Sexta-feira, 30.11.12

Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?

Já está à venda nas livrarias o meu primeiro livro sobre economia e futebol! Chama-se "Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?" e é uma análise económica e financeira dos últimos 11 anos do futebol português.

A principal conclusão deste vosso amigo benfiquista e economista é a de que "Quem Paga Mais, Ganha Mais". Ou seja, quem gasta mais em salários dos jogadores e treinadores é normalmente campeão.

Esta regra verifica-se em nove anos dos últimos onze, incluindo no ano que o Benfica foi campeão, treinado por Jorge Jesus. Nessa época, em 2009-2010, o Benfica foi o clube que mais gastou em salários, e por isso foi campeão. Foi a única vez em onze anos que o Benfica ultrapassou o FC Porto na despesa em salários, e pelos vistos valeu a pena, pois no final festejou e bem.

Nos outros anos, quem gasta mais é quase sempre o FC Porto, e essa é a principal razão que explica que, só na última década, o FC Porto tenha vencido oito dos dez campeonatos.

Quem pensar que a arbitragem explica as vitórias em campeonatos está redondamente enganado, e não é só em Portugal que a regra do "Quem Paga Mais, Ganha Mais" se verifica. Também é quase sempre assim em Inglaterra (o campeão, Manchester City, foi o que mais gastou em salários), em Espanha (foi o Real) ou na maioria dos outros países.

Não sendo uma regra infalível, os salários mais elevados explicam a maior capacidade de vitórias dos clubes, cujo modelo de negócio eu examino neste livro. Para vencer muitas vezes, os clubes têm de saber gerir muito bem o seu plantel. Há três princípios essenciais: comprar bem, pagar bem e vender bem.

Na última década, em Portugal foi o FC Porto que melhor aplicou estes princípios, e por isso vence mais vezes. É certo que o Benfica já consegue fazer muita coisa bem feita, nomeadamente vender bem, mas ainda falha nas compras de jogadores (Roberto, Emerson, e mais uns quantos brasileiros onde se gastaram milhões sem retorno), e não paga tão bem ao seu plantel.

Além disto, no meu livro falo também sobre o mercado das receitas televisivas nacionais, controlado pela Olivedesportos, e quanto ele prejudica os clubes nacionais, em especial o Benfica.

Termino com uma análise ao buraco negro das enormes dívidas que todos os clubes portugueses têm, e quanto essas dívidas os vão limitar nos próximos anos, pois a UEFA irá colocar em prática as suas novas regras de "fair play" financeiro, que impedem os clubes de ter prejuízos em três anos seguidos, colocando em risco a participação dos clubes portugueses nas provas europeias.   

publicado por Domingos Amaral às 12:54 | link do post | comentar | ver comentários (11)
Quinta-feira, 29.11.12

Os mortos-vivos de Passos Coelho

A frase que mais me impressionou, na entrevista de Passos Coelho ontem à TVI, foi quando ele disse que "vamos sair disto vivos!" É uma revelação deveras impressionante, porque admite a possbilidade, ou o perigo, de "morrermos". Frases destas são normalmente ouvidas na boca de comandantes de navios, ou de tropas militares, ou de companhias cercadas pelos inimigos. Quando a desesperança aumenta, há sempre um chefe mais optimista e vivaço, que tenta animar as hostes com estas proclamações na certeza da sobrevivência.

Que Portugal tenha chegado a este ponto é que é grave. Quando um primeiro-ministro, para convencer o país, nos tem de prometer que vamos "viver", é porque já tudo cai à sua volta e quase só ele ainda acredita que tudo vai correr bem. Vivos? Vamos sair disto vivos? Talvez a expressão mais correcta fosse mortos-vivos, pois é isso que está a acontecer à nossa economia, tal como aconteceu à da Grécia.

O desemprego altíssimo, a falência de muitas de empresas, os bancos que não podem nem querem dar crédito, a terrível sensação de que só lá fora é que há oportunidades, a falta de confiança no futuro, transformaram Portugal num território de "zombies". Dead Men Walking, seres sem grande crença no dia de amanhã, que se arrastam penosamente, à espera ninguém sabe bem de quê.

