Terça-feira, 14.01.14

Morre-nos um rei mas nasce-nos outro!

Tem sido uma semana histórica para o futebol português.

Numa segunda-feira, Eusébio é homenageado na Luz e enterrado com o Rei que era.

Na segunda-feira seguinte, Ronaldo é coroado como o novo Rei do futebol português.

Um e outro são jogadores absolutamente fabulosos, e é um orgulho vivermos num país que conseguiu gerar gente deste calibre estratoesférico.

 

É por isso que me incomoda ouvir gente dizer mal do futebol, e desprezar títulos desta grandeza.

O que seríamos nós sem o futebol? Será que não se dá valor aos prémios de uma pequena nação, que com apenas 10 milhões de pessoas consegue feitos absolutamente anormais para um país da sua dimensão?

Comparemos com outros países europeus semelhantes a nós, como a Suíça, a Suécia, a Áustria, a Bélgica, a Grécia, a República Checa.

Quantos deles geraram os melhores jogadores do mundo? Pois é, nenhum!

E quantos conseguem ter clubes a disputar taças europeias e seleções a ir a meias-finais de europeus e mundiais?

Pois é, com a excepção da Grécia, que foi campeã da Europa em 2004, nenhum desses países, como aliás muitos outros, consegue colocar jogadores, clubes e seleções no topo do mundo.

Só nós, e isso devia ser uma grande razão para orgulho.

Portugal pode não ser bom a fazer chocolates e relógios, como a Suíça; carros, como a Suécia; festivais de música, como a Áustria; ou muitas outras coisas que agora não me lembro, como a Bélgica, a República Checa ou a Grécia, mas é muito bom num sector desportivo e económico com enorme visibilidade, o futebol.

 

Passando a outro assunto, ontem não compreendi os argumentos daqueles que, como Platini e muitos portugueses, desvalorizaram esta Bola de Ouro, dizendo que não deve haver prémios individuais, nem deviam ser premiados jogadores jogam não ganharam títulos colectivos com as suas equipas.

Importam-se de repetir? É que eu acho que não percebi bem...

Para quem não se recorde, vale a pena relembrar aqui algumas evidências.

 

Desde há muitos anos que, em todos os países, e em todas as competições internacionais, se entregam prémios individuais.

Há prémios para o melhor jogador do ano nacional, para o melhor marcador de golos, para o melhor guarda-redes, etc.

Isso também acontece nas provas europeias e de selecções.

No Mundial, ou nos Europeus, sempre houve o prémio para o melhor jogador, para o melhor goleador, etc, etc.

Porque será que agora, subitamente, se põe em causa a eleição do melhor jogador do mundo, dizendo que o prémio individual deve levar em conta os títulos colectivos?

Será que o melhor marcador ou o melhor jogador do ano tem de ser da equipa campeã? 

Só para dar um pequeno exemplo, este ano o campeão nacional foi o FC Porto, e o melhor jogador foi o Matic, do Benfica, que não ganhou nenhum título, e não ouvi ninguém a protestar.

 

A desvalorização da vitória de Ronaldo soa a mau perder (Platini) ou então a pura má fé.

Os prémios colectivos, que eu saiba, são as próprias vitórias nas competições onde as equipas entram.

A melhor equipa do ano, em cada país, é o campeão nacional.

A melhor da Champions é que a equipa vence a final, e a melhor de um Mundial é a equipa campeã do Mundo.

Seria um pouco absurdo dar um prémio colectivo depois da equipa ter sido...campeã do Mundo, que é o melhor prémio colectivo que uma seleção pode ter!

Não se dá prémios colectivos porque não é necessário, os prémios são as vitórias, as taças e os títulos!

 

O que faz sentido é portanto, já sabendo quem foram os melhores colectivos, dar em seguida prémios individuais, como a Bola de Ouro.

Ronaldo é o melhor jogador do mundo no momento, e por isso mereceu esta Bola de Ouro, e quem passar a vida resmungar que ele não ganhou títulos esquece o essencial: o talento individual é distintivo e deve ser premiado à parte.

