Hoje vou estar no programa "Entre Nós", na SIC Mulher, por volta da meia-noite e meia. Foi cerca de uma hora de entrevista, muito bem conduzida pela Adelaide de Sousa, e uma das vezes que mais gostei de aparecer na televisão. Ainda por cima tive uma bonita de surpresa, com a presença de alguns amigos em directo. Obrigado Sofia e obrigado SIC Mulher.
Um primeiro-ministro dizer "que se lixem as eleições, o que interessa é o país" é como o presidente de um clube de futebol dizer "que se lixe o campeonato, o que interessa é o clube". Soa estranho, pois tal como os grandes clubes existem para ser campeões, os grandes partidos existem para ganhar eleições, e não para as perder.
Era um dos programas de televisão de que eu mais gostava, mas esta edição de Ídolos deixa um pouco a desejar. A seleção dos concorrentes não me pareceu a melhor, não tem a qualidade das edições anteriores e não há nenhum candidato com carisma. Além disso, o juri é desequilibrado e Tony Carreira e Pedro Abrunhosa são semelhantes nas suas apreciações, o que não acontecia no passado com Pedro Boucherie e Laurent, que eram mais originais nas suas opiniões e na sua atitude, criando um maior e mais rico contraste. Bárbara Guimarães é mais activa do que Roberta Medina, mas também chama mais atenção sobre ela, o que nem sempre é útil ao programa. Por fim, parece-me uma ideia desastrosa por crianças a cantar, resulta péssimamente e está completamente deslocado. Por junto, continuo a gostar de Ídolos, mas não fossem João Manzarra e sobretudo a beleza e simpatia de Cláudia Vieira, o programa arriscava-se a perder a minha atenção.
Ao contrário do que se diz para aí, Charles Darwin nunca escreveu que sobreviveriam "os mais fortes", mas sim os "mais adaptáveis". A tradução à letra é "survival of the fittest", e isto vem a propósito do Benfica e de Yannick Djaló. Numa época de grave crise económica, quando há muito poucas transferências e é cada vez mais difícil comprar bons jogadores a preços acessíveis, Jorge Jesus devia aproveitar melhor quem já está no plantel. Toda a gente diz que ao Benfica deste ano faltam dois lateriais - um à esquerda e outro à direita. Ontem, contra o Marselha, Jesus adaptou Melgarejo à esquerda e quem diz que é desperdício devia lembrar-se que também disseram o mesmo de Coentrão e foi o que se viu. Mas à direita não há ninguém além de Maxi Pereira, e acho que era altura de adaptar Yannick Djaló. Ele é bastante rápido e cruza bem, e tem mais hipóteses como lateral direito do que como extremo, pois nas alas há muita gente de qualidade como ficou provado ontem com o Marselha.
Estive hoje de manhã na Benfica TV a fazer a revista da imprensa, desportiva e generalista, e lá disse o que penso sobre o Benfica que vai iniciar esta época. Parece-me evidente que faltam dois defesas laterais, um à direita e outro à esquerda, pois Maxi Pereira não chega para tudo e Luisinho não tem experiência internacional, e para uma equipa que vai disputar a Champions isso é essencial. É claro que podemos adaptar Yannick a lateral-direito e Melgarejo a lateral-esquerdo, o que no caso deste último seria um claro desperdício. Lá na frente, parece haver gente a mais, mas tenho grandes expectativas de ver jogar Ola John, que é um talento, e acredito que Gaitán ainda deverá sair, tal como Witsel. Este último é uma pena que se vá embora, pois é um grande jogador. Contudo, entradas e saídas não estão certas e em ano de crise na Europa deve ser preciso esperar até aos últimos dias de Agosto, já com o campeonato a decorrer, para ver com quem podemos contar.
Sempre gostei de ciclismo e ver a Volta a França reaviva-me recordações da minha infância, quando acompanhava pela rádio as façanhas do grande Joaquim Agostinho nos cumes das montanhas francesas. Nunca mais houve um ciclista português tão forte e tão bem sucedido como ele e têm sido quase três décadas à espera que um dia surja um ídolo do pedal capaz de nos entusiasmar. Talvez Rui Costa, que este ano já venceu a Volta à Suíça e está neste momento classificado em 11º lugar, possa ser esse homem. Quase todos os dias espreito o Eurosport, que dá as etapas em directo, para ver como está a correr a etapa, na esperança que o nosso Rui faça um brilharete. E este ano isso até pode acontecer, pois não há nenhum monstro sagrado a dominar o pelotão, como o fizeram antes Hinault, Indurain ou Amstrong. Há ciclistas fortes mas nenhum é genial e isso abre oportunidades...Esperemos que o Rui Costa seja feliz.
