por Domingos Amaral às 11:08 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quinta-feira, 19.06.14

Mourinho tem toda a razão

Hoje, os jornais dão conta de uma grande indignação que vai pelas bandas de Campinas.

Segundo consta, ninguém gostou das afirmações de Mourinho sobre o Portugal-Alemanha, e tudo rosna baixinho contra o "special one".

Dirigentes, treinador, equipa técnica, jogadores, elegeram-no agora como o tipo mau, e destilam ódiozinho contra ele.

Lamento dizer à Seleção que Mourinho tem toda a razão, e quem em vez de o odiar, a Seleção devia refletir no que ele disse.

 

E o que disse Mourinho?

Primeiro, que não esperava um resultado tão mau, uma derrota por 4-0. Nisso, não se distingue em nada dos tais 15 milhões de portugueses.

Depois, criticou fortemente Pepe, dizendo que ele, ainda por cima não sendo nascido em Portugal, devia sentir mais pressão para se portar bem.

Meus amigos, conheço muito português que acha que Pepe não mais devia jogar pela Seleção Nacional, devido ao seu vergonhoso comportamento.

Mourinho não foi tão longe, mas como foi o único comentador que não apaparicou Pepe, ou não disse mal do árbitro, todos o odeiam em Campinas.

É mais um sinal de que o juízo da Seleção se está a perder muito rapidamente.

 

Mas, Mourinho foi ainda mais longe e tocou com o dedo na ferida.

Portugal, em fases finais, não tem marcado golos às grandes equipas.

Foi assim no Mundial 2010, ficou a zero contra o Brasil e contra a Espanha.

Foi assim no Euro 2012, ficou a zero contra a Alemanha e contra a Espanha.

Voltou a ser assim este ano, a zero contra a Alemanha.

Ora, isto significa que a equipa não é capaz de mais, vence adversários mais fracos, mas não vence os mais fortes.

 

É isto motivo para odiar Mourinho?

Não, ele apenas constata a verdade.

Porém, se há coisa que os portugueses odeiam é a verdade.

Os portugueses vivem o futebol em negação, negam a verdade constantemente.

Acham que são óptimos, sonham, e depois quando a dura realidade lhes bate à porta, a culpa das derrotas é do árbitro, nunca nossa. 

 

Ainda bem que Mourinho fala a verdade, diz a verdade, pois isso só mostra que percebe imenso de futebol.

Infelizmente para todos nós, na Seleção está tudo a viver em estado de negação, e ainda há gente que acha que temos equipa para ser campeã do mundo.

Pois...Ponham os olhos na Espanha e vejam o filme que nos pode acontecer no Domingo.

publicado por Domingos Amaral às 11:10 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Terça-feira, 17.06.14

Há quatro anos, a Argentina também levou 4

Há quatro anos, também a Argentina de Maradona levou 4 da Alemanha, nos quartos-de-final do mundial na África do Sul.

O primeiro golo foi logo aos 3 minutos, por...Muller, mas depois a história foi um pouco diferente.

A Argentina foi tentando, e na última meia hora arriscou demais, jogou aberto e...lixou-se.

A Alemanha marcou 3 golos e arrumou para sempre com a carreira de Maradona como treinador.

 

Esta recordação devia ter servido como lição para Portugal, na abordagem do jogo de ontem.

Contra a Alemanha, só vence quem defende muito bem, fechado lá atrás, como a Itália, em 2012, ou a Espanha, em 2010.

Paulo Bento não aprendeu essa lição nos jogos dos outros, nem no seu próprio jogo contra a Alemanha.

Há dois anos, perdemos por 1-0, o que não foi nem fatal, nem humilhante.

Desta vez, tudo foi diferente, e tudo começou com uma péssima escolha de estratégia.

Portugal quis discutir o jogo de igual para igual, e com a Alemanha isso é sempre fatal.

Em vez de jogarmos fechados, lá atrás, a deixar o tempo passar, armámo-nos em carapaus de corrida e tramámo-nos.