 

publicado por Domingos Amaral às 11:15 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 08.01.14

Sócrates ou os perigos da internet

É muito fácil manipular as pessoas na internet.

Na RTP, José Sócrates contou que, no dia do Portugal-Coreia do Norte, em 1966, quando saiu de casa Portugal perdia por 3-0, e quando chegou à escola já a seleção vencia por 5-3.

A ideia era realçar os feitos de Eusébio, mas a cotação de Sócrates em certas almas é tão baixa, que logo correu a net que ele tinha contado mais uma mentira.

Foi o blog "O Insurgente", assinado por Ricardo Campelo Magalhães, que lançou a confusão.

O autor insinua que o relato socrático não podia ser verdadeiro, pois o Portugal-Coreia do Norte jogou-se a 23 de Julho de 1966, que foi um sábado!

Parecia evidente ao autor deste comentário que Sócrates contara mais uma das suas petas, e foi isso que pegou fogo à net.

As pessoas que já têm o preconceito formado, de que Sócrates é mentiroso, caíram de imediato na esparrela.

Então não se estava mesmo a ver que o homem tinha inventado aquela historieta para se fazer interessante?

Acontece que, antes de escrever na net é preciso ter algum cuidado, não vá escapar-nos alguma coisa.

E de facto, ao Ricardo Campelo Magalhães escapou um detalhe: é que em 1966 havia aulas ao sábado de manhã, e à tarde havia outras actividades escolares.

Além disso, existiam actividades escolares e outras (escuteiros, etc) nas escolas até ao final de Julho!

Ou seja, no dia 23 de Julho, um sábado, Sócrates podia perfeitamente ir à escola àquela hora, e portanto não há qualquer razão para desconfiar da veracidade da sua história.

Não que eu seja grande admirador da personagem, mas este episódio é um excelente exemplo de como é fácil as pessoas correrem atrás de foguetes!

publicado por Domingos Amaral às 10:22 | link do post | comentar | ver comentários (163)
Segunda-feira, 06.01.14

Eusébio e o eco na eternidade

No filme "O Gladiador", há uma frase muito bonita que transmite bem o que penso sobre Eusébio.

Num discurso às tropas, antes de um combate, o general romano Maximus (Russel Crowe) declara:

"O que fazemos na vida, faz eco na eternidade".

 

Eusébio, os seus golos, as suas fabulosas jogadas pelo Benfica, as suas lágrimas por Portugal, fará eco na eternidade.

Daqui a cem anos, ou mesmo daqui a mil anos, ainda haverá que veja os filmes dos seus talentos dentro do campo.

É assim sempre com os génios.

Hoje ainda ouvimos a música de Mozart ou Beethoven, e ainda lemos as obras de Shakespeare ou Eça.

Não precisamos de ter sido contemporâneos deles para apreciar, com admiração e emoção, aquilo que fizeram. 

É por isso que eu não estou de acordo quando me dizem que eu não vi jogar Eusébio.

Vi e não vi.

Não vi porque nasci em 1967 e quando comecei a adorar futebol já ele estava no fim da sua carreira.

Mas, vi-o sempre, a vida toda, em imagens e sempre verei.

A magia da televisão permite-nos isso e Eusébio, um dos pais fundadores do futebol da era moderna (com Di Stefano, Bobby Charlton ou Pelé), emocina-me hoje como se eu estivesse lá para viver o que se passou, em 62 ou 66.

Eu vi, e vou continuar a ver porque coisas daquelas são para ver e rever e admirar sempre.

Coisas dessas, maravilhosas, vão continuar a fazer eco, pela eternidade fora.

publicado por Domingos Amaral às 11:26 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quarta-feira, 20.11.13

Ronaldo vai ser melhor do que Pelé!

Portugal, no futebol como em tudo o resto, tem memória curta.

Hoje, Ronaldo é visto como um semideus, um génio da bola, e não há português por aí que não o adore!

