Sexta-feira, 05.04.13

As mulheres e o sexo: gritonas, mandonas, ordinárias e religiosas

No que toca ao seu comportamento na cama, as mulheres dividem-se em quatro grupos diferentes: as gritonas, as mandonas, as ordinárias e as religiosas.

 

Gritonas - são o maior grupo, que é formado pelas mulheres que dão gritos durante o sexo. Convém esclarecer que os gritos não são neste caso frases completas, nem sequer palavras, mas apenas sons à solta, sem qualquer construção gramatical específica. São os célebres "ahn, ahn, ahn"; o sempre muito escutado "oh, oh, oh"; os "ai, ai ai" ou o mais raro "ehhhhhh..."

Normalmente, os gritos começam com uma vogal, e aqui o "o" ganha clara vantagem, seguido a curta distância pelo "a", e ambos muitíssimo destacados do "e". Há alguns casos em que os gritos começam por "u" ou "i", mas são muito marginais, e julgo que só foram escutados por uma única vez numa ilha do Pacífico.

Quanto ao volume dos gritos, há basicamente dois subgrupos: o primeiro é o das Mulheres Sensorround, cuja gritaria nos faz trepidar; o segundo é o das Mulheres Stereo, que gritam virando a cabeça alternadamente para a esquerda e para a direita, de forma a criar um efeito sonoro digno de recordação.

É igualmente interessante examinar o ritmo dos gritos femininos. Há o ritmo Techno, um "oh-oh,oh-oh" muito acelerado; há o ritmo "Super Slowmotion", um "ahhnnnnnnnnnnnnnnn" lento e prolongado, quase desprovido de climax; e há o ritmo Fadista, um "óoooooh" sofrido e inesperadamente amargurado dadas as circunstâncias.

Por fim, há o ritmo mais animado, que está no Top das preferências masculinas, o ritmo Classic Remix. No fundo, trata-se de uma mistura de tons antigos da música pop com as sonoridades mais modernas da house, do tipo "ahnn...ah-ah-ah, ohhhnn, oh-oh-oh, oh...ohhh, ah....ahnnn..." 

 

Mandonas - Este grupo é obviamente formado pelas mulheres que dão ordens durante o sexo. É o segundo grupo mais numeroso, e tem crescido claramente nos últimos anos, talvez devido à auto-confiança elevada das mulheres.

A ordem mais escutada pelos homens é a chamada Ordem Imperativa de Localização Vaga (OILV), com o inimitável grito "Vai, Vai, Vai!". Depois, há a Ordem Confirmativa de Penetração Eficiente (OCPE), com o não menos famoso "Isso, isso, isso!"

Em terceiro lugar, aparece a Ordem Imperativa Oral (OIO), com o sempre bem vindo "Quero chupar-te!". Segue-se a Ordem Generalista Ordinária (OGO), com o célebre "fod..-me!", que por vezes se transforma numa Ordem Perfeitamente Localizada mas Ordinária (OPLO), com o imperial "Fod...-me aí!"

Por mais surpreendente que isso possa parecer, há igualmente mulheres que dão ordens a uma terceira pessoa, que neste caso é a sua própria vagina. Incluem-se nesta situação a chamada Ordem Castigadora Vaginal (OCV), com o famosissímo "Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe!"; e também a ligeiramente aterradora Ordem Castigadora Vaginal Nazi (OCVN), com o formidável "Rebenta com ela!". 

 

Nota: devem contar-se também neste grupo as mulheres que usam a chamada Ordem de Pré-aviso de Orgasmo (OPO), que é quando elas gritam: "Está quase, está quase!"

 

 

Ordinárias - Este terceiro grupo é formado, como o nome indica, pelas mulheres que só dizem palavrões durante o sexo. Embora ainda minoritário, também tem aumentado bastante nos últimos anos. As classes altas e as classes médias incorporaram na sua linguagem diária não só o "ó pá" e o "tchau", mas também o calão durante o sexo.

Assim, são já muito habituais as mulheres que largam vários "fod...-se" durante esses tórridos momentos, bem como aquelas que usam o termo "cara...o" a torto e a direito, seja para referenciar o dito cujo e o que desejam fazer com ele, seja apenas para libertar a tensão acumulada desde a última vez que viram um. 

Evidentemente, é expectável que estas mulheres misturem os palavrões com gritos parecidos com os do primeiro ou do segundo grupos. Por vezes, acontece mesmo que, no espaço de breves segundos, uma mulher salta do grupo Gritonas para o grupo Mandonas, e desse, num micro-segundo, para o grupo Ordinárias.

A situação verifica-se quando ela, ainda um pouco inibida, vai libertanto uns "ahhnss" e uns "ohhss" e de repente começa a transformar-se e, no auge da excitação, larga um convicto "ah, ah, ah, vai, vai, fod...-me!" 

