O Estado Islâmico é o filho bastardo de Bush e Rumsfeld

Há mais de dez anos, Bush invadiu o Iraque, ainda se lembram?

Supostamente, Saddam tinha armas de destruição e financiava o terrorismo.

Traumatizados com o 11 de Setembro, os conservadores americanos atacaram Bagdad.

Na Europa, muitos os apoiaram, incluindo Barroso, Portas, toda a direita europeia, e até alguma esquerda, representada por Tony Blair.

Quem se metesse contra eles, era logo apelidado de perigoso esquerdista ou mesmo comunista.

 

Mais de uma década depois, está bom de ver quem tinha razão.

Saddam foi preso e morto, mas o Iraque foi lançado num caos que nunca amainou.

A ocupação americana, que era para ser amigável, transformou-se numa guerra aberta.

Sunitas, xiitas e curdos, nunca foram capazes de se entender e milhares morreram todos os anos em actos de terrorismo ou em combates.

A "mudança de regime", inspiradora de Bush e Rumsfeld, foi a desgraça do Iraque, pois substituiu-se uma tirania por uma anarquia.

 

Mais de uma década depois, a balbúrdia não pára, e um novo monstro se gerou.

O chamado "Estado Islâmico" é um filho bastardo de Bush e Rumsfled.

Medrou e cresceu no atoleiro gerado por eles, e mesmo com alguns apoios americanos de então para cá.

E claro, agora o monstro ganhou vida própria e não vai parar.

Quem semeia ventos, colhe tempestades.

 

Os neo-conservadores e todos os seus apoiantes esqueceram que meter a mão num ninho de vespas dá sempre mau resultado.

E esqueceram também a História daquela região.

As lutas são permanentes, há milhares de anos. Mudam as armas e as pessoas, mas os motivos permanecem.

O chamado "Estado Islâmico", e o seu "califado", é o herdeiro de uma longa lista de facínoras que sempre povoou aquelas regiões.

Mil anos passaram, e mais mil vão passar, e será sempre assim.

 

Infelizmente, não há muito que se possa fazer.

Mas, mais vale bombardear, como faz Obama, do que invadir, como fez Bush. 

Embora isso não vá parar a onda de decapitações, nem o fanatismo dos novos guerreiros, que para lá correm.

A "guerra santa" não nasceu agora, sempre existiu, desde Poitiers, desde Zalaca, desde Lisboa, desde Saladino ou Afonso Henriques.

Quem pensar que isto vai parar um dia, engana-se. Não vai. Só as armas mudam, a guerra é sempre a mesma.

publicado por Domingos Amaral às 09:57 | link do post | comentar