Segunda-feira, 14.10.13

Quem vai ganhar o Prémio do Palavrão Político mais grave?

De repente, tenho a sensação que anda a decorrer um concurso de Palavrões na política portuguesa.

Quem irá ganhar o prémio do Palavrão Político mais grave e insultuoso?

Ele é palavrão à direita, palavrão à esquerda, ferve palavrão na política portuguesa, que mais parece nestes dias a bancada (antigo peão) de um estádio de futebol.

Os palavrões são de vários tipos, dos mais sofisticados aos mais boçais.

Por exemplo, Cavaco Silva chamou "masoquistas" aos que consideram que a dívida portuguesa é insustentável.

Já Mário Soares, não querendo ficar atrás, chamou "delinquentes" aos membros do Governo.

Mas, eis que Jerónimo de Sousa vê um par de microfones à sua frente, e logo urra, com veemênica: "trapaceiros e malabaristas!"

E logo Marques Mendes, mais soft, chamou os ministros do Governo de "adolescentes imaturos".

Enfim, parece que agora está na moda dizer assim uns palavrões fortes, para conseguir ser citado nos jornais e que as televisões falem de nós.

Os actuais líderes e os antigos fundadores da Nação democrática andam a ver quem ganha o campeonato do palavrão, e a coisa, naturalmente, promete não ficar por aqui.

Hoje, já ninguém se incomoda quando se ouvem insultos como "mentiroso", ou "corrupto".

Hoje, há que ir mais longe, e ser mais sofisticado, seja na psiquiatria pop (sádicos, masoquistas, obsessivos) ou no calão criminal (trapaceiros e delinquentes!)

Está bonita a festa pá!

 

publicado por Domingos Amaral às 12:14 | link do post | comentar
Terça-feira, 19.02.13

Em Portugal, os fiscais das Finanças "tomam no c..." ou "levam no c..."?

Caro Francisco José Viegas

Escrevo-te não só para me solidarizar com a tua saudável revolta, contra os fiscais das finanças que andam à caça de quem não pede faturas, mas sobretudo para te colocar uma intrigante questão linguística!

Na tua já famosa missiva, dizias que se um fiscal te aparecesse à frente o mandarias "tomar no c..." Ora, foi essa expressão que me causou perplexidade. Porquê o uso de um brasileirismo? No Brasil é que se usa a expressão "tomar no c...".

Já em Portugal, ela não existe. Os portugueses tomam remédios e xaropes, tomam banhos em casa e no mar, mas que eu saiba não "tomam no c..." Em Portugal, a expressão que se usa é "levar no c..." e não "tomar no c..." 

É evidente que podes ter considerado que era demasiado abrutalhado usar a expressão portuguesa. Na verdade, quando se trata de expressões já de si vernáculas, os portugueses são bastante exagerados. Usam o "levar no c..." como se isso fosse equivalente a levar uma carga de porrada.

Há outros exemplos famosos em Portugal. Por exemplo, os portugueses usam muito as expressões "vai-te fod..." ou "vai para o car...lho" como se isso fossem coisas horríveis. Ora, é um pouco estranho, não é? Desde quando é que uma pessoa "ir fod..." é mau?

E mesmo no caso do "vai para o cara..." eu tenho bastantes dúvidas que seja mau. Quer dizer, eu por exemplo conheço imensas mulheres que "vão para o car..." com alegria, vivacidade e até uma certa gula feminina. "Ir para o cara..." não tem de ser mau, nem para quem vai, e muito menos para quem recebe...

Mas, voltemos ao "tomar no c..." Provavelmente, tu usaste a expressão brasileira porque assim, de certa forma, diminuias ligeiramente a agressividade do insulto. O brasileirismo foi uma espécie de vaselina verbal, para tornar a expressão mais suave e deslizante, e não tão agreste como a original dos lusitanos. É compreensível, embora soe um pouco estranho.

Contudo, aquilo que também me surpreendeu, foi a certeza, implícita no teu uso da expressão, de que o fiscal das Finanças que poderia aparecer à tua frente seria um macho heterossexual. Só assim se compreende o insulto.

"Tomar no c..." só é mau se o fiscal for macho, caso contrário pode não ser. Imagina por exemplo que o fiscal das Finanças era gay. Nesse caso, o potencial insultuoso e rebelde da tua expressão perde-se completamente.

Um fiscal heterossexual ficaria ofendido se o mandasses "tomar no c...", mas um fiscal gay poderia até desatar a bater as pestanas, todo animado com a ideia, e a tua fúria poderia até ser interpretada como um convite, o que não foi certamente a tua ideia original!

Mas, nem só esse caso levanta problemas. Imagina que o fiscal que te aparecia à frente era uma mulher. Bem, nesse caso é um bocado imprevisível a reação do fiscal. Como se sabe, a actividade de "tomar no c..." divide bastante as mulheres. Há as que não gostam nada, mas também há as que gostam, e nunca sabemos bem em qual dos grupos se coloca uma mulher antes de a conhecer mais intimamente. É pois um risco mandar uma mulher "tomar no c..."

Na tua carta aberta, foi basicamente isto que me causou perplexidade. Quanto ao resto, estou de acordo contigo, é um perfeito abuso e um enorme disparate os fiscais andarem a multar quem não pede faturas. 

Um abraço amigo

Domingos Amaral  

publicado por Domingos Amaral às 10:52 | link do post | comentar | ver comentários (2)
 

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