Quinta-feira, 15.05.14

Um dia a maldição vai acabar

Há noites em que tudo conspira para não sermos felizes.

Já íamos para Turim sem 3 príncipes da bola (Enzo, Markovic, Salvio), e sem 2 escudeiros reais (Fejsa e Sílvio), e aos quinze minutos ainda ficamos mais frágeis, sem um jogador que já tinha amarelado dois sevilhanos, um por cada corrida que dera.

Jesus ainda insistiu com ele, mas via-se que Suleimani já não podia mais. 

Saiu e o Benfica passou a ficar ainda mais estranho, com Maxi na ala.

 

Na primeira parte, a equipa parecia perdida, excepto no fim, quando ainda teve duas hipóteses de marcar.

Depois, entrou em cena a dificuldade dos avançados, desinspirados na hora dos matadores.

Mas, foi mais uma ou duas vezes Beto que salvou os de Sevilha.

Se houve penalties ou não, não sei, ao vivo é difícil de ver, é tudo tão rápido, mas parece-me que o árbitro foi mais um elemento da conspiração.

E, por cada minuto que passava, o Sevilha sentia-se mais forte, pois sabia que nos penalties teria mais hipóteses.

Há equipas que já jogam com essa vantagem, e ontem foi um caso assim.

 

Portanto, a maldição começou a mexer com os jogadores, e com o público do Benfica, e quando fomos para os penalties, os de Sevilha já faziam a festa antes deles serem marcados, e os da Luz pareciam calados, amedrontados.

O receio cola-se e espalha-se como um vírus, e das bancadas chegou à relva.

E tudo acabou mais uma vez sem glória, porque não fomos capazes de marcar um golo, nem mostrar força mental suficiente para vencer as contrariedades.

Um dia, a maldição de Bela Guttman irá terminar, mas para que esse dia chegue é fundamental uma força tremenda, quase sobre-humana, para ultrapassar esse medo profundo que existe no coração dos benfiquistas.

Talvez essa maldição só acabe quando alguém que eu conheço bem for presidente do Benfica.

publicado por Domingos Amaral às 14:54 | link do post | comentar
Quinta-feira, 17.04.14

Este Benfica é de betão

Que grande jogo fez o Benfica!

Uma entrada fulgurante, a alta velocidade, que naturalmente empatou a eliminatória bem cedo.

Sempre em aceleração, não sabemos o que podia ter acontecido se tivessem ficado onze em campo mais de 27 minutos.

Siqueira fez um erro grosseiro, na sua segunda falta, mas não merecia o primeiro amarelo dado por Proença.

A expulsão mudou o jogo, que nunca mais foi o mesmo, e podia ter dado cabo do Benfica.

 

Podia, mas não deu.

Jesus tirou Cardozo, a equipa reequilibrou-se e voltou do intervalo ainda mais empenhada.

Às vezes, é quando estamos melhores que sofremos, e o golo de Varela foi uma surpresa desagradável.

De repente, tudo parecia perdido.

Havia uma montanha para escalar, 2 golos a marcar, com menos um jogador.

Só que este Benfica é de betão, duríssimo de demolir.

 

Só se ganha um penalty quando se joga na área do adversário, e era isso que o Benfica já estava a fazer minutos depois do empate.

Para a frente era o caminho, com força mental e atrevimento.

Enzo marcou com frieza, e a esperança voltou a nascer.

A Luz inflamou-se, puxou pela equipa, e o FC Porto acanhou-se, com a mediocridade habitual deste ano.

Mas, ninguém esperava o que aconteceu.

Todos admitiam um golo, mas nasceu uma obra de arte.

André Gomes mostrou que ali há génio, e afundou o FC Porto para sempre.

 

Uma vingança que estava prometida desde 2011, destruindo essa espinha que estava encravada na garganta dos benfiquistas.

Foi dos jogos mais fantásticos dos últimos anos, para os benfiquistas.

Vencer com 10 o FC Porto é obra!

Depois, aquilo não foi bem futebol, mas ninguém ajudou.

Pouco importa, estava ganho.

Um grande e forte Benfica derrotou um FC Porto neurótico e deprimido, sem força nem talento para mais.

Alguém disse um dia que para haver ambição é preciso haver primeiro talento, e depois confiança.

Este Benfica tem tudo: talento, confiança e ambição.

Veremos até onde chegam as suas vitórias, para depois poder dizer algo mais.  

Mas, uma coisa é já certa: Jorge Jesus, o Messias branco da Luz, já não está de joelhos.

