As praxes nunca mais serão as mesmas...
O acidente dramático ocorrido no Meco mudou as praxes para sempre.
Não sei o que aconteceu naquela praia, nem devemos precipitar-nos em julgamentos sem mais informação.
Mas, o contexto do acidente está obviamente relacionado com o mundo das praxes, das tunas e das universidades, e o acidente alterou para sempre a forma como Portugal aceita essas situações.
Até ao acidente, era possível as pessoas fazerem de conta que nada estava a acontecer, e meterem a cabeça na areia, aceitando à portuguesa que aquilo eram "coisas de miúdos".
Na verdade, não eram. Há dezenas de anos que as praxes descambaram, e são hoje manifestações perfeitamente degradantes da natureza humana.
Jogos de humilhações, violência, pornografia simulada, pancadaria, vale tudo nas praxes.
Estes comportamentos deviam ser, pura e simplesmente, considerados criminosos, e a sociedade devia ter leis para punir os agressores.
Não é aceitável que em Portugal metade do país entre em histeria sempre que há uma pequena história de "bullying" numa escola secundária, e depois aceite as praxes.
As praxes são o "bullying" no seu pior, um "bullying" institucionalizado, organizado, metódico, envolvendo sistemas de liderança, ordens, tácticas, e muitas outras coisas sinistras de que é melhor nem falar.
Os comités de organização de praxes são pequenos gangs com chefe, a quem dá um gozo arrepiante degradar outros alunos de várias formas.
Há décadas que Portugal atura isto, e já devíamos ter todos previsto que um dia, ia acabar mal.
Chegou pois o momento para criminalizar as praxes mais violentas, mais humilhantes e mais degradantes.
Explique-se aos comités, aos pequenos chefinhos universitários, que podem acabar na cadeia se fizerem certas coisas aos caloiros, e verão como esta vergonhosa bandalheira tem um fim.