Quinta-feira, 15.05.14

Um dia a maldição vai acabar

Há noites em que tudo conspira para não sermos felizes.

Já íamos para Turim sem 3 príncipes da bola (Enzo, Markovic, Salvio), e sem 2 escudeiros reais (Fejsa e Sílvio), e aos quinze minutos ainda ficamos mais frágeis, sem um jogador que já tinha amarelado dois sevilhanos, um por cada corrida que dera.

Jesus ainda insistiu com ele, mas via-se que Suleimani já não podia mais. 

Saiu e o Benfica passou a ficar ainda mais estranho, com Maxi na ala.

 

Na primeira parte, a equipa parecia perdida, excepto no fim, quando ainda teve duas hipóteses de marcar.

Depois, entrou em cena a dificuldade dos avançados, desinspirados na hora dos matadores.

Mas, foi mais uma ou duas vezes Beto que salvou os de Sevilha.

Se houve penalties ou não, não sei, ao vivo é difícil de ver, é tudo tão rápido, mas parece-me que o árbitro foi mais um elemento da conspiração.

E, por cada minuto que passava, o Sevilha sentia-se mais forte, pois sabia que nos penalties teria mais hipóteses.

Há equipas que já jogam com essa vantagem, e ontem foi um caso assim.

 

Portanto, a maldição começou a mexer com os jogadores, e com o público do Benfica, e quando fomos para os penalties, os de Sevilha já faziam a festa antes deles serem marcados, e os da Luz pareciam calados, amedrontados.

O receio cola-se e espalha-se como um vírus, e das bancadas chegou à relva.

E tudo acabou mais uma vez sem glória, porque não fomos capazes de marcar um golo, nem mostrar força mental suficiente para vencer as contrariedades.

Um dia, a maldição de Bela Guttman irá terminar, mas para que esse dia chegue é fundamental uma força tremenda, quase sobre-humana, para ultrapassar esse medo profundo que existe no coração dos benfiquistas.

Talvez essa maldição só acabe quando alguém que eu conheço bem for presidente do Benfica.

publicado por Domingos Amaral às 14:54 | link do post | comentar
Terça-feira, 13.05.14

A caminho de Turim

Amanhã, se Deus quiser, estarei em Turim para assistir à final da Liga Europa. 

Será a primeira final a que vou desde o longínquo ano de 1983, onde assisti na Luz à segunda mão da final da Taça UEFA.

De então para cá, vi as outras finais na televisão, mesmo a do ano passado.

Mas, desta vez não resisti. Consegui bilhetes, marquei avião, e lá estarei com o meu querido filho Duarte, no estádio onde fomos felizes há duas semanas.

 

Uma final fica sempre para a história. Quem não se lembra das finais onde estiveram equipas portuguesas, onde esteve a seleção?

Quem não se lembra das épicas finais da Champions, fossem quem fossem os finalistas?

Sim, lembramo-nos sempre, ganhem os nossos ou não.

É evidente que ganhar uma final é uma coroação gloriosa, mas estar lá já é inesquecível.

E o Benfica, pela segundo ano consecutivo, está lá.

 

É o Benfica o favorito, como dizem muitos?

Numa final nunca há favoritos, mas há equipas que à partida são consideradas mais fortes.

No entanto, nem sempre os mais fortes vencem.

Que o diga Portugal, que perdeu contra a Grécia.

Que o diga o Bayern de Munique, que perdeu duas Champions consecutivas, contra equipas que todos consideravam menos fortes que os alemães, o Inter e o Chelsea.

 

Agora, que o Benfica, pelo que já fez, e pela equipa que tem, é mais forte que o Sevilha, isso parece-me claro.

O plantel do Benfica, nos sites da especialidade, está avaliado em 189,2 milhões de euros, enquanto o do Sevilha vale 112,4 milhões.

A folha de salários anuais do Benfica anda pelos 48 milhões de euros, enquanto a do Sevilha anda pelos 40 milhões.