 

publicado por Domingos Amaral às 12:24 | link do post | comentar
Quinta-feira, 16.05.13

Benfica: o Príncipe Encantado vai chegar um dia!

Carta a Jorge Jesus

 

Caro Jorge Jesus, muitos parabéns pelo grande jogo que ontem o Benfica fez.

Muitos parabéns pela forma desassombrada, corajosa, intensa e vibrante como ontem o Benfica jogou. Assim, sim, assim o Benfica é grande, mesmo quando perde.

Ontem, talvez pela primeira vez em toda a minha vida, senti que Portugal inteiro se orgulhou do Benfica. Mesmo os nossos adversários, portistas e sportinguistas, admiraram o nosso fantástico jogo, e o nosso maravilhoso público em Amesterdão, e mesmo eles sentiram a crueldade que foi perder assim.

A derrota custa, custa muito, mas caro Jorge Jesus, não deixes que esta derrota ensombre o quanto fizeste este ano e a grande temporada que o Benfica fez. 

Jamais me vou esquecer de muitos momentos bons deste ano. Das vitórias em Leverkusen e Bordéus, da forma magnífica como jogámos em Nou Camp, Newcastle ou nesta final; das excelentes vitórias nacionais em campos tão difíceis como Alvalade, Braga, Madeira e Paços de Ferreira.

E, sobretudo, jamais me vou esquecer daquele que foi o melhor jogo da época que o Benfica fez, na Luz, contra o Fenerbahçe, na meia-final.

Além disso, também não me vou esquecer do que diziam da equipa no início do ano, quando tínhamos acabado de vender Witsel e Javi Garcia e não havia meio-campo, pois Aimar e Martins estavam fora de combate. Ou quando diziam que não tínhamos defesa, pois Luisão estava castigado para meses e supostamente não havia lateral esquerdo.

Ainda te lembras do que disseram de ti? Pois, meu caro Jesus, a ti se deve a grande construção desta equipa. A invenção de um meio-campo excelente, com Matic e Enzo Pérez; o nascimento de um jovem lateral chamado Melgarejo; a afirmação de um grande avançado chamado Lima; e ainda uma aposta em jovens portugueses, os dois Andrés.

Quem fez tudo isto em apenas um ano, e conseguiu tanta coisa boa e bonita para alegrar os nossos corações, não pode pensar em desistir só porque perdeu dois jogos nos descontos. 

Os grandes homens não são os que estão sempre no topo, lá no alto, mas sim aqueles que sabem que vão cair muitas vezes e que se vão tornar a levantar do chão muitas vezes mais, e recomeçar tudo outra vez. 

A história não acaba aqui, a vida não acaba hoje nem amanhã, e no Domingo ainda temos de lutar por um milagre. 

Sim, um dia vai acontecer um milagre ao Benfica. Ninguém sabe quando, mas um dia a famosa maldição de Bela Gutman também vai acabar. Ontem não foi esse dia, mas ele vai chegar.

Sabemos todos, desde crianças, que todas as maldições acabam com a chegada de um Príncipe Encantado. Quem sabe se um dia não serás tu?

publicado por Domingos Amaral às 10:08 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Quinta-feira, 09.05.13

As 2 finais que o Benfica tem de vencer

Estes são os dias mais importantes do ano para o Benfica. Entre sábado e quarta, o meu clube vai jogar duas grandes finais.

A de quarta, já o sabemos, é em Amesterdão contra o Chelsea. A de sábado, não menos importante, é no Dragão, contra o FC Porto.

É de uma final que se trata, e é assim que o jogo com os azuis e brancos deve ser visto. Na verdade, descontando o facto de não existirem penalties, podemos dizer que quem vencer esta final é campeão, e no caso de empate haverá um prolongamento a jogar na semana seguinte.

Tanto para o Benfica como para o FC Porto, vencer esta Final do Campeonato (assim mesmo, com maiúsculas) é absolutamente essencial. Tal como nas finais de outras competições, quem ganhar é mesmo o vencedor final, ninguém tenha dúvidas disso.

No caso do Benfica, é campeão matemático, mas no caso do FC Porto vencer, também estará encontrado o campeão, pois ninguém acredita que o FC Porto, com um ponto de avanço, não consiga vencer em Paços de Ferreira.

Eu prefiro assim, uma final para vencer, em que as duas equipas têm de arriscar tudo por tudo.

