Segunda-feira, 16.06.14

Como dizia o saudoso Torres, deixem-me sonhar!

É este o dia porque todos esperamos há meses.

O dia em Portugal entra em campo, no Mundial do Brasil.

Este é o dia com que todos sonhámos, e agora está aí, a hora aproxima-se.

 

Hoje, às 17h, tudo pode começar a ser lindo, ou tudo pode começar a ser difícil.

Mas, pelo menos Ronaldo está em forma, sente-se bem.

Quem tem na sua equipa o melhor jogador do mundo, tem direito ao sonho, direito à esperança.

 

Gostei de ouvir Ronaldo ontem há noite.

Antes, ele era um miúdo, um jovem, um ser irreverente.

Mas, cresceu, e hoje está diferente. Já é um Homem, com H grande, amadureceu, sabe o que vale e sabe falar como um líder.

 

Eu também sinto uma onda especial à volta desta seleção, embora não queira iludir-me demais.

No Brasil, não vamos jogar na nossa casa, mas vamos jogar em casa de amigos, a malta sente-se bem, e eles gostam de nós.

O sentimento é pois de esperança, de crença.

 

Sim, tenho os pés assentes na terra, mas como não são os meus pés que vão jogar, mas sim os do Ronaldo, a terra mexe-se quando ele corre, e portanto pode girar à volta do sol de outra forma.

Conseguirá ele tirar o planeta da órbita previsível, criar um mundo novo para nós? 

Ninguém sabe, é muito cedo, ainda quase nada começou.

 

Mas, sinto que o grupo de Campinas está muito unido, com um grande ambiente de equipa, e isso é o mais importante de tudo.

Por isso, como dizia o Torres antes do jogo com a Alemanha, em 85, eu digo o que ele disse e ficou para a história: "deixem-me sonhar"!

Sim, deixem-me sonhar, deixem-nos sonhar a todos, porque temos direito a todos os sonhos este ano.

publicado por Domingos Amaral às 11:40 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 12.06.14

O inenarrável Blatter e os seus mundiais

Blatter vai recandidatar-se à presidência da FIFA, e provavelmente vai vencer.

Os líderes da FIFA têm tendência a eternizar-se no cargo, como se aquilo fosse um posto vitalício.

Por piores que sejam, lá continuam, apesar dos disparates, das péssimas decisões, das suspeitas de corrupção.

A FIFA é uma organização paradoxal: tem um produto espantoso (o Mundial, de quatro em quatro anos), mas é um negócio muito duvidoso.

Hoje, começa mais um Mundial, no Brasil, mas todos temem que as coisas se descontrolem.

Todos, menos a FIFA e o Sr. Blatter.

Ganhe quem ganhar, morra quem morrer, e mesmo que se passe uma revolução nas ruas brasileiras, a FIFA já ganhou o que havia a ganhar.

Receitas de televisão chorudas, contratos de patrocínio fantásticos, sponsors que pagam muito, e mesmo uma parte do preço dos bilhetes, tudo vai para os bolsos da FIFA.

Melhor negócio não há: as receitas são para a FIFA, os custos são para os países organizadores e para os jogadores, que são quem joga e gasta energias.

E, se alguma coisa falhar, a culpa será obviamente do Brasil, que é gente pouco dada ao trabalho, e muito duvidosa.

Os estádios atrasaram? A culpa é do Brasil.

Os aeroportos não estão preparados? A culpa é do Brasil.

Os bilhetes não esgotaram? A culpa é do Brasil.

O sr. Blatter vai apenas amealhar os milhões para a sua organização, e o resto, se correr mal, é culpa do Brasil.

E o Qatar, pergunta-se, é culpa do Brasil?

A FIFA entregou ao Qatar o Mundial de 2022, e já corre para aí muita tinta.

Ao que parece, houve dinheiro à séria a untar as mãos de quem decidiu jogar um Mundial no Verão no Qatar, com 45 graus de calor.

Culpa do Sr. Blatter? Nada disso, culpa de um comité, talvez do Platini, quem sabe do Sarkozy...

O sr. Blatter é inimputável, diz disparates, faz disparates, mas tudo continuará na mesma.

The show must go on... 

publicado por Domingos Amaral às 10:47 | link do post | comentar
Segunda-feira, 01.07.13

Grande Felipão!

