E a guerra a aproximar-se...
Por vezes, o impensável acontece, e normalmente é logo depois de acontecer o impossível.
Há dois meses, ninguém imaginava possível uma invasão da Crimeia pelas tropas russas.
As pessoas sabiam que a situação na Ucrânia não era fácil, que havia muita revolta, e uma divisão profunda do país entre os pró-russos e os pró-Europa.
Admitia-se turbulência e alta tensão, mas não se julgava possível muito mais do que isso.
Mas, dia a dia, a situação foi resvalando.
Primeiro, subiram de nível os confrontos em Kiev.
Temeu-se nessa altura a guerra cívil, que passou de impossível a imaginável em semanas.
O Presidente ucraniano fugiu, e sentiu-se alívio a Ocidente: as coisas iam entrar nos eixos, em breve haveria eleições na Ucrânia, os maus tinham perdido.
Não foi isso que aconteceu, infelizmente.
As forças russas começaram a movimentar-se, junto às fronteiras da Ucrânia, e a situação começou a agravar-se.
Aquilo que há meses era um impossível, a invasão da Crimeia, acabou por acontecer, e bem mais depressa do que o mundo esperava.
E agora estamos num local perigossímo, num abismo europeu, com a Rússia a ameaçar o Ocidente, aliada à China.
Aquilo que há dois meses seria impensável, uma situação de conflito quase militar entre Ocidente e Rússia, já mudou de carácter, e agora parece apenas impossível.
É sempre assim, o impensável passa a impossível, o impossível passa a possível, e em apenas algumas semanas o que era impensável passou a ser...possível.
Por mais que a todos nós seja absurda a ideia de uma guerra com a Rússia, as engrenagens da guerra já começaram a mexer-se, e ninguém pode dar certezas de nada.
Quem sabe se Obama, Merkel e Cameron não estarão, daqui a meses, a braços com um conflito armado em plena Europa, enfrentando um Putin cada vez mais ambicioso?
Seria uma tragédia colossal, mas deixou de ser uma tragédia impensável no espaço de semanas...