Antigamente, na Idade Média, os reis e os nobres mandavam matar quem tinha divídas, cortando-lhes as cabeças. Hoje, cortam-nos os sonhos, os projectos de futuro, decapitam-nos as ideias, dizendo que 2013 vai ser terrível, 2014 também, e quem sabe lá para 2045 estaremos salvos. Ou vivos, como ele diz.  

publicado por Domingos Amaral às 18:41 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Uma casa dá tanto trabalho...

Uma casa dá tanto trabalho. É a porta para o terraço que está perra e não quer fechar; o cano do lavatório da cozinha que tem de levar com um gel desentupidor, dia sim dia não, para não se encher de calcário; os brinquedos das crianças espalhados pela sala todas as noites; a porta do frigorífico cujas dobradiças tiveram de ser substituídas; o tapete da sala que estava velho, sujo e cheirava mal; a torneira do bidé que se estragou; o cão que patanha o chão sempre que chove em Lisboa; a box da televisão que se desliga sem ninguém lhe tocar; o estore de um quarto que bloqueou e o estore de outro quarto que ameaça bloquear; o cesto da roupa suja que está gasto pelo tempo; o canudo do rolo de papel higiénico que espera ser trocado por um novo rolo; uma rede pendurada no tecto de um quarto que acabou de ceder e tem de voltar a ser pendurada; o pêlo dos cães que se esconde nos cantos das assoalhadas, como um bandido fugido da prisão que evita ser apanhado; os posters colados nas paredes que estão rasgados e feios; as cortinas da sala que estão a precisar de ser lavadas; os livros para os quais já não há espaço nas prateleiras e têm de ser deitados por cima dos outros; o comando da garagem que necessita de trocar a pilha; a lenha que ainda não foi encomendada apesar de o frio já ter aparecido; a máquina de lavar a loiça que desatou a produzir estranhos barulhos ao ser ligada num programa qualquer; as facas que deviam de ser afiadas; os tupperwares que já não cabem no seu local no armário e caem, sempre em grupo, talvez por solidariedade; as ervas daninhas que crescem impunemente nos canteiros do terraço; as camas dos cães que eles, num acesso de brincadeira irracional, acabaram de destruir à dentada; o despertador de uma criança que toca a estranhas horas e precisa de ser reprogramado; a lista de supermercado onde falta sempre alguma coisa; a televisão que avariou com uma trovoada; as gavetas da mesinha de cabeceira que estão atolhadas de inutilidades que nunca usamos. Uma casa dá tanto trabalho...Contudo ontem, ao pensar nisto, adormeci feliz. 

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Quarta-feira, 28.11.12

O euro e a reputação de Portugal

Daqui a cinquenta anos, quando os historiadores olharem para as estatísticas do início do século XXI, vão ser difíceis de perceber os benefícios da entrada de Portugal no euro. À medida que o tempo for passando, e os efeitos da ilusão monetária em que o país viveu se dissiparem, a imagem nítida que vai aparecer é a de que a adesão à moeda única prejudicou muito Portugal.

Em 2012 e comparando com 1998, último ano do escudo, quase tudo está pior. O desemprego em 2012 é muito superior, a carga fiscal em 2012 é muito superior, o endividamento privado é muito superior, o deficit orçamental do Estado é mais alto, a dívida pública é muito mais alta, o desequilíbrio da balança comercial ou da de capitais são muito superiores ao que eram em 1998. E, claro, o crescimento económico de Portugal desde que entrou no euro é bem menor do que o das décadas anteriores, quando ainda tínhamos escudo. 

Quinze anos depois, Portugal só desceram a inflação e as taxas de juro, ambas menores do que antes. O euro desinflacionou a nossa economia, mas o preço que pagámos foi altíssimo. Nem as finanças públicas se equilibraram, nem as privadas melhoraram, nem a moeda única trouxe crescimento económico para novos sectores, enquanto os tradicionais sofriam e alguns quase desapareciam, como a agricultura e muita indústria.

Mais grave do que isso, é que o euro colocou em causa a reputação de Portugal nos mercados internacionais. Durante todo o século XX, Portugal não entrou em bancarrota nem uma única vez! Nem a confusão da República, nem Salazar, nem o 25 de Abril causaram tantos transtornos ao país como o euro. 

No século XIX, tínhamos sofrido crises dessas por seis vezes, mas a última fora em 1890, e não mais o país sofrera um problema grave de dívida externa, ao contrário por exemplo da Grécia, que teve uma bancarrota em 1932, ou mesmo da Alemanha, que teve duas bancarrotas, em 1932 e 1939.