Há mais jogadores de qualidade no Benfica (Oblak, Garay, Luisão, Gaitan, Lima, Rodrigo, Cardozo, Ruben Amorim) do que no Sevilha (Beto, Reyes, Bacca, Rakitic e o lateral esquerdo que não recordo agora o nome).

No ranking da UEFA, que leva em consideração os últimos cinco anos de competições europeias, o Benfica está em 6º, enquanto o Sevilha se fica pela 25ª posição.

 

Nas respectivas Ligas, o Benfica ficou em 1º, foi campeão com 85% de percentagem de vitórias, enquanto o Sevilha deverá ficar em 5º, com uma percentagem de vitórias de 58%.

Em 30 jogos, o Benfica marcou 58 golos e sofreu 18, enquanto que em 37 jogos o Sevilha marcou 66 golos e sofreu 51, o que revela uma defesa bastante vulnerável!

Em termos de Liga Europa, e comparando apenas os resultados desde os oitavos de final, pois o Benfica esteve na Champions durante a fase de grupos, temos que o Benfica venceu 6 jogos e empatou 2, apresentando uma percentagem de vitórias de 87,5%, marcando 14 golos e sofrendo apenas 4.

Já o Sevilha, nos mesmos oito jogos, venceu 4, empatou 1 e perdeu 3, uma percentagem de vitórias de 56,25%, tendo marcado 13 golos e sofrido 10.

Além disso, o Sevilha só eliminou o Bétis nos penalties, e só eliminou o Valência no último minuto dos descontos, enquanto o Benfica nunca esteve em desvantagem em nenhuma das quatro eliminatórias.

 

Observando estes resultados e números, podemos dizer que o Benfica parece mais forte, mas agora terá de o provar na final.

O Sevilha parece ter uma defesa mais frágil, mas tem um ataque capaz de provocar estragos, e tem uma capacidade psicológica muito forte, pois aguenta bem e recupera, mesmo em situações muito difíceis.

O único ponto fraco que encontro neste Benfica é a célebre maldição de Bela Guttman, o treinador húngaro que um dia saiu zangado da Luz, dizendo que sem ele o clube nunca voltaria a vencer finais europeias.

A verdade é que de então para cá, perdeu sete finais, e a maldição parece estar viva.

Mas, como todos sabemos, em todas as histórias em que existem maldições há sempre um príncipe encantado que um dia aparece e quebra a maldição.

Aquilo que espero é que Jesus e os jogadores sejam os príncipes encantados do Benfica e acabem com esta história infantil de uma vez por todas!

Lá estarei, emocionado, a assistir à Segunda Grande Batalha de Turim, e mais uma vez, espero que o meu Benfica saia vencedor.

 

publicado por Domingos Amaral às 12:25 | link do post | comentar
Terça-feira, 06.05.14

O Benfica é o clube do Estado Novo, e do 25 de Abril também!

Por vezes, os adeptos do FC Porto gostam de atirar à cara dos benfiquistas que o Benfica é o clube do Estado Novo.

Nada mais falso. 

É verdade que o Benfica ganhou mais campeonatos que os outros durante o Estado Novo, mas também ganhou mais campeonatos que os outros durante as décadas de 70 e 80, já depois do 25 de Abril. 

Além disso, até à gloriosa década de 60, com Eusébio e Coluna, o Benfica tinha ganho os mesmos campeonatos que o Sporting, durante o Estado Novo, não era melhor ou pior que os leões.

Mas, para provar o meu ponto, apresento algumas estatísticas.

 

Os primeiros 6 campeonatos, durante a década de 30, e portanto já com Salazar como presidente do Conselho, são vencidos pelo Benfica (3) e pelo... FC Porto (3).

Na década de 40, é o Sporting o melhor. Vence 5 campeonatos, contra 4 do Benfica e 1 do Belenenses.

Na década seguinte, a de 50, é de novo o Sporting a dominar, com 5 campeonatos, contra 3 do Benfica e 2 do FC porto.

