Quinta-feira, 02.10.14

O Benfica levou um duche de água fria

Ontem, em Leverkusen, o Benfica desceu à terra, e deixou muitas dúvidas sobre o seu real valor.

Foi dos piores jogos de sempre da era europeia de Jorge Jesus, ao nível daquele que, faz agora um ano, o Benfica disputou em Paris, contra o PSG, que também foi uma miséria.

A derrota foi justíssima e a exibição paupérrima, e ficaram à vista as deficiências da equipa.

Jardel está anos luz abaixo de Garay, Samaris e Cristante ainda não se adaptaram ao lugar, Talisca eclipsou-se, e falta um avançado de grande qualidade à equipa. 

 

Os benfiquistas não se devem esquecer que a vantagem que temos no campeonato é mais fruto da incompetência de FC Porto e Sporting, do que nosso mérito.

A verdade é esta: este ano, sempre que jogámos contra equipas mais organizadas, não conseguimos vencer. As vitórias aconteceram em cinco jogos fáceis, contra Paços de Ferreira, Boavista, Setúbal, Moreirense e Estoril.

Contra o bem organizado Rio Ave, na Supertaça, o Benfica só venceu nos penalties. Além disso, empatou com o Sporting em casa, e perdeu sem apelo contra Zenit e Leverkusen.

 

Portanto, a equipa resolve o fácil, mas não o difícil, o que significa que não é ainda uma grande equipa.

Quatro pontos de avanço não são nada, e não nos iludamos, este ano vai ser muito mais difícil ser campeão ou mesmo ir à Liga Europa, pois para a Champions é claríssimo que não temos andamento. 

publicado por Domingos Amaral às 09:46 | link do post | comentar
Sexta-feira, 19.09.14

Histórico: Benfica e Sporting dão lucro no mesmo ano!

Há muitos anos que tal não se verificava, e por isso trata-se de um momento histórico para os clubes de Lisboa.

Tanto a SAD do Benfica como a SAD do Sporting deram lucro na época 2013/2014.

É uma raridade cada um deles dar lucro, e é uma raridade darem ambos lucro ao mesmo tempo, mas só pode ser considerado bom sinal.

 

Comecemos pelo Sporting.

O valor dos lucros é ainda curto, 368 mil euros, mas o que é importante de realçar é a grande recuperação que o clube consegue apenas numa época.  

Em 2012/2013, os prejuízos tinham sido de 43,8 milhões de euros, uma tragédia colossal.

Ora, em apenas uma época, o clube consegue inverter de negativo para positivo, o que é notável.

 

Como eu sempre aqui escrevi, Bruno de Carvalho tem tomado excelentes medidas de gestão.

Como gestor, tem dado provas de saber o que está a fazer, embora a sua imagem mediática ainda tenha muito para melhorar.

A poupança nos gastos operacionais é enorme, tendo o clube gasto menos 36 milhões de euros em despesas gerais, e menos 3 milhões de euros em gastos financeiros.

Como as receitas operacionais também subiram um pouco, mais 5 milhões de euros, o resultado final é positivo.

 

Portanto, o clube não só conseguiu uma época desportiva bastante bem sucedida, tendo ficado em 2º lugar no campeonato, e garantido a classificação directa para a Champions; como conseguiu uma boa época económica, estabilizando e estancando a sangria dos anos anteriores.

Goste-se ou não de Bruno de Carvalho, a verdade é que nas duas frentes ele foi bem sucedido, conseguindo um início de um pequeno círculo virtuoso que o clube já não vivia há vários anos.

 

O grande desafio é a continuação, mas pelo que tenho visto, o Sporting não perdeu a cabeça, e ainda bem. 

Não se pôs a gastar à louca em contratações, e tentou reforçar o plantel dentro das suas possibilidades.

Nani é um bom jogador, e Marco Silva, apesar dos problemas iniciais, parece ser bom treinador.

Espera-se é que o Sporting não entre de novo em auto-destruição ao primeiro solavanco, pois este é o caminho, mas não se pode ter pressa.

 

Passemos ao Benfica. 

Como aqui já tinha previsto, este foi o melhor ano de sempre do Benfica em quase três décadas.

Desportivamente, ganhou todos os títulos nacionais (Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça) e ainda foi finalista na Liga Europa.

E financeiramente, regressou aos lucros, tendo obtido um resultado positivo de 14,1 milhões de euros.

Depois de cinco anos consecutivos de prejuízos, o Benfica volta ao lucro, e a subida é muito relevante, pois o ano passado tinham sido 10,3 milhões de prejuízos.