Para além dos palavrões referentes ao acto, há também o uso dos palavrões referentes aos intervenientes específicos. Há mulheres que, mal um homem as aquece, começam logo a baptizá-lo de forma vernácula. "Ó meu cabr..., estás a gostar?" é um exemplo muito escutado.

Por fim, há o Palavrão de Auto-Marketing, que é quando as mulheres começam a chamar palavrões a si próprias. "Sim, sou uma put..." ou "adoro ser a tua put..." são frases que já quase se tornaram verdadeiros lugares comuns e de que convém desconfiar, pois já todos nos habituámos a auto-promoções permanentes.

 

 

Religiosas - Este é o último grupo e é bastante raro em Portugal, embora exista muito nos Estados Unidos da América, que como todos sabemos é um país religioso. Assim, por lá é comum ouvir-se a exclamação "Oh my God, oh my God!" Ao que parece, as americanas lembram-se do Altíssimo quando estão a ter prazer. 

Com Hollywood a mostrar repetidamente situações destas, a expressão foi rapidamente incorporada no vocabulário nacional, e já se ouvem algumas portuguesas que libertam um convicto "Oh, meu Deus!"

São as Mulheres Divinas, não porque sejam melhores que as outras, mas porque para um homem é sempre bom saber que há pelo menos uma mulher no mundo que acredita que ele é um pequeno deus na caminha.

 

 

publicado por Domingos Amaral às 16:21 | link do post | comentar | ver comentários (16)
Quinta-feira, 04.04.13

Quando uma mulher bebe uns copos...

Ela não era uma mulher especialmente ousada. Sim, tinha tido as suas aventuras quando era mais nova, namoriscara vários rapazes, apanhara uns pifos, fumara uns charros, mas nunca passara além de certos limites. Embora gostasse, de vez em quando, de perder o controle, nunca o perdera totalmente.

Sim, é verdade, reprimira algumas fantasias. Uma vez, há mais de dez anos, tivera imensa vontade de dormir com o melhor amigo do marido, mas fechara os olhos, contara até a cinco e esquecera a coisa. 

De uma outra vez, numa despedida de solteira de uma amiga, apetecera-lhe trepar para o varão, despir-se à frente de todos, e enrolar-se no dançarino musculado que se exibia para o grupo feminino barulhento que ela e as amigas formavam. Mas, apesar de tudo, tinha a noção do ridículo, e dentro dos possíveis mantinha uma reputação de mulher misteriosa, não de tonta ou tresloucada.

Contudo, por vezes uma bebida muda a vida, e tudo o que contemos cá dentro salta para a superfície. Há meses que lhe fazia falta uma certa balbúrdia, e começava a sentir-se confiante outra vez. Caramba, já haviam passados dois anos sobre o divórcio, remoera as feridas, curara-se e agora estava com vontade de se perder. 

Foi aquele gin tónico que esteve na origem de tudo. Foi o primeiro, numa festa que até não estava especialmente divertida. E o primeiro é sempre o primeiro responsável pelas mudanças, mesmo que não tenha a responsabilidade de tudo.

O segundo e o terceiro, que se seguiram, encheram-lhe a cabeça de imagens. Parecia que estava dentro de um filme, havia gente por todo o lado. E sexo, muito sexo. 

Então, fixou-se num homem que dançava perto dela. Sabia quem era, sabia que estava disponível e sorriu-lhe. Um sorriso feminino faz milagres, e umas horas mais tarde estavam nus, em casa dela, deitados numa cama.

Ela sentiu-se excitada como há muito não se sentia, e ele ficou surpreendido com tanta genica e tanta fantasia que ia na cabeça dela. Lá foi cumprindo a sua função, tentando perceber o que ela queria, mudando de posição ou de táctica, mas rapidamente chegou à conclusão que só ele não chegava. 

Naquela noite, ela parecia querer muito mais do que apenas um homem. Ela queria todos os homens, tal era o seu desejo!

Mas também podia ser outra coisa, pois ela falava muito depressa, gritava muito, e ele nem sempre percebia o que ela dizia. Só houve uma coisa que ele percebeu, quando ela lhe chamou um nome diferente do dele.

Não reagiu, fez de conta que não ouvira, e continuou a fazer o que estava a fazer, mas soube imediatamente que não era só nele em quem ela pensava. 

No fim, quando se foi embora de casa dela, nem referiu o facto. Não valia a pena. Até fora uma noite agradável. O sexo fora bastante bom e mesmo que ela estivesse a pensar noutro homem, ou noutros homens, ou só estivesse a partilhar em voz alta fantasias da cabeça dela, a verdade é que quem lá tinha estado a fazer o servicinho era ele, e não outro. Ou outros.

Confirmou o que sempre soubera: quando as mulheres bebem uns copos a mais voam sempre para lugares muito distantes e muito fantásticos. E, por mais que um homem cumpra o seu dever, nenhuma realidade satisfaz uma fantasia. Seja ela qual for...