 

Mas, esse não foi o único erro grave.

Olhando para a nossa equipa, é impressionante constatar que mais de metade dos 11 tiveram imensos problemas físicos nos últimos meses.

Pepe esteve lesionado, Coentrão e Hugo Almeida também, Meireles idem, Ronaldo é o que se sabe e Nani quase não jogou em seis meses.

Faz algum sentido entrar em campo com tantos problemas físicos e tanta falta de ritmo?

Pepe, Coentrão, Meireles e Hugo Almeida não deviam ter jogado, e Ronaldo e Nani só devem jogar porque sem eles não somos nada.

 

Se juntarmos estes dois erros - a estratégia aberta e a debilidade física - percebemos que Paulo Bento desta vez errou em toda a linha.

Depois, a somar a isso, apareceram os erros individuais, alguns escandalosos e incompreensíveis.

Rui Patrício: dois pontapés oferecidos aos alemães, que só não deram golo por milagre, e uma fífia que deu a Muller o 4-0.

João Pereira: uma falta clara, que deu um penalty.

Bruno Alves: comido no 2-0 no ar, comido no 3-0 no chão.

Pepe: comido no 2-0 no ar, cabeçada a Muller e expulsão.

Coentrão: uma nulidade no ataque e na defesa.

André Almeida: uma fífia no 4-0.

Miguel Veloso: uma nulidade absoluta.

Raul Meireles: outra nulidade absoluta.

João Moutinho: o seu pior jogo de sempre na selecção.

Na verdade, foi a malta do ataque a única que esteve razoável, sobretudo Nani, mas também Ronaldo e Éder tentaram lutar.

 

E agora?

Bem, além de todas estas falhas, houve ainda uma falha clara de informação.

Será que na seleção alguém sabe que o primeiro critério de desempate é o "goal average" e não os resultados entre as equipas?

Sofrer 4 golos e não marcar é um passo na direção do abismo.

Agora, não existe apenas a pressão de ter de ganhar aos Estados Unidos, existe também a obrigação de marcar vários golos, pois eles têm +1, e nós temos -4, no goal average.

Eu sei que ainda é cedo, que se ganharmos os dois jogos seguimos em frente e essas tretas todas, mas depois da maior derrota de sempre, as coisas ficaram mesmo pretas.

Até ontem, o Top 3 das derrotas humilhantes de Portugal eram o Portugal-Marrocos em 86 (1-3); o Portugal-Coreia, em 2002 (0-1); e o Portugal-Estados Unidos, em 2002 (2-3), mas esta derrota entrou directamente para o primeiro lugar.

Mesmo que Portugal avance para a fase seguinte, o que eu acho muito difícil, esta nódoa já ninguém a tira da nossa memória. 

publicado por Domingos Amaral às 11:59 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 16.06.14

Como dizia o saudoso Torres, deixem-me sonhar!

É este o dia porque todos esperamos há meses.

O dia em Portugal entra em campo, no Mundial do Brasil.

Este é o dia com que todos sonhámos, e agora está aí, a hora aproxima-se.

 

Hoje, às 17h, tudo pode começar a ser lindo, ou tudo pode começar a ser difícil.

Mas, pelo menos Ronaldo está em forma, sente-se bem.

Quem tem na sua equipa o melhor jogador do mundo, tem direito ao sonho, direito à esperança.

 

Gostei de ouvir Ronaldo ontem há noite.

Antes, ele era um miúdo, um jovem, um ser irreverente.

Mas, cresceu, e hoje está diferente. Já é um Homem, com H grande, amadureceu, sabe o que vale e sabe falar como um líder.

 

Eu também sinto uma onda especial à volta desta seleção, embora não queira iludir-me demais.

No Brasil, não vamos jogar na nossa casa, mas vamos jogar em casa de amigos, a malta sente-se bem, e eles gostam de nós.

O sentimento é pois de esperança, de crença.

 

Sim, tenho os pés assentes na terra, mas como não são os meus pés que vão jogar, mas sim os do Ronaldo, a terra mexe-se quando ele corre, e portanto pode girar à volta do sol de outra forma.