 

Os grandes responsáveis por estes resultados positivos são 3: a Benfica TV, as provas europeias, e a venda de jogadores.

Nos direitos televisivos, o Benfica passou de uma facturação de 8 milhões no ano anterior, para 28,1 milhões de euros, mais que triplicando as suas receitas neste item.

Os prémios da UEFA, da fase de grupo da Champions, da Liga Europa e ainda a receita por a final da Champions ter sido na Luz, ultrapassaram os 22 milhões de euros.

Com estes dois números tão relevantes, o clube ultrapassou pela primeira vez na sua história os 100 milhões de euros em receitas operacionais, o que é um feito extraordinário num mercado tão curto como o português.

 

A isto ainda há que somar as receitas extraordinárias.

Na venda dos jogadores, foram essenciais as transacções de Matic, Rodrigo e André Gomes, logo em Janeiro, o que representou uma receita líquida da SAD de mais de 58 milhões de euros, aos quais ainda há a acrescentar as vendas de Melgarejo, Rodrigo Mora, Garay e Kardec.

Tudo somado, as receitas chegam ao notável número de 184,7 milhões de euros, o que confirma a existência de um círculo virtuoso no clube.

 

Houve investimento forte, houve títulos, houve receitas fortes, e por isso o clube está de boa saúde e recomenda-se.

O grande desafio deste ano é repetir os bons resultados, o que não será fácil, pois o FC Porto investiu muito e tem este ano um plantel mais forte que o Benfica. 

Será que a estabilidade e os novos jogadores vão conseguir tão bom como no ano passado?

Teremos de ver como tudo acaba, por agora é cedo.  

publicado por Domingos Amaral às 10:45 | link do post | comentar
Terça-feira, 06.05.14

O Benfica é o clube do Estado Novo, e do 25 de Abril também!

Por vezes, os adeptos do FC Porto gostam de atirar à cara dos benfiquistas que o Benfica é o clube do Estado Novo.

Nada mais falso. 

É verdade que o Benfica ganhou mais campeonatos que os outros durante o Estado Novo, mas também ganhou mais campeonatos que os outros durante as décadas de 70 e 80, já depois do 25 de Abril. 

Além disso, até à gloriosa década de 60, com Eusébio e Coluna, o Benfica tinha ganho os mesmos campeonatos que o Sporting, durante o Estado Novo, não era melhor ou pior que os leões.

Mas, para provar o meu ponto, apresento algumas estatísticas.

 

Os primeiros 6 campeonatos, durante a década de 30, e portanto já com Salazar como presidente do Conselho, são vencidos pelo Benfica (3) e pelo... FC Porto (3).

Na década de 40, é o Sporting o melhor. Vence 5 campeonatos, contra 4 do Benfica e 1 do Belenenses.

Na década seguinte, a de 50, é de novo o Sporting a dominar, com 5 campeonatos, contra 3 do Benfica e 2 do FC porto.

Portanto, no ano de 1960, com 26 campeonatos já disputados em pleno Estado Novo, a contabilidade era a seguinte: Benfica 10, Sporting 10, FC Porto 5 e Belenenses 1.

 

A partir daqui, o Benfica cresce muito, e o FC Porto desaparece.

Na década de 60, o Benfica vence 7 campeonatos, e o Sporting 3.

E nos quatro anos que irão até à revolução dos cravos, o Benfica vence 3 campeonatos, e o Sporting apenas 1.

Portanto, quando em Portugal se dá o 25 de Abril, existiam já 40 campeonatos disputados, e a contabilidade era a seguinte: Benfica 20, Sporting 14, FC Porto 5, e Belenenses 1.

Embora fosse o Benfica o que tinha mais vitórias, é um pouco absurdo dizer que dominou devido ao Estado Novo quando o Sporting venceu 14 títulos durante esse regime, e até aos anos 50 tinha tantas vitórias como o Benfica. 

 

E o que aconteceu depois do 25 de Abril?

Bem, o que aconteceu é que continuou o domínio do Benfica durante os vinte anos seguintes.

Entre 1974 e 1980, o Benfica vence 3 campeonatos, o FC Porto 2, e o Sporting 1.

E na década de 80, o Benfica vence 5 campeonatos, o FC Porto vence 4, e o Sporting vence 1.

Durante os primeiros 16 anos depois da revolução, o domínio do Benfica é claro, 8 campeonatos, contra 6 do FC Porto e 2 do Sporting.

 

É só nos anos 90 que se dá a grande viragem a favor do FC Porto.

Na década de 90, os azuis vencem 7 campeonatos, o Benfica 2 e o Sporting 1.

