Terça-feira, 16.09.14

Mar Salgado, a nova novela da SIC, parece bem boa

Ontem, dei por mim a ver "Mar Salgado", a nova novela da SIC.

Gosto de novelas, e quase sempre quero ver o primeiro episódio, para avaliar da coisa.

Já tive algumas decepções, e uma ou outra boa surpresa, como foi o caso de ontem.

"Mar Salgado" tem excelente imagem, uma boa escolha de actores e o argumento parece interessante.

É claro que foi o primeiro dia, mas quem tem um dueto da qualidade de Margarida Vila Nova e Joana Santos, tem meio caminho andado.

A primeira esteve brilhante, como jovem grávida, e a segunda notável, como a boa que é má, um diabo com doçura, um papel em que ela resulta muito bem, como já sabíamos desde "Laços de Sangue". 

Também os rapazes vão bem, e sobretudo surpreendeu-me a excelente produção da SP.

Boas filmagens no autódromo do Estoril, boas filmagens de barcos, de festa na discoteca.

É nestes pormenores que as novelas da SIC se distinguem.

Por fim, um pormenor divertido: a novela é filmada em Setúbal, Tróia e Comporta, e tem no título Salgado.

Mais actual é difícil.

publicado por Domingos Amaral às 09:49 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quinta-feira, 07.11.13

Mateus Solano, ou como um grande actor pode ser um bom gay!

Mateus Solano é provavelmente um dos melhores actores brasileiros da nova geração.

Já tinha gostado muito dele na Gabriela, em que fez de Dr. Mundinho, o jovem político que desafiava o Coronel Ramiro Bastos.

Mas, a sua interpretação como Felix, na telenovela "Amor à Vida", que passa na SIC agora, é verdadeiramente fenomenal!

Felix é um homossexual não assumido, que casou porque o pai mandou, que não gosta da mulher mas a atura.

Além disso, é também mal formado, cheio de ódiozinhos, capaz de trair e lixar todos os que se metem no seu caminho.

Mas, é como gay que ele reaje a quase tudo, com gritinhos tontos, efeminados; com preocupações e tiques reveladores da sua natureza.

E é aí que Mateus Solano se revela genial, conseguindo que, apesar de a personagem ser repelente, nós fiquemos verdadeiramente subjugados pela sua capacidade de ator.

Ele é muito convincente, como gay, e ainda mais como gay não assumido, a quem a natureza leva a reagir de uma certa forma, mas depois sente a necessidade de travar as suas reações, para que ninguém, sobretudo o pai, desconfie dele.

A rir, a chorar, a praticar maldades, a intrigar, a desconfiar, a tentar seduzir outros homens, Mateus Solano é fabuloso.

Até há poucos anos, eram poucos os heterossexuais que tinham coragem para interpretar uma personagem homossexual.

Havia uma ou outra mulher, e muito poucos homens capazes de disso, talvez porque temessem que a imagem gay os prejudicasse depois na sua vida pessoal ou profissional, criando desconfianças ou hostilidades.

Porém, homens como Mateus Solano quebram essa barreira, provando que é perfeitamente possível, desde que se seja bom actor, interpretar um gay, mesmo não o sendo na sua vida pessoal.

Na América, há outro caso idêntico.

O ator chama-se Eric Stonestreet, e é o famoso "Cam" da comédia Modern Family.

Também aí temos uma fantástica representação.

Cam forma um casal gay, e é extremamente convincente como gay, o que mostra como ele é um grande actor, pois nós acreditamos piamente que ele é 100 por cento gay.

São dois grandes exemplos de uma enorme mudança que se está a dar em frente dos nossos olhos, de mais uma barreira de preconceitos que cai.

Embora Modern Family (de que sou um fã incondicional) seja muito melhor do que Amor à Vida, certas noites dou por mim a ver a telenovela da SIC, só para ter o prazer de ver um grande actor a representar. 

publicado por Domingos Amaral às 12:29 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quarta-feira, 30.01.13

A RTP2 não pode passar para o cabo?

Se há empresa que anda a baralhar este governo, ela é claramente a RTP. Primeiro, o governo dizia que queria "concessionar" a RTP a privados, um perfeito disparate que não tinha pés nem cabeça. 

Depois, apareceu a mirabolante ideia da privatização parcial, a 49 por cento, outra patetice que só pode ter vindo de uma cabecinha que não percebe nada do assunto. Que sentido fazia entregar a gestão de um canal público a operadores privados que só teriam 49 por cento da empresa? 

Por fim, eis que o governo muda de ideias outra vez, e toca de pôr de lado a privatização, e avançar para uma "reestruturação profunda", que vai custar uma fortuna, fala-se em 45 milhões de euros, e que vai obrigar a RTP a contrair ainda mais dívida junto da banca, para poder custear esses encargos. Ou seja, a coisa ainda nos vai sair mais cara do que já é, o que diz bem da confusão tonta que paira na cabeça dos nossos governantes.