Ao contrário da maioria dos benfiquista, que preferia ir ao Dragão com 4 pontos de avanço para "poder perder", a mim essa sensação enervava-me. Enervava-me que os benfiquista já dessem como certa a vitória do FC Porto, enervava-me essa falta de ambição implícita no "poder perder".

O empate com o Estoril tornou as coisas mais difíceis, mas foi bastante bom para manter a concentração ao máximo. No Benfica, não podem existir esses pensamentos de "poder perder". Agora, o Benfica tem de "ganhar".

Ainda bem que Jorge Jesus está com confiança e quer sair do Dragão campeão. Não há qualquer razão para pensar diferente. Aliás, o FC Porto também pensa assim.

Será, tenho a a certeza, um dos mais inesquecíveis e fantásticos jogos dos últimos anos, com duas equipas a quererem ganhar e a jogar ao ataque! No fundo, uma grande final, como todos merecemos!

publicado por Domingos Amaral às 10:18 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 03.05.13

Carta a Luís Filipe Vieira

Caro Luís Filipe Vieira,

Ontem, no meio da enorme euforia que se viveu do Estádio da Luz, entre abraços ao meu querido filho e aos outros companheiros de bancada, entre gritos e cânticos entusiasmados, de repente lembrei-me de si, e pensei em quanto deve estar contente e orgulhoso. 

É certo que, durante e depois dos jogos, temos tendência para falar muito mais nos fantásticos jogadores e nos maravilhosos golos, e igualmente no experiente e sagaz treinador. Nesses momentos, há pouca gente que se lembra do Presidente.

Mas, eu não quero deixar passar este dia sem lhe dar os parabéns pela chegada do Benfica a uma final europeia. Sim, parabéns senhor presidente, por este feito que nos proporcionou.

É evidente que, se o Benfica for campeão nacional, se ganhar a Liga Europa e a Taça de Portugal, será uma época extraordinária do nosso clube, e nesse momento os nossos heróis vão ser, como já são, Cardozo, Lima, Gaitan, Salvio, Matic, Luisão, Artur, e também Jorge Jesus.

Sim, mas isso é outra coisa, isso é o futebol em estado puro. Só que, antes de isso existir é preciso haver gestão, capacidade de decisão, lucidez financeira e essas em muito se devem a si, e é por tudo isso que o senhor hoje merece os parabéns.

Foram quase dez anos de presidência, e não foram dez anos nada fáceis. Muitas vezes fui crítico da sua gestão, mas hoje tenho de reconhecer que, sobretudo no último mandato, o senhor melhorou muito como presidente do nosso clube. 

No futebol, como na vida, aprende-se com os erros, aprende-se a errar cada vez menos, e percebe-se que o fundamental é ter uma grande equipa, com muito bons jogadores e um óptimo treinador, e que isso, mais tarde ou mais cedo, vai dar frutos.

É por isso que acho que o senhor merece os parabéns. Parabéns por ter mostrado a capacidade de resistência que mostrou ao longo desta década, parabéns pela crença e pelo entusiasmo que sempre colocou ao serviço do clube, parabéns pela constante melhoria das decisões sobre jogadores ao longo de dez anos.

Estar numa final europeia é o resultado de tudo isso: dos dias difíceis e das frustrações dolorosas; dos momentos bons prematuros que depois empalidecem depressa demais; dos erros e e das falhas; mas também dessa força interior que nos faz ser capaz de, todos os dias, voltar a acreditar que é possível, e voltar a lutar.

Pela minha parte, sinto que quase dez anos depois, o senhor conseguiu atingir o seu objectivo mais importante: fazer com que o Benfica seja uma instituição nacional que nos orgulhe pela forma fantástica como joga à bola, pelos jogadores excelentes que tem, e pelo treinador competente que tem. 

Nestes tempos em que os portugueses andam tão tristes, há pelo menos uma Luz de esperança para muitos. Obrigado por isso. 

Ao meu lado, no estádio, estava um rapaz que tinha 23 anos e eu abracei-o e disse-lhe que no ano em que ele estava a nascer, eu via pela última vez o Benfica numa final europeia. 23 anos são muitos anos, e foi muito difícil para todos nós...

Mas, em futebol, o futuro é que conta, e agora o futuro pode começar a ser nosso.

Ao meu lado no estádio estava também o meu filho Duarte, que tem apenas 11 anos, e que passou a segunda parte muito nervoso e com dores de barriga, tal era a aflição e o desejo de ver o Benfica em Amesterdão. 