Portanto, no ano de 1960, com 26 campeonatos já disputados em pleno Estado Novo, a contabilidade era a seguinte: Benfica 10, Sporting 10, FC Porto 5 e Belenenses 1.

 

A partir daqui, o Benfica cresce muito, e o FC Porto desaparece.

Na década de 60, o Benfica vence 7 campeonatos, e o Sporting 3.

E nos quatro anos que irão até à revolução dos cravos, o Benfica vence 3 campeonatos, e o Sporting apenas 1.

Portanto, quando em Portugal se dá o 25 de Abril, existiam já 40 campeonatos disputados, e a contabilidade era a seguinte: Benfica 20, Sporting 14, FC Porto 5, e Belenenses 1.

Embora fosse o Benfica o que tinha mais vitórias, é um pouco absurdo dizer que dominou devido ao Estado Novo quando o Sporting venceu 14 títulos durante esse regime, e até aos anos 50 tinha tantas vitórias como o Benfica. 

 

E o que aconteceu depois do 25 de Abril?

Bem, o que aconteceu é que continuou o domínio do Benfica durante os vinte anos seguintes.

Entre 1974 e 1980, o Benfica vence 3 campeonatos, o FC Porto 2, e o Sporting 1.

E na década de 80, o Benfica vence 5 campeonatos, o FC Porto vence 4, e o Sporting vence 1.

Durante os primeiros 16 anos depois da revolução, o domínio do Benfica é claro, 8 campeonatos, contra 6 do FC Porto e 2 do Sporting.

 

É só nos anos 90 que se dá a grande viragem a favor do FC Porto.

Na década de 90, os azuis vencem 7 campeonatos, o Benfica 2 e o Sporting 1.

E na primeira década do novo século a tendência prossegue: 6 títulos para o FC Porto, 2 para o Benfica, 1 para o Sporting e outro para o Boavista.

Os últimos quatro anos também não alteram a equação: 3 campeonatos para o FC Porto e 1, o deste ano, para o Benfica.

Assim, a contabilidade da democracia, onde aconteceram 40 campeonatos, é muito forte para o lado azul: 22 campeonatos conquistados desde o 25 de Abril, contra 13 do Benfica, 4 do Sporting e 1 do Boavista. 

O FC Porto é sem dúvida o clube que mais venceu no regime democrático, e curiosamente o seu domínio é bem mais claro do que o do Benfica durante o Estado Novo.

Portanto, o que se pode dizer com toda a certeza é que o FC Porto era muito fraco durante a ditadura, e tornou-se muito forte com a democracia; e que os clubes de Lisboa enfraqueceram os dois, sobretudo depois dos anos 90.

 

Pela minha parte, acho que não foi por causa da democracia que o FC Porto cresceu, mas sim porque Pinto da Costa surgiu e percebe muito de futebol.

Para mais, é um pouco estranho que se tire mérito aos clubes, ou às seleções nacionais, por causa dos regimes políticos.

O Brasil, por exemplo, venceu 3 campeonatos do Mundo porque tinha Pelé, ou porque o seu regime era uma ditadura?

Nadia Comaneci era uma fantástica atleta de ginástica ou tudo se explica porque vivia debaixo da pata de Ceausescu?

A ligação desporto-política não é nada clara, nem óbvia, muito menos no futebol.

O Benfica, é sabido, sempre foi olhado com desconfiança por Salazar, que até considerava o clube de "esquerda"!

E, quem é que ganhou campeonatos durante o PREC e o Verão Quente, no auge da revolução de Abril? O Benfica (75,76 E 77)... 

 

 

publicado por Domingos Amaral às 16:26 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Sexta-feira, 02.05.14

Benfica: os príncipes encantados acabam com as maldições?

Há anos assim, imprevistos, impossíveis de imaginar, e no entanto quase perfeitos.

Há um ano, o nosso coração encheu-se de dor com a crueldade do que nos aconteceu.

