Quarta-feira, 31.07.13

Livro da semana: "Waiting for Sunrise" de William Boyd

William Boyd é um dos escritores ingleses de que mais gosto, e entusiasmam-me sempre os seus livros, passados normalmente em ambientes de guerras, ou em locais exóticos. 

Gostei muito de "Ice-Cream War", de "Brazzaville Beach" ou de "The Blue Afternoon", mas "Any Human Heart" também é muito bom. 

E o último mostra que ele está melhor do que nunca.

"Waiting for Sunrise" é o seu título, e li-o em inglês, pois ainda não está traduzido, o que é pena.

A primeira parte é passada em Viena, pouco antes de começar a primeira guerra mundial na Europa.

O protagonista é um jovem actor inglês que pretende tratar em Viena uma disfunção sexual íntima, e a cidade da Áustria era o local óbvio.

O seu psiquiatra é conhecido de Freud. Aliás, o protagonista chega mesmo a conhecer Freud, cumprimentando-o num café.

Porém, só uma mulher o cura das suas maleitas, embora isso seja o princípio da sua desgraça. 

É preso em Viena, acusado de violação e para se safar é ajudado a fugir pelos serviços secretos ingleses, que depois o recrutam como agente secreto.

A história é mesmo muito boa, e o ambiente de Londres durante a 1ª grande guerra é bem descrito, bem como a vida nas trincheiras da guerra. 

Boyd é um mestre da narrativa que parece simples mas é riquíssima, nas suas nuances e nos seus detalhes pitorescos, um grande artífice do thriller romântico, e o livro deixa saudades no fim.

Agora, espero com curiosidade a sua próxima obra, a continuação da saga de James Bond, o já prometido "Solo", que deverá sair no Outono. 

publicado por Domingos Amaral às 12:02 | link do post | comentar
Terça-feira, 30.07.13

The Bridge: uma excelente série na Fox

Já estava com saudades de uma série assim. 

"The Bridge", que passa na Fox, todos os sábados às 22.20, é excelente.

Tem tudo para nos prender: uma história misteriosa, um crime horroroso, excelentes personagens.

Enfim, uma série daquelas mesmo boas, que apetece ver episódio a episódio, sem parar.

Tudo se passa entre El Paso e Ciudad Juarez, na fronteira dos Estados Unidos com o México.

Um corpo de uma mulher foi deixado na ponte que separa os dois países, cortado ao meio, e quando se investigou melhor percebeu-se que eram dois corpos, a parte de cima pertence a uma juíza americana, anti-imigração de mexicanos, e a parte de baixo pertence a uma mexicana, que foi assassinada.

Neste ambiente carregado, onde se misturam os cartéis da droga, os imigrantes, os polícias corruptos, os serial-killers, e o culto da senhora de la Muerte, uma espécie de Nossa Senhora da Morte, a padroeira dos criminosos de Ciudad Juarez, há uma tensão permanente, e um ambiente sinistro e fascinante.

Dois grandes personagens também: o inspector Marco Ruiz, mexicano, e Sonya Cross, a inspectora americana, loira e disfuncional com as pessoas, numa grande interpretação de Diane Kruger.

Vale bem a pena, e eu passo a semana a pensar no próximo episódio.

publicado por Domingos Amaral às 12:58 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Novo blog sobre economia do futebol

A partir de agora, terei um novo blog chamado "O economista da bola", onde tratarei apenas de temas relacionados com a economia dos desportos, em particular do futebol.

Depois de ter começado a dar aulas na Universidade Católica, onde lecciono a cadeira de "Sports Economics", pareceu-me necessário separar os temas de economia do desporto e do futebol dos outros, que continuarei a escrever neste meu diário.

Assim, este novo blog será mais académico, mais técnico, como se exige a um professor universitário, e as questões serão analisadas com mais recurso a argumentos económicos e a cálculos mais específicos.

É evidente que me parece que assuntos deste género não devem ser misturados com opiniões mais pessoais sobre o amor e os filhos, as mulheres e os políticos, os filmes e os livros.