E na primeira década do novo século a tendência prossegue: 6 títulos para o FC Porto, 2 para o Benfica, 1 para o Sporting e outro para o Boavista.

Os últimos quatro anos também não alteram a equação: 3 campeonatos para o FC Porto e 1, o deste ano, para o Benfica.

Assim, a contabilidade da democracia, onde aconteceram 40 campeonatos, é muito forte para o lado azul: 22 campeonatos conquistados desde o 25 de Abril, contra 13 do Benfica, 4 do Sporting e 1 do Boavista. 

O FC Porto é sem dúvida o clube que mais venceu no regime democrático, e curiosamente o seu domínio é bem mais claro do que o do Benfica durante o Estado Novo.

Portanto, o que se pode dizer com toda a certeza é que o FC Porto era muito fraco durante a ditadura, e tornou-se muito forte com a democracia; e que os clubes de Lisboa enfraqueceram os dois, sobretudo depois dos anos 90.

 

Pela minha parte, acho que não foi por causa da democracia que o FC Porto cresceu, mas sim porque Pinto da Costa surgiu e percebe muito de futebol.

Para mais, é um pouco estranho que se tire mérito aos clubes, ou às seleções nacionais, por causa dos regimes políticos.

O Brasil, por exemplo, venceu 3 campeonatos do Mundo porque tinha Pelé, ou porque o seu regime era uma ditadura?

Nadia Comaneci era uma fantástica atleta de ginástica ou tudo se explica porque vivia debaixo da pata de Ceausescu?

A ligação desporto-política não é nada clara, nem óbvia, muito menos no futebol.

O Benfica, é sabido, sempre foi olhado com desconfiança por Salazar, que até considerava o clube de "esquerda"!

E, quem é que ganhou campeonatos durante o PREC e o Verão Quente, no auge da revolução de Abril? O Benfica (75,76 E 77)... 

 

 

publicado por Domingos Amaral às 16:26 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quarta-feira, 12.02.14

O Benfica deve tentar ganhar tudo!

Ontem, no derby, foi evidente a superioridade do Benfica, que ganhou bem e mostrou uma competência e uma capacidade muito fortes.

A forma como a equipa acelera e ataca é vertiginosa, e a forma como defende, que era o ponto fraco no início da época, está cada vez mais eficiente, concentrada e compacta.

Acho que ninguém já terá dúvidas hoje da previsão que aqui fiz em Dezembro, de que o Benfica é o mais forte candidato ao título este ano, e que só não será campeão se cometer erros disparatados nos pequenos jogos.

Além de estar mais forte e muito eficaz, o Benfica tem dois adversários que têm problemas. 

O FC Porto está abalado e instável, e o Sporting tem ainda alguma imaturidade para se manter ao mesmo nível.

 

É evidente que, como Jesus e o presidente já disseram, o campeonato é o objectivo primordial.

Perdida a possibilidade, bastante fantasiosa, de chegar à final da Champions que será na Luz, é claro que todos querem ser campeões nacionais.

Mas, parece-me que estando a equipa a jogar tão bem, e tendo demonstrado uma superioridade tão evidente nos confrontos com FC Porto e Sporting, julgo que o Benfica deve aspirar também a vencer as outras duas competições nacionais, Taça de Portugal e Taça da Liga.

Na primeira, teremos duas mãos, uma no Dragão, outra na Luz, e considero que o Benfica tem capacidade para eliminar o FC Porto e estar presente no Jamor.

O mesmo se passa na Taça da Liga, seja contra quem for a meia-final. 

Embora estes jogos não devam desconcentrar o Benfica do objectivo campeonato, é possível ir às duas finais, a equipa tem soluções para isso, e no final do mês ainda haverá Salvio, já recuperado da lesão.

 

Por fim, a Liga Europa.

Ao contrário do presidente Luís Filipe Vieira, eu nunca achei possível o Benfica chegar à final da Champions, mas acho muito possível chegar à final da Liga Europa outra vez.

Há equipas muito boas, mas o Benfica é uma delas.

No site Euro Club Index, onde são calculadas as probabilidades das equipas vencerem a Liga Europa, o Benfica aparece em 3º lugar, com 10,3% de probabilidade de ser o vencedor.

Acima do Benfica, só a Juventus, com 19,6% de probabilidade de ser a vencedora, e o Tottenham, com 13,2% de probabilidade de vencer a Liga Europa.

Atrás da equipa da Luz, estão o FC Porto, com 9%, o Shakhtar Donetsk, com 8%, e o Nápoles, com 7%.

