O Governo não acerta nas previsões, nem mesmo nas boas!
Há dois meses, quando saíram os números do desemprego, Passos Coelho informou o país que "o desemprego ia continuar a subir"!
Lançou uma mensagem de duro realismo, como quem diz que não valia a pena ter grandes esperanças.
Contudo, o desemprego este mês começou a descer, e está agora em 16,4%, o que ainda sendo muito alto, é bom sinal.
Mais uma vez, este Governo não conseguiu acertar nas previsões.
A sensação com que ficamos é que os modelos económicos em que o Governo se baseia para fazer as suas estimativas para a economia devem estar todos bastante baralhados.
Quando foi para estimar o impacto das medidas de austeridade, saiu tudo ao contrário, e a recessão foi muito mais forte do que o Governo esperava.
Agora, que as coisas parecem estar a melhorar, o radar governamental não capta esses sinais, e Passos achava que o desemprego ia continuar a subir "até ao final do ano"!
Seja como for, isso não é o mais importante.
O mais importante é que o desemprego, pela primeira vez em quase dois anos, desceu.
A economia do país parece estar finalmente a sair do ponto mais negro e mais profundo, da sua espiral depressiva.
Além de algumas ajudas que outros países nos estão a dar (a Espanha está um pouco melhor, a Alemanha também vai andando), há boas razões para pensar que a estragégia orçamental de 2013, que passou pelo IRS aumentar muito, depois do chumbo do Tribunal Constitucional ao corte nos subsídios, foi mais eficaz do que a estratégia de 2012, onde só houve cortes nos subsídios, e não houve aumentos de IRS.
A economia portuguesa absorve com muito mais facilidade uma mexida no IRS, mesmo que seja um "aumento enorme de impostos", do que cortes nos subsídios de férias e Natal dos funcionários públicos; ou alterações no IVA da restauração e outros sectores.
Ainda bem portanto, como aqui já escrevi, que o Tribunal Constitucional também vetou os cortes nos subsídios para este ano, impedindo assim mais recessão.
Por outro lado, a descida dos preços em Portugal parece estar a atrair muitos turistas, e parece haver mais actividade económica por causa disso, pelo menos é essa a sensação de quem passeia por Lisboa.
O que ninguém sabe, é se isto chega.
É evidente que é fundamental o país sair de uma recessão profunda. Ninguém pode aceitar que Portugal tenha um crescimento negativo de menos 3%.
Mas, sair de uma recessão profunda não é suficiente.
Para pagar a sua colossal dívida, Portugal precisa de crescer muito e 0,4 % ao trimestre não é muito.
Já é alguma coisa, mas não é quase nada.
O país melhorou, mas quem pensar que já saímos da "armadilha da dívida" está a fantasiar.