Quinta-feira, 29.05.14

Um Casamento de Sonho: a história

É hoje o lançamento do meu novo livro, "Um Casamento de Sonho".

Espero que muitos leitores possam estar presentes, e terei o prazer de autografar todos os livros aos que o desejarem.

Mas, para aqueles que estão fora, ou que não podem ir hoje, por mil e uma razões diferentes, aqui deixo um pequeno resumo da história.

 

"Um Casamento de Sonho" é a história da minha geração, nos últimos vinte anos.

Quem não se casou um dia numa quinta, numa bela festa, onde se dançou até às tantas?

Quem não saiu à noite, não namorou, não se emocionou quando lhe nasceram os filhos?

Quem não passou por crises de amor, separações, traições, divórcios?

Quem não comprou casa, fez viagens a ilhas, quem não sofreu com a crise económica?

"Um Casamento de Sonho" é a história dos nossos namoros, dos nossos casamentos, dos nossos filhos que nasceram, das nossas ambições profissionais, da nossa forma de viver, e também a história das nossas desilusões, das nossas separações ou divórcios, dos nossos falhanços e perdas.

Sim, é a história da maneira como vivemos e amámos e fomos felizes e fomos infelizes nos últimos vinte anos, das mudanças e das modas, das manias e das novidades, mas também das políticas e das economias em que vivemos.

 

É claro que todas as personagens são inventadas, o livro não é uma autobiografia, não é a minha vida em história, nem a de ninguém em particular.

Mas, apesar de serem inventadas, estas personagens vivem o que nós vivemos, e por isso são parecidas connosco. 

Há histórias de amor muito bonitas, que acabam bem, e histórias de amor menos bonitas, que acabam mal.

E há outras histórias de amor que não acabam, e continuam a durar.

Há pessoas felizes e há pessoas perdidas, há pessoas fiéis e há pessoas infiéis, há mulheres modernas e outras menos modernas, há homens convencidos e outros mais inseguros, e depois há os que andaram por aí.

 

"Um Casamento de Sonho" é a história de um grupo de amigos, da Constança e do Leonardo, do Rafael e das suas várias namoradas, da Patrícia e do Miguel, do Guilherme e da Ana, e de como as suas ligações entre eles foram evoluindo ao longo de vinte anos, passando por crises, reconciliações ou afastamentos.

É a história de amigos que se zangaram, que se traíram, mas também de amigos que foram leais sempre e nunca abandonaram os seus amigos.

É igualmente a história das suas famílias, pais, irmãos, tios e tias, e do quanto as famílias são essenciais para se compreender a maneira de ser e o estilo de vida dos portugueses.

 

Mas, "Um Casamento de Sonho" é também a história recente de Portugal, da sua política e do seu desencanto, e da sua economia com as suas ilusões e desilusões.

É a história de como a economia condiciona a vida das pessoas.

Quando na economia nascem dívidas, no amor nascem dúvidas, e muitos conflitos surgem.

Os afectos não são imunes às crises, nem aos momentos bons.

Quando tudo corria bem, era fácil ter um casamento feliz, mas será assim quando tudo na vida nos corre mal, e à nossa volta há uma crise brutal?

É sobre tudo isso o meu livro, mas é sobretudo uma história de amor e amizade, ou melhor dizendo, de vários amores e de várias amizades.  

publicado por Domingos Amaral às 10:45 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Sexta-feira, 20.09.13

O amor incondicional causa muita estranheza

Eu não conseguia acreditar, quando me contaram. Aliás, ninguém conseguia acreditar.

Como é possível uma pessoa ser traída, enganada, abandonada, substituída por outra pessoa, e ainda continuar a amar?

E como é possível que, quando se dá o reencontro, ainda se seja capaz de suportar as dúvidas da outra pessoa na hora do regresso?

Sim, é possível, por mais que isso nos possa causar uma enorme confusão.

Uma pessoa descobre que o seu amor a anda a trair com outra pessoa, e sofre.

Uma pessoa descobre que o seu amor não só a anda a trair, com está mesmo apaixonada. 

Uma pessoa descobre que a pessoa que a anda a trair vai sair de casa, acabar com o casamento, porque quer ir viver com o seu novo amor.

Uma pessoa passa por isso tudo, a discussão sobre a custódia dos filhos, a saída da outra pessoa da sua vida, a solidão magoada.

Uma pessoa sente-se abandonada, e substituída. 

Uma pessoa, apesar disso tudo, continua a amar, e continua a tentar convencer a outra a voltar, coisa que a outra pessoa não faz.

