Terça-feira, 17.06.14

Há quatro anos, a Argentina também levou 4

Há quatro anos, também a Argentina de Maradona levou 4 da Alemanha, nos quartos-de-final do mundial na África do Sul.

O primeiro golo foi logo aos 3 minutos, por...Muller, mas depois a história foi um pouco diferente.

A Argentina foi tentando, e na última meia hora arriscou demais, jogou aberto e...lixou-se.

A Alemanha marcou 3 golos e arrumou para sempre com a carreira de Maradona como treinador.

 

Esta recordação devia ter servido como lição para Portugal, na abordagem do jogo de ontem.

Contra a Alemanha, só vence quem defende muito bem, fechado lá atrás, como a Itália, em 2012, ou a Espanha, em 2010.

Paulo Bento não aprendeu essa lição nos jogos dos outros, nem no seu próprio jogo contra a Alemanha.

Há dois anos, perdemos por 1-0, o que não foi nem fatal, nem humilhante.

Desta vez, tudo foi diferente, e tudo começou com uma péssima escolha de estratégia.

Portugal quis discutir o jogo de igual para igual, e com a Alemanha isso é sempre fatal.

Em vez de jogarmos fechados, lá atrás, a deixar o tempo passar, armámo-nos em carapaus de corrida e tramámo-nos.

 

Mas, esse não foi o único erro grave.

Olhando para a nossa equipa, é impressionante constatar que mais de metade dos 11 tiveram imensos problemas físicos nos últimos meses.

Pepe esteve lesionado, Coentrão e Hugo Almeida também, Meireles idem, Ronaldo é o que se sabe e Nani quase não jogou em seis meses.

Faz algum sentido entrar em campo com tantos problemas físicos e tanta falta de ritmo?

Pepe, Coentrão, Meireles e Hugo Almeida não deviam ter jogado, e Ronaldo e Nani só devem jogar porque sem eles não somos nada.

 

Se juntarmos estes dois erros - a estratégia aberta e a debilidade física - percebemos que Paulo Bento desta vez errou em toda a linha.

Depois, a somar a isso, apareceram os erros individuais, alguns escandalosos e incompreensíveis.

Rui Patrício: dois pontapés oferecidos aos alemães, que só não deram golo por milagre, e uma fífia que deu a Muller o 4-0.

João Pereira: uma falta clara, que deu um penalty.

Bruno Alves: comido no 2-0 no ar, comido no 3-0 no chão.

Pepe: comido no 2-0 no ar, cabeçada a Muller e expulsão.

Coentrão: uma nulidade no ataque e na defesa.

André Almeida: uma fífia no 4-0.

Miguel Veloso: uma nulidade absoluta.

Raul Meireles: outra nulidade absoluta.

João Moutinho: o seu pior jogo de sempre na selecção.

Na verdade, foi a malta do ataque a única que esteve razoável, sobretudo Nani, mas também Ronaldo e Éder tentaram lutar.

 

E agora?

Bem, além de todas estas falhas, houve ainda uma falha clara de informação.

Será que na seleção alguém sabe que o primeiro critério de desempate é o "goal average" e não os resultados entre as equipas?

Sofrer 4 golos e não marcar é um passo na direção do abismo.

Agora, não existe apenas a pressão de ter de ganhar aos Estados Unidos, existe também a obrigação de marcar vários golos, pois eles têm +1, e nós temos -4, no goal average.

Eu sei que ainda é cedo, que se ganharmos os dois jogos seguimos em frente e essas tretas todas, mas depois da maior derrota de sempre, as coisas ficaram mesmo pretas.

Até ontem, o Top 3 das derrotas humilhantes de Portugal eram o Portugal-Marrocos em 86 (1-3); o Portugal-Coreia, em 2002 (0-1); e o Portugal-Estados Unidos, em 2002 (2-3), mas esta derrota entrou directamente para o primeiro lugar.

Mesmo que Portugal avance para a fase seguinte, o que eu acho muito difícil, esta nódoa já ninguém a tira da nossa memória. 

publicado por Domingos Amaral às 11:59 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 20.11.13

Ronaldo vai ser melhor do que Pelé!

Portugal, no futebol como em tudo o resto, tem memória curta.