Porém, como diz Fernando Pessoa, quem quer passar além do Bojador, tem de passar além da dor.

E assim passámos, vencemos a dor com os dentes cerrados e começámos um novo ano porque não havia outra forma de ultrapassar a tristeza.

 

Mas, Deus não estava ainda satisfeito e deu-nos mais provações.

De repente, no espaço de pouco mais de um mês, morre-nos o maior mito da nossa história, e morre-nos também o maior capitão de sempre.

Eusébio e Coluna deixaram-nos sem terem visto como fomos todos capazes de vencer a adversidade e sem terem visto o nosso renascimento.

Mas, foram também eles, com a sua morte e o seu exemplo, que nos deram ainda mais força e coragem.

E que força! E que coragem!

 

Quando um dia olharmos para trás vamos-nos dar conta de que esta foi também uma das épocas mais duras de sempre para os jogadores do Benfica.

Sálvio, Cardozo, Ruben Amorim, Jardel e a sua máscara, Sílvio, Sálvio outra vez, agora Garay, um massacre permenente de lesões, um calvário de sofrimento para eles.

E, no entanto, mal caía um jogador logo outro se levantava e tomava o seu lugar.

Raramente vi no Benfica um grupo tão unido, tão solidário, tão valente.

O jogo de ontem, a primeira batalha de Turim, foi um símbolo da época.

Contra todas as contrariedades, dores, sem um ai que se ouvisse, sem um queixume, sem um momento de quebra, os jogadores combateram como os gigantes que são.

Eu só me lembrava daquela música, menos ais, menos ais, queremos muito mais! 

 

E agora olhem para estes números, olhem todos e respeitem o fantástico trabalho que este ano se fez na Luz.

52 jogos, 52 batalhas e esta é a evidência: 40 vitórias, 8 empates e apenas 4 derrotas.

Uma percentagem de vitórias absolutamente histórica de 84,6%!

Um campeonato nacional já conquistado e ainda 3 grandes finais para disputar!

Um quarteto de títulos ao nosso alcance, meu Deus, quem diria?

 

Jorge Jesus, Luís Filipe Vieira e todos os jogadores já estão de parabéns, mas isto ainda não acabou.

Para o espectáculo ser total, temos de olhar para a frente e perceber que nos faltam 5 jogos até a época acabar e são todos para ganhar.

Queremos ganhar ao Setúbal e ao FC Porto para o campeonato e queremos ganhar as 2 taças contra o Rio Ave.

Os adversários que nos desculpem, mas desta vez não há misericórdia, é tudo para ganhar e ninguém vai levantar o pé do acelerador até ao fim.

O facto de Enzo, Markovic e Salvio não poderem jogar a final da Liga Europa é uma má notícia para eles, para a equipa, mas é também uma péssima notícia para os nossos adversários nacionais.

É que, não podendo jogar em Turim, esses nossos três génios vão explodir nos 4 jogos nacionais que nos faltam!

 

Mas, se há jogo que este ano todos queremos ganhar, esse é a final europeia. 

A segunda batalha de Turim será a mais importante do ano.

A este Benfica, a estes jogadores, a este treinador, falta uma glória assim, uma vitória que nos faça brilhar aos olhos de todo o mundo.

E não me venham com a história da maldição do Bela Guttman mais uma vez!

Nunca conheci nenhuma maldição que não fosse vencida um dia por um príncipe encantado, e estes rapazes são os nossos príncipes, os senhores da Luz.

 

Que ninguém pense porém que será fácil.

O Sevilha é uma equipa perigosíssima, que o digam os nossos rivais azuis.

Nada está ganho, e o mais importante está ainda por fazer.

Chegar até aqui é lindo e merecido, mas agora é que está a chegar o momento da verdade!

Nas próximas duas semanas, tudo se pode ganhar, mas muita coisa se pode perder.

Portanto, lembrem-se do que aconteceu o ano passado, lembrem-se da dor, e concentrem-se.