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Terça-feira, 02.04.13

Um homem muito ciumento

Certa noite ele acordou-a com um gesto brusco e desagradável. Ela mexeu-se na cama, com a cara amarrotada pelo sono, e olhou para ele, espantada:

- O que foi?

Eram quatro da manhã, chovia a cântaros lá fora, e um arrepio de medo e de angústia percorreu-lhe a espinha. Puxou o lençol para cima, enrolou-se nele e insistiu:

- O que é que se passa?

Ele estava com os olhos semicerrados a observá-la. Na penumbra, parecia zangado. De repente, sentou-se na cama e disse:

- Tu tens um caso...Andas com outro.

Ela olhou-o, impávida. O que era aquilo? O que lhe dera para, a meio da noite, acordar de repente a dizer disparates? Franziu a testa e perguntou:

- Está tudo bem?

Ele cerrou os dentes, irritado. Ela não ligara ao que ele dissera, e isso é que era importante. 

- Eu sei que me andas a trair.

Ela nem queria acreditar, e ele a insistir! Teria sido um sonho, um pesadelo nocturno? Caramba, o homem tinha quase quarenta anos, não tinha idade para isso! Ou tinha? Será que havia uma idade a partir da qual se deixava de ter pesadelos, ou eles continuavam para sempre?

- O que é que se passa contigo? Tiveste um pesadelo?

Ele não sorriu. Levou a mão à cabeceira e acendeu um cigarro. Ela enervou-se. Odiava que ele fumasse na cama, odiava o cheiro do cigarro no quarto. 

Então ele disse:

- O meu pesadelo és tu. 

Ela ficou em silêncio uns segundos, e depois veio ao de cima o seu lado maternal. Ele era como os miúdos, necessitado de mimo depois dos pesadelos, para voltar a adormecer. Ela ignorou a sua última acusação e tentou acalmá-lo:

- Isso deve ter sido jantar. Há quem diga que o saké provoca pesadelos...

Ele esboçou um sorriso e resmungou:

- Eu não bebi saké...

Ela ficou intrigada. Ontem à noite, ele dissera que ia jantar fora com uns amigos a um restaurante de sushi, teria mentido?

- Tu é que disseste que ias jantar sushi.

Ele enervou-se:

- Não desvies a conversa...Eu descobri que tens um caso, andas com outro. 

Foi aquele "descobri" que a enervou. O que é que ele tinha "descoberto" se não havia nada para "descobrir"? No passado, com outros namorados, ela fora uma ou duas vezes infiel, mas agora não era. Sim, tinha amigos que lhe enviavam convites tentadores, mas não aceitara nenhum há mais de um ano, desde que começara namoro com ele. Gostava dele, e as coisas iam bem até há umas semanas, quando ele começara a dar sinais estranhos, de irritação permanente com ela. Criticava-a muito, por tudo e por nada, e já tinham existido algumas discussões desagradáveis. Mas, nada como isto. Isto era coisa de psicopata, acordar a meio da noite com pesadelos, a acusá-la de infidelidade!

- Que disparate é esse? Não deves estar bom da cabeça!

Irritada, ela levantou-se para ir à casa de banho, e quase por instinto, cometeu um erro, ao pegar no telemóvel, para ver se tinha mensagens. Ele atacou de imediato:

- Vais mandar-lhe um sms, a dizer que foste descoberta?

Ela ficou imóvel, a olhar para ele, sem saber o que dizer. Ele rosnou:

- Há quanto tempo é que isso dura?

Ela piscou os olhos. Aquilo era mesmo grave, ele estava mesmo convencido da sua verdade. Na cabeça dele, havia uma ideia muito enterrada, e ela não sabia porquê. Respirou fundo e afirmou:  

- Não sei mesmo de que é que estás a falar.

Nessa noite, ela teve de ouvir mais acusações, mas dentro dela as coisas já estavam resolvidas. Aquele homem não era bom da cabeça, não o queria para ela. Um homem que acorda a meio da noite com medo dos seus próprios fantasmas não é boa companhia. 

publicado por Domingos Amaral às 11:56 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 21.02.13

O problema sexual da Igreja Católica

Não é preciso ser psiquiatra, nem sequer séxologo, para perceber que a Igreja Católica Apostólica Romana tem um problema com o sexo.

Há séculos que tem um problema, e não há maneira de o resolver. Aliás, nas últimas décadas, o problema em vez de melhorar piorou, e drasticamente.

Quase não há mês que passe sem se ouvir falar de problemas sexuais na Igreja. Ou bem que são os padres pedófilos, ou os padres homossexuais, ou então ouvimos falar na condenação do sexo sem ser para efeitos de procriação, ou nos perservativos, ou em qualquer outra coisa no género.

