A Espanha está um gaspacho azedo
A Espanha parece um gaspacho que não pára de azedar.
O tomate usado é velho: a monarquia não tem crédito, com um rei idoso, adúltero e sem tino, que esbanja dinheiro a caçar elefantes.
A cebola é demasiado verde: os príncipes não encantam e choramingam em público, e os maridos das princesas foram apanhados em crimes de vários tipos.
O azeite vem sempre ao de cima: a Catalunha rosna, quase todos os meses, exigindo a independência.
O pepino sabe mal: os bancos, até há cinco anos imperiais e globais, estão a ser resgatados pela Europa, falidos e sem reputação.
A salsa está curta: as autonomias, fórmula mágica para manter o reino unido, endividaram-se até acima das orelhas, e nem piam.
Para mais, o cozinheiro Rajoy não tem habilidade. No poder para cumprir as diretizes austeritárias da Europa, afundou a economia na recessão.
E, pior do que isso, já o chamam de mentiroso, por causa de um tesoureiro corrupto do PP.
É um "chef" sem brilho, limita-se a manter o restaurante aberto.
Para ajudar à festa, renasce o problema de Gibraltar, a pedra de gelo que faltava na sopa, e que só agudiza o mau sabor.
Por causa do rochedo, eternamente mal resolvido, há chispas sérias com o Reino Unido.
E o desemprego, a pimenta amarga da economia, embora tenha descido um pouco no Verão, está como nunca se tinha visto, principalmente entre os jovens e os imigrantes vindos do sul.
Mas nós, portugueses, temos de provar esta sopa.
Espanha é e será sempre o principal parceiro de Portugal, e qualquer salmonela que lá assente arraiais pode contaminar-nos.
Se este gaspacho se estraga mesmo, a Europa bem que pode começar a rezar.