Ontem, ao ver o Brasil esmagar a Espanha na final da Taça das Confederações, tive um ataque de saudades de Luiz Felipe Scolari.

Que saudades dos tempos em que a nossa seleção era um gigante nas suas mãos! Que saudades de Figo, Deco, Ricardo Carvalho, Cristiano Ronaldo, Maniche, Rui Costa. Até do Pauleta tive saudades!

Sim, eram outros tempos, mas nunca uma seleção nacional jogou tão bem e nos fez tão felizes como nos tempos de Scolari.

E agora, aí está ele de volta, a pilotar o Brasil para mais um historial de grandes feitos.

Nos últimos dez anos, desde que ele deixou a canarinha, depois de ser campeão do mundo em 2002, o Brasil era uma piada, um riso amarelo.

Grandes jogadores sempre teve, desde Ronaldinho a Kaká, passando por mais dez ou vinte que qualquer clube contrataria de olhos fechados. 

Porém, não passavam disso mesmo: de um porém, de um mas. Não convenciam ninguém.

Parece-me que o Brasil anda mal de treinadores. É um pouco como a Argentina. Maus pilotos a guiar bons carros dá nisto, desilusões atrás de desilusões.

Portanto, tiveram de ir chamar o "Sargentão", mais os seus métodos que sempre deram bons resultados nestas coisas de seleções.

E pronto, o Brasil ressuscitou, e ontem vergou a Espanha, a melhor do mundo, a tikitaka não sei quê. 

Scolari é um mestre, e quem o tenha ouvido no fim não pôde deixar de sentir saudades. Ele tem um dom para chefe de claque, e aproveitou logo a deixa para unir a pátria às chuteiras do Neymar, que pela primeira vez me convenceu que é mesmo bom.

É isso que dá ter um bom treinador: os bons passam a fantásticos e os fantásticos passam a génios!

Ou muito me engano, ou a jogar assim o Brasil vai levar tudo à frente...

publicado por Domingos Amaral às 11:55 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Sexta-feira, 21.06.13

Alguém me explica o que se passa no Brasil?

Embora tenha gostado muito de lá ir por quatro vezes, a verdade é que conheço muito mal o Brasil.

Fui um mero turista, um mero consumidor apressado de sol e mar e calor. Visitei o Rio, Salvador, Fortaleza, as praias e pouco mais, e tenho pena de me ter ficado por aí.

Tenho saudades daquilo que nunca fiz no Brasil. Alimento a fantasia de um dia destes pegar nos filhos e na Sofia e ir fazer uma grande viagem de carro, de São Luís a Porto Alegre.

Enquanto esse dia não chega, tento perceber o que se passa lendo a Veja, visitando sites brasileiro, ou espreitando os canais que por cá existem.

Ora, no presente isso não chega.

De repente, as notícias encheram-se de um Brasil diferente, um país que protesta nas ruas, como a Grécia e a Turquia, com cartazes e cânticos e lutas com a polícia de choque. 

Como um dique que rebenta, a multidão, como diz uma minha amiga brasileira, "meteu o foda-se" e saiu protestando, assobiando, culpando os poderes políticos. 

No princípio, a justificação era "o preço dos transportes públicos", foi essa a primeira narrativa. Depois, surgiu a "a indignação contra os custos dos estádios de futebol", aproveitando a Taça das Confederações.

Mas logo se deu nova metamorfose na narrativa, nascendo um "protesto geral, contra a corrupção, a imoralidade, a falta de limpeza e moral da classe política". Ou seja, uma questão de regime, de apodrecimento das instituições.

Também ouvi que a culpa era do fim da bonança económica, que bafejou o Brasil na última década, da crise que já morde as pessoas.

Li igualmente que estas manifestações eram o espelho de um "novo Brasil", onde a classe média já bramava por direitos e serviços de qualidade, como num país desenvolvido e já não como num país "em vias de". 

Porém, nenhuma destas explicações me satisfez. Tenho de de tentar perceber melhor. 

O que se está a passar naquele país onde a direita não existe há décadas, e a esquerda, desde Fernando Henrique a Lula, tão bem tem governado?

O Brasil merece que vamos além da superfície, das racionalizações apressadas de sociologia, ciência política ou economia.

É preciso percebê-lo também com o coração, não só com a cabeça e é isso que tenho de tentar.

publicado por Domingos Amaral às 10:34 | link do post | comentar | ver comentários (14)
 

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