Esta semana, por exemplo, o tema do momento em Portugal é uma acusação de assédio sexual por parte de um bispo; e o tema internacional é, no contexto da eleição do novo Papa, a possibilidade de participar na eleição um cardeal que fez vista grossa a situações de pedofilia no seu país.

Porque é que isto é assim? Porque é que se passa a vida a falar de questões sexuais relacionadas com a Igreja Católica? Bem, a resposta é simples: a Igreja Católica rejeita o sexo como algo natural a todos os seres humanos (qualquer que seja a sua preferência sexual) e considera o sexo, na maior parte das vezes, como um pecado, só o aceitando como essencial para procriar. 

Ou seja, a Igreja Católica não considera o sexo como uma coisa natural no ser humano, mas sim um mal, um mal necessário em certos casos (para fazer bebés e se as pessoas forem casadas), mas mesmo assim uma coisa a evitar. É este o seu discurso para os crentes, há milhares de anos, e não parece ir mudar.

Além disso, a Igreja Católica continua a obrigar aqueles que a servem a full-time (os padres, bispos e cardeiais) à castidade, que é a proibição total de ter sexo. 

Esta combinação de ideias (o sexo como uma coisa anti-natural e pecaminosa para os crentes, e a obrigação de celibato para os padres) resulta numa situação explosiva permanente, pois a confrontação destas máximas com a vida real dos seres humanos (crentes e padres) é totalmente absurda e irrealista.

A maior parte dos seres humanos não segue as orientações da Igreja Católica nas questões sexuais, e pratica sexo quando quer e à hora que quer, sem sentir que isso é mal ou pecado.

E os padres, na sua grande maioria, têm enormes dificuldades de cumprir o celibato, e por isso se multiplicam as descobertas de "prevaricadores". 

Mais tarde ou mais cedo, esta distância entre o que a Igreja defende e a realidade do mundo vai ter de ser diminuída.

A mim parece-me evidente que não vai ser o mundo a mudar, terá de ser a Igreja. Mais tarde ou mais cedo, chegará um Papa mais esclarecido ao Vaticano, que terá a coragem de confrontar a questão do sexo para a Igreja, e libertá-la deste terrível problema sexual que a consome há séculos.

Faz sentido o sexo ser mal visto, e não um necessidade natural em todos os seres humanos? Faz sentido condenar-se as preferências sexuais das pessoas? Faz sentido impôr o celibato a seres humanos? Faz sentido proibir o uso de perservativos? São essas as questões que a Igreja terá de resolver nas próximas décadas.

Enquanto isso não acontecer, enquanto a Igreja não vencer o seu profundo trauma sexual, e não mudar, vamos continuar a ouvir falar todos os meses de "escandaleiras" que envolvem padres, mais graves ou menos graves.

E também vamos continuar a fazer de conta que ouvimos o que a Igreja nos tem a dizer sobre sexo e que seguimos as suas orientações, o que obviamente quase ninguém faz.

Eu acho que está na altura da Igreja resolver o seu trauma sexual. Talvez o próximo Papa possa ajudar.  

publicado por Domingos Amaral às 15:20 | link do post | comentar | ver comentários (6)
Quarta-feira, 13.02.13

O homem que se esqueceu (uma única vez!) do Dia dos Namorados

Aquilo nunca lhe tinha acontecido na vida, mas dessa vez esqueceu-se mesmo do Dia dos Namorados. No passado, com outras namoradas ou mesmo com a atual, nunca se esquecera. Comprava sempre uma "lembrancinha", como ele dizia a brincar aos amigos, só para mostrar às raparigas que gostava delas.

Mesmo que já estivesse com a cabeça noutra, era melhor comprar um presentinho, ser simpático, para não as decepcionar naquele dia. É que, apesar do Dia dos Namorados não ter um significado especial para ele, a verdade é que para as mulheres parecia ser um dia fundamental, com um estatuto semelhante ao Aniversário Dela e ao Natal!

Porém, naquele ano esqueceu-se. Eles já namoravam há seis anos, e estavam numa espécie de limbo, entre a possibilidade de casarem em breve, sempre vaga, e a possibilidade de o namoro perder gás, raramente falada. Talvez isso tenha sido importante. Nesse dia chegou a casa (eles já viviam juntos no apartamento dele), só pousou o casaco e depois foi dar-lhe um beijo, mas não disse nada mais, a não ser um vago:

- Apetece-me tomar um duche.

Ela ficou a olhar para ele, intrigada. Estaria ele a gozá-la? Teria o presente no bolso do casaco? Teria vindo a casa à hora do almoço, esconder o presente no armário? Decidiu sorrir-lhe e perguntou:

- Correu bem o dia? 

Ele soltou umas frases sem grande sentido, referiu reuniões, conversas, nada de importante. E deve ter mudado de ideias quanto ao duche, pois sentou-se no sofá, acendeu a televisão e começou a ver um jogo de futebol, Liga dos Campeões. Ela nem queria acreditar, mas antes de começar a criticá-lo, coisa de que ele se queixava muito, decidiu respirar fundo e ser paciente.