Portanto, não há razão nenhuma para Benfica e FC Porto não aspirarem a ir o mais longe possível, e nenhum deve deixar de tentar.

Até porque, e ao contrário do que se costuma dizer, não há uma diferença financeira tão grande entre as duas competições.

Em 2011/2012, o Benfica chegou aos quartos-de-final da Champions, onde foi eliminado pelo Chelsea, e recebeu em prémios da UEFA a quantia de 22,3 milhões de euros.

Em 2012/2013, o Benfica fez a fase de grupo da Champions, e seguiu para a Liga Europa, chegando à final, e faturando um total de prémios da UEFA de 21,7 milhões de euros, apenas menos 600 mil euros que no ano anterior.

Ou seja, atingir a final da Liga Europa vale quase tanto como os quartos-de-final da Champions, e é por isso que esse objetivo deve ser tentado.

 

Em conclusão: a jogar como tem jogado, o Benfica deve atacar em todas as frentes ao mesmo tempo, e não se concentrar apenas numa.

É assim com todas as grandes equipas da Europa, nunca desistem de objetivos, principalmente quando têm qualidade para aspirar a alcançá-los. 

 

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Terça-feira, 11.02.14

Stephanie, 1 - Derby, 0

Será que vai haver derby esta noite?

A questão não é de somenos, principalmente para mim, que estive na Luz no Domingo, e que quero lá estar hoje, ou amanhã, ou quando fôr o jogo!

Porém, não estou de acordo quando muitos dizem que o que se passou foi "uma vergonha", um "ridículo", e que a culpa é do Benfica!

Não meus caros leitores, a culpa não pode ser imputada ao Benfica.

A culpa é de uma gaja!

 

Sim, uma gaja chamada Stephanie, que é uma maluca que rodopia a mais de 120 quilómetros por hora! 

Foi essa doidona, essa desbragada Stephanie, que deu cabo das chapas, das coberturas, e da já famosa lã de rocha, como ontem passou a ser chamada, pois no próprio dia todos lhe chamavam lã de vidro!

Por favor, alguém acredita que os parafusos das chapas, mesmo desapertados aqui e ali, teriam voado se não fosse a Stephanie?

Com um dia normal, tudo teria corrido normalmente.

Mas, domingo não foi um dia normal, domingo foi dia da Stephanie, essa destravada, que gira doida e deu cabo do espectáculo.

 

Foi a Stephanie que ganhou, até agora.

Ao intervalo, ganha por 1-0 contra o derby, e veremos se hoje há segunda parte.

É que, pelos vistos, a Stephanie gostou de Portugal, e decidiu ficar por cá mais uns dias, e hoje continua a rodopiar por aí, a dar os seus assobios, e a pôr o derby em causa.

Se o jogo for adiado, a Stephanie ganha por 2-0, se houver jogo, o derby empata 1-1, e então podemos tratar do que interessa mesmo.

Mas, para já reina a Stephanie, a única gaja que, em poucos minutos, foi capaz de fod... mais de 60 mil homens, que eram os que esperavam pelo jogo na Luz.

É uma gaja tramada, a Stephanie, essa é que é a verdade, e deixa os homens loucos com os seus volteios.

 

A única coisa que correu bem no domingo foi a velocidade com que o Benfica evacuou.

Sim, evacuou-se em 7 minutos.

55 mil pessoas evacuaram mais depressa que o diabo esfrega um olho!

É uma grande vitória, e há mesmo quem diga que foi a evacuação mais rápida da história da humanidade!

É preciso ver esse lado do evento também, e concluir o Benfica é o clube mais veloz do universo a evacuar um estádio.

A única excepção foram os adeptos do Sporting, que coitados, não puderam evacuar tão depressa, e ficaram retidos...

Mas, graças a Deus, não houve feridos nessa evacuação mais lenta e desagradável.

 

Os portugueses devem-se habituar a celebrar o que corre bem, e não o que corre mal.

Sete minutos para evacuar é obra, há quem demore muito mais tempo.

E até dá para fazer comparações engraçadas: há dias, antes de um jogo para a Taça da Liga com o Marítimo, os jogadores do FC Porto atrasaram-se mais de dois minutos a apertar os atacadores dos sapatos, a coçar as virilhas e a compor as camisolas!

Porém, o Benfica evacuou 55 mil pessoas em sete minutos apenas!

Isto é que é de louvar: enquanto uns se atrasam, outros batem recordes!

publicado por Domingos Amaral às 11:24 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Terça-feira, 03.12.13

Previsão para 2014: o Benfica será campeão nacional!

Nos campeonatos de futebol, quem paga mais, ganha mais.

