O filmezinho de Maomé
Sinceramente, já estou completamente farto destes "casos" que involvem a figura de Maomé. Primeiro foram os cartoons, agora é um filmezinho imbecil e logo duas coisas acontecem: de um lado, os "radicais" islâmicos inflamam-se e aproveitam para queimar umas bandeiras, matar umas pessoas e fazer brutalidades à grande. Do outro, lá aparecem os ocidentais muito inflamados, a defender o direito à "liberdade de expressão"! Ora, aqui só entre nós, convinha que alguém explicasse a todos que nem a violência islâmica se justifica por causa de um aborto cinematográfico realizado por trogoloditas, nem a liberdade de expressão é um valor sem limites.
Para quem defende que não há, nem deve haver, limites à liberdade de expressão, eu relembro que eles existem e não são poucos. Há limites constitucionais na América (não se pode defender o comunismo), na Alemanha (não se pode defender Hitler e o nazismo), na Inglaterra (não se pode defender o terrorismo nem a destruição da sociedade, como bem sabem certos sacerdotes islâmicos que foram proibidos de pregar).
Depois, há limites legais em todos os países: não se pode promover o racismo, o genocídio dos povos, e muitas outras coisas que consideramos más e erradas. Para além disto tudo, ainda existem os limites à liberdade de expressão à posteriori, que são o que os tribunais decidem depois de considerar que alguém insultou alguém. Experimentem chamar "assassino" a um político português e verão se não são condenados em tribunal por "abuso de liberdade de expressão".
Portanto, a liberdade de expressão tem limites e defender esse direito como contraposição à violência que vem do Médio Oriente é uma armadilha em que não caio. O filme imbecil sobre Maomé é um acto de provocação óbvia e completamente gratuita contra o Islão, e só não vê quem não quer ver. E é também um filme bastante racista, que achincalha os muçulmanos. Ora, que eu saiba o racismo é um valor que os ocidentais não promovem. Ou será que o racismo ocidental é seletivo, e há raças que devemos respeitar e outras que não é preciso respeitar?