Quarta-feira, 01.10.14

A Europa que os alemães querem só dá recessão

A Alemanha continua a desejar mais austeridade para a Europa, mesmo com a crise a bater-lhe à porta.

As principais economias do euro - Alemanha, França e Itália - estão ou em recessão, ou em anemia.

O Sul da Europa continua a patinar, com muito desemprego e muita dívida em Portugal, Espanha e Grécia.

A Irlanda melhorou apenas ligeiramente, e as coisas também não vão especialmente bem na Polónia ou na Holanda.

 

Quatro anos de intensa austeridade, imposta pela Alemanha da Sra Merkel, deram nisto: uma Europa em profunda crise.

As tensões políticas, como seria de esperar, multiplicam-se.

Os extremismos crescem em França, em Itália, na Grécia, e na própria Alemanha começam também a nascer.

Porém, os alemães não aprendem, nem querem abandonar a sua postura dura e teimosa.

 

Mesmo quando Draghi defende uma expansão da procura, com baixas de impostos e investimentos públicos, a Alemanha diz não.

Não quer nada, e ataca as intenções de Draghi de expandir a oferta monetária, baixando os juros e injectando dinheiro na economia.

Mesmo com a Europa atacada pelo desemprego, pela recessão, pela deflação e pela dívida, a Alemanha tudo rejeita e tudo sabota.

Até quando continuará esta cegueira?

 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:39 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 25.06.14

Portugal: dois milagres no mesmo dia, nem em Fátima!

Sinceramente, não acredito que Portugal siga em frente.

Seriam precisos 2 milagres no mesmo dia, e à mesma hora, para isso acontecer.

Um milagre, ainda vá, às vezes acontece. Mas dois milagres? Isso nunca aconteceu.

 

Até porque, bem vistas as coisas, o Gana está bem mais perto de passar do que nós. 

Dos quatro jogos que vi no nosso grupo, acho o Gana mais forte que Portugal, e até que os Estados Unidos.

Perdeu com os americanos mas teve azar, e empatou com a Alemanha, mas podia ter ganho, e até merecia.

Portanto, acho mais provável o Gana vencer-nos, do que nós vencermos o Gana.

Bem sei que há problemas internos, discussões sobre dinheiros, essas coisas.

Mas, na hora do jogo tudo será esquecido e o Gana jogará como sabe, que é muito.

 

Quais são as probabilidades deles e nossas?

Bom, se Alemanha e Estados Unidos empatarem, que é o cenário mais provável, a probabilidade é zero.

Apesar das declarações todas muito honradas e as juras de jogar para a vitória de Klinsman e Low, a verdade é que o empate deixa ambas as equipas no Mundial, e nenhum alemão ou americano será louco suficiente para pôr isso em risco.  

Portanto, se houver empate no primeiro jogo, o resultado do Portugal-Gana será completamente indiferente.

 

Mas, admitamos que algo acontece e alguém marca um golo no Alemanha-Estados Unidos.

Se forem os americanos a vencer por 1-0, em que situação fica o grupo?

Os EUA ficam com 7 pontos, e os alemães com 4, com uma diferença de golos de +3 (6 marcados e 3 sofridos).

Nessa caso, o Gana teria de vencer Portugal por 4-0, ficando com 4 pontos e com um score idêntico de +3, mas com 7 marcados e 4 sofridos.

Só assim o Gana passava, o que convenhamos é muita fruta.

E Portugal?

Bom, Portugal teria de vencer o Gana por 7-0, pois está com -4 e teria de igualar os +3 da Alemanha, ficando com 9 marcados e 6 sofridos.

É completamente impensável!

Portanto, caso os EUA vençam, as probabilidades de Gana e Portugal são mínimas, para não dizer inexistentes.

 

Agora, admitamos o cenário contrário, a Alemanha a vencer por 1-0.

Nesse caso, a Alemanha conseguia 7 pontos, e os Estados Unidos ficavam com 4, com uma diferença de golos de 0 (4 marcados, 4 sofridos).

