Terça-feira, 04.06.13

Michael Douglas, o cancro na garganta e o sexo oral

O célebre ator Michael Douglas, que já vai na bonita idade de 68 anos, explicou recentemente ao jornal inglês Guardian que o cancro na garganta que o afecta se deve a ter praticado muito...sexo oral.

O jornalista que o entrevistou pensava que a doença de Douglas se devia à sua vida de excessos, ao consumo de álcool e de drogas, mas o actor refuta essa interpretação, dizendo: "Não! Sem querer ser muito específico, este tipo de cancro em particular foi causado por HPV, que na verdade advém do cunnilingus"!

Nem mais! O delicioso da frase é aquele subtil "sem querer ser muito específico", onde cabem mil e uma especulações possíveis. O HPV ou vírus do papiloma humano, é de facto o causador dos cancros do colo do útero, e suspeita-se que já existem muitos casos como o de Douglas, mas mesmo assim...

O que é estranho nesta declaração é a sombra que ela deita sobre a mulher de Douglas, a não menos famosa actriz Cahterine Zeta-Jones. Se Douglas diz que contraiu este cancro devido ao sexo oral, isso coloca apenas duas possibilidades, ambas desagradáveis.

Ou bem que Douglas contraiu a doença porque Zeta-Jones tem esse vírus dentro dela, o que é um sarilho para o casal pois nesse caso não temos apenas um problema medicinal, mas sim dois problemas medicinais.

Ou então Douglas contraiu a doença a praticar sexo oral com outras mulheres, confessando assim em público a sua absoluta infidelidade à mulher, o que é sem dúvida uma forma sofisticada de a enxovalhar e humilhar. 

Seja como for, há aqui um ensinamento a retirar. A partir de agora, qualquer homem terá de incluir no seu interrogatório sexual prévio às mulheres a terrível questão: "e como vai isso de papiloma?"

publicado por Domingos Amaral às 11:49 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Sexta-feira, 14.12.12

Serial killers ou monogamia em série?

Estava outro dia à conversa com um amigo que se entitulava um "serial killer". Não de pessoas, bem entendido, ele não era um assassino tipo "Silêncio dos Inocentes". Ele era um "serial killer" de mulheres, matava-as uma atrás da outra, mas em sentido figurado.

Mal uma lhe passava à frente, tirava-lhe as medidas e atacava. Primeiro, fazia-lhe a ronda. Tirava informações sobre ela, pesquisava no Facebook a página dela, frequentava os locais que ela frequentava, e quando a oportunidade surgia, zás, lançava o seu anzol.

Normalmente, embora isso nem sempre acontecesse na primeira noite, era bem sucedido. Como tinha graça, lata, jeito, e sobretudo como se concentrava muito nelas, o meu amigo tinha, e tem, um enorme sucesso entre as mulheres.

Pelo menos nas primeiras semanas, era raro quem lhe resistisse. Solteiras ou casadas, estrangeiras ou nacionais, novas ou mais entradotas, quase todas caíam na sua encantadora lábia, e rendiam-se, umas mais depressa, outras mais devagar.

Contudo, passadas as primeiras semanas de encantamento, elas começavam a perceber que ele já estava noutra. O "serial killer" é assim. O que lhe interessa é faturar, mas estando o registo feito, é tempo de começar a pensar noutro, ou neste caso, noutra mulher.

E é rara a mulher que consegue fazer durar a coisa muito tempo. Embora ele já tenha estado casado duas vezes, nunca foi fiel, e namoriscou sempre, mesmo de aliança no dedo.

O que é curioso nisto é que as mulheres não se queixam dele, não dizem mal dele, não acham que ele seja um porco ou um egoísta. Há muitas que o tratam mesmo por "serial killer", aceitando perfeitamente a sua natureza. Quando lhe perguntei qual era o segredo para isso, para essa ausência de raiva nas mulheres que ele abandona, ele disse-me só:

- Nunca lhes menti. 

Era tão simples como isso. Ele nunca as enganava, nunca lhes dizia que as amava, que eram a mulher da vida dele, que estava louco de paixão e não via mais nada à frente. Ele apenas lhes dizia que estava interessado nelas, que gostava da conversa delas, que gostava de se divertir com elas, de lhes provocar emoções fortes (normalmente na cama), mas que, como era um "serial killer", e não podia negar a sua natureza, era melhor não ser namorado delas, e muito menos marido, pois isso é que lhes iria causar infelicidade!

