Sexta-feira, 29.11.13

A euforia bolsista é sinal de que as coisas estão melhores?

As bolsas de todo o mundo andam eufóricas!

Na América, os índices Dow Jones e S&P batem recordes históricos, e o mesmo sucede na Alemanha, com o índice Dax.

No Japão, também o Nikkei tem subido bem, nos últimos meses, e o mesmo se passa em vários países europeus, como França, Espanha ou Portugal, onde os respectivos índices, CAC, Ibex e PSI, têm estado sempre a subir.

O que é que isto quer dizer, que estamos todos a sair da grave crise que assola o mundo desde 2008?

Há várias explicações para este fenómeno geral de euforia bolsista, mas em primeiro lugar temos de separar dois mundos, que devem ser examinados em paralelo.

Há o mundo da alta finança, das bolsas, dos bancos centrais, dos mercados obrigacionistas e de futuros ou matérias primas, e depois há o mundo da economia real, das empresas e das pessoas.

No mundo financeiro, há uma clara melhoria da situação. Os pânicos de 2008 e anos seguintes estão afastados, as taxas de juro estão muito baixas, e o sistema bancário mundial está mais sólido do que há uns anos atrás.

A acção dos três ou quatro bancos centriais mais importantes do mundo (o FED americano, o BCE europeu, o Banco do Japão e o Banco de Inglaterra) tem sido a acertada, com políticas monetárias expansionistas, seja através de compra de títulos, seja de baixas de taxas de juro.

É essencialmente esta política monetária que tem feito subir as bolsas, pois aumenta a liquidez, dá segurança e portanto faz subir o preço dos ativos financeiros (ações, obrigações, etc).

Embora existam diferenças, (as subidas são mais fortes nos EUA do que na Europa, pois o FED é mais activista que o BCE), há uma sensação geral de forte melhoria da alta finança.

Porém, o que é também habitual, pois a alta finança costuma andar mais depressa que a economia, seja a crescer, seja a descer, a verdade é que situação económica geral é ainda frágil.

Na América, há crescimento económico, embora não espectacular, pois o Congresso, dominado pelos republicanos, obriga a permanentes cortes na despesa do Estado, o que traz alguma recessão.

No Japão, também começa a haver melhorias económicas, embora ainda ténues. O mesmo se passa em Inglaterra, e até na China.

Porém, é na Europa que as coisas são mais mistas.

A Europa parece dividida ao meio. Há um grupo de países, liderado pela Alemanha, que está muito bem.

E depois há um grupo de países do Sul, onde se contam Portugal, Itália, Grécia, Espanha, Irlanda e Chipre, que está carregado de problemas, com elevadas dívidas e alto desemprego.

No seu conjunto, a Europa quase não cresce, e ninguém sabe bem como resolver a armadilha em que está apanhada, com muita dívida, desemprego e até deflação, pois aquilo que é bom para a Alemanha é mau para outros países, e aquilo que é bom para o Sul é mau para a Alemanha.

Veremos o que trazem os próximos meses, e se a melhoria financeira que tanto contagia as bolsas traz também alguma melhoria económica, ou se os desequilíbrios se mantém.



 

publicado por Domingos Amaral às 10:25 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 12.09.13

E se as grandes empresas, de repente, pagassem cá os seus impostos...isso era um grande impulse!

Nos últimos dias, soube-se que a maioria das grandes empresas que fazem parte do PSI 20 tem uma sede de fachada na Holanda, com o único propósito de pagar menos impostos!

Elas facturam por cá, depois fazem uma transferência para a Holanda, para a conta da empresa fachada, mandando para lá os lucros. 

Como não pagam lá impostos, toca então de fazer uma transferência de novo para cá, e os lucros regressam a Portugal, já não como lucros, mas como "investimento holandês em Portugal".

Em poucos anos, passaram por esta maravilhosa porta-giratória mais de 25 mil milhões de euros, quase um terço do que Portugal pediu emprestado à "troika"!

É genial, não é? Parabéns aos grandes administradores de empresas, aos muitos MBAs que por lá existem, e parabéns também aos escritórios de advogados que fazem esta operação, toda ela limpa, digna, legalíssima.

Mas, pergunto eu, com o país a passar uma das piores crises da sua história recente, ninguém acha isto uma prática anti-patrótica e ignóbil?

Assim por alto, nos últimos anos, serão talvez 800 milhões de euros em receita fiscal que o Estado português perdeu, e que as grandes empresas meteram ao bolso.

E o que ainda impressiona mais é que estes maravilhosos proprietários, accionistas e gestores, ainda arrotam postas de pescada, e dizem que o Estado deve cortar na despesa, e que todos têm de fazer sacrifícios e coisas assim, cheias de moral e bons costumes.

Pois, mas pagar os impostos, ainda por cima numa época destas, para ajudar o seu país, é coisa que essas maravilhosas grandes empresas não fazem. 

E o Governo, tão corajoso para dizer mal do Tribunal Constitucional, tão empenhado na sua grande missão salvadora do país, nem sequer por um minuto perdeu tempo a tentar parar com esta forma de "evasão fiscal". 

É por isso que em sempre disse que falta coragem a Passos, para enfrentar estas coisas. Dizer mal e cortar aos funcionários públicos é fácil, o que é difícil é enfrentar tubarões, porque esses mordem e são perigosos.

Mas, como sempre soubemos todos em Portugal, por cá quem se lixa é sempre o mexilhão!

 

publicado por Domingos Amaral às 10:57 | link do post | comentar | ver comentários (5)
 

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