Passos e Portas: vitória nas finanças, derrotas nas urnas?
A acreditar nas várias sondagens que vão sendo publicadas, tanto sobre as europeias deste Maio, como as relativas às legislativas, o PSD e o CDS, mesmo coligados, dificilmente vencerão as eleições.
E o PS, mesmo com Seguro, dificilmente não as vencerá.
Isto é o que toda a gente espera, seja para finais de Maio, seja para 2015.
Mas, será que é mesmo isso que se vai passar?
Vejamos primeiro as eleições europeias.
Falta já muito pouco tempo para elas, e em duas semanas, mesmo com uma boa campanha de Passos e Portas, é difícil inverter a cabeça da maioria das pessoas.
E a verdade, pelo menos até agora, parece ser esta: mesmo sabendo que terminou com sucesso o "ajustamento", as pessoas não estão satisfeitas com o trabalho do Governo.
Até agora, o PSD e o CDS não conseguiram transformar um sucesso financeiro - o fim do programa da troika - num sucesso político que leve os portugueses a votarem em massa na aliança dos dois partidos.
Aparentemente, o link entre o povo eleitoral e o Governo está danificado e não dá sinais de "restart".
O desgaste muito forte a que a população foi sujeita - com cortes, impostos, taxas, e tudo o mais - levou a muitas dúvidas sobre a capacidade do Governo, o seu sentido de justiça, a sua habilidade, e até a sua moral.
Além disso, este Governo parece ter um prazer especial em confundiar as pessoas, e a última semana foi a melhor prova disso, com as trapalhadas comunicacionais sucessivas sobre a descida ou o aumento de impostos.
Em resumo: é quase certo que o Governo vai perder as europeias, e que o PS as vai ganhar.
A grande questão é saber por quanto, se a vitória do PS será curta ou se será esmagadora.
Para quem deseja ardentemente a substituição de Seguro por António Costa (como grande parte do PS, e até muita gente ao centro e à direita); seria melhor que a vitória de Seguro fosse frágil.
Conheço gente na área do PS que não vai votar só para correr com Seguro.
Porém, não sei se serão suficientes, e o mais provável é ele continuar até 2015.
Será aí que o grande teste se fará.
Em um ano e meio, o Governo ainda tem algum tempo e algumas armas poderosas para tentar recuperar votos.
Se as coisas melhorarem muito, com o desemprego a cair, e a economia a acelerarar, talvez Passos e Portas ainda tenham uma hipótese de, pelo menos, ficarem à frente de Seguro.
Quem joga na derrota certa do Governo em 2015 deve pensar duas vezes.
A velocidade a que as circunstâncias mudam é muito alta neste dias.
Há um ano atrás, o Governo estava nas ruas da amargura, e toda a gente pensava que íamos a caminho de um segundo resgate, incluindo o próprio Passos Coelho.
Portanto, mais vale o PS e Seguro não enbandeirarem em arco já...