Segunda-feira, 16.11.15

O Médio Oriente é uma esquizofrenia geral, mas criminosos são criminosos

Logo após os atentados de Paris, muitos foram os que não tiveram dúvidas.

A culpa disto tudo é de George W. Bush e da intervenção no Iraque, que lançou a região no caos.

Se fosse tão fácil de explicar, seria simples, mas não é.

Se há coisa que não falta no Médio Oriente são culpados, existem para todos os gostos.

 

Quem começou tudo? Foi o Xá da Pérsia ou o Khomeni? Foi o Saddam ou o Ben Laden? Foi o Bush ou o Arafat? Foi Israel ou o Assad?

Não há maneira de encontrar um rasto de lógica em quase nada, no Médio Oriente. 

A balbúrdia dura há seculos e ninguém tem as mãos limpas.

A esquerda adora culpar a América e Israel, e ninguém no seu juízo perfeito pode contestar que ambos têm muitas culpas. Porém, não são os únicos.  

 

A culpa é de Bush? Sim, mas também é da Al-Qaeda e dos iraquianos, dos xiitas e dos sunitas, do Irão e da Rússia, de Assad e das milícias sírias em revolta.

Culpados são os curdos e a Turquia, os mujahedins e os taliban, os egípcios e os líbios, os israelitas e os palestinianos, o Qatar e a Arábia Saudita, a França e a Inglaterra, o Hamas e o Hezbolhah, e por aí fora.

Arranjem-me um país inocente na região, uma potência local que tenha as mãos limpas, um grande país mundial que nunca lá tenha metido o bedelho!

 

Se há coisa certa no Médio Oriente é que aquilo é uma esquizofrenia absoluta, onde os amigos de hoje são os inimigos de amanhã e onde todos já apoiaram, de uma forma ou de outra, as matanças cíclicas da região.

Quem queira culpar uns mais que os outros, pode ficar a sentir-se muito bem, mas não acrescenta nada.

 

Desta vez há porém algo novo: o Estado Islâmico, ou ISIS, ou Daesh, ou lá como se chama a coisa, tem características especiais de selvajaria e não tem comparação fácil.

As atrocidades que esse movimento tem cometido no Iraque e na Síria são inimagináveis.

Ainda a semana passada ouviram-se notícias do fuzilamento de centenas de crianças, a sangue-frio.

O nível de brutalidade deste movimento é único e infelizmente é por isso que ele se tornou tão forte e tão popular entre os seguidores.

 

Para nós, europeus e ocidentais, é difícil de compreender que existam pessoas que sonham com o califado, que adoram cortar cabeças e matar gente, e que desejam destruir a civilização ocidental.

Mas elas existem e passeiam-se nas ruas de Paris de Kalashnikov aos tiros.

Estão dispostos a tudo, são criminosos treinados para matar e não vão parar.

 

É essencial que a Europa perceba que está perante um movimento bárbaro, que junta o regresso à violência medieval com as novas tecnologias e armas do século XXI.

Perante tal ferocidade, não podemos continuar a fazer de conta que os terroristas podem circular livremente, entrar e sair pelas fronteiras europeias e nada lhes acontece.

 

Se há coisa que me causa perplexidade é essa: como é que a Europa permite que voltem a entrar pelas suas fronteiras homens que vão à Síria, ao Iraque, ao Iemen, à Líbia, fazerem cursos de pós-graduação em terrorismo?

A complacência e a tolerância com estes selvagens tem de acabar.

Se perseguimos pedófilos, traficantes e serial killers, porque é que deixamos a porta aberta para terroristas? 

São criminosos e é como criminosos que têm de ser tratados.

 

O resto é conversa.

A culpa do Bush, a vaga de refugiados, a má integração dos imigrantes, a guerra da Argélia, a crise económica da Europa, os bairros da periferia de Paris, é tudo muito interessante para nos entretermos em longos debates, mas não muda o essencial.

Crime é crime, assassinos são assassinos, e são eles que têm de ser combatidos e impedidos.

 

publicado por Domingos Amaral às 11:24 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Terça-feira, 10.11.15

Ainda se lembram do "que se lixem as eleições" de Passos Coelho?