Ora, o Gana parte com um "goal average" de -1, e vencer por 1-0 não chegava pois ficavam ambos com 0 em golos, com os mesmos 4 marcados e os mesmos 4 sofridos, mas aí passavam os Estados Unidos pois venceram o Gana.

Portanto, o Gana teria de vencer Portugal por 2-1. 

Assim, ficaria com 4 pontos e uma diferença de golos de 0, mas com 5 marcados e 5 sofridos, ultrapassando os americanos por ter mais golos marcados, critério que se sobrepõe nos mundiais ao resultado do jogo entre ambos.

Ora, vencer Portugal por 2-1 não é nada impossível, e como se vê o Gana está muito mais perto de passar do que Portugal.

 

É que nós, no caso de vitória alemã por 1-0, teríamos de vencer o Gana por 4-0, para igualar os americanos, ficando com 0 de diferença de golos, mas com 6 marcados e 6 sofridos, e por isso passávamos nós, pois tínhamos marcado mais golos.

Como é óbvio, é bem mais difícil Portugal vencer o Gana por 4-0, do que o Gana vencer Portugal por 2-1.

Portanto, se a Alemanha vencer os Estados Unidos pela diferença de 1 golo, é bem mais provável que seja o Gana a passar do que Portugal. 

 

Só no caso de existir um resultado mais desnivelado no primeiro jogo é que as hipóteses de Portugal se aproximam das do Gana.

Imaginemos que, por milagre, a Alemanha vence os Estados Unidos por 3-0.

Nesse caso, passam os alemães com 7 pontos, e os americanos ficam com 4 pontos e -2 em golos (4 marcados, 6 sofridos).

No outro jogo, ao Gana bastaria vencer Portugal por 1-0, e passava.

Já Portugal teria vencer por 2-0, para pelo menos garantir a moeda ao ar entre Portugal e EUA, o que já daria pelo menos 50% de probabilidades à nossa seleção.

Seria o segundo milagre!

Porém, convenhamos que uma derrota dos EUA por muitos é um cenário muito pouco provável...

 

Em conclusão, as probabilidades totais de Portugal e Gana são pequenas, mas as de Portugal são muito mais pequenas do que as do Gana.

Como se vê, não basta um milagre para Portugal passar, são precisos dois milagres e simultâneos, no mesmo dia e à mesma hora!

Ora, um milagre ainda pode acontecer, mas dois no mesmo dia, nem em Fátima!

publicado por Domingos Amaral às 11:26 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 23.06.14

A selecção é igual ao país: viveu acima das suas possibilidades

Quem são os portugueses para acharem que vão ganhar 5-0 ao Gana?

É preciso ter um descaramento dos diabos para, depois de levar 4 bolachas da Alemanha, e não ter sofrido um KO dos Estados Unidos por milagre, ainda ter o atrevimento para achar que vamos golear o Gana!

Será que os portugueses têm andado a ver o mesmo Mundial que eu?

O Gana jogou muito bem contra os Estados Unidos, mas teve azar e perdeu, e jogou muitíssimo bem contra a Alemanha, e merecia ganhar mas empatou.

Ganhar ao Gana, com a equipa que temos? Deve ser piada.

Teremos muita sorte se não formos nós a ser goleados pelo Gana, e o mais provável é perdermos o jogo, pois jogamos muito pior que eles.

 

Aliás, o golo de Varela só serve para prolongar uma agonia que já se sente desde os 4-0 com que a Alemanha nos brindou.

É um golo que dá jeito para muita gente se iludir com essa disparatada hipótese, a de continuar, depois de vencer o Gana por não sei quantos.

Importam-se de repetir?

Será que ainda ninguém percebeu que ganhar, mesmo por 15-0, não vai servir de nada?

É evidente que Alemanha e Estados Unidos vão jogar para o empate, e assim passam ambos, sendo absolutamente indiferente o resultado do Portugal-Gana.

Sim, eu se fosse a eles também "combinava" empatar, e não me preocupava mais com o assunto.