Portanto, aos leitores interessados na economia do futebol sugiro que dêm uma espreitadela no novo blog!

O primeiro tema é a Benfica TV, os seus riscos e oportunidades.

Vejam o primeiro post em http://oeconomistadabola.com/601.html

publicado por Domingos Amaral às 12:40 | link do post | comentar
Segunda-feira, 29.07.13

O baton na cueca da ministra das Finanças

Como diriam os brasileiros, aqueles "mails" trocados pela sra. ministra são "baton na cueca", prova final e inexorável de uma infidelidade.

Quando há suspeita, qualquer homem infiel nega, e mente. Mas, "baton na cueca" é tramado, quando a mulher descobre, não há como fugir. Está lá, exposto, à vista. 

E os mails da ministra são "baton na cueca". 

Como qualquer história de mentiras e infidelidades, esta história dos "swaps" cheira mal desde o princípio.

E o princípio nem foi a declaração da ministra, o princípio foi muitos anos antes.

A senhora ministra, quando trabalhava na Refer, assinou estes contratos para a empresa pública. Prevaricou, também ela.

No entanto, já no Governo, não foi demitida, ao contrário dos seus dois colegas secretários de Estado, que foram postos a andar num abrir e fechar de olhos.

Ou seja, há "swaps" maus, que levam à demissão imediata de secretários de Estado; e há "swaps" óptimos, que levam à promoção a ministra das Finanças.

Como nas narrativas das traições amorosas, há as aceitáveis e as inaceitáveis.

A dificuldade é sempre a de explicar qual a diferença entre umas e outras, entre os "swaps" maus e os "swaps" óptimos. 

A isso juntou-se aquela negação entusiástica, a de que o Governo "não sabia" destes swaps, proferida pela senhora há uns tempos.

De repente, parece a jura falsa dos infiéis. Encostados à parede, eles negam sempre. 

Depois, como nas histórias de traições, tudo se desmorona.

Afinal, Gaspar sabia, afinal Teixeira dos Santos informara o novo ministro.

O desmoronamento continuou.

Afinal, também o secretário de Estado do Governo anterior informara Maria Luís.

Afinal, havia uns "mails" trocados entre ela e outras pessoas, sobre o tema. Afinal, ela sabia.

Lá estava o "baton na cueca", impossível de esconder. 

E agora, como resolver este tortuoso imbróglio?

Passos garantiu a Cavaco que a senhora tinha as mãos limpas de "swaps", e até Mario Draghi a louvou, lá da Europa. Pelo caminho, a coligação quase explodia por causa da senhora ministra, e o risco do país subiu muito. E agora vivemos nesta lenta mas diária sensação de que esta senhora faltou à verdade.

"Baton na cueca".

O novo ciclo, de que fala o Governo, começa assim, aos trambolhões, cheio de suspeitas, meias verdades, mentiras deslizantes.

"Baton na cueca".

Eu não menti, disse ela. 

"Baton na cueca", diriam os brasileiros. 

publicado por Domingos Amaral às 17:55 | link do post | comentar | ver comentários (8)
Sexta-feira, 19.07.13

Detroit pode, mas Portugal não

A cidade de Detroit, nos Estados Unidos da América, foi à falência.

Com menos população, com menos receitas fiscais, com muita despesa extra e desnecessária e muita corrupção, teve um fim desagradável, o estoiro das contas.

Mas, e essa é a novidade, quando na América uma cidade ou um estado, ou uma grande empresa, vão à falência, há leis especiais que entram de imediato em funcionamento.

Para as empresas, é o famoso capítulo 11. Para as cidades, como Detroit, é o capítulo 9.

Ambos protegem as instituições contra a voracidade dos credores, permitindo-lhes executarem planos de recuperação financeira que passam, eis a palavra mágica, pela "reestruturação da dívida".

Eis como, em países civilizados, se resolvem problemas difíceis.

Porém, na Europa não há disto.

Não há um capítulo 11 ou um capítulo 9 para países que estão aflitos.

Ninguém aceita o princípio da "reestruturação das dívidas", ninguém aceita que os credores percam dinheiro.

