A Europa e a Sra. Merkel deviam pagar os nossos subsídios de desemprego
Já é evidente para todos que a Europa se espetou ao comprido no combate à crise económica e financeira que a invadiu.
O desemprego europeu é avassalador, há cinco países a serem resgatados (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Chipre) e as más notícias não param.
Quase cinco anos depois do início da Grande Crise Financeira de 2008, são por demais evidentes os graves erros cometidos pelos europeus, na resposta àquela que era apenas uma crise financeira e bancária, entre 2008 e meados de 2010.
O primeiro erro foi precisamente esse: os europeus não compreenderam que uma crise financeira devia ser resolvida com medidas financeiras, e não com a economia. Ao obrigarem as economias a sofrer, os europeus transformaram uma crise financeira grave numa crise económica gravíssima.
Em 2009, bastaria o Banco Central Europeu ter dito o que disse três anos mais tarde, em 2012 - que faria o que fosse preciso para "salvar o euro" - e as coisas teriam sido bem mais fáceis para todos.
Contudo, os europeus preferiram um caminho diferente. Liderada pela Alemanha, a Europa decidiu dar sermões e pregar moralidade e aplicar "um castigo" aos países com dívidas excessivas.
O ajustamento teria de ser feito exclusivamente pelos "devedores", esses irresponsáveis que viveram "acima das suas possibilidades"! Esta moralidade durona, típica de Merkel e Schauble, esquecia uma verdade essencial: para existirem devedores "irresponsáveis" também têm de existir credores "irresponsáveis", e os ajustamentos devem ser feitos por ambos, e não apenas pelos "devedores".
Mas, a fúria punitiva e castigadora dos alemães levou a vitória, e os programas de ajustamento aplicaram-se somente aos devedores. E à bruta. As "troikas" dedicaram-se à violência e à rapidez. A austeridade tinha de ser depressa e muita, para funcionar.
Vários anos depois, os resultados desta "Cruzada Austeritária" estão à vista de todos: desemprego brutal, recessão económica profunda nos países intervencionados, e recessão económica geral no resto da Europa.
É claro que, em certos casos, como o de Portugal, os efeitos nefastos foram amplificados por um Governo mais "troikista" do que a própria "troika", e agora ninguém vê forma de Portugal sair deste buraco negro. Mas, a culpa principal é da Europa, e não nossa.
É por todas estas razões que faz cada vez mais sentido a proposta de ser a Europa a pagar os subsídios de desemprego dos países que estão sob intervenção. Se a política europeia foi um erro de proporções gigantescas, o fardo das consequências devia ser suportado sobretudo pela Europa, e não pelos países.
Uma importante parte do desemprego criado em Portugal, na Grécia, na Irlanda, em Chipre e até em Espanha ou Itália, resulta directamente das erradíssimas políticas que os alemães nos impuseram a todos. Ora, porque não mandar-lhes a conta?
Era assim que devia ser. Merkel impôs uma política brutal, essa política falhou e gerou um desemprego brutal, pois então que seja a causadora disto tudo a suportar o preço, pagando os nossos subsídios de desemprego. Talvez assim a senhora aprendesse...