Costa pode ser o Obama lusitano
Como eu já esperava, António Costa venceu folgadamente contra António José Seguro.
Por mais que o outro o atacasse, poucas dúvidas havia que entre os dois, ele era o melhor.
E agora, com o PS a seus pés, Costa tem de pensar em como ganhar o resto do país.
A sua personalidade tem várias vantagens, a principais das quais é que ele alegra a esquerda sem assustar a direita.
Conheço muita gente de direita que tem simpatia, admiração e respeito por António Costa, e que admite mesmo votar nele.
A direita desiludida com Passos e Portas poderá, talvez pela primeira vez, votar no PS, pois a fúria contra o Governo é imensa.
À esquerda, embora o PCP tenha vindo a crescer, o desmembramento do Bloco poderá ser também um aliado de Costa.
Louçã ainda empolgava muitos, mas isso não se passa com a actual liderança bicéfala, de Semedo e Martins.
Portanto, Costa pode entusiasmar os que sempre votaram PS, mais aqueles que votaram no Bloco ou noutros fenómenos de esquerda, como Marinho e Pinto e o Livre, e ainda pode ganhar votos ao centro e mesmo à direita.
Como é que isso se consegue?
Enganam-se os que pensam que é preciso ter muitas ideias e fazer muitas promessas.
Obama provou que mais importante que políticas concretas é mudar o estado de espírito das pessoas.
Contra a austeridade brutal, a esperança.
Contra a recessão geral, a crença que há um futuro melhor para os portugueses
O "yes, we can" de Obama pode ser adaptado para Portugal.
Basta querer, basta falar diferente, basta acreditar.
Tal como George W. Bush na América, Passos e Portas cometeram tantos erros e estragaram tanto o país que a mudança é muito desejada pela grande maioria dos portugueses.
Daqui até às eleições, a única dúvida é saber quantos serão.