O trambolhão de Portugal no ranking da felicidade mundial
Todos os anos, a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, (onde tirei o meu mestrado, que saudades!), publica um Relatório Mundial sobre a Felicidade.
Examina items como a capacidade económica, a qualidade da educação, das família, da saúde pública e privada, das instituições públicas; a esperança de vida, a liberdade de escolha, ou as relações com a comunidade.
Com base nestes indicadores, é avaliada a felicidade dos países, e atribuída uma média.
Em 2012, Portugal estava na 73ª posição, com um nível médio de feliciade de 5,4, numa escala de 0 a 10.
Mas, este ano caiu 12 lugares, para a 85ª posição entre 156 países, e para um nível médio de 5,1.
Segundo o estudo, a quebra deve-se ao "impacto da crise da zona euro", que obviamente também fez descer de posição outros países do Sul da Europa, como a Itália, a Espanha e a Grécia.
O que é interessante é que no topo da lista estão a Dinamarca, a Noruega, a Suíça, a Holanda e a Suécia.
O Canadá é o 6º classificado, e os Estados Unidos só aparecem em 17º lugar, enquanto a Alemanha ainda aparece mais atrás, em 26º lugar.
Mas, fiquemo-nos pelos primeiros seis.
Em cinco deles (Dinamarca, Noruega, Suíça, Suécia e Canadá) impera um modelo quase social-democrata, de muita despesa pública, muito Estado Social, e elevados impostos.
Em certos casos, como a Suécia, a despesa do Estado chega a ultrapassar os 60 por cento do PIB.
O que nos diz isto sobre os princípios liberais que estão tão em voga em Portugal e em muitos países da Europa?
Será que a redução da despesa do Estado é a melhor via para chegar a uma sociedade feliz e equilibrada?
Será que um modelo de Estado mínimo e impostos baixos, como parece ser a ambição da direita liberal portuguesa, é o melhor e mais eficaz?
As pessoas preferem um Portugal mais parecido com Marrocos ou com a Suécia?
A Suécia também teve um grave crise de excesso de dívida, porém nunca pôs o seu modelo em causa.
E, pelos vistos, os nórdicos são os "top model" da Europa, felizes, ricos e com muita despesa do Estado e muitos impostos.
Será que cortar a despesa do Estado é a única via para a felicidade, ou o centro direita poderá ter de admitir, num futuro próximo, que é absolutamente inevitável vivermos numa sociedade com impostos elevados?
Eu sei que dizer isto, nos tempos que correm, é quase uma heresia que merece que me queimem na fogueira, mas será a redução drástica da despesa do Estado o único caminho para Portugal?
Se fossemos todos menos dogmáticos e ideológicos, como no Canadá, não seríamos mais felizes como país?