A regra de ouro é essa: quem mais gasta em despesa salarial (vencimentos e prémios), é normalmente campeão nacional.

É assim em Espanha, em França, em Itália, na Alemanha, muitas vezes em Inglaterra e é assim também em Portugal.

E quem é o clube que neste momento tem uma maior despesa salarial em Portugal?

Acertaram, é o Benfica! 

Segundo os relatórios de contas dos três grandes, divulgados ontem na CMVM, a despesa salarial do primeiro trimestre (Julho, Agosto e Setembro) é a seguinte*:

 

Benfica - cerca de 13 milhões de euros em salários de jogadores e treinadores

FC Porto - cerca de 10 milhões de euros em salários de jogadores e treinadores

Sporting - cerca de 7 milhões de euros em salários de jogadores e treinadores 

 

Se fizermos uma extrapolação destes valores para a despesa anual, veremos que o Benfica no final do ano deverá ter gasto em salários cerca de 52 milhões de euros (4 x 13), o FC Porto andará pelos 40 milhões (4 x 10) e o Sporting deverá ficar-se pelos 28 milhões de euros (4 x 7), o que sendo menos, não são tostões, como ontem disse com demagogia Inácio!

Assim sendo, a minha previsão é clara: este ano o Benfica é o mais forte candidato ao título, e provavelmente será campeão, pois tem os melhores jogadores, os mais bem pagos e motivados para vencer.

 

A despesa salarial é um bom indicador, não só da qualidade dos jogadores (se os jogadores são melhores isso reflete-se no seu salário); mas também da motivação dos jogadores (se são mais bem pagos têm maior incentivo para vencer).

Por isso, se não houver nenhum facto extraordinário, o clube que melhor paga é normalmente campeão.

Para quem não acredita, aqui fica uma prova importante: nos últimos 12 campeonatos em Portugal, essa regra verificou-se em 10 anos!

Em 10 casos num total de 12, foi campeão o clube que tinha a despesa salarial mais elevada.

Foi assim com o FC Porto, em 9 desses casos, nas épocas que terminaram em 2003 e 2004 (com Mourinho), na época de 2006 (com Co Adrianse), nas épocas de 2007, 2008 e 2009 (com Jesualdo); na época de 2011 (com Villas-Boas) e nas duas últimas épocas, 2012 e 2013 (com Vitor Pereira).

Mas também foi assim com o Benfica em 2010, na primeira época de Jorge Jesus, em que o clube teve a despesa salarial mais elevada, e foi por isso campeão.

 

Há excepções a esta regra?

Sim, há. Em Portugal e nos últimos 12 anos, há duas excepções.

Em 2002 e 2005, o FC Porto apesar de ser a equipa com maior despesa salarial, não foi campeão. Em 2002 foi o Sporting, e em 2005 foi o Benfica.

E o que se passou nesses dois casos? Em ambos o FC Porto cometeu o erro de despedir o treinador a meio da época, e não foi campeão.

Em 2002 despediu Octávio, e em 2005 despediu primeiro Del Neri e depois Fernandez, terminando com Couceiro.

Ou seja, a instabilidade no banco do FC Porto prejudicou a equipa, e o clube não foi campeão.

Assim, podemos dizer que se houver instabilidade no banco, é provável que a regra dos salários já não se verifique.

O despedimento de um treinador causa sempre perda à equipa, e pode retirar-lhe a possibilidade de ser campeão.

 

Portanto, e em resumo, as minhas previsões para a época 2013-2014 são as seguintes:

- O Benfica é este ano o mais forte candidato ao título, e deverá ser campeão, a não ser que haja qualquer calamidade imprevisível.

- O FC Porto deverá ser segundo, mas se despedir Paulo Fonseca pode arriscar-se a ficar em terceiro.

- O Sporting deverá ser terceiro, a não ser que o FC Porto mude de treinador, caso em que o Sporting pode ser segundo.


* Lendo os relatórios com atenção são estes os números da despesa salarial com jogadores e treinadores, diferentes e menores que a despesa salarial consolidada das SADs, que inclui outros items. No caso do Benfica, por exemplo, é necessário retirar as despesas salariais com outras empresas do clube, como a Benfica TV. 

publicado por Domingos Amaral às 11:15 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 26.06.13

Uma boa surpresa chamada Bruno de Carvalho

Para azar do Sporting, Bruno de Carvalho só ganhou à segunda a eleição para a presidência. Mas, pelo que tenho visto, está a provar ser o homem necessário para o clube de Alvalade.

Diziam dele o pior, até houve alguns que o chegaram a comparar a Vale e Azevedo, mas pelos vistos estavam todos bem enganados.