Não me perguntem como, mas a verdade é que isto funcionava quase sempre. Sim, havia uma ou outra que se afastavam, mas a maioria ficava curiosa, fascinada com o interesse dele nelas, acabando por ir na conversa. E ele todo contente, com mais uma conquista no currículo.

Além da conversa, havia também outro princípio que ele aplicava: nunca andava com duas mulheres ao mesmo tempo. Se andava com uma, andava com ela e não dormia com outras. Quando queria dormir com outra, despedia-se da primeira, e seguia em frente. Ele costumava dizer que era uma espécie de estação de combóios só com duas linhas. Quando chegava um novo combóio, estava na altura de partir o que estava parado na estação!

Quando o ouvi explicar esta teoria, disse-lhe que ele não era um "serial killer". Ele era, tal como a maioria dos seres humanos, monógamo, só que era em série! É claro que há casos de poligamia, ou de pessoas que andam com várias ao mesmo tempo. Mas a verdade é que a grande maioria dos humanos é monógama em série.

Hoje anda com um, mas daqui a uns tempos (às vezes muitos anos) esse relacionamento acaba e depois começa outro, e por aí fora. Os relacionamentos têm é duração variável. Há casos rápidos e há casos lentos, e alguns podem até durar a vida toda, embora isso seja cada vez mais raro. 

O meu amigo era um caso rápido. Era, e é, um monógamo em série, mas a coisa com ele anda tão depressa, que ele até se pode chamar a si próprio "serial killer"!

publicado por Domingos Amaral às 16:13 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Sexta-feira, 07.12.12

O mundo é um gigante jogo de vídeo

Em casa de um amigo meu, sempre se havia jogado muito. A avó praticava o bridge com as amigas, o pai apostava nas corridas de cavalos inglesas, ele crescera a lançar os dados do Monopólio. Porém, nunca vira nada como isto. Quando entrou na sala e olhou para a família, não havia um único deles que não estivesse a jogar. 

O irmão jogava partypoker, no notebook que recebera nos anos. Adorava, tornara-se um especialista, e já ganhara dinheiro várias vezes. A cunhada por vezes protestava, mas como também jogava muito Tetris no seu iPad, tinha pouca legitimidade. Era o caso, no momento. 

Já a sua mulher estava com o laptop aberto, em cima da mesa, conectada no Facebook, a jogar Cityville. Todos os dias, dezenas de amigos "convidavam-nos" para jogar jogos com nomes extraodinários como Bubble Safari, Gardens of Time, Ruby Blast Adventures, que ela ia experimentando à vez. 

A um canto da sala, a sua filha mais velha teclava o Angry Birds furiosamente no seu telemóvel, como se o futuro dela dependesse dos resultados. E em frente à televisão, o seu filho, com o primo ao lado, girava os comandos da Playstation 3 com imensa perícia, conduzindo o seu automóvel no jogo Grand Theft Auto 5, a última coqueluche, que os obrigara a uma viagem específica ao centro comercial. 

Quando informou a família de que eram horas de jantar, pois estava cheio de fome, nenhum deles levantou sequer a cabeça. O irmão virava cartas, a mulher dava ao dedo, a cunhada premia botões, a filha murmurava improprérios, o filho mexia os braços e o sobrinho admirava o ecran da televisão, mas ninguém queria jantar. 

Jantar era uma coisa do passado, já ninguém jantava à mesa, nem conversava. Era capaz de até haver jogos sobre isso, bem melhores que a realidade. Portanto, foi para o quarto e abriu o seu computador. Com sorte, ainda ganhava mais que o irmão...

publicado por Domingos Amaral às 15:56 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 06.12.12

Gabriela e a infidelidade das mulheres

Está quase a acontecer a traição de Gabriela ao marido Nacib! Pé ante pé, o ardiloso Tonico Bastos tem vindo a seduzir a moça com mimos e presentes, e ela está prestes a render-se, colocando um terrível par de cornos no dono do bar de Ilhéus.

Da história de amor que é que Gabriela, há alguns ensinamentos a retirar. O principal é: nunca proiba a sua mulher de dançar! Foi aí que o descalabro começou, quando Nacib impediu Gabriela de ir bambolear-se ao som da música na rua. O desejo do árabe em que ela se tornasse uma "dama da sociedade" era tão grande, que atrofiou Gabriela numa teia de obrigações, matando a sua felicidade.