As crises de inflação em Portugal também foram poucas em 100 anos, e nunca tivemos nenhum surto de hiperinflação, ao contrário por exemplo da Grécia, em 1922 e 1923, ou da Alemanha, em 1920 e 1923.

E ainda mais impressionante é o nosso registo perfeito no que toca a crises bancárias. Até 2008, Portugal era a única economia avançada que não tivera uma única crise bancária grave desde a Segunda Guerra Mundial! Apesar de termos tido duas crises de balança de pagamentos, em 1976-77 e em 1983-84, nenhuma delas foi suficientemente grave para manchar a nossa reputação internacional, que o euro em pouco mais de 10 anos colocou em risco. 

Em 2011, o resgate internacional a Portugal, executado pela "troika", mostrou com dureza que o euro debilitou Portugal, ao ponto de o país ter de se retirar dos mercados internacionais, coisa que nunca lhe acontecera desde 1890! Além disso, deram-se vários colapsos bancários. Faliram rotundamente o BPP e o BPN, e mesmo o BCP, o BPI e a Caixa Geral de Depósitos tiveram de ser resgatados pela "troika", pois corriam o risco de se afundarem.

A liberalização financeira, a liberdade de movimentação de capitais e as descidas abruptas da taxa de juro, trazidas pelo euro, foram uma cocaína perigosa para Portugal, e produziram uma grave crise que vai durar várias décadas a corrigir. Algo correu mesmo muito mal, para um país tão cumpridor e tão estável nas suas finanças, como Portugal foi durante mais de cem anos, acabar como está.

E, para quem acha que fomos os únicos, convém dizer que não fomos. Itália, Espanha, Grécia, Irlanda, e mesmo Áustria ou Chipre, estão parecidos. O que me leva a pensar que o problema talvez não esteja em nós, mas sim no euro, uma união monetária tão imperfeita que se transformou numa armadilha perigosa.  

publicado por Domingos Amaral às 11:47 | link do post | comentar
Terça-feira, 27.11.12

A falência da Grécia salvou a Grécia!

A Grécia faliu, mas felizmente nada de muito grave aconteceu, pelo contrário, a falência da Grécia salvou o país. Ontem à noite, a Europa decidiu finalmente reconhecer o óbvio, e ajudar a Grécia a sair do caos onde se encontra. A dívida grega, insustentável, vai agora poder ser paga em muito mais tempo, e as taxas de juro exigidas vão baixar. Além disso, é muito provável que seja necessário que a "troika" perdoe cerca de 50 por cento do dinheiro que emprestou à Grécia, libertando o país desse fardo.

Era a única hipótese, a Grécia falir dentro do euro, a Europa ser solidária, os credores públicos e europeus aceitarem as perdas, e todos perceberem finalmente que a austeridade exagerada que se exigiu à economia grega não resolveu nada, pelo contrário, só piorou a situação.

Os grandes derrotados de ontem são a Alemanha da Sra Merkel e do Sr. Schauble, que tudo fizeram em três anos para impor a austeridade, e que agora foram obrigados a engolir a derrota da sua estratégia e das suas políticas. Com a austeridade, perderam todos, devedores e credores. Os devedores ficaram com a economia de rastos, e os credores nunca viram o seu dinheiro devolvido. A falta de solidariedade alemã, a austeridade fanática que impuseram aos gregos, levou ao caos e à quase destruição da Grécia, mas três anos depois os restantes europeus obrigaram a Alemanha a tomar juízo. 

Agora, chegou o tempo da solidariedade, da partilha de perdas entre credores e devedores. Finalmente, reconheceu-se que existe muita responsabilidade também dos credores, e que não se resolve nada atirando com os devedores para uma crise económica, pois isso ainda os impossibilita mais de pagar as suas dívidas. Finalmente, a Europa tomou juízo, e deu passos importantes para resolver esta armadilha que criou a si própria.

Infelizmente para Portugal, os efeitos positivos das decisões de ontem chegaram tarde demais. Em 2013, à conta das ideias do ministro Gaspar, a recessão vai continuar por cá, com cada vez mais desemprego e cada vez mais deficits. Será infelizmente uma austeridade totalmente inútil, pois se Portugal em vez de esmagar a economia começasse já amanhã a renegociar a dívida, sairia muito mais depressa deste inferno em que está.