Não pensa em partir para outra, não tem namoros importantes, não se apaixona por nenhuma outra pessoa que pudesse aliviar a ferida que ficou.

Uma pessoa vive um ano, dois, três, o tempo que for preciso, à espera que a outra relação, na outra casa, falhe.

E então isso dá-se, e cresce finalmente uma esperança. 

Mas, (há sempre um mas em todas as histórias de amor), a pessoa que um dia partiu, viu a sua nova relação falhar não porque tenha deixado de amar, mas porque a deixaram de amar a ela.

Ou seja, volta ao primeiro amor porque foi rejeitada pelo segundo, mas no fundo é esse que queria.

Por isso tem dúvidas.

E a primeira pessoa suporta essas dúvidas, compreende-as, aceita-as, e está disposta a esperar.

Não se importa de ter sido despromivida um dia, de primeiro amor para segundo. E também não se importa de continuar segundo.

Espera, espera sempre, e sempre ama, mesmo depois de todas as traições, enganos e falhas, continua apaixonada por ela.

Será isto o amor incondicional?

Ou será apenas uma submissão, uma terrível falta de autoestima, uma pessoa sem carácter, invertebrada, que engole tudo e nada exige?

Nos nossos dias, valoriza-se o orgulho, a guerrilha, a retaliação, a estratégia manhosa, e ninguém aceita "sair por baixo", todos querem "sair por cima".

Na dúvida, mais vale a sacanagem, pois ninguém confia muito em ninguém.

E ninguém perdoa.

Mas, há gente diferente. Há corações que perdoam tudo, aceitam tudo, amam sempre.

Quanto mais me magoas mais gosto de ti, será isso? 

É tão difícil de compreender quem ama assim, dessa forma perigosa, mas absolutamente límpida e honesta. 

publicado por Domingos Amaral às 10:20 | link do post | comentar | ver comentários (3)
Quarta-feira, 06.02.13

O amor é um estado de alarme

O amor alarma-nos, mesmo depois de acabar. Ficamos sempre aflitos quando vemos alguém que um dia amámos, nervosos, independentemente do tempo que já passou desde o fim desse amor.

Há quem comece a suar das mãos, ou debaixo dos braços, quem lhe trema os joelhos ou lhe doa a barriga, e quem finja que não sente nada, que é cool e não sofre disso, mas é mentira.

Aquela pessoa foi importante para nós, amámo-la um dia, demos as mãos, abrimos os braços à espera dela, e isso deixa marcas, não se apaga. Se mesmo quando o amor é correspondido as pessoas ficam aflitas, imagine-se quando já não é, e só existem memórias do passado, para nos perturbar.

Foi o que aconteceu com aqueles dois. Tinham passado talvez quatro anos desde o dia em que o amor deles tinha acabado e cruzaram-se por acaso, no Chiado. Ele tinha ido à FNAC, ela ao Santini, e encontraram-se na rua, no meio de uma azáfama permanente de gente que entrava e saía das lojas.

Ela começou a suar, e ele sentiu um nó na garganta. Deram um beijo à pressa, fizeram aquelas perguntas da praxe que se fazem nestas alturas, o "tudo bem?" e essas coisas, mas por dentro estavam perturbados.

O amor deles tinha sido intenso, aventureiro, cheio de cama e idas ao cinema, jantares à luz das velas e essas coisas românticas que ninguém esquece mas que não decidem nada de importante. Foi bom enquanto durou, mas não durou muito. 

Ele não sabe bem porquê, acha-a gira, gosta da conversa dela, do nariz arrebitado, da suavidade da voz, das pestanas e das sobrancelhas dela. Ela sabe porque é que aquilo acabou, mas isso não a faz sentir melhor. Sente-se triste por um segundo, como se tivesse perdido a melhor coisa do mundo, como se as outras é que tivessem tido sorte.

Vão falando, sem dizer nada de importante, e continuam incomodados. Depois despedem-se, e nesse dia à noite contam mentiras aos amigos e às amigas, dizem que se cruzaram no Chiado e que o outro é que estava nervossímo, e nunca irão reconhecer que ficaram alarmados por dentro, por uns minutos.

Já não amam, já não se podem amar, há outras pessoas mais importantes nas suas vidas, mas continuam alarmados quando se vêm, e assim continuarão para sempre, porque o amor alarma sempre, mesmo quando já passou muito tempo desde que acabou. 

Cruzarmo-nos com os amores do passado nem sempre é um perigo para os nossos amores do presente, mas é sempre um perigo para o nosso coração, e sobretudo para o nosso sistema nervoso. Porém, há quem finja que não. 

publicado por Domingos Amaral às 09:50 | link do post | comentar
 

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