Havia uma solução muito mais simples, fácil e barata. Porque não passar a RTP 2 para um canal apenas no cabo? Dessa forma, vagava um lugar no canal aberta, e uma nova licença podia ser vendida a um operador privado, sendo a receita para o Estado.

A RTP1 mantinha-se como canal aberto e sem publicidade, sendo apenas financiada pela taxa da televisão. 160 milhões por ano é muito dinhero e acho que chega perfeitamente para um canal público. Ora, não havendo publicidade na RTP 1, o mercado publicitário chegava perfeitamente para três operadores (SIC, TVI e a tal terceira licença, referida no parágrafo anterior).

Além disso, no cabo, além da RTP2 podiam existir as outras RTPs que já existem (RTP Informação e RTP Memória), e mesmo mais canais, pois no cabo eles são muito mais viáveis, e podem ter publicidade!

É pena que ninguém pense num modelo desses, que mantinha a RTP1 em canal aberto e do Estado, como quer o CDS e como querem todos os partidos de esquerda; mas permitia a existência de mais um canal privado, como quer o PSD; além de baixar consideravelmente o custo para o Estado, como queremos todos enquanto contribuintes.

Além disso, criava-se mais emprego, pois assim quem tivesse que sair da RTP "reestruturada" podia ir diretamente para o novo canal privado, o que era bom também para os trabalhadores, que assim arriscam ir parar ao desemprego.

Mas, é provável que uma boa solução não seja possível enquanto o senhor Relvas andar por aí...

 

publicado por Domingos Amaral às 14:46 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 06.12.12

Gabriela e a infidelidade das mulheres

Está quase a acontecer a traição de Gabriela ao marido Nacib! Pé ante pé, o ardiloso Tonico Bastos tem vindo a seduzir a moça com mimos e presentes, e ela está prestes a render-se, colocando um terrível par de cornos no dono do bar de Ilhéus.

Da história de amor que é que Gabriela, há alguns ensinamentos a retirar. O principal é: nunca proiba a sua mulher de dançar! Foi aí que o descalabro começou, quando Nacib impediu Gabriela de ir bambolear-se ao som da música na rua. O desejo do árabe em que ela se tornasse uma "dama da sociedade" era tão grande, que atrofiou Gabriela numa teia de obrigações, matando a sua felicidade.

É essa a moral da história: marido que proibe a mulher de fazer o que gosta, dá-se mal no fim, e não escapa ao par de cornos. Gabriela, antes do casamento, era uma mulher livre, sorridente, feliz, e extraordinariamente apaixonada por Nacib. Porém, mal se casou com ela, Nacib começou a obrigá-la a ser diferente, a negar a sua natureza livre, pura e infantil.

Mandou-a calçar sapatos quando ela gostava era de andar descalça, proibiu-a de brincar na rua com as crianças, impôs os vestidos apertados e os chapéus, e não descansou enquanto não a levou para as reuniões sociais das damas de Ilhéus, para a missa, ou para chatíssimos recitais de poesia.

Um dia, chegou mesmo a oferecer a Gabriela um pássaro numa gaiola, uma metáfora perfeita do desentendimento entre os dois. Para Nacib, o pássaro na gaiola era uma companhia; para Gabriela, era uma tortura impensável prender uma ave que nascera para voar!

E assim os dois se foram afastando. Gabriela, às escondidas, soltou o pássaro. Nacib enfureceu-se e nesse dia o principe encantado de Gabriela transformou-se  num sapo, chato e incómodo.

É neste alçapão de amargura e infelicidade feminina que entra o manhoso Tonico, cujo único objetivo é deitar-se com Gabriela, mas que topou que a ternura lhe atingiria o coração carente, e portanto o sexo, pois nas mulheres o sexo e o coração são quase sempre o mesmo órgão. E assim Gabriela irá sucumbir, traindo Nacib.

Portanto, nós, homens do mundo, temos de perceber esta profunda verdade: quando mais prendermos as mulheres, mais depressa nos crescem os cornos.

publicado por Domingos Amaral às 12:07 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Quinta-feira, 06.09.12