Até agora, Bruno de Carvalho tem sido inteligente, sereno e firme nas decisões.

E, ao mesmo tempo e quando é caso disso, festeja as vitórias do seu clube - no fustal, no andebol - como um verdadeiro leão de bancada, o que lhe traz popularidade e até desperta simpatia. 

Mas é nas decisões de gestão que me tem surpreendido pela positiva. Primeiro, começou a "limpeza", tendo a coragem para despedir quem vivia há muito "à mama" do clube, desde velhas glórias a funcionários inúteis.

Depois, tem sido contundente na negociação com empresários, estabelecendo o princípio de que o Sporting não negoceia na praça pública, não cede a pressões, e só faz negócios quando eles lhe são favoráveis.

Por mais arriscada que seja essa postura, pois pode no curto prazo perder jogadores talentosos, é uma firmeza que dará frutos nos anos seguintes.

Por fim, apresentou um projecto de reestruturação financeira que é essencial e bem pensado, ao contrário do que diz o Camilo Lourenço.

Embora poucos falem disso, as novas regras do Fair Play Financeiro da UEFA podem vir a ser implacáveis para o Sporting se esta reestruturação não avançar.

Qualquer clube que apresente três anos seguidos de prejuízos estará fora das competições da UEFA, e o Sporting tem um longo historial de perdas. Não sei mesmo se, caso este ano se tivesse qualificado, poderia participar.

A UEFA apenas permite um "desvio aceitável" de 5 milhões de euros nos prejuízos, mas o Sporting está ainda muito longe desse desvio.

Assim sendo, só há um caminho: uma reestruturação que transforme os credores em accionistas (debt for equity), e é isso que o Sporting vai fazer, acrescentando depois um aumento de capital, que os mesmos credores, agora já accionistas, deverão subscrever.

Assim, os rácios financeiros começam a melhorar, o que é absolutamente essencial para o futuro.

Também é bem pensado passar o estádio para a SAD, pois é um activo valioso, e as suas dívidas, que também passam para a SAD, não serão contabilizadas em termos de UEFA, que abre excepções nestes casos, bem como nas despesas de formação.

Por fim, é preciso "reposicionar" a equipa de futebol, e parece-me que também aqui Bruno de Carvalho vai no bom caminho.

O Borussia Dortmund é um excelente exemplo, que explico nas minhas aulas de Economia do Desporto na Universidade Católica.

Em 2006-2007, estava à beira de descer de divisão. Apostou então numa equipa de jovens, limpou as dívidas e os passivos, e quatro anos mais tarde era campeão da Alemanha, duas vezes seguidas, e este ano chegou à final da Champions.

É por aí que Bruno de Carvalho deve ir. Apostar nos jovens talentos de Alcochete, pagando-lhes bons salários para os motivar, em vez de gastar dinheiro em contratações inúteis de estrangeiros de qualidade duvidosa.

Esta estratégia tem também um ponto forte adicional. É que a ligação afectiva dos sócios aos miúdos formados em casa é muito maior, bem como a sua tolerância para com as suas compreensíveis falhas. À conta dessa ligação especial o Dortmund tem o estádio sempre cheio.

Se mantiver este rumo e esta postura, Bruno de Carvalho tem tudo para se transformar no presidente que revolucionou o Sporting e o salvou de uma calamidade. Por mais difícil que isso possa ser no início, o futuro será dele.

Espero, daqui a dois ou três anos, poder apresentar aos meus alunos o "case study" bem sucedido da recuperação do Sporting.  

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Segunda-feira, 22.04.13

Benfica está mesmo muito forte!

Jorge Jesus saiu-se com mais uma boa metáfora, ao dizer que o que faltava ao Benfica até ao fim da época eram várias "etapas de montanha" de alta dificuldade.

Nunca tinha ouvido a comparação entre um final da época de futebol e uma prova de ciclismo, mas parece-me bastante apropriada.

De facto, ontem era mais uma chegada lá no alto, mais uma etapa dura, e o Benfica saiu-se mais uma vez muito bem. Lá estive presente no estádio com o meu filho Duarte, e foi o melhor espectáculo do ano.

Ontem, a Luz estava em grande, eufórica como ainda não a tinha visto esta temporada. Mesmo antes do jogo, já havia "holas", muita cantoria e empolgamento, e o hino foi mais uma vez arrepiante.

Ontem, senti um cheirinho do que era o Benfica que eu recordo, o Benfica do Inferno da Luz, o Benfica que eu vi chegar duas vezes a uma final da Taça dos Campeões Europeus.