Hoje, Ronaldo é visto como um semideus, um génio da bola, e não há português por aí que não o adore!

Porém, eu não me esqueço do que disseram dele, há ano e meio, depois de um Portugal-Dinamarca em que ele falhou dois golos.

Sim, muitos dos que hoje o elogiam, urravam de raiva contra ele, cuspindo insultos, acusações, berrando as suas fúrias.

Nessa noite, aqui neste blog, em Junho de 2012, escrevi um post a defendê-lo e nem imaginam o que ouvi.

Foram mais de 500 comentários carregados de fel, de inveja, de ingratidão, uma moda nacional anti-Ronaldo que me espantou tal a dimensão exagerada que tinha.

Pelos vistos, a opinião dos portugueses muda, conforme sopra o vento.

Os portugueses, quando se fala de Ronaldo, são um bando de interesseiros.

Se ele marca pela seleção, é o maior! Se não marca, é uma besta quadrada!

Nunca pensei assim. Sempre disse, há muitos anos, que Ronaldo era um fenómeno, e poderia vir a tornar-se uma lenda do futebol mundial.

Disse-o em 2004, quando ele chorou por perder a final do Euro; disse-o em 2006, quando ele levou uma pantufada de um holandês e quatro dias depois ajudou a eliminar a Inglaterra.

E disse-o na África do Sul, quando Queirós o conseguiu anular; ou em 2012, quando não chegou a marcar o seu penalty contra a Espanha.

Disse-o sempre e sempre o direi: Ronaldo é um génio do futebol, e não foi por ontem ter feito um jogo do outro mundo que eu penso isto, já penso há muitos anos.

Ronaldo é o jogador mais completo, mais brilhante e mais letal desde Pelé.

Sim, eu sei, não é tão virtuoso como Maradona ou Messi, não é tão bom nas fintinhas, mas não há ninguém no mundo, desde Pelé, que só tenha olhos para a baliza com ele tem.

Ontem, só ontem, fez 12 remates para golo, e o resto da seleção fez apenas 4. 

É por isso que temos de dar graças a Deus por ele ser português.

No futebol mundial, houve muitos grandes jogadores, e alguns foram portugueses, como Figo ou Eusébio.

Mas, no Olimpo só cabem quatro: Pelé, Maradona, Messi e Ronaldo.

Além disso, este ano, Ronaldo está claramente mais forte do que Messi.

Se olharmos para as qualidades dos dois, vemos que Ronaldo é melhor de cabeça; é melhor com o pé direito; é melhor a marcar livres; é mais rápido a correr; e tem um poder de impulsão que Messi nunca terá.

A marcar penalties e golos são ambos geniais, mas Messi só é melhor que Ronaldo nas fintas curtas, com o pé esquerdo, e no virtuosismo do seu jogo.

Ou seja, em dez características, Ronaldo é melhor em cinco, Messi só em três.

Se não jogasse num super Barcelona, Messi nunca seria melhor do que Ronaldo, como foi vários anos.

Mas, este ano, é de Ronaldo. Tem, finalmente, o mundo a seus pés.

E acredito que, daqui a dez ou vinte anos, o mundo inteiro chegará à mesma conclusão que eu: melhor do que Pelé, só o Cristiano Ronaldo! 

publicado por Domingos Amaral às 11:44 | link do post | comentar | ver comentários (4)
 

Livros à venda

posts recentes

últ. comentários

  • Li com prazer o seu primeiro volume volume de assi...
  • Caro Domingos Amaral, os seus livros são maravilho...
  • Caro Fernando Oliveira, muito obrigado pelas suas ...
  • Gostei muito dos dois volumes e estou ansiosamente...
  • Bela e sensata previsão!Vamos ganhar a Final?!...
  • A tua teoria do terceiro jogo verificou-se!No enta...
  • Gostei de ler, os 2 volumes de seguida. Uma aborda...
  • Neste momento (após jogo com a Croácia) já nem sei...
  • Não sei se ele só vai regressar no dia 11, mas reg...
  • No que diz respeito aos mind games humildes, é pre...

arquivos

Posts mais comentados

tags

favoritos

mais sobre mim

blogs SAPO

subscrever feeds