A Europa comparada com a América

No presente, a Europa discute mais um orçamento de austeridade geral, imposta pelos países do Norte aos países do Sul. Enquanto isso, na América, Obama vai tentar negociar com os republicanos um novo acordo que evite a austeridade, ou o chamado "fiscal cliff", um precipício de cortes na despesa e aumentos de impostos, que poderia lançar o país numa nova recessão.

Com o Atlântico pelo meio, os dois caminhos não podiam estar mais afastados um do outro, e os resultados, naturalmente, são bem diferentes. Depois de tanto América como Europa terem reagido à crise financeira de 2008 ajudando os bancos e prevenindo um colapso, os caminhos começaram a divergir. A partir de 2009, Obama escolheu aumentar a despesa do Estado, usar o investimento público, e tentar sair da crise assim, aumentando o emprego e evitando o desemprego. Também o banco central americano, o FED, usou políticas monetárias expansivas, e além das descidas da taxa de juro, praticou o chamado "quantitative easing", aumentando a oferta de moeda. 

Já a Europa, com Merkel à cabeça a tocar as cornetas, lançou-se numa cruzada austeritária, impondo grandes sacrifícios, aumentos de impostos e cortes na despesa, para diminuir as dívidas dos países do Sul. Além disso, a Europa impôs a si mesma um novo tratado orçamental, proibindo terminantemente os deficits, através da regra dourada da disciplina orçamental. E embora o Banco Central Europeu tenha mantido as taxas de juro baixas, nunca os alemães permitiram que houvesse mais expansão monetária, com receio de uma inflação que é uma ameaça fantasma, pois não existe em lado nenhum.

Os resultados estão à vista: a América já saiu da recessão, o crescimento existe, e o desemprego desceu. Na Europa, a recessão espalha-se e a crise afunda as economias, e o desemprego, em quase todos os países, não para de aumentar. Os fanáticos da austeridade deviam pensar nisto, mas pelos vistos a ideologia cega as pessoas.

publicado por Domingos Amaral às 12:00 | link do post | comentar