É essa a moral da história: marido que proibe a mulher de fazer o que gosta, dá-se mal no fim, e não escapa ao par de cornos. Gabriela, antes do casamento, era uma mulher livre, sorridente, feliz, e extraordinariamente apaixonada por Nacib. Porém, mal se casou com ela, Nacib começou a obrigá-la a ser diferente, a negar a sua natureza livre, pura e infantil.

Mandou-a calçar sapatos quando ela gostava era de andar descalça, proibiu-a de brincar na rua com as crianças, impôs os vestidos apertados e os chapéus, e não descansou enquanto não a levou para as reuniões sociais das damas de Ilhéus, para a missa, ou para chatíssimos recitais de poesia.

Um dia, chegou mesmo a oferecer a Gabriela um pássaro numa gaiola, uma metáfora perfeita do desentendimento entre os dois. Para Nacib, o pássaro na gaiola era uma companhia; para Gabriela, era uma tortura impensável prender uma ave que nascera para voar!

E assim os dois se foram afastando. Gabriela, às escondidas, soltou o pássaro. Nacib enfureceu-se e nesse dia o principe encantado de Gabriela transformou-se  num sapo, chato e incómodo.

É neste alçapão de amargura e infelicidade feminina que entra o manhoso Tonico, cujo único objetivo é deitar-se com Gabriela, mas que topou que a ternura lhe atingiria o coração carente, e portanto o sexo, pois nas mulheres o sexo e o coração são quase sempre o mesmo órgão. E assim Gabriela irá sucumbir, traindo Nacib.

Portanto, nós, homens do mundo, temos de perceber esta profunda verdade: quando mais prendermos as mulheres, mais depressa nos crescem os cornos.

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Sexta-feira, 23.11.12

Quem é o G do ponto G?

A maior parte das pessoas já ouviu falar do ponto G, mas são poucas as que sabem porque se chama G, de onde provém o G. Com esta afirmação, eu não me pretendo armar em bom, e reconheço já que até há poucos minutos atrás também não sabia nada disso. Mas, agora já sei.

A razão porque se chama ponto G é porque o nome foi dado por um homem, e obviamente foi necessário visitar todos os outros pontos femininos, com muito experimentalismo, começando pelo A e indo até ao F, e depois continuando pelo H até ao Z, para no final decidir que aquele ponto que interessava mesmo a todos, homens e mulheres, ficava ali a meio do abecedário, e portanto foi baptizado de G.

Onde fica o ponto G, todos os homens sabem, a cerca de cinco centímetros de profundidade, e ligeiramente para cima. É aliás certamente por isso que os homens têm um excelente sentido de orientação, andam há séculos à procura destas coisas, e sabem pensar em termos abstratos.

Mas a questão principal não é onde fica, nem o que acontece no ponto G, isso todos sabem, mas porque se chamou G. Pois bem, por causa de um ginecologista alemão, chamado Ernst Grafenberg, e daí o G, e que devia ser considerado com muita justiça uma espécie de Pedro Álvares Cabral ou Vasco da Gama da exploração anatómica subterrânea.

Depois de muito estudo, o senhor Grafenberg concluiu que aquele montinho especial era responsável por milhões de anos de loucuras e alegrias, além de ter concluído também que se fosse bem estimulado pelo menos uma vez por semana, se evitavam doenças na pele das mulheres, bem como problemas de diabetes e do coração. Bem, quanto à pele, não sei não, as mulheres tratam tanto da pele que se calhar isso não é assim uma verdade tão forte. O mesmo se passa com os diabetes. Já com o coração, tenho a certeza que é verdade. Estimular o ponto G uma vez por semana, faz muito bem ao coração de todos. 

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Quinta-feira, 22.11.12

Ser um homem inseguro é bom?

Não há característica masculina mais desprezada do que a insegurança. Ninguém gosta de homens inseguros. Nem os homens do tipo macho-alfa (dominadores e mulherengos), que acham que os inseguros são uns desatinados, com problemas no cérebro e provavelmente noutros locais. Nem as mulheres, as marotas ou as mais serenas, pois todas detestam homens que não saibam o que querem e que vivam angustiados. 