No fim, os olhos dele brilhavam de uma alegria imensa e pura, o sonho de uma criança tinha-se realizado!

Obrigado sr. Presidente, por ter tornado possível este momento de felicidade do meu filho.

São coisas destas que o coração de um pai, como os corações de muitos outros milhões de pais e mães, jamais vão esquecer!

Um abraço

Domingos Amaral

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Sábado, 13.04.13

Benfica: em vez de sonhar...concentrar

Jorge Jesus tem dito, com razão, que está a ser uma época brilhante para o Benfica, e que pode tornar-se uma época de sonho. Assim é. Porém, em vez de sonhar, acho que o Benfica precisa mesmo é de se concentrar, pois do sonho ao pesadelo vai um saltinho!

Para quem já se tenha esquecido, em 2005 o Sporting de José Peseiro estava muito próximo de um feito semelhante. E, em apenas 3 jogos, o sonho virou pesadelo. O Sporting tinha de ir à Luz, e perdeu para o Benfica, tendo perdido depois com o Nacional em casa. Podia ter sido campeão, mas não foi. E, logo na semana seguinte, perdeu em casa a final da Taça UEFA para o CSKA.

Portanto, há que concentrar, pois apesar de estar perto do sonho, o Benfica ainda não ganhou nada. Daqui até ao final da época, a equipa pode fazer um mínimo de oito jogos e um máximo de dez, se for às duas finais que pode ir, a da Taça e a da Liga Europa.

Para a Taça de Portugal, há uma meia-final em casa, contra o Paços, para garantir a presença no Jamor, e depois haverá ou não a final, provavelmente contra o V. Guimarães. Quem pensar que são favas contadas comete um erro. O Paços joga muito e uma final é sempre imprevisível. Mas, há que admitir que é a competição onde o Benfica está mais próximo da vitória.

No campeonato, e apesar dos quatro pontos de avanço, os 5 jogos que faltam são de elevado grau de dificuldade. Primeiro, há o ressuscitado Sporting, cheio de moral, com novo presidente, um avançado que já marca mais golos, e um treinador cheio de experiência. Será muito difícil de vencer, até porque o Sporting quer chegar à Liga Europa.

Segue-se o Marítimo, que também joga para as provas europeias, e em casa é sempre muito duro de vencer. Depois, o Estoril, uma das boas surpresas deste ano, também ele a jogar para a Europa e, tal como o Marítimo, com um treinador ambicioso e desassombrado, que não irá à Luz só para cumprir campeonato. Cuidado, pois com estes dois jogos, serão decisivos para saber como entraremos no Dragão.

O Dragão é o Dragão, imprevisível, e aí tudo pode ficar decidido ou não. Se não ficar, o último jogo é em casa e contra o Moreirense. Quem pensar que será fácil, tire o cavalinho da chuva. Inácio é um excelente treinador, e a sua equipa está a jogar muito bem. Portanto, serão realmente cinco finais para o campeonato, e qualquer tropeção pode ser fatal.

Quanto à Liga Europa, o Fenerbahçe é perigoso, mas é bom neste caso o primeiro jogo ser lá. Como o Real Madrid sentiu, os turcos são sempre mais difíceis na segunda mão se jogarem em casa. Jogando na Luz a segunda partida, acho que o Benfica terá mais hipóteses de ir a Amsterdão, mas terá de estar concentradíssimo. A Lazio ou o Tottenham também eram favoritos, e viu-se o que lhes aconteceu...

Se tudo correr bem, então sim é possível sonhar com uma final em Amsterdão, talvez contra o Chelsea. Mas, por agora há mesmo é que estar muito concentrado. Como dizia Fernando Pessoa, na vida há dois tipos de pessoas, as que sonham conquistar o mundo e as que o conquistam. Espero que Jesus e esta equipa do Benfica pertençam ao segundo grupo.

publicado por Domingos Amaral às 14:00 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 15.03.13

O melhor ano de sempre de Jorge Jesus?

Este arrisca-se a ser o melhor ano de sempre de Jorge Jesus.

Depois da grande desilusão que foi perder um campeonato onde o Benfica chegou a andar com 5 pontos de avanço, e depois de perder dois grandes jogadores no meio-campo - Javi Garcia e Witsel - muitos eram os cépticos, e quase todos desconfiavam das capacidades de Jesus.

Ora, o treinador do Benfica está a responder à altura e, para já, está com resultados fantásticos. Não só lidera o campeonato com 2 pontos de avanço, como se qualificou para os quartos-de-final da Liga Europa, e já tem um pé na final da Taça de Portugal.

