A bazófia do Fernando Santos e o favoritismo da Croácia

Finda a fase de grupos, uma conclusão é óbvia: a seleção nacional vive num estado de sofrimento emocional agudo. Em três, não conseguiu ganhar um único jogo e esteve com um pé fora do Europeu, só se qualificando em terceiro do grupo.

 

Qual a razão para tanta pertubação, angústia e aflição? Para mim, o principal culpado é Fernando Santos, com o seu discurso de "estatuto", de candidato à final, de "somos muito bons e temos o melhor do mundo connosco".

 

O futebol, todos o sabemos, costuma ser muito cruel com os cagões e os bazófias. Ao colocar a fasquia tão alta, Fernando Santos atirou uma pressão insuportável para cima dos jogadores, que não lidaram bem com a situação. 

 

Faz algum sentido, depois do empate com a Áustria, o selecionador declarar "já avisei a família de que só volto para casa no dia 11 de Julho", o dia seguinte da final do Europeu?

 

Tanta bazófia, deu mau resultado. A seleção emperrou e nos jogos não rendeu o que dela esperávamos. Ou defendia bem, como contra Islândia e Áustria, mas atacava de forma ineficaz e incompetente (50 remates em dois jogos, 1 golo). Ou atacava melhor, mas defendia mal, sofrendo 3 golos da Hungria. 

 

Não me vou alongar em opiniões técnicas e tácticas, mas acho que há jogadores em má forma (Moutinho, André Gomes) e outros cuja melhoria foi lenta (Ronaldo, João Mário). E não estou convencido com o 4-4-2, preferia o tradicional 4-2-3-1 das eras de Humberto e Scolari. 

 

Por outro lado, não me espanta nada que Ronaldo não renda na seleção o que rende no Real. Em Madrid, ele joga ao lado de grandes jogadores (Bale, Modric, Kroos, James, Isco, Marcelo) e sobretudo, joga ao lado de um ponta-de-lança poderoso (Benzema). Na seleção, como sabemos, não existem jogadores desses e não há qualquer ponta-de-lança. 

 

Tudo somado, foi uma prestação fraca, cuja única parte positiva foi ter calhado num caminho para a final onde não estão nenhuma das equipas tradicionalmente mais fortes, como a Espanha, a Alemanha, a França ou a Itália. Porém, pela frente temos a Croácia, que não tem o estatudo das outras, mas é das melhores equipas deste Europeu.

 

Vencê-la vai ser muito difícil e julgo que Fernando Santos devia deixar-se de bazófias tolas e dizer sem receio que, perante aquilo que as duas equipas já fizeram nesta competição, a Cróacia é claramente favorita. 

 

"Mind game" humilde, é a minha sugestão. Retirar a pressão de Portugal e colocá-la na Croácia é talvez a única forma de estabilizar a nossa seleção e tirá-la do estado de sofrimento angustiante em que vive. 

 

PS: E não se esqueçam de começar a treinar os penalties.

publicado por Domingos Amaral às 10:21 | link do post | comentar