- Não queres ir jantar fora? Apetecia-me...

Ele nem olhou para ela, mas fez uma careta de enfado e resmungou:

- Hoje? Não podemos ir no sábado? Estou cansado.

Ela arqueou a sobracelha:

- No sábado?

Depois sorriu. Percebeu finalmente que ele se tinha mesmo esquecido do Dia dos Namorados, e ficou subitamente triste. Deu uma meia volta brusca e foi em passo apressado para o quarto, onde se deitou em cima da cama, irritada. Meia hora depois, (sim, só meia hora depois, no intervalo do jogo da Liga dos Campeões!), é que ele apareceu à entrada do quarto, e lhe perguntou o que se passava. Ela nem olhou para ele, mas murmurou:

- Esqueceste que dia é hoje?

Ele ficou abalado, como se tivesse sido apanhado em contrapé. Pensou no aniversário da mãe dela, do pai, da irmã, e também nos aniversários da sua família, mas ninguém fazia anos hoje, nem ela, que só fazia em Setembro.

Ela suspirou, desolada, vendo que ele não se lembrava mesmo:

- É dia dos Namorados.

Nesse momento, ele percebeu que estava tramado, e nem lhe passou pela cabeça mentir. Tinha-se mesmo esquecido, explicou. As reuniões, os telefonemas, o stress, tudo tinha conspirado para ele deixar passar a data!

Durante uns segundos, ela ainda acalentou a secreta esperança de que tudo aquilo não passasse de teatro, e de que ele no fim, já depois de a ter levado ao desespero, a surpreendesse com um presente. Contudo, essas coisas só acontecem nos filmes e às outras, pensou ela, minutos mais tarde.

O seu namorado tinha mesmo esquecido o Dia dos Namorados, e não havia volta a dar! Por mais que ele pedisse desculpa, ela não queria acreditar que isto lhe tinha acontecido. Era uma facada no coração. Logo neste dia, onde se vêem corações por todo o lado, ele tinha cortado o coração dela ao meio. 

Então disse:

- Isto é grave...

Ele ficou meio aparvalhado. Balbuciou mais desculpas, e tentou defender-se. Caramba, não era assim tão grave, ela não devia dar tanta importância, fora apenas um esquecimento, ele podia emendar a mão, que tal irem jantar fora? Ela sorriu, mas foi um sorriso cínico, e quando o viu ele percebeu que estava mesmo tramado:

- Eu não devia dar "tanta importância"? Quer dizer, o meu namorado esquece-se de mim, e eu não devia dar..."tanta importância"? 

Ele ficou calado, atrapalhado, e ela continuou:

- Tu gostas mesmo de mim?

Ele jurou que sim, e disse-lhe que fora apenas uma falha, uma falta de memória. Ela sabia como ele era, distraído. Ela comentou, desapontada:

- Distraído?

Olhou para ele, muito séria, e disse:

- Se calhar, a nossa relação já não faz muito sentido...

Pronto, agora ela queria falar da relação, e ele apostava que daqui a cinco minutos ia falar no casamento, se queriam ou não casar! Óh, meu Deus, porque é que as mulheres eram assim? Porque é que uma mera omissão, uma falha pequena, punha tudo em causa? Será que ela não podia perdoar-lhe este erro?  Ele sugeriu que fossem ao Colombo, ou às Amoreiras, ele comprava-lhe um presente bonito, ela que colocasse um casaco depressa, e depois iriam jantar! 

Ela olhou para ele, e como era boa pessoa e gostava dele, decidiu perdoar-lhe. Ele parecia genuíno, no seu arrependimento pelo esquecimento, e interessado em emendar a mão. Mas, como é que se esquece um esquecimento destes? Como é que se aceita uma coisa destas? Ela não fazia ideia, e ainda hoje não faz. Já passaram vários anos, eles continuam namorados, não se casaram mas também não foi cada um para seu lado, e talvez por isso ela continua a recordar aquele dia em que ele se esqueceu do Dia dos Namorados.

Já ele, continua a pensar que as mulheres adoram receber presentes, seja em que dia for, e obviamente o Dia dos Namorados transformou-se num dia de "expectativa altíssima", cujas esperanças não podem ser frustradas, até porque tal falhanço traz associado o terrível perigo do fim do amor. Portanto, o melhor mesmo é um homem não se esquecer dessas coisas. 