Sobretudo porque esses credores são alemães.

É uma infelicidade para a Europa. Enquanto na América as coisas se resolvem depressa e com soluções inteligentes, por cá andamos aos solavancos, afundados numa austeridade estúpida que nada resolve.

A Europa continua mergulhada na armadilha da dívida.

Já a América avança.

publicado por Domingos Amaral às 11:41 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 17.07.13

Férias até dia 29 de Julho

Devido a estar de férias, e sem facilidade de usar computador, estes posts serão mais intermitentes até ao dia 29 de Julho, dia em que regresso a Lisboa e à escrita diária.

publicado por Domingos Amaral às 12:40 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Adeus Nicky, serás sempre da nossa família

Quando conheci a Sofia, há quase seis anos, a Nicky tinha seis ou sete meses, era uma cadelinha boxer muito pequena, e tinha a pata com uma ligadura. Gostei dela de imediato, e acho que o sentimento foi mútuo, pois ela vinha sempre sentar-se ao pé de mim no sofá.

Às vezes, eu costumava brincar com a Sofia e dizia que tinha sido a Nicky que me tinha escolhido primeiro, e não a sua dona, e que fora a cadela que me dera a oportunidade de namorar a dona.

Na segunda-feira, abruptamente, a Nicky foi-se embora deste mundo, com uma doença que é quase sempre fatal, o estômago torcido.

Nunca esperei uma notícia destas, ainda por cima estando nós de férias, e ela em Lisboa.

Sei bem o quanto a Sofia amava a Nicky e o quanto o seu desaparecimento prematuro a entristece.

Os cães, como quase todos os animais, estão pouco tempo connosco. São da nossa família, mas não ficam tanto tempo na nossa companhia quanto as pessoas, as mães e os pais, os filhos e os irmãos, os sobrinhos ou os primos, as tias ou os avós.

Sabemos isso sempre, mas quando a nossa cadela morre é como se morresse alguém da nossa família, e ficamos mais tristes.

Incompletos.

Agora, vai-nos custar olhar para o sofá da Nicky, onde ela se deitava, orgulhosa e proprietária, como se o local fosse o seu reino, só dela.

Agora, os meus passeios nocturnos serão mais solitários, pois vai-me faltar a companhia da Nicky.

Adeus companheira, fizemos tudo, sobretudo a Sofia, para teres uma vida feliz.

E desculpa não ter estado ao pé de ti no fim, mas nunca esperei que a tua vida acabasse assim, desta forma tão abrupta. 

publicado por Domingos Amaral às 12:24 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Sexta-feira, 12.07.13

Será que eles vão acabar por entender-se?

Logo após a comunicação de Cavaco Silva, multiplicaram-se os comentários fantásticos e radicais!

Uns dos problemas de haver muitos comentadores é que eles competem ferozmente uns com os outros, e para terem visibilidade têm de exagerar no que dizem.

Era "impossível", é "um absurdo", "com estes nada vai acontecer", bla,bla, bla, "Cavaco gerou o caos", Cavaco isto, Cavaco aquilo; bla, bla, bla.

Alguns, em puro delírio, já sonhavam com referendos à Constituição; ou ainda mais tremendos, propõem o fim dos partidos!

Ena, que grande algarviada que para aí vai nas televisões e nos jornais.

De facto, se há uma coisa que não faltam em Portugal são génios da análise.

Em cada programa de televisão, em cada coluna nos jornais, em cada entrevista, o que não falta são opiniões geniais, mirabolantes, bombásticas.

Pois...

Mas, pé ante pé, a proposta de Cavaco já está a fazer mexer esta caranguejola.

Ninguém diria, a ouvir o que se ouve na televisão ou lê nos jornais. Mas está.

O PS já mudou o discurso, o CDS já se acalmou, o PSD já perdeu uma certa arrogância, e Passos não se cansa de dizer que está disponível para "tudo"!

Quase sem darmos por isso, o sistema político está a mexer-se, os discursos estão a evoluir.

