O pior de tudo é o "goal average"...
Até agora, ouvi muita gente a falar nos "danos psicológicos" de perder por 4-0, mas ouvi poucos a referir o que interessa mesmo.
Nos Mundiais, desde 1998, o primeiro critério de desempate não é os resultados entre as equipas, mas sim a diferença de golos.
Ou seja, o "goal average", para os amigos.
Ora, perder 4-0 contra a Alemanha não é apenas perder 3 pontos, nem sofrer psicologicamente.
Perder 4-0 é cavar um fosso de -4 no "goal average", o que é terrível.
Aparentemente, ninguém deve ter pensado nisso antes do jogo.
Paulo Bento entrou para ganhar, esquecendo-se que teria sido bem mais inteligente jogar lá atrás, e sofrer poucos golos, como aconteceu há dois anos, quando perdemos apenas por 1-0.
Acho que faz falta um SIF, um Serviço de Informações de Futebol, que informe os treinadores destas coisas, para eles perceberem que perder por 1 não é o mesmo que perder por 4 numa prova onde o "goal average" é essencial.
Sim, eu sei que se Portugal ganhar os 2 jogos segue em frente, pois faz seis pontos e...
Será que segue mesmo?
Não caros amigos, mesmo com 6 pontos pode voltar para casa.
Querem ver um cenário em que isso acontece?
Imaginem que a Alemanha ganha ao Gana por 2-0. Fica com 6 pontos e +6 em golos.
Imaginem também que Portugal vence os Estados Unidos por 2-1.
Portugal ficaria com 3 pontos e -3 em "goal average" e os Estados Unidos manteriam os 3 pontos e ficariam com 0 de "goal average".
E se na terceira jornada a Alemanha perder com os EUA por 1-0?
É improvável, mas pode acontecer, e nesse caso teríamos Alemanha com 6 pontos e +5 golos, e EUA com 6 pontos e +1 em golos.
Estão a ver o problema?
É que, nessa situação Portugal teria de vencer no mínimo por 4-0 o Gana, para empatar com o "goal average" americano.
Acham fácil?
Eu não acho, e por isso é que digo que Paulo Bento devia ter escolhido a contenção e não o desafio à Alemanha.