 

PS: E para quem está a precisar de sugestões para presentes do Dia dos Namorados, aqui deixo duas, enviadas por mão amiga. Um relógio da Swatch e umas pulseiras da marca americana Alex and Ani. Mensagens de amor perfeitas e que não nos deixam ficar mal. 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:56 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Segunda-feira, 11.02.13

Aconteceu numa festa de Carnaval

Ele tinha pensado muito sobre o assunto. Deveria ir vestido de Flash Gordon ou de Indiana Jones? O primeiro estava um bocado fora de moda, o que era bom pois assim não haveria outros mascarados iguais. Já Homens-Aranha, Batmans e Darth Vaders iria haver aos montes, estão sempre na moda.

Indiana Jones era uma opção forte, devido ao chicote. Dá sempre jeito um chicote numa festa de Carnaval, embora no caso dos homens fosse necessário alguma prudência, pois as pessoas admitem que uma mulher chicoteie homens, mas o contrário nem sempre é bem aceite. 

De repente, lembrou-se: podia ir de Christian Grey, o famoso herói das "50 Sombras de Grey"! Assim estava na moda e podia levar chicote! Aliás, podia mesmo chicotear, pois ao herói literário do ano tudo era permitido, incluindo dar palmadas no rabo das senhoras. Que melhor máscara de Carnaval do que essa?

O pior foi que, quando chegou à festa, descobriu que existiam imensos Christian Greys como ele. Havia quase tantos como mascarados de animais. Se somasse os elefantes com os gorilas, os macacos e os Rei Leões, todos juntos eram um pouco mais que Christian Greys, mas andavam lá perto. 

No meio da festa, viu passar um Flash Gordon, impecável no seu fato encarnado e amarelo, e arrependeu-se por querer estar tanto na moda. Foi a correr ao bar, tentar afogar as mágoas em vodka, mas foi ao balcão que tudo mudou, quando viu a Pequena Sereia. Tinha um sorriso radioso, escamas no corpo todo e parecia perdida naquele oceano de fantasias compradas em lojas chinesas.

Então, ele aproximou-se e disse-lhe:

- Sempre quis conhecer uma Sereia.

Ela arqueou as sobrancelhas, surpreendida:

- Desculpa?

Ele explicou que ela estava vestida de Pequena Sereia, era esse o filme a que ele se referia. Ela desatou a rir e explicou que não estava de Pequena Sereia, mas sim de Dolly, a amiga do Nemo. 

Ele corrigiu-a:

- Dory.

Ela piscou os olhos:

- Desculpa?

Ele explicou:

- Chamas-te Dory e não Dolly.

Ela riu-se muito e disse:

- Isso...Sabes, é que eu sou muito esquecida, uns segundos depois já não me lembro do que disse...

Ele percebeu finalmente que ela estava a brincar com ele, o que era um bom sinal, e então perguntou:

- E eu, de que é que estou vestido?

Ela olhou-o muito rapidamente e perguntou:

- Trouxeste o avião? 

Ele ficou por momentos sem perceber e então ela revirou os olhos e explicou:

- O que distingue o Christian Grey dos outros é o avião, não é o chicote. Chicote qualquer um arranja, agora um avião é mais difícil. 

Ele ficou a olhar para ela, e depois deu um gole no vodka, tomou coragem e disse:

- Por acaso, estava a pensar num voos nocturnos. Uns loopings, e coisas assim...Gosto especialmente dos voos picados... À noite, são momentos espectaculares...

Ela olhou para ele, espantada. Abriu muito os olhos e perguntou:

- E espirais invertidas, sabes fazer?

Ele sorriu-lhe e disse, em voz mais cavada:

- Especialmente em voos rasantes...

No dia seguinte, quando ele saiu da casa dela, ia contente. Acertara em cheio na máscara, o Christian Grey fora infalível, tiro e queda. 

Já ela, quando acordou, não se lembrava de nada. 

publicado por Domingos Amaral às 10:52 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 07.02.13

O sexo tem de ser barulhento?

Ontem à noite, tive uma estranha experiência sexual, tipo filme porno sem imagens, mas com som. Eu estava a dormir num hotel na Covilhã, e tudo se passou no quarto ao lado do meu.

Fui à região participar nuns encontros de escrita, com alunos das escolas da Guarda e da Covilhã, encontros esses que foram muito bem sucedidos.

À noite, já sozinho no quarto do meu hotel, e quando já passava bem da meia-noite e acabara de apagar as luzes, de repente, começo a ouvir estranhos barulhos no quarto ao lado... 

A princípio, eram apenas pancadas secas e soltas, como se alguém estivesse a arrastar móveis. Mas, aos poucos, as pancadas secas adquiriram um ritmo mais permanente, e logo a seguir comecei a ouvir gemidos de mulher. Sim, uma mulher soltava uns "ahn, ahn, ahn", e é evidente que se tornou claro para mim o que estava a acontecer. 

Alguém se estava a divertir, e a passar uns bons momentos! E não estavam com pressa! Ao fim de dois minutos eu já estava curioso para saber algumas coisas mais. Iriam os gritos durar quanto tempo? Quanto tempo demoraria a "ahn, ahn, ahn" a atingir o seu climax e a deixar-me adormecer em paz?