Agora, chegou a hora de entrar para a História, mas para isso acontecer é preciso dar tudo e muito mais.

E ainda mais.

 

publicado por Domingos Amaral às 10:34 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 28.04.14

A espiral recessiva do FC Porto

Muitos dos meus amigos são peremptórios: acabou a era de domínio do FC Porto no futebol nacional.

A terrível época que os azuis estão a viver, talvez a pior do longo consulado de Pinto da Costa, é um prenúncio do fim.

A partir de agora, dizem muitos sportinguistas e benfiquistas, será sempre a descer.

Outros acrescentam que Pinto da Costa está velho e cansado, que já não é o mesmo, e que à volta dele não há ninguém com tanto talento para a gestão de uma equipa.

 

Pela minha parte, não embarco nesses cânticos terminais.

Apesar desta época ter sido desastrosa, o FC Porto tem ainda ativos muito bons.

O valor do plantel do FC Porto, nos sites da especialidade, ronda os 200 milhões de euros.

Podem ter de ser vendidos 2 ou 3 jogadores (Jackson, Fernando, Mangala) mas não será impossível o FC Porto descobrir novos talentos e construir uma boa equipa para o próximo ano.

Desde que escolha bem o treinador, muitos dos que lá estão e jogaram mal, podem começar a jogar melhor, e não será assim tão difícil voltarem a apresentar uma boa equipa.

 

Já por várias vezes vi fazerem o enterro do FC Porto.

Em 2002, quando não ganhava há três anos, Pinto da Costa descobriu Mourinho e foi o que se viu.

E, em 2010, ouvi muitos benfiquistas a dizer que a hegemonia azul e branca tinha chegado ao fim e o que chegou foi Villas-Boas e a sua super-equipa.

Portanto, não substimo os meus adversários, sobretudo quando eles têm um palmarés notável, seja em Portugal, seja na Europa.

Suspeito que é prematuro o enterro dos azuis e brancos e do seu chefe supremo.

É certo que a época foi muito má, a equipa entrou em espiral recessiva, mas é ainda muito cedo para falar em decadência.

 

 

publicado por Domingos Amaral às 11:35 | link do post | comentar
Quinta-feira, 17.04.14

Este Benfica é de betão

Que grande jogo fez o Benfica!

Uma entrada fulgurante, a alta velocidade, que naturalmente empatou a eliminatória bem cedo.

Sempre em aceleração, não sabemos o que podia ter acontecido se tivessem ficado onze em campo mais de 27 minutos.

Siqueira fez um erro grosseiro, na sua segunda falta, mas não merecia o primeiro amarelo dado por Proença.

A expulsão mudou o jogo, que nunca mais foi o mesmo, e podia ter dado cabo do Benfica.

 

Podia, mas não deu.

Jesus tirou Cardozo, a equipa reequilibrou-se e voltou do intervalo ainda mais empenhada.

Às vezes, é quando estamos melhores que sofremos, e o golo de Varela foi uma surpresa desagradável.

De repente, tudo parecia perdido.

Havia uma montanha para escalar, 2 golos a marcar, com menos um jogador.

Só que este Benfica é de betão, duríssimo de demolir.

 

Só se ganha um penalty quando se joga na área do adversário, e era isso que o Benfica já estava a fazer minutos depois do empate.

Para a frente era o caminho, com força mental e atrevimento.

Enzo marcou com frieza, e a esperança voltou a nascer.

A Luz inflamou-se, puxou pela equipa, e o FC Porto acanhou-se, com a mediocridade habitual deste ano.

Mas, ninguém esperava o que aconteceu.

Todos admitiam um golo, mas nasceu uma obra de arte.

André Gomes mostrou que ali há génio, e afundou o FC Porto para sempre.

 

Uma vingança que estava prometida desde 2011, destruindo essa espinha que estava encravada na garganta dos benfiquistas.