Com a sua célebre frase "Que se lixem as eleições", Passos pretendia demonstrar que o interesse nacional estava acima dos seus cálculos eleitorais.

Contudo, se fosse um político com mais experiência, que Passos não tinha quando chegou ao Governo, ele teria farejado o perigo.

 

As políticas económicas e financeiras de um Governo, sejam elas quais forem, têm sempre consequências políticas.

Uma coisa é a economia teórica, outra a economia política.

 

Durante quatro anos, Passos desprezou tais consequências, enquanto aplicava com crença a sua "austeridade expansionista". 

É falso ele vir dizer agora que "a austeridade era uma necessidade e não uma escolha ideológica".

A austeridade violenta que Passos aplicou foi uma escolha dele e de Vítor Gaspar, a que a "troika" deu a benção.

 

Muitos, desde 2011, vinham avisando a direita de que dureza a mais seria contraproducente. 

Mas Passos insistiu. Cortou dois subsídios, em vez de um. Cortou várias vezes as pensões, em vez de só uma.

Tentou alterar a TSU, em vez de não ir por aí. E insistiu num aumento brutal de impostos, quando poderia ter feito um aumento bem menor.

 

Bem sei que a austeridade é fácil de explicar ao povo. 

Gasta-se a mais, é preciso cortar despesa. Há pouca receita, é preciso subir impostos. Toda a gente percebe.

Porém, ser fácil de explicar não significa que não tenha consequências políticas, e elas estão à vista de todos.

 

Também noutros países da zona euro, a direita que aplicou a austeridade foi afastada do poder.

Em França, perdeu Sarkozy e venceu Hollande. Em Itália, perdeu Berlusconi e venceu Renzi. Na Grécia, perdeu Samaras e venceu Tsipras.

E, mesmo na Alemanha, Merkel foi obrigada a governar com o SPD, aceitando medidas de esquerda, como a subida do salário mínimo.

 

Por cá, não surpreende pois que a coligação PSD/PP tenha perdido a maioria absoluta.

A austeridade retirou a Passos e Portas cerca de 750 mil votos.

O país saiu do resgate, mas o preço político pago pela coligação foi bem alto.

 

Mais relevante ainda, a austeridade mudou a prática política nacional.

Quatro anos de dureza levaram ao impensável: a união das esquerdas em Portugal.

A cola que une o PS, o PCP e o Bloco é apenas a rejeição total de Passos e Portas.

 

Surpresa? Só para quem anda distraído. Na zona euro, nos últimos anos é a esquerda que tem vencido.

Não somos originais, e ou muito me engano ou algo semelhante se passará em Espanha, nas eleições de Dezembro.

 

Quando a direita despreza as consquências políticas da sua governação, o resultado só podia ser este.

Que se lixem as eleições? Pelos vistos e para já, quem se lixou foram Passos e Portas...

publicado por Domingos Amaral às 10:21 | link do post | comentar | ver comentários (11)
Segunda-feira, 09.11.15

"Assim Nasceu Portugal" já na 5ª edição!

Lançado em Maio, o meu último livro, "Assim Nasceu Portugal", chegou já à 5ª edição. É um bom motivo para estar contente, e agradeço a todos os leitores que já o leram.

 

Foi um livro que gostei muito de imaginar e escrever, acho que a história ficou muito bem contada, e fico feliz por perceber que os leitores também pensam o mesmo.

 

A vida de Afonso Henriques, as lutas contra a sua mãe, Dona Teresa, o amor secreto do príncipe de Portugal por Chamoa Gomes, a chegada dos Templários a Portugal e os conflitos permanentes com os muçulmanos, são os ingredientes deste primeiro volume de uma trilogia.

 

Em Abril de 2016 será publicado o segundo volume, chamado "Assim Nasceu Portugal - A Vitória do Imperador", onde se contará a história do casamento secreto de Afonso Henriques, enquanto ele luta contra o seu primo direito, Afonso VII, Imperador de Leão, Castela e da Galiza, e também contra os muçulmanos. 

 

Mas, para já, está nas bancas esta 5ª edição, e para quem não tem ainda muitas ideias, sugiro este meu livro como um bom presente de Natal!

publicado por Domingos Amaral às 09:47 | link do post | comentar
 

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