Além disso, outra dúvida surgira no meu espírito. Porque é que só a mulher é que gritava? Pelo barulho das pancadas ritmadas, (devia ser a cabeceira da cama a bater na parede), parecia-me óbvio que ela não estava sozinha, devia estar acompanhada por um homem. Mas, porque é que ele estava tão silencioso? 

Outra coisa que me intrigou foi que eles não falavam. Ela gemia e gritava "ahn, ahn, ahn", mas isso como sabemos é uma linguagem internacional que toda a gente conhece mas não é uma língua. Que nacionalidade tinham os sortudos? Seriam portugueses? Ou espanhóis? Na Covilhã estamos muito próximos das fronteira, e poderiam ter lá ido à serra!

Também era impossível determinar a idade. Os "ahn, ahn, ahn" da senhora não davam para entender se ela teria 20, 30 ou 40 anos, ou até mais. Os ruídos são semelhantes, qualquer que seja a idade. E como o sócio era silencioso, também não dava para perceber que idade teria. 

Mas, a coisa durava. Quatro minutos já e o "ahn, ahn, ahn" da senhora mantia-se, sempre no mesmo registo, nem alto nem baixo, nem acelerado nem a diminuir. Muito velhos não deviam ser, mas também não deviam ser muito jovens, pois esses costumam um bocado apressados!

Ao quinto minuto de "ahn,ahn, ahns" eu já estava a ficar um bocado farto daquilo...Será que isto nunca mais acaba? Será que não tem ponto alto? Onde estão as gritarias, os palavrões porcos, os "oh meu Deus!", e outras coisas do género que toda a gente vê nos filmes? 

De súbito, ouve-se finalmente o ronco do macho. Foi uma coisa rápida, um único "uuuuhh", que acabou quase imediatamente depois de ter começado, o que confirmou tratar-se mesmo de um exemplar silencioso. Mas, ao menos ele teve um pico.

Já ela, o que também me surpreendeu deveras, esteve mais de cinco minutos no "ahn, ahn, ahn" mas depois calou-se subitamente. Não houve sequer aquela aceleração típica que precede o orgasmo, nem ouve um aumento do volume, gritos mais altos, mais "AHN, AHN, AHN" e menos "ahn,ahn, ahn". Nada disso, a coisa perdeu velocidade e depois puf, acabou.  

Franzi o sobrolho. Isto não era o habitual. Normalmente, há uma explosão final, mas naquele caso não existiu. Foi bastante duradouro, quase seis minutos de gritos femininos, mas um bocado desapontante no fim. Quer dizer, nós estamos habituados a esperar que o sexo seja barulhento e que tenha um climax final, mas... 

O que se terão eles dito um ao outro a seguir? Foi bom, mas? Eu acho que faltou qualquer coisa, não me satisfez totalmente enquanto espetador sonoro. Uma pessoa habitua-se ao sexo mais barulhento, e depois uma coisa destas desaponta um pouco. Portanto, na escala de 0 a 20, decidi atribuir àquele casal apenas um 14. Sem gritos, aceleração e climax forte, não mereceram mais!

publicado por Domingos Amaral às 16:42 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quarta-feira, 06.02.13

O amor é um estado de alarme

O amor alarma-nos, mesmo depois de acabar. Ficamos sempre aflitos quando vemos alguém que um dia amámos, nervosos, independentemente do tempo que já passou desde o fim desse amor.

Há quem comece a suar das mãos, ou debaixo dos braços, quem lhe trema os joelhos ou lhe doa a barriga, e quem finja que não sente nada, que é cool e não sofre disso, mas é mentira.

Aquela pessoa foi importante para nós, amámo-la um dia, demos as mãos, abrimos os braços à espera dela, e isso deixa marcas, não se apaga. Se mesmo quando o amor é correspondido as pessoas ficam aflitas, imagine-se quando já não é, e só existem memórias do passado, para nos perturbar.

Foi o que aconteceu com aqueles dois. Tinham passado talvez quatro anos desde o dia em que o amor deles tinha acabado e cruzaram-se por acaso, no Chiado. Ele tinha ido à FNAC, ela ao Santini, e encontraram-se na rua, no meio de uma azáfama permanente de gente que entrava e saía das lojas.

Ela começou a suar, e ele sentiu um nó na garganta. Deram um beijo à pressa, fizeram aquelas perguntas da praxe que se fazem nestas alturas, o "tudo bem?" e essas coisas, mas por dentro estavam perturbados.

O amor deles tinha sido intenso, aventureiro, cheio de cama e idas ao cinema, jantares à luz das velas e essas coisas românticas que ninguém esquece mas que não decidem nada de importante. Foi bom enquanto durou, mas não durou muito. 