Assim, o ministro Gaspar é adorado pelos alemães, e nós lixamo-nos, e daqui a um ano o país estará a fazer o mesmo que a Grécia, e a "troika" vai dizer que os credores serão obrigados a perdoar-nos as dívidas, e a pergunta que fica é: para quê perder um ano? O melhor economista europeu, Paul de Grauwe, esteve ontem em Portugal, e aconselhou o seu amigo Vítor Gaspar a "não exagerar na austeridade". Infelizmente, Vítor Gaspar não ouve ninguém, nem os seus amigos, e com ele a situação do país não vai melhorar.

 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:34 | link do post | comentar
Segunda-feira, 26.11.12

A Europa comparada com a América

No presente, a Europa discute mais um orçamento de austeridade geral, imposta pelos países do Norte aos países do Sul. Enquanto isso, na América, Obama vai tentar negociar com os republicanos um novo acordo que evite a austeridade, ou o chamado "fiscal cliff", um precipício de cortes na despesa e aumentos de impostos, que poderia lançar o país numa nova recessão.

Com o Atlântico pelo meio, os dois caminhos não podiam estar mais afastados um do outro, e os resultados, naturalmente, são bem diferentes. Depois de tanto América como Europa terem reagido à crise financeira de 2008 ajudando os bancos e prevenindo um colapso, os caminhos começaram a divergir. A partir de 2009, Obama escolheu aumentar a despesa do Estado, usar o investimento público, e tentar sair da crise assim, aumentando o emprego e evitando o desemprego. Também o banco central americano, o FED, usou políticas monetárias expansivas, e além das descidas da taxa de juro, praticou o chamado "quantitative easing", aumentando a oferta de moeda. 

Já a Europa, com Merkel à cabeça a tocar as cornetas, lançou-se numa cruzada austeritária, impondo grandes sacrifícios, aumentos de impostos e cortes na despesa, para diminuir as dívidas dos países do Sul. Além disso, a Europa impôs a si mesma um novo tratado orçamental, proibindo terminantemente os deficits, através da regra dourada da disciplina orçamental. E embora o Banco Central Europeu tenha mantido as taxas de juro baixas, nunca os alemães permitiram que houvesse mais expansão monetária, com receio de uma inflação que é uma ameaça fantasma, pois não existe em lado nenhum.

Os resultados estão à vista: a América já saiu da recessão, o crescimento existe, e o desemprego desceu. Na Europa, a recessão espalha-se e a crise afunda as economias, e o desemprego, em quase todos os países, não para de aumentar. Os fanáticos da austeridade deviam pensar nisto, mas pelos vistos a ideologia cega as pessoas.

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Sexta-feira, 23.11.12

Quem é o G do ponto G?

A maior parte das pessoas já ouviu falar do ponto G, mas são poucas as que sabem porque se chama G, de onde provém o G. Com esta afirmação, eu não me pretendo armar em bom, e reconheço já que até há poucos minutos atrás também não sabia nada disso. Mas, agora já sei.

A razão porque se chama ponto G é porque o nome foi dado por um homem, e obviamente foi necessário visitar todos os outros pontos femininos, com muito experimentalismo, começando pelo A e indo até ao F, e depois continuando pelo H até ao Z, para no final decidir que aquele ponto que interessava mesmo a todos, homens e mulheres, ficava ali a meio do abecedário, e portanto foi baptizado de G.

Onde fica o ponto G, todos os homens sabem, a cerca de cinco centímetros de profundidade, e ligeiramente para cima. É aliás certamente por isso que os homens têm um excelente sentido de orientação, andam há séculos à procura destas coisas, e sabem pensar em termos abstratos.

Mas a questão principal não é onde fica, nem o que acontece no ponto G, isso todos sabem, mas porque se chamou G. Pois bem, por causa de um ginecologista alemão, chamado Ernst Grafenberg, e daí o G, e que devia ser considerado com muita justiça uma espécie de Pedro Álvares Cabral ou Vasco da Gama da exploração anatómica subterrânea.

Depois de muito estudo, o senhor Grafenberg concluiu que aquele montinho especial era responsável por milhões de anos de loucuras e alegrias, além de ter concluído também que se fosse bem estimulado pelo menos uma vez por semana, se evitavam doenças na pele das mulheres, bem como problemas de diabetes e do coração. Bem, quanto à pele, não sei não, as mulheres tratam tanto da pele que se calhar isso não é assim uma verdade tão forte. O mesmo se passa com os diabetes. Já com o coração, tenho a certeza que é verdade. Estimular o ponto G uma vez por semana, faz muito bem ao coração de todos. 

publicado por Domingos Amaral às 12:16 | link do post | comentar
Quinta-feira, 22.11.12

Portugal está bem, os portugueses estão mal!