Conseguirá ele tirar o planeta da órbita previsível, criar um mundo novo para nós? 

Ninguém sabe, é muito cedo, ainda quase nada começou.

 

Mas, sinto que o grupo de Campinas está muito unido, com um grande ambiente de equipa, e isso é o mais importante de tudo.

Por isso, como dizia o Torres antes do jogo com a Alemanha, em 85, eu digo o que ele disse e ficou para a história: "deixem-me sonhar"!

Sim, deixem-me sonhar, deixem-nos sonhar a todos, porque temos direito a todos os sonhos este ano.

publicado por Domingos Amaral às 11:40 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 03.04.14

Quaresma é discriminado por ser cigano?

Ontem, Pinto da Costa veio dizer que Quaresma foi vítima de "insultos racistas", e por isso perdeu a cabeça.

Além disso, o presidente do FC Porto alegou que o jogador estava a ser prejudicado por ser cigano, pois muita gente não o queria ver na Seleção Nacional.

Terá razão?

Quanto à primeira parte, se houve ou não insultos racistas, não sabemos bem, mas pela forma como Quaresma perdeu a cabeça, é possível que tenham existido.

Porém, ele não agrediu ninguém, e confusão e gritos, não sendo bonitos de ver, não são comportamentos graves.

 

A segunda acusação de Pinto da Costa é mais séria.

Quaresma é discriminado na Seleção porque é cigano?

É essa a razão porque não é convocado?

Os preconceitos existem sempre, gostemos ou não deles, mas numa sociedade civilizada, e num desporto cuja organização internacional, a FIFA, tem o combate ao racismo como objectivo, seria inaceitável que Quaresma não fosse convocado só por ser cigano.

 

Como foi a história de Quaresma na Seleção Nacional até aqui?

Um pouco como a carreira dele, com altos e baixos, mas sem nunca assentar arraiais definitivos.

Nem com Scolari, nem com Carlos Queiroz, nem com Paulo Bento, ele se saiu muito bem.

Ao contrário de Ronaldo, Nani, Pepe, Coentrão, Moutinho, Rui Patrício ou mesmo Miguel Veloso, que começaram por ser jovens talentosos, mas acabaram titulares devido à sua consistência e compromisso, Quaresma nunca o conseguiu.

De vez em quando, lá apareciam uns fogachos na Seleção, mas rapidamente o jogador se eclipsava.

 

É evidente que, na sua carreira nos clubes, as coisas também não lhe saíram bem.

Com a excepção do FC Porto (da primeira vez e agora), Quaresma falhou quase sempre.

Falhou no Barcelona, no Chelsea, no Inter, e até no Besiktas, onde começou bem.

Quaresma, pode-se dizer, passou ao lado de uma grande carreira.

 

Muitos dizem que o que o estragou foi o seu comportamento, nos balneários, nos estágios, na vida privada.

Vaidoso, conflituoso, egocêntrico, mau colega, causador de distúrbios, foram tudo acusações que se ouviram.

Mas, terá sido mesmo assim, ou tudo não passou de um enorme e colossal preconceito contra um cigano?

Talvez um pouco das duas coisas.

O comportamento do jogador muitas vezes não foi o melhor, mas também acredito que muitas vezes ele foi prejudicado pelos preconceitos que existem contra os ciganos.

E é um pouco isso que se está a passar agora.

 

Parece-me evidente que, até Janeiro, o problema de Quaresma nem se colocava para Paulo Bento.

O jogador andava perdido pelas Arábias, e não contava.

Contudo, o regresso ao FC Porto e a sua excelente forma, mostraram que ele continua cheio de talento e energia.

Porque não convocá-lo?

Será que é assim tão complicado integrá-lo num grupo estável e bem liderado por Paulo Bento?

Por outro lado, na posição de Quaresma, falta-nos gente de qualidade.

Nani está lesionado e não sabemos se recupera, Danny não conta, Ivan Cavaleiro e Mané são muitos jovens, Bruma e Rafa estão fora de combate.  