Porém, eu não me esqueço do que disseram dele, há ano e meio, depois de um Portugal-Dinamarca em que ele falhou dois golos.

Sim, muitos dos que hoje o elogiam, urravam de raiva contra ele, cuspindo insultos, acusações, berrando as suas fúrias.

Nessa noite, aqui neste blog, em Junho de 2012, escrevi um post a defendê-lo e nem imaginam o que ouvi.

Foram mais de 500 comentários carregados de fel, de inveja, de ingratidão, uma moda nacional anti-Ronaldo que me espantou tal a dimensão exagerada que tinha.

Pelos vistos, a opinião dos portugueses muda, conforme sopra o vento.

Os portugueses, quando se fala de Ronaldo, são um bando de interesseiros.

Se ele marca pela seleção, é o maior! Se não marca, é uma besta quadrada!

Nunca pensei assim. Sempre disse, há muitos anos, que Ronaldo era um fenómeno, e poderia vir a tornar-se uma lenda do futebol mundial.

Disse-o em 2004, quando ele chorou por perder a final do Euro; disse-o em 2006, quando ele levou uma pantufada de um holandês e quatro dias depois ajudou a eliminar a Inglaterra.

E disse-o na África do Sul, quando Queirós o conseguiu anular; ou em 2012, quando não chegou a marcar o seu penalty contra a Espanha.

Disse-o sempre e sempre o direi: Ronaldo é um génio do futebol, e não foi por ontem ter feito um jogo do outro mundo que eu penso isto, já penso há muitos anos.

Ronaldo é o jogador mais completo, mais brilhante e mais letal desde Pelé.

Sim, eu sei, não é tão virtuoso como Maradona ou Messi, não é tão bom nas fintinhas, mas não há ninguém no mundo, desde Pelé, que só tenha olhos para a baliza com ele tem.

Ontem, só ontem, fez 12 remates para golo, e o resto da seleção fez apenas 4. 

É por isso que temos de dar graças a Deus por ele ser português.

No futebol mundial, houve muitos grandes jogadores, e alguns foram portugueses, como Figo ou Eusébio.

Mas, no Olimpo só cabem quatro: Pelé, Maradona, Messi e Ronaldo.

Além disso, este ano, Ronaldo está claramente mais forte do que Messi.

Se olharmos para as qualidades dos dois, vemos que Ronaldo é melhor de cabeça; é melhor com o pé direito; é melhor a marcar livres; é mais rápido a correr; e tem um poder de impulsão que Messi nunca terá.

A marcar penalties e golos são ambos geniais, mas Messi só é melhor que Ronaldo nas fintas curtas, com o pé esquerdo, e no virtuosismo do seu jogo.

Ou seja, em dez características, Ronaldo é melhor em cinco, Messi só em três.

Se não jogasse num super Barcelona, Messi nunca seria melhor do que Ronaldo, como foi vários anos.

Mas, este ano, é de Ronaldo. Tem, finalmente, o mundo a seus pés.

E acredito que, daqui a dez ou vinte anos, o mundo inteiro chegará à mesma conclusão que eu: melhor do que Pelé, só o Cristiano Ronaldo! 

publicado por Domingos Amaral às 11:44 | link do post | comentar | ver comentários (4)
 

Livros à venda

posts recentes

últ. comentários

  • Li com prazer o seu primeiro volume volume de assi...
  • Caro Domingos Amaral, os seus livros são maravilho...
  • Caro Fernando Oliveira, muito obrigado pelas suas ...
  • Gostei muito dos dois volumes e estou ansiosamente...
  • Bela e sensata previsão!Vamos ganhar a Final?!...
  • A tua teoria do terceiro jogo verificou-se!No enta...
  • Gostei de ler, os 2 volumes de seguida. Uma aborda...
  • Neste momento (após jogo com a Croácia) já nem sei...
  • Não sei se ele só vai regressar no dia 11, mas reg...
  • No que diz respeito aos mind games humildes, é pre...

arquivos

Posts mais comentados

tags

favoritos

mais sobre mim

blogs SAPO

subscrever feeds