Foi dos jogos mais fantásticos dos últimos anos, para os benfiquistas.

Vencer com 10 o FC Porto é obra!

Depois, aquilo não foi bem futebol, mas ninguém ajudou.

Pouco importa, estava ganho.

Um grande e forte Benfica derrotou um FC Porto neurótico e deprimido, sem força nem talento para mais.

Alguém disse um dia que para haver ambição é preciso haver primeiro talento, e depois confiança.

Este Benfica tem tudo: talento, confiança e ambição.

Veremos até onde chegam as suas vitórias, para depois poder dizer algo mais.  

Mas, uma coisa é já certa: Jorge Jesus, o Messias branco da Luz, já não está de joelhos.

 

publicado por Domingos Amaral às 12:24 | link do post | comentar
Sexta-feira, 11.04.14

Luís Castro é pior do que Paulo Fonseca?

Depois do descalabro do FC Porto ontem em Sevilha, a que Quaresma chamou "uma vergonha", a pergunta que se deve colocar é: foi boa ideia mudar de treinador?

Muitos adeptos e comentadores do FC Porto disseram que Paulo Fonseca era péssimo, e que já devia ter saído há muito tempo.

E quase todos eles elogiaram Luís Castro pela sua postura e pelas suas escolhas.

Porém, os números são implacáveis, e com 11 jogos realizados pelo FC Porto, a verdade é que Luís Castro apresenta piores resultados que o seu antecessor.

Se observarmos a percentagem de vitórias, onde cada empate vale metade de cada vitória, temos que em 11 jogos, Luís Castro tem 7 vitórias, 1 empate e 3 derrotas.

A percentagem de vitórias de Luís Castro é pois de 68,1%.

Ora, no momento em que saiu, Paulo Fonseca disputara 35 jogos com o FC Porto, tendo obtido 21 vitórias, 7 empates e 7 derrotas.

A percentagem de vitórias de Paulo Fonseca era de 70%.

Ou seja, era melhor do que a de Luís Castro é.

Valeu a pena despedir o treinador?

Não. 

publicado por Domingos Amaral às 12:06 | link do post | comentar
Sexta-feira, 28.02.14

Benfica e FC Porto: a Liga Europa é a nossa praia

Ontem, Benfica e FC Porto fizeram o que se esperava, e seguiram em frente na Liga Europa.

Na Luz, o Benfica confirmou que é claramente mais forte do que o PAOK, vencendo com facilidade.

Em Frankfurt, o jogo foi espectacular, o FC Porto esteve com um pé fora, mas recuperou epicamente, e o empate 3-3 garantiu a passagem.

É na Liga Europa que os clubes portugueses mais podem ter sucesso, pois a Champions está fora do nosso alcance neste momento.

Quem tem visto os jogos percebe que equipas como o Real Madrid, o Bayern, o Barcelona, o Paris Saint Germain, o Dortmund, o Chelsea ou o Atlético de Madrid estão noutra galáxia.

Mesmo o City ou o Arsenal, já para não falar no Zenit e no Schalke, não têm qualquer hipótese de seguir em frente.

Repare-se que o FC Porto teve muitas dificuldades contra o 13º da Bundesliga, o Eintracht; mas o Real Madrid goleou o Schalke em Gelsenkirchen por 6-1.

Há uma diferença colossal entre certas equipas europeias e as nossas, e por isso é preferível ser bom na Liga Europa em vez de ser humilhado na Champions.

 

Agora, seguem-se dois adversários muito fortes. Para o FC Porto, o Nápoles; para o Benfica, o Tottenham.

Comparem-se as qualidades em ambos os confrontos, para estimar as probabilidades das equipas portuguesas.

Em termos de ranking da UEFA, o FC Porto é o 11º, enquanto o Nápoles é o 31º. 

Nos últimos cinco anos, o FC Porto é uma equipa mais habituada do que a italiana a jogar bem na Europa.