Klinsman e Klose são amigos, a Alemanha fica em primeiro, os Estados Unidos em segundo, empate a zero, e não se fala mais nisso.

Há quatro anos, foi o que nós fizémos também, empatando 0-0 com o Brasil no último jogo, e deixando de fora a Costa do Marfim.

 

A dura verdade é esta: ao final de quatro jogos, pode-se dizer que Portugal é a pior equipa do seu grupo.

Fizemos uma exibição miserável contra a Alemanha, e apenas sofrível contra os Estados Unidos.

Temos uma defesa que mete água, um meio-campo amorfo, e um ataque irregular.

Quando nos comparamos com os outros, saímos naturalmente a perder, e por isso não deve ser surpresa para ninguém o regresso a casa.

 

Temos todos de meter na cabeça que o ciclo de ouro da Seleção Nacional há muito que acabou.

Desde 2008 que temos vindo sempre a descer de qualidade, e a única surpresa foi o Euro 2012, onde conseguimos ser inesperadamente bons.

No resto, têm sido qualificações sempre em esforço, nos play-offs (2008, 2010, 2012, 2014), e fases finais fraquitas (2008 e 2010) ou muito fracas (2014).

A seleção não tem grandes jogadores ao seu dispôr, o talento é pouco, e ter Ronaldo não chega.

Para mais, este ano chegámos ao Brasil com demasiados jogadores fora de forma ou lesionados.

Pepe, Coentrão, Meireles, Veloso, Hugo Almeida, Hélder Postiga, Nani, Ronaldo, já estavam "chochos" quando aterraram em Campinas e só pioraram.

Como é que se pode aspirar a alguma coisa quando metade dos titulares deviam estar na enfermaria e não no campo?

 

Cristiano Ronaldo tem razão: há selecções muito melhores que nós.

Na verdade, são quase todas melhores que nós. Tirando os Camarões e a Coreia do Sul...

Lamento é que esse discurso de humildade não tenha sido feito por todos desde que se juntaram em Óbidos.

É pena que todos (incluindo Federação e Paulo Bento) tenham andado a "viajar na maionese", iludindo-se a si próprios e a nós.

Mas, num país que andou tanto tempo a viver acima das suas possibilidades, não é de estranhar que também a seleção tenha andado a viver claramente acima das suas possibilidades.  

publicado por Domingos Amaral às 11:08 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quinta-feira, 19.06.14

Mourinho tem toda a razão

Hoje, os jornais dão conta de uma grande indignação que vai pelas bandas de Campinas.

Segundo consta, ninguém gostou das afirmações de Mourinho sobre o Portugal-Alemanha, e tudo rosna baixinho contra o "special one".

Dirigentes, treinador, equipa técnica, jogadores, elegeram-no agora como o tipo mau, e destilam ódiozinho contra ele.

Lamento dizer à Seleção que Mourinho tem toda a razão, e quem em vez de o odiar, a Seleção devia refletir no que ele disse.

 

E o que disse Mourinho?

Primeiro, que não esperava um resultado tão mau, uma derrota por 4-0. Nisso, não se distingue em nada dos tais 15 milhões de portugueses.

Depois, criticou fortemente Pepe, dizendo que ele, ainda por cima não sendo nascido em Portugal, devia sentir mais pressão para se portar bem.

Meus amigos, conheço muito português que acha que Pepe não mais devia jogar pela Seleção Nacional, devido ao seu vergonhoso comportamento.

Mourinho não foi tão longe, mas como foi o único comentador que não apaparicou Pepe, ou não disse mal do árbitro, todos o odeiam em Campinas.

É mais um sinal de que o juízo da Seleção se está a perder muito rapidamente.

 

Mas, Mourinho foi ainda mais longe e tocou com o dedo na ferida.

Portugal, em fases finais, não tem marcado golos às grandes equipas.

Foi assim no Mundial 2010, ficou a zero contra o Brasil e contra a Espanha.