Continua a lutar em três frentes, e em 41 jogos oficiais disputados desde Agosto, tem o impressionante registo de 31 vitórias, 8 empates e apenas 2 derrotas, ambas na Champions, contra Barcelona e Spartak.

A percentagem de vitórias do Benfica é neste momento de 85,3% o que é um registo de fazer inveja a qualquer um.

Mas, há muito mais do que isso que deve ser dito sobre Jesus. Ainda se lembram do panorama no início da época? Logo depois de Witsel e Javi terem saído, ouvi e li muitos comentadores a dizerem que o Benfica ficaria de rastos e sem meio-campo; que o Benfica não tinha lateral-esquerdo de jeito e que a adaptação de Melgarejo seria um "flop", etc, etc.

Além disso, Luisão estava castigado durante meses, e Aimar e Carlos Martins tinham lesões que os iam impedir de jogar durante algum tempo.  

Perante este terrível cenário, o que fez Jesus? Pois fez apostas e trabalhou, muito, para conseguir uma nova equipa. No espaço de apenas 7 meses, eis o que ele fez.

Primeiro, "inventou" um lateral-esquerdo de qualidade, Melgarejo. Depois, "inventou" um meio-campo de qualidade, com Enzo Perez e Matic. Conseguiu ainda inventar 3 jogadores portugueses jovens, como André Almeida, André Gomes e Roderick. E, não contente com isto tudo, ainda "inventou" um extremo de grande talento, chamado Ola John.

É claro que eu sei que a época ainda não terminou, Jesus ainda não ganhou qualquer título, e os benfiquistas já estão vacinados contra excessos de euforia. Mas, há que dar os parabéns a Jorge Jesus por tudo o que já fez, que tem sido muito, e muito bom. Na liga Europa, quatro jogos, quatro vitórias. Quem fez melhor?

 

publicado por Domingos Amaral às 10:45 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Sexta-feira, 30.11.12

Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?

Já está à venda nas livrarias o meu primeiro livro sobre economia e futebol! Chama-se "Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?" e é uma análise económica e financeira dos últimos 11 anos do futebol português.

A principal conclusão deste vosso amigo benfiquista e economista é a de que "Quem Paga Mais, Ganha Mais". Ou seja, quem gasta mais em salários dos jogadores e treinadores é normalmente campeão.

Esta regra verifica-se em nove anos dos últimos onze, incluindo no ano que o Benfica foi campeão, treinado por Jorge Jesus. Nessa época, em 2009-2010, o Benfica foi o clube que mais gastou em salários, e por isso foi campeão. Foi a única vez em onze anos que o Benfica ultrapassou o FC Porto na despesa em salários, e pelos vistos valeu a pena, pois no final festejou e bem.

Nos outros anos, quem gasta mais é quase sempre o FC Porto, e essa é a principal razão que explica que, só na última década, o FC Porto tenha vencido oito dos dez campeonatos.

Quem pensar que a arbitragem explica as vitórias em campeonatos está redondamente enganado, e não é só em Portugal que a regra do "Quem Paga Mais, Ganha Mais" se verifica. Também é quase sempre assim em Inglaterra (o campeão, Manchester City, foi o que mais gastou em salários), em Espanha (foi o Real) ou na maioria dos outros países.

Não sendo uma regra infalível, os salários mais elevados explicam a maior capacidade de vitórias dos clubes, cujo modelo de negócio eu examino neste livro. Para vencer muitas vezes, os clubes têm de saber gerir muito bem o seu plantel. Há três princípios essenciais: comprar bem, pagar bem e vender bem.

Na última década, em Portugal foi o FC Porto que melhor aplicou estes princípios, e por isso vence mais vezes. É certo que o Benfica já consegue fazer muita coisa bem feita, nomeadamente vender bem, mas ainda falha nas compras de jogadores (Roberto, Emerson, e mais uns quantos brasileiros onde se gastaram milhões sem retorno), e não paga tão bem ao seu plantel.

Além disto, no meu livro falo também sobre o mercado das receitas televisivas nacionais, controlado pela Olivedesportos, e quanto ele prejudica os clubes nacionais, em especial o Benfica.