Porém, se olharmos apenas para o coeficiente desta época, o Nápoles está à frente, pois fez uma fase de grupos da Champions bem melhor.

Quanto a treinadores, os italianos levam vantagem: Benitez é muito mais experiente que Paulo Fonseca, já venceu uma Champions e uma Liga Europa, com Liverpool e Chelsea.

Em termos de valor do plantel, segundo o site transfermarkt, o do Nápoles vale 253 milhões de euros, e tem jogadores muito bons como Reina, Hamsik, Higuain, Callejón, embora a defesa não seja muito forte.

Já o FC Porto, tem um plantel avaliado em 183 milhões de euros, com Jackson, Mangala e Fernando.

É difícil dizer quem é mais forte, e internamente estão ambos em 3º nas respectivas ligas, um pouco abaixo do que se esperava.

Segundo o Euro Club Index, o Nápoles tem mais possibilidades de chegar à final (8,8%) do que o FC Porto (5,5%), mas a diferença é curta.

Será uma eliminatória imprevisível, com uma pequena vantagem para os italianos, pois jogam a segunda mão em casa.

 

No caso do Benfica e dos ingleses, as coisas são também equilibradas.

No ranking da UEFA, o Benfica é o 6º classificado, enquanto o Tottenham está apenas em 19º lugar.

No ano passado, os Spurs ficaram-se pelos quartos-de-final da liga Europa, tendo sido eliminados pelo Basileia, enquanto o Benfica chegou à final de Amesterdão.

No que toca a treinadores, parece-me que o Benfica tem clara vantagem, pois Jesus é muito mais experiente e bem sucedido do que Tim Sherwood.

Já quanto ao valor dos plantéis, são os ingleses têm vantagem.

No transfermarkt, o clube inglês tem uma equipa avaliada em 271 milhões de euros, com jogadores como Lloris, Vertonghen, Dembelé, Eriksen, Lamela, Lennon, Soldado ou Adebayor

Quanto ao Benfica, tem uma equipa avaliada em 190 milhões de euros, com jogadores como Garay, Salvio, Gaitan, Cardozo ou Markovic.

Porém, segundo o Euro Club Index, o Benfica tem mais possibilidades de chegar à final que o Tottenham, 12,4% contra 6% dos ingleses, o que demonstra uma certa vantagem encarnada.

Será também uma eliminatória muito equilibrada e empolgante, embora me pareça que o Benfica é ligeiramente favorito, até porque joga a segunda mão na Luz.

publicado por Domingos Amaral às 10:58 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quinta-feira, 20.02.14

É muito mal sinal quando o desporto pára

Um dos piores sinais de instabilidade que um país pode dar, é quando os seus eventos desportivos começam a parar.

É isso que está a acontecer na Ucrânia, por estes dias.

Um jogo da Liga Europa, que ia decorrer em Kiev, foi mudado de local e de país, por falta de condições de segurança.

Outro, que se iria disputar hoje noutra cidade, e onde o Tottenham está envolvido, está de debaixo de uma ameça de invasão, lançada pelas forças da oposição.

Nem o futebol escapa ao lento resvalar do país para um abismo terrível.

Mas, não é só o futebol que está a dar sinais destes. Em Sochi, onde decorrem as Olimpíadas de Inverno, o orgulho de Putin, já há atletas ucranianos a retirarem-se das provas.

Alegam que, ao ver o seu país natal a ferro e fogo, perderam a vontade e a capacidade para competir, e querem regressar a casa.

É compreensível: nas Olimpíadas, joga-se o orgulho dos povos, mas quando o país arde, ninguém consegue ser imune.

As imagens terríveis que vemos de Kiev são quase inimagináveis, mas estão a acontecer, a cada minuto há gente a morrer.

E se já nem os eventos desportivos conseguem o seu espaço e o seu tempo, é porque estamos já, não a caminho do abismo, mas a cair nele.