Os homens inseguros são como as bolotas, nem para comer servem. As mulheres fogem deles a sete pés, pois se a ideia é prazer, preferem os machos-alfa, e se a ideia é futuro nesse caso anseiam por segurança, e preferem a solidez de uma rocha à duvidosa consistência de uma bolota, que por fora parece escorregadia e por dentro misteriosamente enjoativa. 

Contudo, não há maior engano do que este. Ao contrário das convicções sociais do presente, a sociobiologia defende que ser inseguro é bom, além de ser inevitável. Pode ser uma chatice, para o próprio e para a sua mulher ou namorada, mas ser inseguro está na genética masculina. A insegurança do macho é a manifestação visível, embora desagradável, da sua preocupação com os filhos.

Os homens inseguros são-no porque querem garantir que os filhos são dele, e não de outro, normalmente um macho-alfa. Daí a vigilância, as perguntas permanentes, a ciumeira. Há milhões de anos que é assim e não vai mudar, mas é assim porque os homens nunca têm a certeza da sua eficácia como progenitores. Se o soubessem, seriam diferentes, e não chateavam ninguém. Mas como não sabem, mais vale andarem à coca, não vá um pirata qualquer conseguir seduzir a cara metade deles, engravidá-la e depois pirar-se, enquanto o desgraçado do marido alimenta os filhos pela vida fora.

Nós homens, fomos programados para ser inseguros, a nossa genética não permite outra coisa. Podemos fazer de conta, e uns são mais hábeis que outros a esconder essa fraqueza. Mas, lá bem no fundo, não há nenhum que não sinta uma campaínha de alarme a tocar quando vê a sua mulher a catrapiscar outro macho. E ainda bem. 

Até porque, cientificamente está provado que os homens inseguros produzem mais espermatozoides. Sim, é verdade. A insegurança é a alimentação de um gerador de potenciais bebés. Quando estão inseguros, os homens produzem mais esperma, tal é o receio de serem enganados. Um estudo científico provou que, quando as mulheres viajam muito, a produção de esperma dos maridos aumenta, para que quando ela chegue a casa eles a possam inundar com o seu líquido do amor. Isto é mesmo verdade, não fui eu que inventei. 

Portanto, a insegurança não devia ser desprezada, mas sim incentivada, em especial nesta época em que Portugal faz tão poucos filhos. Não tenham receio da insegurança, ela produz bebés! E muitos. Pode ser pouco "cool", e ser uma incómoda dor de cabeça para as mulheres, principalmente para as mais marotas, que gostam sempre de ter homens à roda. Mas, a verdade é que a insegurança masculina é um imperativo genético. Fazer de conta que ela não existe, pode ajudar a viver mais à vontade, mas não altera o essencial.

Assim, as mulheres devem escolher homens mais inseguros para casar e para procriar. Se quiserem só mandar umas quecas, qualquer macho serve. Mas, para andar anos a tratar dos rebentos, mais vale um inseguro na mão do que três ou quatro machos-alfa a voar!

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Quinta-feira, 08.11.12

Com quantas pessoas já teve sexo?

Os homens e as mulheres são diferentes em muitas coisas, mas há uma em que são iguais: ambos mentem quando respondem à pergunta "com quantas pessoas já teve sexo"? Mas, apesar de serem iguais a mentir, são diferentes na direção da mentira: os homens aumentam o verdadeiro número para o dobro, as mulheres diminuem-no para metade!

Assim, se um homem diz que já teve sexo com mais de 40 mulheres, provavelmente ele teve com pouco mais de 20, e se uma mulher diz que teve sexo com 8 homens, provavelmente já se envolveu para aí com uns 16. É isto o que os estudos universitários sobre sexo dizem, e não é um ou dois, são quase todos. 

Mentir sobre o número de parceiros parece ser portanto um desporto muito praticado. Isso é perfeitamente compreensível, seja entre homens, seja entre mulheres. É evidente que os homens são muito competitivos, e ninguém quer ser o palerma da turma, que dormiu só com aquela feiosa e com óculos, porque as outras não lhe ligavam pevide. Os homens afirmam-se pela quantidade. Quando um grupo de homens se junta, explodem histórias de grandes façanhas, enormes cavalgadas sexuais que se destinam em primeiro lugar a impressionar...os outros homens.

