O problema do meu nome Domingos
É um dos pequenos tormentos da minha vida, o meu nome. Nunca consegui bem perceber porquê, mas há imensa gente que não consegue fixar o meu primeiro nome, Domingos.
O problema não está no Amaral, o segundo nome. Esse todos o conseguem dizer. É um nome aberto, sonante, expansivo, e não confunde ninguém. O problema está no primeiro nome, Domingos, que tanta gente troca.
Ainda há dias, recebi pelo correio para aí a centésima carta destinada ao...Diogo Amaral. Quer dizer, a carta era destinada para mim, para o escritor e jornalista e economista. Mas não para mim, como Domingos.
É algo que me persegue desde pequeno. Já a minha professora de música, a minha querida Salomé (que nome fantástico para uma professora de música!), me trocava o nome.
Tinha eu quatro ou cinco anos, e ela dizia "então Diogo, pode cantar o dó-ré-mi?" E eu encolhia os ombros e, antes de me atirar à cantoria, lá resmungava: "não sou Diogo, sou Domingos".
É evidente que a maior parte das confusões se gera porque o meu pai se chama Diogo. Daí que, concluem as pessoas, é evidente que eu me chamo também Diogo. É uma confusão compreensível, há imensos rapazes que têm o mesmo nome do pai.
Mas, se as pessoas pensam que é a única confusão, estão enganadas. Há umas semanas atrás, num encontro no Chapitô, fui apresentado como o escritor...Ricardo Amaral!
Ricardo? Porquê Ricardo? Não é que eu não goste do nome, que gosto. E até tenho um bom amigo chamado Ricardo, mas não consegui perceber a ligação.
Onde está a conexão secreta entre mim e o nome Ricardo? Não há, na árvore geneológica dos meus Amarais, nenhum Ricardo! E também não conheço nenhum famoso, nenhuma celebridade chamada Ricardo Amaral!
E já que falamos em celebridades, diga-se que o actor Diogo Amaral também tem a sua quota de responsabilidade nesta questão do meu nome. É que já me aconteceu chamarem-me Diogo Amaral porque pensavam que eu era o actor e escritor...
Foi uma espécie de 2 em 1, um Diogo e um Domingos acabavam sendo um único Diogo. Diga-se, para que fique escrito, que o Diogo Amaral não é da minha família, não temos qualquer relação de parentesco, mas pelos vistos estamos irmanados para a eternidade!
Só que as confusões não ficam por aqui. Aqui há uns tempos, uma revista social fez uma reportagem comigo e chamou-me...Gonçalo Amaral! Sim, Gonçalo. Quem terá sido o inspirador de mais esta trapalhada?
Na época, falava-se muito de um inspector da PJ que investigou o caso Maddie, e que se chamava Gonçalo Amaral. Terei sido confundido com ele?
Enfim, é por estas e por outras que já pensei em alterar ligeiramente o meu nome. Em vez de Domingos Amaral usaria um nome de guerra mais moderninho, tipo "DF Amaral", uma coisa assim a modos que a meio caminho entre a JK Rowling e o MC Hammer.
Infelizmente, tenho a sensação que já deve existir um DJ qualquer com um nome parecido, por isso é melhor ficar quieto.