Nos últimos meses, verifiquei uma estranha esquizofrenia linguística no país, que passo a descrever. Quem ouça os políticos a falar, nota que há uma entidade chamada "Portugal" e há outra entidade chamada "os portugueses", e são coisas completamente diferentes, que pouco têm a ver uma com a outra.

Uma pessoa escuta o ministro Vítor Gaspar, o seu congénere alemão Schauble, a senhora Merkel, o Passos Coelho, ou o Selassie do FMI, e todos dizem, com indisfarçável orgulho, que "Portugal" é um exemplo, um caso de sucesso, e a sua recuperação é "extraordinária". Porém, os mesmos personagens reconhecem que "os portugueses" estão a viver dificuldades, que sofrem muito, que o desemprego dos "portugueses" é alto.

Então em que é que ficamos? Há uma distinção entre "Portugal" e os "portugueses"? Será que existem outros países chamados "Portugal" que eu não conheça? Será que os "portugueses" a quem eles se referem não somos nós?

Nada disso. A verdade é que existe uma entidade abstrata, chamada "Portugal". É apenas um nome, um item da alta finança, uma alínea de um programa de computador, e essa entidade está bem e recomenda-se. Os seus juros desceram e o seu ajustamento prossegue a velocidade de cruzeiro. "Portugal", enquanto marca financeira, está um brinquinho, todo ele lustroso e polido pela esfregadela que já levou. Não há qualquer problema com "Portugal", a não ser os problemas que os outros países nos podem trazer, os chamados "riscos", golpes feitos por mãos cruéis e que nos ameaçam tirar o brilho.

Além disso, existe depois outra entidade, mais concreta, chamada "os portugueses". Esses estão mal, pois infelizmente têm o azar de viver no mesmo local onde existe a tal entidade abstrata chamada "Portugal". Eles que não pensem é que existe qualquer contradição entre as duas coisas, é perfeitamente possível acontecer esta dualidade. O que verdadeiramente importa é "Portugal", e não "os portugueses". Esses, podem viver pior, mas desde que "Portugal" esteja bem, a coisa é perfeitamente suportável. 

Continuam confusos depois deste post? Eu também, pois pensava que Portugal e os portugueses eram uma e a mesma coisa, mas estava enganado. São entidades separadas, diferentes, e portanto não há qualquer impossibilidade teórica de terem destinos diferentes.  

publicado por Domingos Amaral às 11:36 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Ser um homem inseguro é bom?

Não há característica masculina mais desprezada do que a insegurança. Ninguém gosta de homens inseguros. Nem os homens do tipo macho-alfa (dominadores e mulherengos), que acham que os inseguros são uns desatinados, com problemas no cérebro e provavelmente noutros locais. Nem as mulheres, as marotas ou as mais serenas, pois todas detestam homens que não saibam o que querem e que vivam angustiados. 

Os homens inseguros são como as bolotas, nem para comer servem. As mulheres fogem deles a sete pés, pois se a ideia é prazer, preferem os machos-alfa, e se a ideia é futuro nesse caso anseiam por segurança, e preferem a solidez de uma rocha à duvidosa consistência de uma bolota, que por fora parece escorregadia e por dentro misteriosamente enjoativa. 

Contudo, não há maior engano do que este. Ao contrário das convicções sociais do presente, a sociobiologia defende que ser inseguro é bom, além de ser inevitável. Pode ser uma chatice, para o próprio e para a sua mulher ou namorada, mas ser inseguro está na genética masculina. A insegurança do macho é a manifestação visível, embora desagradável, da sua preocupação com os filhos.

Os homens inseguros são-no porque querem garantir que os filhos são dele, e não de outro, normalmente um macho-alfa. Daí a vigilância, as perguntas permanentes, a ciumeira. Há milhões de anos que é assim e não vai mudar, mas é assim porque os homens nunca têm a certeza da sua eficácia como progenitores. Se o soubessem, seriam diferentes, e não chateavam ninguém. Mas como não sabem, mais vale andarem à coca, não vá um pirata qualquer conseguir seduzir a cara metade deles, engravidá-la e depois pirar-se, enquanto o desgraçado do marido alimenta os filhos pela vida fora.