O "American Dream" é uma pessoa ter nascido pobre e acabar milionário. O "Portuguese Dream" é uma pessoa ter um curso superior sem ter de estudar ou passar nos exames! Há uns anos, era José Sócrates, agora é Miguel Relvas. O ministro estudou? Não estudou! O ministro fez os exames? Não fez! O ministro tem um curso superior? Tem sim senhor! Apesar de ter apenas feito uma cadeira do curso de Direito, no já longínquo ano de 1985, apesar de se ter inscrito nos cursos de História ou Relações Internacionais e de não ter feito um único exame para amostra, o ministro lá se conseguiu formar em 2007, vinte e dois anos depois de ter feito a sua última cadeira e o seu último exame! Ó rapazes e raparigas, para quê queimar as pestanas? Então não se está a ver que é muito mais fácil entrar na vida dos partidos e dos governos e arranjar, sem grande esforço, um canudo? Eis o "portuguese dream" em todo o seu esplendor: triunfar na vida com o mínimo de esforço possível e o máximo de esquemas possível! Viva Portugal!
A Espanha ganhou e não há mais nada a dizer. O Euro 2012 foi bom enquanto durou, Portugal foi melhor do que se esperava, a Holanda e a Rússia foram bem piores e a Alemanha não conseguiu chegar à final, o que também foi bom. Como sempre, ninguém dava nada pela Itália mas eles lá foram até ao fim, mas depois ganhou a equipa mais forte de todas, e agora só nos resta esperar dois anos para voltar a ver as seleções no Brasil, num campeonato emocionante. Dois anos é muito tempo. Como diziam os meus filhos, deviam existir provas destas todos os anos, era bem mais divertido.
Não deixa de ser uma curiosa ironia que, praticamente à mesma hora que Mário Balotelli derrotava a Alemanha com dois belos golos, um outro Mário, também italiano e de apelido Monti, obrigava a Sra Merkel à sua maior derrota política dos últimos anos. Finalmente, a ação combinada de três países fortes - a Itália, a França e a Espanha - obrigou os alemães a aceitarem a contra-gosto que a Europa tem mesmo de ajudar os países em dificuldades e não massacrá-los com austeridade inútil e desgastante. Finalmente, os países europeus conseguiram obrigar Merkel a corrigir o rumo desastroso que escolheu desde 2010 e que tem produzido os mais terríveis resultados na Grécia, na Irlanda, em Itália, em Espanha e também em Portugal. Ainda ontem se soube que o deficit português, em vez de descer como previam os defensores da austeridade, aumentou! Portugal, tal como os outros países, ainda não se livrou da terrível espiral depressiva em que a sra Merkel nos obrigou a entrar, mas pelo menos há uma nova esperança, a de que os diferentes rumos que a Europa agora escolheu nos livrem desta triste e humilhante miséria em que nos obrigam a viver...
Sim, é tudo verdade: Portugal jogou muito bem nos 90 minutos, sabotou o "tiki-taka" de Espanha como mais nenhuma equipa até aqui conseguira, rematou mais à baliza do que eles, e no prolongamento foi-se um pouco abaixo mas mesmo assim só me lembro de uma grande oportunidade de golo para Espanha, a que Rui Patrício se opôs com valentia e eficácia. Sim, é inglório perder assim, mas estamos todos orgulhosos da nossa seleção e de tudo o que de bom fez. Esta noite, julgo que só errámos num pormenor: na marcação dos penalties. Dizem os estudos que os melhores marcadores devem ser guardados para o terceiro e o quarto penalties, que são a maioria das vezes os decisivos. Bruno Alves não devia ter sido escalado para marcar e não o devia ter feito depois de Nani o ter substituído a correr na marcação do terceiro penalty. Nani sentiu, e bem, que era melhor ser ele, e alguém devia depois ter retirado Bruno Alves da lista. Quando ainda se tem Varela e Nelson Oliveira na equipa, dois avançados, mais Cristiano Ronaldo, foi um erro ter sido um defesa a marcar um penalty decisivo. Mas, isto é fácil de dizer agora, na altura ninguém teve a presença de espírito para alterar o que estava previsto. Foi pena...De qualquer forma, devemos dar os parabéns a todos pelo excelente Euro 2012 que fizeram e isso é que importa no fim.