Ontem, a força da maré vermelha foi imparável, e apesar do Sporting ter dado uma boa réplica, acho que ninguém tinha qualquer dúvida de qual seria o fim do filme.

O Benfica, este ano, é uma equipa em que é fácil confiar. Qualquer um de nós sente que, mais tarde ou mais cedo, a equipa vai marcar.

É verdade que o Sporting de Jesualdo se portou bem. Comparando este jogo com o da época passada, vencido por 1-0 pelo Benfica, é evidente que a equipa do Sporting tem agora menos talento em campo e também menos experiência, pois faltam Elias, Carrillo, Insua, Jeffren, e isso nota-se lá à frente, onde Capel foi uma nulidade, e Wolfswinkel quase inofensivo.

Mas, para uma equipa tão jovem, o Sporting esteve bastante bem, e conseguiu criar dificuldades ao Benfica. Só que dificuldades não são danos, e o Sporting não provocou danos ao adversário. Um ou outro remate perigoso, mais nada.

O futebol é um jogo onde o talento conta muito e ontem viu-se que o talento era todo do Benfica. Quem tem Matic (que grandíssimo jogo!), Salvio (de pé quente), Lima (que golaço!) e principalmente Gaitán (que jogaço e que jogada para o segundo golo!), não tem nada a temer, a não ser que eles para o ano já cá não estejam!

Agora, faltam as próximas etapas. Istambul, Madeira e Luz com os turcos, são mais três chegadas de alta montanha, dificílimas! A equipa terá de jogá-las a alta rotação em apenas 8 dias...Será dose tripla, mas acredito que temos capacidade para escalar estes picos! 

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Sábado, 13.04.13

Benfica: em vez de sonhar...concentrar

Jorge Jesus tem dito, com razão, que está a ser uma época brilhante para o Benfica, e que pode tornar-se uma época de sonho. Assim é. Porém, em vez de sonhar, acho que o Benfica precisa mesmo é de se concentrar, pois do sonho ao pesadelo vai um saltinho!

Para quem já se tenha esquecido, em 2005 o Sporting de José Peseiro estava muito próximo de um feito semelhante. E, em apenas 3 jogos, o sonho virou pesadelo. O Sporting tinha de ir à Luz, e perdeu para o Benfica, tendo perdido depois com o Nacional em casa. Podia ter sido campeão, mas não foi. E, logo na semana seguinte, perdeu em casa a final da Taça UEFA para o CSKA.

Portanto, há que concentrar, pois apesar de estar perto do sonho, o Benfica ainda não ganhou nada. Daqui até ao final da época, a equipa pode fazer um mínimo de oito jogos e um máximo de dez, se for às duas finais que pode ir, a da Taça e a da Liga Europa.

Para a Taça de Portugal, há uma meia-final em casa, contra o Paços, para garantir a presença no Jamor, e depois haverá ou não a final, provavelmente contra o V. Guimarães. Quem pensar que são favas contadas comete um erro. O Paços joga muito e uma final é sempre imprevisível. Mas, há que admitir que é a competição onde o Benfica está mais próximo da vitória.

No campeonato, e apesar dos quatro pontos de avanço, os 5 jogos que faltam são de elevado grau de dificuldade. Primeiro, há o ressuscitado Sporting, cheio de moral, com novo presidente, um avançado que já marca mais golos, e um treinador cheio de experiência. Será muito difícil de vencer, até porque o Sporting quer chegar à Liga Europa.

Segue-se o Marítimo, que também joga para as provas europeias, e em casa é sempre muito duro de vencer. Depois, o Estoril, uma das boas surpresas deste ano, também ele a jogar para a Europa e, tal como o Marítimo, com um treinador ambicioso e desassombrado, que não irá à Luz só para cumprir campeonato. Cuidado, pois com estes dois jogos, serão decisivos para saber como entraremos no Dragão.

O Dragão é o Dragão, imprevisível, e aí tudo pode ficar decidido ou não. Se não ficar, o último jogo é em casa e contra o Moreirense. Quem pensar que será fácil, tire o cavalinho da chuva. Inácio é um excelente treinador, e a sua equipa está a jogar muito bem. Portanto, serão realmente cinco finais para o campeonato, e qualquer tropeção pode ser fatal.

Quanto à Liga Europa, o Fenerbahçe é perigoso, mas é bom neste caso o primeiro jogo ser lá. Como o Real Madrid sentiu, os turcos são sempre mais difíceis na segunda mão se jogarem em casa. Jogando na Luz a segunda partida, acho que o Benfica terá mais hipóteses de ir a Amsterdão, mas terá de estar concentradíssimo. A Lazio ou o Tottenham também eram favoritos, e viu-se o que lhes aconteceu...