É evidente que Casanova era um mito, bem como Keith Richards ou Mick Jaegger, que se diz terem dormido com mais de 1000 mulheres, mas ninguém ficaria muito surpreendido se tivessem chegado às 500! E é também evidente que, na contabilidade sexual, os homens não contam só os engates ocasionais, as "one night stands", as namoradas e as esposas, contam também as prostitutas que frequentaram. Não interessa muito como se conseguiu ter sexo, mas com quantas mulheres. A mentira é apenas uma forma de proteção, não vá alguém pensar que eles não gostam de sexo, ou pior, que são gays. 

Seja qual for a razão, a verdade é que os homens mentem, e isso toda a gente sabe desde o início da humanidade. Mas, nas últimas décadas, quem mudou foram mais as mulheres, que agora praticam muito mais sexo do que as suas mães ou avós. Muito mais no sentido de terem mais parceiros, entenda-se. Porém, as mulheres parecem ainda preocupar-se muito com a reputação. Nenhuma quer passar por puta sem o ser, e talvez por isso elas mentem, e reduzem muito o número de parceiros, especialmente quando a pergunta vem do namorado ou do marido. Não vá o Diabo tecê-las...

Uma amiga minha diz que o número certo que as mulheres devem dizer é 7. No máximo 8. O primeiro namorado, os dois que se seguiram, o namorado que demorou mais tempo, e três casos pontuais, dois deles acontecidos em viagens, de finalistas ou de trabalho, parece ser a conta certa para revelar ao actual namorado. Isto se a pessoa andar entre os vinte cinco e os trinta anos. É claro que, se a mulher já tiver quase 40 anos, a conta tem tendência a aumentar, principalmente se ela já foi casada e se divorciou. 

Segundo parece, depois de terem experimentado o casamento, que obriga e habitua a relações sexuais permanentes, as mulheres têm dificuldade em passar muito tempo sem sexo, e o número de parceiros tem tendência a subir, às vezes vertiginosamente. Nesse subgrupo, por mais que elas digam que só dormiram com 8 homens, já ninguém acredita. Mas, também já não interessa. A reputação das mulheres vai deixando de ter importância com a idade, quando elas são novas ainda há uma certa pureza, mas quando passam dos 35 o melhor é mesmo mandar uma queca e marimbar-se para a estatística!

publicado por Domingos Amaral às 12:14 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quarta-feira, 07.11.12

As mulheres e a crise (Episódio II)

Um dia, ele virou-se para a mulher e anunciou:

- Vou emigrar!

Ela ficou perplexa, sem saber o que dizer. Há mais de um ano que ele estava desempregado, e tinha tentado tudo. A roda de amigos, os locais onde trabalhara no passado, o caderno de emprego do Expresso, os sites na internet. Nada acontecera. Parecia que as empresas tinham feito um pacto entre elas para não aceitarem o marido. E ele era boa pessoa, muito concentrado no que fazia, sabia que gostavam dele. Se fosse um chico esperto, talvez tivesse tido mais sorte, mas não era e portanto tinha ficado para trás. Ela achava que ele já não ria com gosto há meses. 

E agora isto. 

- Para onde?, perguntou ela.

Sentado no sofá, em frente à televisão, ele reconheceu:

- Isso é que é o problema. 

Não era esse o problema, o problema era que só o salário dela começava a ser muito curto para as despesas. Tinham dois filhos, empréstimo da casa para pagar, essas coisas. 

Mas, ele abriu um enorme sorriso e proclamou de súbito:

- Mongólia! 

Ela ficou paralisada de espanto. Sempre gostara da orginalidade dele, mas mesmo assim não percebeu a lógica. Perguntou se ele tinha uma oferta de emprego para lá. 

- Não, respondeu ele, mas gosto do nome da capital, Ulan Bator!

A originalidade dele trazia também associada alguns problemas, concluiu ela. Ele explicou que para o Brasil toda a gente ia, e recusava-se a andar em carneirada; para Angola não fazia sentido, pois não percebia nada de diamantes nem de petróleo; e para a Alemanha jamais, considerava Merkel a culpada do seu desemprego, e não iria agora dobrar a cerviz. A única alternativa, concluiu, era pois a Mongólia.

- Além disso, prosseguiu ele, adoro o deserto do Gobi, as histórias do Gengis Khan, o budismo e, sobretudo, adoro aqueles gorros que eles usam!