Foi assim no Euro 2012, ficou a zero contra a Alemanha e contra a Espanha.

Voltou a ser assim este ano, a zero contra a Alemanha.

Ora, isto significa que a equipa não é capaz de mais, vence adversários mais fracos, mas não vence os mais fortes.

 

É isto motivo para odiar Mourinho?

Não, ele apenas constata a verdade.

Porém, se há coisa que os portugueses odeiam é a verdade.

Os portugueses vivem o futebol em negação, negam a verdade constantemente.

Acham que são óptimos, sonham, e depois quando a dura realidade lhes bate à porta, a culpa das derrotas é do árbitro, nunca nossa. 

 

Ainda bem que Mourinho fala a verdade, diz a verdade, pois isso só mostra que percebe imenso de futebol.

Infelizmente para todos nós, na Seleção está tudo a viver em estado de negação, e ainda há gente que acha que temos equipa para ser campeã do mundo.

Pois...Ponham os olhos na Espanha e vejam o filme que nos pode acontecer no Domingo.

publicado por Domingos Amaral às 11:10 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 18.06.14

O pior de tudo é o "goal average"...

Até agora, ouvi muita gente a falar nos "danos psicológicos" de perder por 4-0, mas ouvi poucos a referir o que interessa mesmo.

Nos Mundiais, desde 1998, o primeiro critério de desempate não é os resultados entre as equipas, mas sim a diferença de golos.

Ou seja, o "goal average", para os amigos.

Ora, perder 4-0 contra a Alemanha não é apenas perder 3 pontos, nem sofrer psicologicamente.

Perder 4-0 é cavar um fosso de -4 no "goal average", o que é terrível.

 

Aparentemente, ninguém deve ter pensado nisso antes do jogo.

Paulo Bento entrou para ganhar, esquecendo-se que teria sido bem mais inteligente jogar lá atrás, e sofrer poucos golos, como aconteceu há dois anos, quando perdemos apenas por 1-0.

Acho que faz falta um SIF, um Serviço de Informações de Futebol, que informe os treinadores destas coisas, para eles perceberem que perder por 1 não é o mesmo que perder por 4 numa prova onde o "goal average" é essencial.

Sim, eu sei que se Portugal ganhar os 2 jogos segue em frente, pois faz seis pontos e...

Será que segue mesmo?

Não caros amigos, mesmo com 6 pontos pode voltar para casa.

 

Querem ver um cenário em que isso acontece?

Imaginem que a Alemanha ganha ao Gana por 2-0. Fica com 6 pontos e +6 em golos.

Imaginem também que Portugal vence os Estados Unidos por 2-1.

Portugal ficaria com 3 pontos e -3 em "goal average" e os Estados Unidos manteriam os 3 pontos e ficariam com 0 de "goal average".

 

E se na terceira jornada a Alemanha perder com os EUA por 1-0?

É improvável, mas pode acontecer, e nesse caso teríamos Alemanha com 6 pontos e +5 golos, e EUA com 6 pontos e +1 em golos.

Estão a ver o problema?

É que, nessa situação Portugal teria de vencer no mínimo por 4-0 o Gana, para empatar com o "goal average" americano.

Acham fácil?

Eu não acho, e por isso é que digo que Paulo Bento devia ter escolhido a contenção e não o desafio à Alemanha.

 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:52 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Terça-feira, 17.06.14

Há quatro anos, a Argentina também levou 4

Há quatro anos, também a Argentina de Maradona levou 4 da Alemanha, nos quartos-de-final do mundial na África do Sul.

O primeiro golo foi logo aos 3 minutos, por...Muller, mas depois a história foi um pouco diferente.

A Argentina foi tentando, e na última meia hora arriscou demais, jogou aberto e...lixou-se.

A Alemanha marcou 3 golos e arrumou para sempre com a carreira de Maradona como treinador.

 

Esta recordação devia ter servido como lição para Portugal, na abordagem do jogo de ontem.

Contra a Alemanha, só vence quem defende muito bem, fechado lá atrás, como a Itália, em 2012, ou a Espanha, em 2010.