Termino com uma análise ao buraco negro das enormes dívidas que todos os clubes portugueses têm, e quanto essas dívidas os vão limitar nos próximos anos, pois a UEFA irá colocar em prática as suas novas regras de "fair play" financeiro, que impedem os clubes de ter prejuízos em três anos seguidos, colocando em risco a participação dos clubes portugueses nas provas europeias.   

publicado por Domingos Amaral às 12:54 | link do post | comentar | ver comentários (11)
Quarta-feira, 24.10.12

Carta a Luís Filipe Vieira

Caro Presidente

Venho dizer-lhe publicamente que, desta vez, vou votar em si e na sua lista. Há três anos não o fiz, votei em branco. Não estava nada agradado com a forma como tinha gerido o Benfica. Tínhamos ficado quatro anos a ver o FC Porto ser campeão, e o Sporting ficar à nossa frente. Tínhamos voltado a ter instabilidade no banco de treinadores, com o despedimento de Fernando Santos e a saída prematura de Camacho. Não tinha gostado das associações excessivas do Benfica aos processos judiciais do "Apito Dourado", e mais algumas coisas desse tipo que me dispenso de relembrar.

Enfim, em 2009 estava desagradado e escrevi-o publicamente. No entanto, considero que nos últimos três anos, o Benfica melhorou muito. A aposta em Jorge Jesus, e a sua manutenção em momentos difíceis, como em inícios de 2011, foi acertada. Em apenas três temporadas, Jesus conseguiu ganhar tantos títulos como todos os outros que o antecederam desde 1997. Não só foi campeão, como ganhou 3 taças da Liga. E também recuperou a credibilidade europeia do Benfica, fosse na Liga Europa, fosse na excelente Liga dos Campeões que fizémos na época passada.

Além disso, e como vou mostrar em livro que publicarei em Novembro, Jesus foi melhor para os cofres do que para o museu do clube. Com ele, o Benfica deu um enorme salto nas suas receitas, seja porque aumentaram as assistências no Estádio da Luz, seja porque cresceram os prémios da UEFA, seja sobretudo porque o clube conseguiu potenciar jogadores e vendê-los, em excelente negócios, como nos casos de Ramires, Di María, David Luiz, Fábio Coentrão, Javi García e Witsel. 

É claro que existiram erros graves (Roberto, Emerson, demasiados jogadores comprados que não valiam grande coisa), mas no geral, o balanço é positivo. O Benfica está hoje melhor do que estava há três anos atrás, e isso também é mérito seu, pois enquanto presidente soube tomar as decisões certas para tal ser possível. Isto não significa que eu aprove tudo, discordei de algumas decisões e discursos, mas reconheço que houve mérito e competência neste seu terceiro mandato, mais do que no anterior.

Por fim, parece-me evidente que a sua equipa está este ano mais reforçada, com nomes bons na direção, e isso também conta. Os próximos anos serão complicados, devido à dupla crise, portuguesa e europeia, que vai afetar muito o futebol, e tenho mais confiança na sua equipa do que naquela que se apresenta como alternativa. Espero apenas que certos erros não se repitam, e que a aposta na estabilidade se mantenha, pois ela dará frutos, mais tarde ou mais cedo.

Com os melhores cumprimentos

Domingos Amaral

Sócio nº 184369 

publicado por Domingos Amaral às 11:43 | link do post | comentar | ver comentários (11)
Segunda-feira, 24.09.12

Benfica em Coimbra

A propósito do empate do Benfica em Coimbra, e das reações que têm tido Jorge Jesus e os dirigentes do clube, culpando a arbitragem de Carlos Xistra pelos pontos perdidos, lembro-me logo do provérbio "em Roma, sê romano". O que é que eu quero dizer com isto? Desde que chegou a presidente do FC Porto, nos anos 80, Pinto da Costa habituou o país às suas arengas dominicais na televisão a protestar contra os árbitros, e a verdade é que isso parece ter-lhe dado muita força. A partir desses longínquos tempos, toda a gente o imitou e começou a atacar os árbitros, para "pressionar" o sistema. A inovação de Pinto da Costa fez escola no Sporting, no Benfica, no Braga e em qualquer outro clube, mesmo das divisões inferiores. Portanto, "em Roma, sê romano". O que o Benfica faz é o que o mestre em pressionar o sistema ensinou a todos há trinta anos. O futebol português viciou-se nisto e não é possível ninguém ser diferente. Não há treinador, nem dirigente, nem clube, nem jornal desportivo, nem comentador, que escape a esta teoria populista. E mais vale começar logo a guinchar no início da época do que esperar pelo fim...  

publicado por Domingos Amaral às 16:36 | link do post | comentar | ver comentários (2)
 

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