Ela riu-se, achou mesmo que ele estava a brincar e acrescentou:

- Mongólia..., sim até que seria divertido, andar de Llama nas estepes.

Ele olhou para ela muito sério e corrigiu-a:

- Não há Llamas na Mongólia, estás a confundir com o Peru!

Ela encolheu os ombros:

- São parecidos, a Mongólia e o Peru, muita montanha...

Ele prosseguiu, ignorando-a:

- Trinta por cento da população é nomada!

Ela estremeceu ligeiramente e perguntou:

- E tu queres ser nómada? Na Mongólia?

Então ele levantou-se de rompante do sofá, abriu os braços e exclamou:

- Cerca de vinte por cento da população vive com 1 euro por dia! Eu, mesmo desempregado em Portugal, seria rico na Mongólia! O meu subsídio de desemprego são 1000 euros por mês, dá 33 euros por dia. Com isso, vou ser um marajá na Mongólia! Nómada, mas um marajá! Com um gorro daqueles, todo giro...

Ela franziu o sobrolho:

- Marajá? Mas isso não é na Índia?

Ele enervou-se:

- Não sejas perfeccionista! Marajá, nababo, sheik, tanto faz! 

Foi nesse momento que ela começou a duvidar se ele estaria bom da cabeça. Tinha ouvido dizer que os homens desempregados tinham tendência para perder o juízo, e talvez isso estivesse a acontecer ao seu.

Por sorte, começou nesse momento a Gabriela, e ela pôs o som da televisão mais alto, para ouvir a Jeruza e o Mundinho Falcão a namoriscaram. Aquela ideia da Mongólia não ia dar em nada, não valia a pena perder mais tempo, por isso apontou para a televisão e avisou-o:

- Mor, olha, vai começar...

Então ele viu a Juliana Paes a tomar banho, e lentamente voltou a sentar-se no sofá, os olhos fixos no ecran.

No deserto do Gobi, pensou ela, não havia disto. 

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Terça-feira, 06.11.12

As mulheres e a crise (Episódio I)

Esta crise que estamos a atravessar é muito mais difícil para as mulheres do que para os homens. Como é que se explica a uma mulher que ela "está a viver acima das suas possibilidades"? Sim, qual a forma de o fazer?

- Ó mor, não podemos ir jantar fora, o dinheiro não chega!

A mulher olha para o homem, desconfiada, a pensar qual a mensagem cifrada que ele lhe está a enviar. Queres ver que ele me está a chamar despesista?, pensa ela. Queres ver que este safado estoirou o dinheiro todo em parvoíces dele e agora está a inventar desculpas?

- A Ana e o Janeco foram, já conhecem o restaurante.

Pronto, pensa o homem. Agora ela acha que eu sou um falhado, e que o Janeco é muito melhor. Estou lixado. 

- Mor, tens de perceber, temos de cortar em alguma coisa!

É aquele "tens de perceber" que cai mal. A mulher olha de soslaio para o marido, franze a testa e pergunta:

- Estás a dizer que eu sou uma gastadora, é isso?

O marido fica atrapalhado, mete os pés pelas mãos, quer dizer que sim mas não tem coragem, e apenas balbucia:

- Já foste ao Colombo ontem...

Ela olha para ele com desdém. As mulheres são, é evidente, as fundadoras do capitalismo. Sem elas, a Terra seria pior que Marte, uma planície inóspita e vazia, sem qualquer graça. São as mulheres que dão vida ao nosso planeta, que inventaram os conceitos essenciais de "feira", "loja", "centro comercial", e tudo o resto que existe no Colombo. Os homens vão lá por arrasto, na maioria dos casos. Por vontade deles, iam só para comprar o mínimo essencial para as suas casas funcionarem.

- Não quiseste vir comigo! - exclama ela. 

Ele quis ficar a ver televisão e agora tramou-se. Para tentar amansá-la, promete:

- Mas no sábado vou! Vamos sempre, não é?

Como gostam muito das mulheres, e do que elas fazem por eles, os homens lá vão atrás delas para as comprinhas, a qualquer hora que elas queiram, e é isso que faz a economia funcionar. Contudo, aquele "vamos sempre" não soa bem, a mulher acha que ele continua a querer insinuar que ela gasta demais.