Paulo Bento não aprendeu essa lição nos jogos dos outros, nem no seu próprio jogo contra a Alemanha.

Há dois anos, perdemos por 1-0, o que não foi nem fatal, nem humilhante.

Desta vez, tudo foi diferente, e tudo começou com uma péssima escolha de estratégia.

Portugal quis discutir o jogo de igual para igual, e com a Alemanha isso é sempre fatal.

Em vez de jogarmos fechados, lá atrás, a deixar o tempo passar, armámo-nos em carapaus de corrida e tramámo-nos.

 

Mas, esse não foi o único erro grave.

Olhando para a nossa equipa, é impressionante constatar que mais de metade dos 11 tiveram imensos problemas físicos nos últimos meses.

Pepe esteve lesionado, Coentrão e Hugo Almeida também, Meireles idem, Ronaldo é o que se sabe e Nani quase não jogou em seis meses.

Faz algum sentido entrar em campo com tantos problemas físicos e tanta falta de ritmo?

Pepe, Coentrão, Meireles e Hugo Almeida não deviam ter jogado, e Ronaldo e Nani só devem jogar porque sem eles não somos nada.

 

Se juntarmos estes dois erros - a estratégia aberta e a debilidade física - percebemos que Paulo Bento desta vez errou em toda a linha.

Depois, a somar a isso, apareceram os erros individuais, alguns escandalosos e incompreensíveis.

Rui Patrício: dois pontapés oferecidos aos alemães, que só não deram golo por milagre, e uma fífia que deu a Muller o 4-0.

João Pereira: uma falta clara, que deu um penalty.

Bruno Alves: comido no 2-0 no ar, comido no 3-0 no chão.

Pepe: comido no 2-0 no ar, cabeçada a Muller e expulsão.

Coentrão: uma nulidade no ataque e na defesa.

André Almeida: uma fífia no 4-0.

Miguel Veloso: uma nulidade absoluta.

Raul Meireles: outra nulidade absoluta.

João Moutinho: o seu pior jogo de sempre na selecção.

Na verdade, foi a malta do ataque a única que esteve razoável, sobretudo Nani, mas também Ronaldo e Éder tentaram lutar.

 

E agora?

Bem, além de todas estas falhas, houve ainda uma falha clara de informação.

Será que na seleção alguém sabe que o primeiro critério de desempate é o "goal average" e não os resultados entre as equipas?

Sofrer 4 golos e não marcar é um passo na direção do abismo.

Agora, não existe apenas a pressão de ter de ganhar aos Estados Unidos, existe também a obrigação de marcar vários golos, pois eles têm +1, e nós temos -4, no goal average.

Eu sei que ainda é cedo, que se ganharmos os dois jogos seguimos em frente e essas tretas todas, mas depois da maior derrota de sempre, as coisas ficaram mesmo pretas.

Até ontem, o Top 3 das derrotas humilhantes de Portugal eram o Portugal-Marrocos em 86 (1-3); o Portugal-Coreia, em 2002 (0-1); e o Portugal-Estados Unidos, em 2002 (2-3), mas esta derrota entrou directamente para o primeiro lugar.

Mesmo que Portugal avance para a fase seguinte, o que eu acho muito difícil, esta nódoa já ninguém a tira da nossa memória. 

publicado por Domingos Amaral às 11:59 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 16.06.14

Como dizia o saudoso Torres, deixem-me sonhar!

É este o dia porque todos esperamos há meses.

O dia em Portugal entra em campo, no Mundial do Brasil.

Este é o dia com que todos sonhámos, e agora está aí, a hora aproxima-se.

 

Hoje, às 17h, tudo pode começar a ser lindo, ou tudo pode começar a ser difícil.

Mas, pelo menos Ronaldo está em forma, sente-se bem.

Quem tem na sua equipa o melhor jogador do mundo, tem direito ao sonho, direito à esperança.

 

Gostei de ouvir Ronaldo ontem há noite.