Nós homens, fomos programados para ser inseguros, a nossa genética não permite outra coisa. Podemos fazer de conta, e uns são mais hábeis que outros a esconder essa fraqueza. Mas, lá bem no fundo, não há nenhum que não sinta uma campaínha de alarme a tocar quando vê a sua mulher a catrapiscar outro macho. E ainda bem. 

Até porque, cientificamente está provado que os homens inseguros produzem mais espermatozoides. Sim, é verdade. A insegurança é a alimentação de um gerador de potenciais bebés. Quando estão inseguros, os homens produzem mais esperma, tal é o receio de serem enganados. Um estudo científico provou que, quando as mulheres viajam muito, a produção de esperma dos maridos aumenta, para que quando ela chegue a casa eles a possam inundar com o seu líquido do amor. Isto é mesmo verdade, não fui eu que inventei. 

Portanto, a insegurança não devia ser desprezada, mas sim incentivada, em especial nesta época em que Portugal faz tão poucos filhos. Não tenham receio da insegurança, ela produz bebés! E muitos. Pode ser pouco "cool", e ser uma incómoda dor de cabeça para as mulheres, principalmente para as mais marotas, que gostam sempre de ter homens à roda. Mas, a verdade é que a insegurança masculina é um imperativo genético. Fazer de conta que ela não existe, pode ajudar a viver mais à vontade, mas não altera o essencial.

Assim, as mulheres devem escolher homens mais inseguros para casar e para procriar. Se quiserem só mandar umas quecas, qualquer macho serve. Mas, para andar anos a tratar dos rebentos, mais vale um inseguro na mão do que três ou quatro machos-alfa a voar!

publicado por Domingos Amaral às 10:55 | link do post | comentar
Quarta-feira, 21.11.12

Que bom é ver o Benfica jogar assim!

Ontem, fui mais uma vez ao Estádio da Luz, ver o Benfica-Celtic, com o meu filho Duarte, e saímos de lá bem contentes. O Benfica jogou muito bem, em especial na segunda parte, e massacrou o Celtic, e 2-1 no final até soube a pouco. Podiam ter sido 4 ou 5, tal o número de oportunidades criadas. Lima, Salvio, Cardozo, Luisão e mesmo Matic, quase marcavam, e mais importante que isso a equipa jogou um futebol entusiasmante, confirmando que está a subir de forma.

Pena o golo do Celtic, numa jogada muito esperta, em que um avançado escocês bloqueia Artur e o impede de saltar, sem falta, permitindo que o outro marque golo. Há que aprender com estes erros e estes truques, talvez um dia sejamos nós a beneficiar deles.

E agora, resta ganhar em Nou Camp. É evidente que não vai ser fácil. O Celtic joga em casa com o Spartak, tem grandes probabilidades de vencer, e isso obriga o Benfica a ganhar ao Barcelona, o que dito assim parece possível, mas na verdade é uma empreitada duríssima.

O Barça raramente perde em casa, mas se nós não tentarmos não vamos conseguir. A parte boa é que o Benfica tem uma estratégia clara, e isso ajuda a clarificar as ideias. Odeio aqueles jogos em há várias estratégias possíveis - podemos empatar, podemos ganhar e às vezes até perder - pois isso confunde os jogadores e o treinador. Assim é trigo limpo, farinha amparo, ou ganhamos ou vamos para a Liga Europa de certezinha.

De qualquer forma, o Benfica está a melhorar. Em 15 jogos oficiais - 8 para o campeonato, 2 para a Taça de Portugal e 5 para a Champions - colecciona 10 vitórias, 3 empates e 2 derrotas, o que dá uma percentagem de vitórias de 76,6 por cento. No início de Outubro, há pouco mais de um mês, a percentagem de vitórias era de 68,75 por cento, e portanto vamos no bom caminho.

Também nos golos estamos melhor. Marcámos nas três competições 34 golos, o que dá uma média de 2,26 por jogo, e sofremos 11 golos, uma média de 0,73 por jogo. Melhorámos ambas as médias em relação ao início de Outubro, que eram respectivamente de 2 e 1 golo por jogo. Só espero que esta tendência de se mantenha.

publicado por Domingos Amaral às 12:26 | link do post | comentar
 

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