Por debaixo da biqueirada retórica e das musculadas declarações, há uma zona comum que se começa a alargar, um novo consenso que vai fazendo o seu caminho.

É evidente que ninguém ainda sabe como isto vai acabar, nem qual a fórmula milagrosa que se irá cozinhar.

Mas lá que as coisas começaram a adaptar-se, lá isso começaram. 

No meio da berraria mediática, a salvação nacional lá vai dando os seus primeiros passos...

Ainda nada é seguro, mas certas portas estão a abrir-se. 

publicado por Domingos Amaral às 12:35 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quinta-feira, 11.07.13

O Presidente Cavaco e a "armadilha da dívida"

Cavaco, ontem à noite, tentou acabar com o recreio.

O que ele vem dizer é que as lideranças partidárias de Passos, Seguro e Portas, andam a perder tempo em irredutibilidades que não contribuem para a estabilidade do país nesta hora difícil.

Colocou a parada alta, mas não demais. 

O que Cavaco pede, na fase 1, é que os partidos partilhem a responsabilidade do estado do país e partilhem também o poder. 

Não será nada fácil de conseguir o "compromisso de salvação nacional" exigido pelo Presidente.

Mas, ninguém pode dizer que é impossível.

Se cada parte ceder um pouco, é possível encontrar uma zona de consenso comum.

Não é impossível manter a credibilidade e ao mesmo tempo aliviar um pouco a austeridade.

Não é impossível cumprir o memorando e ao mesmo tempo promover o crescimento económico.

Não é impossível ser rigoroso e ao mesmo tempo lutar na Europa por soluções mais inteligentes e solidárias.

Nada disto é impossível, embora seja muito difícil de transformar estes princípios gerais numa solução governativa estável e duradoura.

Na verdade, existem apenas duas lideranças que podem sabotar o compromisso pedido pelo Presidente: Passos e Seguro.

Paulo Portas, chefe de um partido menor, será sempre menos importante numa solução a três, e provavelmente não fará ondas.

Mas Passos e Seguro podem torpedear qualquer acordo.

Passos porque, a haver compromisso, o mais certo é ele passar pela sua saída de primeiro-ministro. 

Teoricamente, ele até pode aceitar apoiar um governo no qual não esteja sentado, mas será sempre visto como um derrotado, pois a sua linha de afrontamento geral ao PS, aos parceiros sociais e ao Tribunal Constitucional será abandonada de vez, bem como a maior parte das suas ideias "neo-liberais", que tão fracos resultados deram.

Já quanto a Seguro, o que se lhe pede é uma inversão de rota brusca, pelo menos durante um ano. Até ontem, Seguro sempre pediu eleições, e extremou tanto a exigência que tem pouco espaço para recuar. Não sendo impossível, é-lhe doloroso. 

Só que, se Passos e Seguro não fizerem um esforço de compromisso, pelo menos até Junho de 2014, podem acabar mais cedo do que previam as suas carreiras políticas.

Se os três partidos não se entenderem, o mais certo é Cavaco passar à fase 2, e lançar um governo de iniciativa presidencial.

Nesse caso, nem Passos nem Seguro ganhariam nada. Ficariam com muita responsabilidade pela crise e sem nenhum poder para a aliviar. 

E ficariam anulados, pois qualquer solavanco que criassem levaria Cavaco a apontar-lhes o dedo, responzabilizando-os pelo caos.

Passariam para uma espécie de limbo político, onde não eram poder nem eram oposição, sendo sempre eternamente responsabilizados, o PS porque é o "pai da dívida", o PSD porque é o pai da "austeridade e do desemprego".

Por muito que custe a todos, a solução mais inteligente e serena seria PSD, PS e CDS apoiarem um novo de governo, liderado por alguém em quem Cavaco confie, e que durante um ano faria o possível para diminuir a austeridade interna sem perder a credibilidade externa. 

A política partidária ficaria mais ou menos suspensa durante doze meses, e depois tudo poderia recomeçar a partir de Junho de 2014. 

Embora a questão de fundo não se resolvesse, haveria uma transitória acalmia da hostilidade e da crispação geral em que estamos.