Antes, ele era um miúdo, um jovem, um ser irreverente.

Mas, cresceu, e hoje está diferente. Já é um Homem, com H grande, amadureceu, sabe o que vale e sabe falar como um líder.

 

Eu também sinto uma onda especial à volta desta seleção, embora não queira iludir-me demais.

No Brasil, não vamos jogar na nossa casa, mas vamos jogar em casa de amigos, a malta sente-se bem, e eles gostam de nós.

O sentimento é pois de esperança, de crença.

 

Sim, tenho os pés assentes na terra, mas como não são os meus pés que vão jogar, mas sim os do Ronaldo, a terra mexe-se quando ele corre, e portanto pode girar à volta do sol de outra forma.

Conseguirá ele tirar o planeta da órbita previsível, criar um mundo novo para nós? 

Ninguém sabe, é muito cedo, ainda quase nada começou.

 

Mas, sinto que o grupo de Campinas está muito unido, com um grande ambiente de equipa, e isso é o mais importante de tudo.

Por isso, como dizia o Torres antes do jogo com a Alemanha, em 85, eu digo o que ele disse e ficou para a história: "deixem-me sonhar"!

Sim, deixem-me sonhar, deixem-nos sonhar a todos, porque temos direito a todos os sonhos este ano.

publicado por Domingos Amaral às 11:40 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 14.04.14

A Ucrânia vai partir-se ao meio!

Tudo aponta para uma solução dividida: metade da Ucrânia, com capital em Kiev, fica do lado Ocidental.

Será a Ucrânia do Oeste, ou West Ucrânia.

O resto separa-se e será a nova Ucrânia de Leste, ou East Ucrânia.

O lado ocidental aprofundará as suas ligações à Alemanha e à Polónia, obrigando a União Europeia a defender o novo país, que talvez se integre no futuro no espaço europeu.

O lado oriental, de maioria russa, encostará ainda mais ao oriente, ao Império de Putin, tal como já acontece com a Bielorússia e outros satélites.

O problema mais grave, claro está, serão as pessoas.

Haverá famílias divididas ao meio, cidades divididas ao meio, e o que farão as pessoas que ficarem do lado de lá, ou de lado de cá, consoante o ponto de vista?

Será que ambos os lados conseguirão aceitar que há pessoas que podem querer passar de um lado para o outro?

A fronteira vai transformar-se num local perigoso, pois vai passar a ser aí que se vão travar as lutas.

A Ucrânia já é um palco de uma luta feroz e silenciosa, a luta entre a Alemanha e a Rússia.

Uma, a Alemanha, tem dinheiro, mas não tem armas.

Outra, a Rússia, tem armas, mas não tem muito dinheiro.

Nenhuma quer a guerra, mas ambas querem a Ucrânia, e portanto travarão a guerra por interpostas pessoas ou realidades.

Mas, como nem Europa nem América podem travar uma guerra na Ucrânia, Putin vai insistir e minar o frágil poder de Kiev.

Não há solução a não ser a divisão.

Uma federação ucraniana não duraria muito tempo, até rebentar.

As divisões são muito profundas, e até históricas, pois durante séculos existiram duas ucrânias diferentes.

É o mais provável que aconteça, e não deve durar muito.

Mas, até que isso aconteça, vamos ter preocupações, tiros, sangue, mortos e muitos distúrbios. 

publicado por Domingos Amaral às 10:52 | link do post | comentar
Quarta-feira, 09.04.14

Passos Coelho e o aumento do salário mínimo

De repente, quando nada o fazia prever, Passos Coelho mudou de ideias, e já quer aumentar o salário mínimo.

Depois de três longos anos a recusar tal ideia, a mudança abrupta de posição é surpreendente.

No passado, Passos sempre recusara os aumentos de salário mínimo com argumentos "ideológicos".

Não aumentava porque o aumento ia "criar desemprego"; não aumentava porque "um aumento prejudicava a criação de emprego"; não aumentava porque "um aumento ia provocar um aumento de todos os outros salários", que seriam empurrados para cima pelo mínimo.