- Queres que deixe de ir ao cabeleireiro? E ao supermercado? Queres que deixe de arranjar as unhas, que deixe de me vestir bem?

A austeridade é, claramente, um conceito masculino. Lembra logo aqueles pais autoritários que cortam as semanadas aos filhos só porque eles compraram demasiadas pastilhas elásticas e cromos. Por mais que se esforcem, os homens nunca perceberão que há certas coisas que existem para nos fazer felizes, coisa que as mulheres percebem bem melhor. Ir ao cabeleireiro, comprar uma roupinha, ir jantar fora com o marido, são coisas que para as mulheres fazem todo o sentido, mas os homens austerianos não entendem!

Ele franze a testa, preocupado:

- Ó mor, o Gaspar vai aumentar os impostos, temos de poupar, percebes? 

Os homens austerianos ouvem as notícias de uma maneira diferente, fazem logo contas, começam a ver onde têm de cortar. Ela já sabe onde isto vai dar, e por isso contra-ataca:

- E vais deixar de ir ao futebol?

Ele abre muito os olhos, incrédulo. Outra vez o futebol? Ela não pode atacá-lo outra vez por causa do futebol! É o seu único prazer, será que ela não percebe?

- Mor, o futebol? É a única coisa em que eu gasto dinheiro!

Claro que não é, mas é a sua primeira linha de defesa, e ele tem de resistir heroicamente. Ela não pode proibi-lo de ir à bola!

Mas, esperta, ela sorri e contrapõe:

- Pensei que não podíamos viver "acima das nossas possibilidades"! Tens dinheiro para o futebol, mas não para levar a tua mulher a jantar fora? É uma coisa romântica, que acaba sempre bem...

Ela pisca-lhe o olho, e ele sabe o que isso quer dizer. Quer dizer que ele ficou entalado num beco sem saída e tem mesmo de jantar fora com ela. A crise vai ter de esperar...

 

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Segunda-feira, 05.11.12

De onde nos conhecemos?

Há lá coisa mais constrangedora do que encontrar alguém que temos a certeza que conhecemos mas não nos lembramos de onde? Pior, não nos lembramos do nome! Pois foi isso mesmo que lhes aconteceu, certa noite em casa de uns amigos.

O dono da casa fazia anos e tinha organizado uma festa. Havia talvez quarenta ou cinquenta pessoas, entre a sala, a cozinha e o terraço. Pessoas suficientes para ele conhecer algumas, mas também suficientes para não conhecer todas. Quem era aquele casal ali ao fundo, ele com ar de cientista louco, ela com ar de hippie? Quem eram aqueles três rapazes que fumavam charros na varanda? Pareciam vindos de uma manifestação anti-globalização. E quem era...quem era esta mulher que se aproximava dele a sorrir? 

A cara não lhe era estranha, era bonita, olhos castanhos, cabelo moreno encaracolado. Não era nem muito alta nem muito baixa, vestia uma mini-saia preta e um top sem ousadia demasiada, e ria-se para ele, enquanto andava na sua direção.

Ele sorriu também, mas por mais que esforçasse a memória não se lembrava dela. Ou melhor, tinha uma vaga ideia de que a conhecia, mas isso só servia para o confundir ainda mais, pois é desesperante não se encontrar a ficha certa no arquivo. 

Ela disse:

- Olá, tás bom?

Procurou no seu facebook mental. Seria do trabalho? Duma reunião de marketing? Da empresa anterior, de onde ele saíra há três ou quatro anos? Do seu primeiro emprego? Da faculdade? Do colégio? Da noite?

- Tudo bem, e tu?

Ela riu-se. Porquê? Tinha a certeza que não a conhecia intimamente. Não podia ser uma rapariga com quem tivera uma noite louca, demasiado bêbado para se lembrar. Isso já não lhe acontecia há mais de vinte e anos! Pensando bem, na verdade isso nunca lhe acontecera, lembrava-se de todas as situações, tinha a certeza. Tirando aquela vez em Albufeira, mas isso não contava, eram inglesas.

- Tens estado com a Teresa?, perguntou ela.

Ui, a coisa ia de mal a pior! Qual Teresa? Não tinha nenhuma amiga Teresa, nunca tivera uma namorada Teresa, e também não havia Teresas na sua família.  Mas, não desfez o equívoco.

- Pouco, respondeu. Já não a vejo há imenso tempo.