Quem tem a seleção para aquela posição, além de Cristiano e Varela?

Pois é... 

Com falhas destas, seria uma aberração Quaresma ficar de fora do Mundial, e nesse caso eu próprio começaria a acreditar que há um preconceito claro contra ele, o que é grave.

Vamos esperar pelas convocatórias, para ver o que acontece.

publicado por Domingos Amaral às 10:54 | link do post | comentar | ver comentários (30)
Quarta-feira, 20.11.13

Ronaldo vai ser melhor do que Pelé!

Portugal, no futebol como em tudo o resto, tem memória curta.

Hoje, Ronaldo é visto como um semideus, um génio da bola, e não há português por aí que não o adore!

Porém, eu não me esqueço do que disseram dele, há ano e meio, depois de um Portugal-Dinamarca em que ele falhou dois golos.

Sim, muitos dos que hoje o elogiam, urravam de raiva contra ele, cuspindo insultos, acusações, berrando as suas fúrias.

Nessa noite, aqui neste blog, em Junho de 2012, escrevi um post a defendê-lo e nem imaginam o que ouvi.

Foram mais de 500 comentários carregados de fel, de inveja, de ingratidão, uma moda nacional anti-Ronaldo que me espantou tal a dimensão exagerada que tinha.

Pelos vistos, a opinião dos portugueses muda, conforme sopra o vento.

Os portugueses, quando se fala de Ronaldo, são um bando de interesseiros.

Se ele marca pela seleção, é o maior! Se não marca, é uma besta quadrada!

Nunca pensei assim. Sempre disse, há muitos anos, que Ronaldo era um fenómeno, e poderia vir a tornar-se uma lenda do futebol mundial.

Disse-o em 2004, quando ele chorou por perder a final do Euro; disse-o em 2006, quando ele levou uma pantufada de um holandês e quatro dias depois ajudou a eliminar a Inglaterra.

E disse-o na África do Sul, quando Queirós o conseguiu anular; ou em 2012, quando não chegou a marcar o seu penalty contra a Espanha.

Disse-o sempre e sempre o direi: Ronaldo é um génio do futebol, e não foi por ontem ter feito um jogo do outro mundo que eu penso isto, já penso há muitos anos.

Ronaldo é o jogador mais completo, mais brilhante e mais letal desde Pelé.

Sim, eu sei, não é tão virtuoso como Maradona ou Messi, não é tão bom nas fintinhas, mas não há ninguém no mundo, desde Pelé, que só tenha olhos para a baliza com ele tem.

Ontem, só ontem, fez 12 remates para golo, e o resto da seleção fez apenas 4. 

É por isso que temos de dar graças a Deus por ele ser português.

No futebol mundial, houve muitos grandes jogadores, e alguns foram portugueses, como Figo ou Eusébio.

Mas, no Olimpo só cabem quatro: Pelé, Maradona, Messi e Ronaldo.

Além disso, este ano, Ronaldo está claramente mais forte do que Messi.

Se olharmos para as qualidades dos dois, vemos que Ronaldo é melhor de cabeça; é melhor com o pé direito; é melhor a marcar livres; é mais rápido a correr; e tem um poder de impulsão que Messi nunca terá.

A marcar penalties e golos são ambos geniais, mas Messi só é melhor que Ronaldo nas fintas curtas, com o pé esquerdo, e no virtuosismo do seu jogo.

Ou seja, em dez características, Ronaldo é melhor em cinco, Messi só em três.

Se não jogasse num super Barcelona, Messi nunca seria melhor do que Ronaldo, como foi vários anos.

Mas, este ano, é de Ronaldo. Tem, finalmente, o mundo a seus pés.

E acredito que, daqui a dez ou vinte anos, o mundo inteiro chegará à mesma conclusão que eu: melhor do que Pelé, só o Cristiano Ronaldo! 

publicado por Domingos Amaral às 11:44 | link do post | comentar | ver comentários (4)
 

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