Passos seguia a cartilha neo-liberal, as ideias de António Borges, do FMI, ou de Merkel, e defendia tais ideias com empenho.

Ainda há pouco mais de dois meses, ele negara qualquer subida do salário mínimo, mesmo depois dos parceiros sociais, empresários ou sindicatos, terem dito que apoiavam a subida, e mesmo depois do CDS ter defendido a subida.

Não, não e não, era a posição de Passos Coelho, nunca abrir essa discussão antes de 2015.

 

O que mudou então, para Passos Coelho mudar a sua decisão?

Todos os argumentos que ele apresentou antes, em defesa da manutenção do salário mínimo, continuam os mesmos.

O que mudou foi a posição da Alemanha.

Merkel, devido ao acordo com o SPD, foi obrigado a introduzir um salário mínimo na Alemanha, e logo que isso aconteceu, toda a Europa percebeu que o vento tinha mudado.

Quando a líder espiritual das políticas muda de ideias, os seus seguidores já podem também mudar de ideias.

Assim é Passos: se Merkel faz, ele faz, se Merkel não deixa, ele não faz.

Devem existir poucos Governos na Europa tão seguidistas de Merkel como o nosso.

Na prática, é ela que governa Portugal, e Passos não passa do feitor da quinta.

O que nos vale é que, desta vez, Merkel tomou uma boa decisão e Portugal vai beneficiar disso.

 

 

publicado por Domingos Amaral às 11:57 | link do post | comentar
Quinta-feira, 27.03.14

Um Audi A6 não é viver acima das nossas possibilidades?

Há algumas coisas que me causam perplexidade nesta ideia de oferecer Audis A6 e A4 às pessoas que pedem facturas com o nº do contribuinte.

A primeira perplexida é moral.

Este Governo passou 3 anos a dizer-nos que não podíamos "viver acima das nossas possibilidades".

Disse-nos que não era possível "gastar mais", que tínhamos de "poupar", e ajustar as nossas despesas.

Eram precisos sacrifícios em nome do país.

E agora oferece Audis A4 e A6 às pessoas?

 

Um Audi A6 não é um Audi A1, nem sequer A3.

Um Audi A6 é um carro de administradores de grandes empresas.

E agora vamos dá-lo à Dª Adelaide, ou ao Sr. Joaquim, que vencem o sorteio?

E não é isso uma aberração moral para quem diz que não podemos viver acima das nossas possibilidades?

Um Audi A6 consome muito, é muito caro. 

Não causa estranheza que o mesmo Governo que nos disse que não podíamos viver assim, agora nos venha oferecer Audis A6, para que nós possamos viver "acima das nossas possibilidades"?

 

Mas, tenho mais duas perplexidades sobre esta questão.

Então não era suposto o Governo não estimular a importação de bens caros, para que o nosso deficit comercial diminua?

E vai-se comprar Audis, que são importados, aumentando o deficit comercial?

Não haverá aí uma contradição simbólica entre o que é o discurso nacional do Governo, todo ele de promoção às exportações e diminuição às importações, e a oferta de Audis importados?

Não havia bens portugueses que se pudessem oferecer às pessoas?

Não podia ser dinheiro?

 

A terceira perplexidade é esta: se a ideia era oferecer carros, porque se escolheram carros alemães?

Tem o Governo algum pacto especial e secreto com os fabricantes alemães?

Não podiam ser carros italianos, ou franceses, que são bem mais baratinhos?

Os Audis são exportações alemãs, e importações portugueseas.

Ou seja, estão a aumentar o excedente comercial da Alemanha e a aumentar o deficit comercial português.

Mas não era precisamente o contrário disso que o Governo desejava?

Será que a subsverviência total à Alemanha já chegou ao ponto de eles nos obrigarem a comprar carros deles para oferecer ao nosso povinho bem comportado?

 

 

publicado por Domingos Amaral às 11:52 | link do post | comentar | ver comentários (4)
 

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