Se tudo correr bem, então sim é possível sonhar com uma final em Amsterdão, talvez contra o Chelsea. Mas, por agora há mesmo é que estar muito concentrado. Como dizia Fernando Pessoa, na vida há dois tipos de pessoas, as que sonham conquistar o mundo e as que o conquistam. Espero que Jesus e esta equipa do Benfica pertençam ao segundo grupo.

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Quarta-feira, 06.03.13

É preciso perdoar a dívida do Sporting!

Na últimas semanas, muito se tem falado da necessidade da banca "perdoar" a dívida do Sporting. O BCP, um dos bancos em causa, anunciou igualmente que vai "desistir" do negócio do futebol, supostamente porque perdeu muito dinheiro.

E o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, reagiu de imediato, dizendo que isso era "concorrência desleal", e se o Sporting tivesse um "perdão de dívida", então o Benfica também devia ter. 

Antes de dar uma opinião final sobre a questão concreta, convém relembrar todos que, em mais de 100 anos de futebol europeu, o habitual é os clubes de futebol, em quase todos os casos, serem um negócio que gera prejuízos e dívidas, e não lucros.

Já houve centenas de casos por essa Europa fora de clubes que viram as suas dívidas à banca "perdoadas", e muitos mais haverá no futuro. Aliás, em Portugal, também já vários clubes no passado tiveram de "reestruturar" as suas dívidas, e foram realizados vários perdões de dívidas mais ou menos encapotados.

O caso do Sporting não é pois nem único, nem original. Aos meus alunos de Economia do Desporto, é isso que irei explicar quando falar desses temas em breve. A verdade é que o futebol, todo ele, seja na Europa, seja no resto do mundo, tem uma tendência muito forte para os prejuízos, e isso só se conseguirá evitar no dia em que se criarem certas regras (o Fair Play da FIFA vai nesse sentido), e se modificarem certas práticas gerais, que afectam todos os clubes do mundo. 

Sem certo tipo de medidas, como por exemplo uma restrição à subida dos salários dos jogadores (que a Premier League vai implementar em breve), será completamente impossível evitar que muitos clubes tenham prejuízos crónicos, e acabem como o Sporting, a necessitar de um perdão de dívida para poderem continuar a sua actividade.

Não vale de nada sermos contra o "perdão da dívida" do Sporting. Qual a alternativa? Aplicar "medidas de austeridade" e obrigar o clube a jogar para o 6ª lugar durante os próximos dez anos? É evidente que isso não funciona, além de ser contraproducente.

Se o Sporting cortar demasiado nas despesas, de uma forma draconiana "tipo-troika", nunca mais vai gerar receitas suficientes, e entrará numa espiral depressiva que o irá destruir num prazo curto. Não me parece que esse seja um cenário desejável, nem para o Sporting, nem para o futebol português, que perderá muitas receitas com essa situação.

É evidente que um perdão parcial da dívida é inevitável. E, o Benfica e o FC Porto que não protestem muito, pois o mais certo é também eles, daqui a algum tempo, virem a precisar de um expediente semelhante.

Segundo os seus relatórios de contas, o Benfica tem 175 milhões de dívida de curto prazo, e o FC Porto tem cerca de 90 milhões de euros de dívida bancária. É muito difícil que estes volumes de dívida sejam sustentáveis, e portanto é provável que se tenha de reestruturar essa dívida, embora de uma forma mais discreta e menos dramática do que no caso do Sporting. Mas, é provável que tenha também de existir algum perdão.

Por fim, uma palavra para o BCP. É evidente que, nestes casos, se diz sempre que a irresponsabilidade está do lado do devedor, que pediu demasiado dinheiro emprestado. No entanto, onde há um devedor irresponsável, há um credor irresponsável, e o ajustamento deve ser partilhado por ambos. O Sporting tem de se sacrificar, mas o BCP também, pois ambos contribuíram para a situação chegar onde chegou.

Que o BCP, amuado, diga agora que vai sair do negócio do futebol, não deixa de surpreender. E dos outros negócios, onde perdeu tanto dinheiro, também vai sair? Vai deixar de emprestar à hotelaria, aos grupos de contrução civil, aos fundos financeiros que compram empresas, etc, etc?

Se o BCP amuasse com todos os sectores onde perdeu dinheiro, provavelmente teria de emprestar em Marte...

publicado por Domingos Amaral às 11:01 | link do post | comentar | ver comentários (2)
 

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