A Ucrânia está já em guerra civil, resta saber se ela ainda pode parar no início, ou se vai acelerar para um cenário horrível.

publicado por Domingos Amaral às 15:39 | link do post | comentar
Quarta-feira, 12.02.14

O Benfica deve tentar ganhar tudo!

Ontem, no derby, foi evidente a superioridade do Benfica, que ganhou bem e mostrou uma competência e uma capacidade muito fortes.

A forma como a equipa acelera e ataca é vertiginosa, e a forma como defende, que era o ponto fraco no início da época, está cada vez mais eficiente, concentrada e compacta.

Acho que ninguém já terá dúvidas hoje da previsão que aqui fiz em Dezembro, de que o Benfica é o mais forte candidato ao título este ano, e que só não será campeão se cometer erros disparatados nos pequenos jogos.

Além de estar mais forte e muito eficaz, o Benfica tem dois adversários que têm problemas. 

O FC Porto está abalado e instável, e o Sporting tem ainda alguma imaturidade para se manter ao mesmo nível.

 

É evidente que, como Jesus e o presidente já disseram, o campeonato é o objectivo primordial.

Perdida a possibilidade, bastante fantasiosa, de chegar à final da Champions que será na Luz, é claro que todos querem ser campeões nacionais.

Mas, parece-me que estando a equipa a jogar tão bem, e tendo demonstrado uma superioridade tão evidente nos confrontos com FC Porto e Sporting, julgo que o Benfica deve aspirar também a vencer as outras duas competições nacionais, Taça de Portugal e Taça da Liga.

Na primeira, teremos duas mãos, uma no Dragão, outra na Luz, e considero que o Benfica tem capacidade para eliminar o FC Porto e estar presente no Jamor.

O mesmo se passa na Taça da Liga, seja contra quem for a meia-final. 

Embora estes jogos não devam desconcentrar o Benfica do objectivo campeonato, é possível ir às duas finais, a equipa tem soluções para isso, e no final do mês ainda haverá Salvio, já recuperado da lesão.

 

Por fim, a Liga Europa.

Ao contrário do presidente Luís Filipe Vieira, eu nunca achei possível o Benfica chegar à final da Champions, mas acho muito possível chegar à final da Liga Europa outra vez.

Há equipas muito boas, mas o Benfica é uma delas.

No site Euro Club Index, onde são calculadas as probabilidades das equipas vencerem a Liga Europa, o Benfica aparece em 3º lugar, com 10,3% de probabilidade de ser o vencedor.

Acima do Benfica, só a Juventus, com 19,6% de probabilidade de ser a vencedora, e o Tottenham, com 13,2% de probabilidade de vencer a Liga Europa.

Atrás da equipa da Luz, estão o FC Porto, com 9%, o Shakhtar Donetsk, com 8%, e o Nápoles, com 7%.

Portanto, não há razão nenhuma para Benfica e FC Porto não aspirarem a ir o mais longe possível, e nenhum deve deixar de tentar.

Até porque, e ao contrário do que se costuma dizer, não há uma diferença financeira tão grande entre as duas competições.

Em 2011/2012, o Benfica chegou aos quartos-de-final da Champions, onde foi eliminado pelo Chelsea, e recebeu em prémios da UEFA a quantia de 22,3 milhões de euros.

Em 2012/2013, o Benfica fez a fase de grupo da Champions, e seguiu para a Liga Europa, chegando à final, e faturando um total de prémios da UEFA de 21,7 milhões de euros, apenas menos 600 mil euros que no ano anterior.

Ou seja, atingir a final da Liga Europa vale quase tanto como os quartos-de-final da Champions, e é por isso que esse objetivo deve ser tentado.

 

Em conclusão: a jogar como tem jogado, o Benfica deve atacar em todas as frentes ao mesmo tempo, e não se concentrar apenas numa.

É assim com todas as grandes equipas da Europa, nunca desistem de objetivos, principalmente quando têm qualidade para aspirar a alcançá-los. 

 

publicado por Domingos Amaral às 12:17 | link do post | comentar
 

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