Ele não sabe bem porquê, acha-a gira, gosta da conversa dela, do nariz arrebitado, da suavidade da voz, das pestanas e das sobrancelhas dela. Ela sabe porque é que aquilo acabou, mas isso não a faz sentir melhor. Sente-se triste por um segundo, como se tivesse perdido a melhor coisa do mundo, como se as outras é que tivessem tido sorte.

Vão falando, sem dizer nada de importante, e continuam incomodados. Depois despedem-se, e nesse dia à noite contam mentiras aos amigos e às amigas, dizem que se cruzaram no Chiado e que o outro é que estava nervossímo, e nunca irão reconhecer que ficaram alarmados por dentro, por uns minutos.

Já não amam, já não se podem amar, há outras pessoas mais importantes nas suas vidas, mas continuam alarmados quando se vêm, e assim continuarão para sempre, porque o amor alarma sempre, mesmo quando já passou muito tempo desde que acabou. 

Cruzarmo-nos com os amores do passado nem sempre é um perigo para os nossos amores do presente, mas é sempre um perigo para o nosso coração, e sobretudo para o nosso sistema nervoso. Porém, há quem finja que não. 

publicado por Domingos Amaral às 09:50 | link do post | comentar
Quarta-feira, 09.01.13

Ainda existem pessoas fiéis?

Uma mulher de quem gosto muito costuma dizer que as pessoas que se casam não deviam jurar fidelidade, porque ninguém vai cumprir essa jura.

Os homens já há dez mil anos que não a cumprem, e as mulheres, metade também há diz mil anos que não a cumpre, e a outra metade deixou de cumpri-la de há vinte anos para cá.

A promessa de fidelidade, diz essa realista mulher, é portanto inútil e enganadora, pois só serve para nos iludirmos. Um dos dois será infiel, essa é que é essa, e a única dúvida é saber qual será o primeiro. 

Sendo assim, o que devíamos era fazer uma promessa diferente. Deveríamos prometer que íamos tentar não ser infiéis. E só por cinco anos, de cada vez. Prometes tentar não ser infiel nos próximos cinco anos? Sim, prometo. Daqui a cinco anos veremos.

É que, nos dias que correm, a infidelidade mudou muito, já não é a mesma velha senhora do passado. A infidelidade está mais magra, mais reduzida no seu conceito. Coisas que antes eram consideradas infidelidade, hoje não produzem mais que um mero encolher de ombros.

Veja-se as fantasias, por exemplo. As mulheres que fantasiam em segredo com o Brad Pitt, ou os homens que suspiram à primeira visão da Juliana Paes, estão a ser infiéis, mas os seus sonhos são inofensivos, banais e nada graves. Metem-se os cornos na imaginação, mas "no passa nada".

Depois, há também aquela infidelidade social superficial, que incluiu a troca de olhares furtivos, as conversas picantes, os sms cheios de segundas intenções. É muito habitual nos nossos dias: as pessoas comem-se com os olhos, enviam evidentes e permanentes sinais, mas é tudo teatro, e os contatos íntimos não passam de uma mão nas costas, as palavras não são mais que uma piadinha permanente, que tudo deixa em suspenso.

É a infidelidade em "stand-by", no "pause", mas é muito comum nos nossos dias, e é até socialmente aceite e incentivada. Quem não for brincalhão e muito sexy, é visto como pouco "cool".

Infelizmente para muitos, estas brincadeiras, à superfície inofensivas, podem despoletar incêndios graves. Há maridos e esposas que se passam da cabeça só por apanherem um comentário mais ousado no Facebook. Há zaragatas e ranger de dentes, mas se realmente estiver apenas em "stand by", essa infidelidade só mói, não mata. Ninguém se separa só porque há um smile duplo no telemóvel do marido ou da mulher...

Também é cada vez mais aceite a infidelidade Easy Jet. Um desvario pontual, uma noite de loucura, se tiver acontecido no estrangeiro, a mais de 400 km de casa, não é causa para tragédias. A infidelidade Easy Jet, além de ser fácil de negar, é fácil de ignorar. Ninguém a viu, ninguém a lembra.

O que é doloroso aceitar é um par de cornos social, em dez mil anos não se avançou nada nestas coisas. O que custa, além da traição, é o preço da vergonha, as amigas e os amigos a comentarem, a humilhação em grupo. A infidelidade, quando é pública, nunca se consegue privatizar, como a TAP. Mas são raros, é verdade, os que conseguem evitá-la. 

Portanto, o que se devia era jurar que se vai tentar não ser infiel. Prometes que vais tentar não ser infiel? Sim, prometo. E a promessa devia ser renovada a cada cinco anos. Prometes mais cinco anos? Sim, prometo tentar mais cinco anos. Mesmo assim, era capaz de não ser fácil cumprir, mas pelo menos tentávamos.  

  

publicado por Domingos Amaral às 15:23 | link do post | comentar | ver comentários (5)
 

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