Quinta-feira, 30.06.16

Um Portugal humilde pode ir mais longe

Numa coisa toda a gente está de acordo: até agora, a selecção portuguesa ainda não fez um jogo de encher o olho, daqueles para mais tarde recordar.

 

Nada que me espante. Esta não é a equipa que tinha Figo, Rui Costa, Deco, Maniche, Simão, Nuno Gomes, Pauleta, além de um jovem génio chamado Cristiano Ronaldo.

 

É isso que temos de aceitar: esta não é a melhor seleção de sempre. Entre 2004 e 2006, Portugal tinha um grande grupo de jogadores, que jogavam muito bem e isso não se passa no presente. Sendo assim, a única coisa a que devemos aspirar é ir vencendo, jogo a jogo.

 

Foi por isso que não gostei da postura de Fernando Santos, quando já depois de ter empatado com a Islândia e a Áustria, disse que já avisara a família que só voltava para casa a 11 de Julho, depois da final!

 

Essa bazófia não nos assenta bem. Nunca nos assentou e menos ainda quando a nossa seleção não joga nem domina os adversários para podermos pensar assim.

 

Mas, é preciso reconhecer que Fernando Santos corrigiu o discurso depois de passar a fase de grupos. Confessou que tinha falado muito com os jogadores, pois havia alguns com "excesso de confiança". E nunca se deu como favorito contra a Croácia.

 

Ou seja, foi humilde, tal como os jogadores. E em campo esse estado de espírito concretizou-se. Portugal não se iludiu, pelo contrário, tentou bloquear a Croácia, trabalhou muito e no fim foi feliz.

 

É isso que temos de tentar novamente hoje, é assim que temos de ser contra a Polónia. Humildes e trabalhadores. Ninguém quer ganhar o prémio da "Melhor Seleção de Sempre", ninguém quer armar-se em génio da bola e no fim chorar.

 

Hoje, só queremos passar. Não nos chamem Grécia, mas podem chamar-nos Itália. Os italianos sabem jogar estes torneios curtos. Defendem bem e são venenosos no ataque. Deus queira que hoje ganhemos à italiana! 

publicado por Domingos Amaral às 10:59 | link do post | comentar
Quinta-feira, 23.06.16

A bazófia do Fernando Santos e o favoritismo da Croácia

Finda a fase de grupos, uma conclusão é óbvia: a seleção nacional vive num estado de sofrimento emocional agudo. Em três, não conseguiu ganhar um único jogo e esteve com um pé fora do Europeu, só se qualificando em terceiro do grupo.

 

Qual a razão para tanta pertubação, angústia e aflição? Para mim, o principal culpado é Fernando Santos, com o seu discurso de "estatuto", de candidato à final, de "somos muito bons e temos o melhor do mundo connosco".

 

O futebol, todos o sabemos, costuma ser muito cruel com os cagões e os bazófias. Ao colocar a fasquia tão alta, Fernando Santos atirou uma pressão insuportável para cima dos jogadores, que não lidaram bem com a situação. 

 

Faz algum sentido, depois do empate com a Áustria, o selecionador declarar "já avisei a família de que só volto para casa no dia 11 de Julho", o dia seguinte da final do Europeu?

 

Tanta bazófia, deu mau resultado. A seleção emperrou e nos jogos não rendeu o que dela esperávamos. Ou defendia bem, como contra Islândia e Áustria, mas atacava de forma ineficaz e incompetente (50 remates em dois jogos, 1 golo). Ou atacava melhor, mas defendia mal, sofrendo 3 golos da Hungria. 

 

Não me vou alongar em opiniões técnicas e tácticas, mas acho que há jogadores em má forma (Moutinho, André Gomes) e outros cuja melhoria foi lenta (Ronaldo, João Mário). E não estou convencido com o 4-4-2, preferia o tradicional 4-2-3-1 das eras de Humberto e Scolari. 

 

Por outro lado, não me espanta nada que Ronaldo não renda na seleção o que rende no Real. Em Madrid, ele joga ao lado de grandes jogadores (Bale, Modric, Kroos, James, Isco, Marcelo) e sobretudo, joga ao lado de um ponta-de-lança poderoso (Benzema). Na seleção, como sabemos, não existem jogadores desses e não há qualquer ponta-de-lança. 

 

Tudo somado, foi uma prestação fraca, cuja única parte positiva foi ter calhado num caminho para a final onde não estão nenhuma das equipas tradicionalmente mais fortes, como a Espanha, a Alemanha, a França ou a Itália. Porém, pela frente temos a Croácia, que não tem o estatudo das outras, mas é das melhores equipas deste Europeu.

 

Vencê-la vai ser muito difícil e julgo que Fernando Santos devia deixar-se de bazófias tolas e dizer sem receio que, perante aquilo que as duas equipas já fizeram nesta competição, a Cróacia é claramente favorita. 

 

"Mind game" humilde, é a minha sugestão. Retirar a pressão de Portugal e colocá-la na Croácia é talvez a única forma de estabilizar a nossa seleção e tirá-la do estado de sofrimento angustiante em que vive. 

 

PS: E não se esqueçam de começar a treinar os penalties.

publicado por Domingos Amaral às 10:21 | link do post | comentar | ver comentários (8)
 

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