Ela mostrou-se compreensiva. Pelos vistos ela também já não estava com a Teresa há muito. Mas depois acrescentou:

- Foi uma época bem divertida...

Bolas, cada coisa que ela dizia o confundia mais. Época divertida, sim, mas qual? Parecia uma coisa distante, século passado, talvez tempos de estudante...De repente, ele ficou mesmo aflito, quando ela acrescentou:

- Ainda não sabes usar o Excel? Éramos sempre nós que fazíamos tudo! 

O Excel sempre fora o seu terror! Fosse na universidade, fosse no seu trabalho, era uma desgraça com o Excel, e ela sabia! Portanto, ela conhecia-o, enquanto ele nem fazia ideia de quem ela era, quanto mais se usava o PowerPoint!

Decidiu contra-atacar e abriu um sorriso confiante:

- Melhorei muito desde esses tempos! Fiz um curso intensivo, agora sou uma máquina! Até tenho Twitter! Um rei da informática!  

Ela riu-se imenso, divertida. E perguntou:

- Lembras-te do que dizias da tecla "enter"?

Fez um sorriso matreiro, numa clara sugestão sexual, e o coração dele acelerou. "Enter"? Será que as coisas tinham chegado ao "enter" e ele não se recordava?

- Ou então "insert"..., murmurou, dengosa. 

Ela deu um gole na bebida (a ele parecia qualquer coisa com morango, talvez vodka) e depois suspirou:

- Eras mesmo divertido, Ricardo.

Depois, olhou-o nos olhos e perguntou:

- Estás sozinho?

Ele sorriu, bem disposto. Decidiu que não valia a pena tentar vasculhar mais os seus neurónios, já não era importante lembrar-se. Ela estava claramente disponível, e mais valia aproveitar. Disse:

- Fiz um "delete" à companhia...

Riram-se, e horas mais tarde estavam abraçados, dentro do carro dele, aos beijos. Haviam bebido bastante, dançado bastante e conversado pouco, mas agora já não era hora de conversas, por isso ele ficou verdadeiramente surpreendido quando ela parou a meio de um beijo e franziu a testa.

Ele puxou-a mais para perto, as mãos à procura do peito dela, mas ela afastou-o. Intrigada, comentou:

- Acho estranho uma coisa...

Ele olhou para ela, respirou fundo, e perguntou:

- O quê?

Ela continuava de testa franzida e disse:

- Nunca disseste o meu nome...Nem uma vez...

Ui, agora é que ela se lembrava disso? Claro que nunca dissera o nome, como é que ele podia dizer se não se lembrava dela? Mas agora, já com as mãos aceleradas a explorar a anatomia dela, é que ele ia ter de parar? Que tortura...Então, a solução saiu-lhe num segundo:

- Princesa...Os outros podem chamar-te o que quiserem, mas para mim és princesa!

Foi pior a emenda que o soneto. Ela olhou para ele verdadeiramente horrorizada e exclamou:

- Que foleiro! Além de mentiroso és foleiro!

Ele ficou aterrado, sem saber o que dizer. Chocada, ela gritou:

- Tu não és o Ricardo, pois não? Tu não te lembras de mim, pois não?

Ele engoliu em seco. Não sabia mesmo o que fazer. É evidente que não era o Ricardo! Mas, apesar de tudo, era um tipo simpático. Ela não tinha sido obrigada a nada! 

- Como é que tu te chamas?, perguntou ela, irritada.

Ele esclareceu-a, honesto. Explicou que havia coisas na história que batiam certo. Lembrava-se dela, não sabia usar o Excel. Tirando o pormenor da Teresa, deviam ter-se conhecido mesmo, há uns anos atrás, em algum lugar. 

Então ela suspirou e disse:

- A culpa é minha.

Ele perguntou porquê e ela explicou:

- Tenho péssima memória. Lembro-me das caras, mas não me lembro dos nomes das pessoas. É um bocado chato, não é?

Ele encolheu os ombros, mas lá lhe foi explicando que o importante é que tinham achado graça um ao outro. Não eram os nomes, ou de onde é que se conheciam. Recomeçaram a beijar-se, e ela acabou por concordar, embora já não se lembre bem com quê. 

publicado por Domingos Amaral às 11:58 | link do post | comentar | ver comentários (2)
 

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