Gabriela, Cravo e Canela

Tremo de excitação sempre que na SIC aparece a promoção do remake "Gabriela", a telenovela brasileira. É que para mim a "Gabriela" é um marco, um mito, uma lenda. A "Gabriela" foi "o" ato fundador da nossa televisão, onde tudo começou, há muitos anos. Foi a primeira telenovela que Portugal viu, estreou-se em 1975, e era um portento de erotismo, sexualidade e emoção, mas também uma belíssima narrativa. Baseada no romance de Jorge Amado, "Gabriela, Cravo e Canela", conta a história de uma mulher lindíssima e selvagem que se casa um comerciante árabe, o famoso Sr. Nassib, que entre outras coisas a obriga a calçar sapatos, o que ela rejeita com aquela que se tornou talvez a mais famosa frase nacional daqueles tempos: "sapato não, sô Nassib!" Gabriela, interpretada pela fogosa e misteriosa Sónia Braga, que tinha o sexo estampado no sorriso, era um hino à perdição, e lá em casa rapidamente os meus pais decidiram que as crianças não podiam ver aquilo. Foi a única proibição televisiva de que me lembro, mas não foi muito eficaz. Quase sempre eu e o meu irmão, com oito ou nove anos, conseguíamos furar o embargo parental e espreitar a televisão, onde se desenrolavam mil e uma intrigas, muitas delas em redor do famoso e inesquecível "Bataclan", o mais entusiasmante cabaret da história de televisão. Nem Hollywood conseguiu inventar um local tão mítico como o "Bataclan" e eu tenho pena de nunca na vida ter encontrado um sítio como aquele. Gabriela foi um hino à subversão, mas foi também provavelmente a melhor telenovela de sempre que a Globo produziu. Depois dela, vi muitas. Vi "O Casarão", vi "O Astro", "Dancing Days", "Águia Viva", e muitas mais, incluindo as mais recentes, mas só "Roque Santeiro" chegou ao mesmo patamar de qualidade, ao mesmo Olimpo televisivo, onde vive e viverá sempre "Gabriela". "O que fazemos na vida faz eco na eternidade" e só Gabriela e Roque Santeiro serão eternas e imortais. Nunca mais ninguém tomou conta do ecran como Sónia Braga tomava, nunca mais se viu uma mulher felina como ela a deixar os homens de cabeça perdida e as mulheres a rezar, com medo que ela lhes roubasse os maridos. Estou ansioso para ver o "remake" e espero que Juliana Paes esteja à altura. Pelas imagens que tenho visto agrada-me, embora seja uma ousadia atrevida fazer concorrência aos mitos. Mas não vou perder, ai isso não vou. E vou estar lá, no "Bataclan", todas as noites, fiel freguês de um mundo fascinante e imaginário, que nos enfeitiçou para sempre.     

publicado por Domingos Amaral às 12:33 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 27.08.12

Privatizar a RTP (Episódio 2)

Em vez de inventar soluções mirabolantes como a "concessão", o Governo devia voltar à sua solução inicial de privatizar um dos canais públicos, mantendo o outro em canal aberto, mas sem publicidade. Um dos canais da RTP podia perfeitamente continuar em sinal aberto, desde que a sua programação fosse reformulada e não fosse como é, exactamente igual à dos privados. Na verdade, a actual RTP 1 é um canal privado cujo proprietário é o Estado, pois transmite o mesmo que os privados: entertenimento barato, desporto, filmes e séries internacionais. Ora, não faz qualquer sentido o Estado gastar dinheiro a fazer o que os privados fazem bem. Além da SIC e da TVI, há dezenas e dezenas de canais no cabo que transmitem filmes de Hollywood, concursos da Endemol ou da Freemantle, séries da Fox ou da HBO, e desporto até dizer chega.

Portanto, o que o canal aberto da RTP devia fazer é o que os privados não fazem bem, ou seja, actuar onde existem "falhas de mercado": ficção nacional histórica (cinema e séries), teatro e revista nacionais, debates informativos, fóruns de intervenção popular, informação cultural e regional. No fundo, o canal da RTP não devia ser nem como a RTP 1 (com programação demasiado "privada"), nem como a RTP 2 (com programação demasiado marginal), mas sim o meio caminho, uma espécie de RTP 1/2, e para a qual chegavam perfeitamente os 160 milhões de euros que o Estado nos cobra na taxa do audiovisual. Além disso, a RTP podia ter, como já tem, alguns canais no cabo - Informação, Memória - ao qual se podia juntar um canal "revelação", que seria uma espécie de RTP 2 no cabo.

Nesse modelo, o segundo canal aberto do Estado podia e devia ser privatizado, e passariam a existir três canais privados que lutavam pela publicidade - SIC, TVI, e o novo - e um canal de serviço público, a RTP, sem publicidade e bem mais barata do que a actual. Esta solução não só permitia ao Governo cumprir o que prometeu no seu programa eleitoral, como também seria mais consensual em Portugal e na Europa, onde em todos os países existe serviço público de televisão. Contudo, como os interessses privados estão contra e exigem negócios sem qualquer risco, o governo inventou esta ideia da "concessão", uma patetice sem nome. 

publicado por Domingos Amaral às 11:24 | link do post | comentar | ver comentários (1)
 

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