Paulo Bento e a sua selecção mediana
Sempre que oiço os críticos de Paulo Bento, dou-lhes total razão, mas logo acrescento a pergunta: e quem seleccionavas tu?
As pessoas ficam atrapalhadas, falam em Quaresma, Carlos Mané, até num tal de Tomané que joga no Guimarães, e eu pasmo...
Importam-se de repetir? Acham mesmo que a seleção nacional ficaria melhor com um Ruben Neves, um Adrien, um Eliseu?
Talvez valha a pena descer um pouco à terra, digo eu...
A realidade é dura, mas há que enfrentá-la, e a realidade é que, por mais convocatórias que cada um de nós faça, não alteramos a coisa.
Hoje, não há em Portugal jogadores suficientes para construir uma grande seleção, essa é que é essa.
O tempo em que éramos uma das seis ou sete melhores seleções do mundo já passou.
Não há jogadores como Figo, Rui Costa, Deco, Maniche, Sérgio Conceição, Paulo Sousa, Ricardo Carvalho, e mais alguns.
Com a excepção Cristiano Ronaldo, e uma ou duas vezes Fábio Coentrão, o resto da seleção vale pouco.
E não há substitutos que se vejam, por mais que puxemos pela cabeça.
Quem devia ser a dupla de centrais? Tire-se Pepe, Costa e Bruno Alves, e quem resta?
Neto? Nem joga no seu clube...Vezo? Ouvi dizer que vai ser emprestado pelo Valência...
E nas laterais, se não jogar João Pereira, quem temos? André Almeida? Cedric?
Passemos ao meio-campo: acham mesmo que Ruben Neves iria transportar-nos para o céu, com Adrien ao lado?
E quem tiravam? William?
Nani ainda mexe, mas Quaresma seria melhor, apesar de nem jogar no FC Porto?
E queriam Bebé, que não é titular no Benfica, ou Mané, que não é titular no Sporting?
Pois é, a realidade é dura.
Podemos criticar Paulo Bento, e eu também acho que ele não tem andado bem desde Novembro, mas será que um treinador diferente conseguia mudar o panorama geral de fraqueza?
Temos infelizmente todos de meter na cabeça que a nossa seleção caiu muito de qualidade, e por isso não vale a pena ter muitas aspirações.
Somos, e seremos nos próximos cinco ou dez anos, uma seleção mediana, como fomos nos anos 70 e 80, capaz de um inesperado brilharete, mas com uma qualidade geral muito fraquinha.
São as seleções medianas que perdem com as fracas, como ontem aconteceu com a derrota com a Albânia, e não conseguem vencer as grandes, como aconteceu no Mundial com a derrota com a Alemanha.
É triste mas é a realidade, e mandar embora Paulo Bento só vai alimentar a ilusão de que as coisas podiam ser diferentes.
Não podiam, nem serão. A mediania regressou, não há volta a dar-lhe.
O único conforto é que não somos os únicos.
Itália, Inglaterra, Polónia, Bulgária, Roménia, República Checa, e até a França e talvez em breve a Espanha, todas foram grandes seleções no passado, mas no presente não passam da vulgaridade.
É assim a vida, habituem-se.