E, entretanto, a Europa podia evoluir. 

O que mais esta crise prova é que a "armadilha da dívida", em que alguns países europeus se encontram, não consegue ser resolvida por eles, individualmente.

Como já se viu na Grécia e em Itália, os sistemas políticos, impedidos de desvalorizar a moeda, não têm solução para a "armadilha da dívida" e por isso as crises se repetem. 

Enquanto a Europa não perceber isso, e não usar o seu tremendo poder para resolver a "armadilha da dívida", países como Portugal, Grécia, Chipre, Itália, Espanha e até a Irlanda, irão viver em sucessivas crises, com o sistema político aos solavancos.

A "armadilha da dívida" colocou estas democracias e os seus políticos numa situação terrível: eles podem sempre piorar as coisas, mas nunca as conseguem melhorar ou vencer em definitivo!

É essa a tragédia da Europa, e de Portugal.

E ainda só vamos a meio do filme.  

publicado por Domingos Amaral às 12:09 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Terça-feira, 09.07.13

Portas devia gritar bem alto: "é a economia, estúpidos!"

Em Portugal há uma célebre frase popular que diz: "quem não percebe a bem, percebe a mal".

Assim foi durante quase dois anos com Paulo Portas, não o entenderam "a bem".

Sempre que Portas tentou usar o seu poder positivo, foi ignorado por Passos e Gaspar.

Foi assim na TSU, nos afrontamentos ao Tribunal Constitucional, na taxa dos pensionistas, no "aumento enorme de impostos".

"A bem", dentro do Governo, Portas tentava persuadir Passos e Gaspar que esse não era o caminho certo. E "a bem", ninguém lhe ligava.

O poder de persuasão de Portas revelara-se pois ineficaz. O PSD de Passos ignorava-o, humilhava-o, e pior do que tudo, não reconhecia o erro. 

Quando a carta de Gaspar é conhecida, na segunda-feira, gera-se um novo momento de possibilidade de mudança, mas Passos rapidamente mostra que nada quer mudar. Ou seja, que nada percebera, e nada mudaria "a bem".

Ora, "quem não percebe a bem, percebe a mal", e por isso Portas passou do poder positivo ao poder negativo, demitiu-se e lançou um início de caos em Portugal.

Com isso, arriscou tudo: a sua permanência no Governo, a sua popularidade crescente, a sua carreira política.

Foi um jogo de alto risco, mas no final talvez tenha valido a pena.

Confrontado com a sua eminente queda, que lhe seria fatal, Passos Coelho percebeu a linguagem do poder negativo de Portas de uma forma límpida.

Ele, que sempre o ignorara, acabou a pedir-lhe para ficar, pois sabia que a saída de Portas seria o fim da linha.

Não entendeu "a bem", mas entendeu "a mal".

E o que fica depois disto?

Bom, pelo menos a esperança que Portas consiga convencer a "troika" que muita coisa tem de mudar para Portugal sair deste buraco. 

Não se trata tanto de "bater o pé à troika", com trejeitos de toureiro, mas sim de persuadir a Europa a mudar linhas essenciais do programa do ajustamento.

A "troika" não admite já baixar o IVA da restauração na Grécia? Porque não também por cá? 

Mudar de uma estratégia de "austeridade dura" para uma "amiga do crescimento económico" não será simples, nem fácil, mas vale a pena tentar.

Pela minha parte, já aqui escrevi que a única forma da Europa resolver o problema das "dívidas soberanas excessivas" é através da "mutualização das dívidas", num fundo Europeu comum.

Não haverá infelizmente crescimento antes de se arrumar a questão do peso brutal das dívidas. 

Mas, mesmo que isso não seja possível no curto prazo, é imperioso largar a "austeridade dura" e relançar a economia, pois não é com um milhão de desempregados que se pagam as dívidas do país.

Aos críticos de Portas apetece relembrar a frase de James Carville, o estratega eleitoral de Bill Clinton: "é a economia, estúpidos"! 

publicado por Domingos Amaral às 11:00 | link do post | comentar | ver comentários (6)
 

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