Quinta-feira, 18.09.14

A Escócia já chegou à Madeira?

Um dos danos colaterais do referendo na Escócia é a animação que para aí vai nos locais que também desejam independência.

Na Catalunha, no País Basco, em certas regiões da Bélgica, já todos andam animados com a possibilidade de seguirem a Escócia.

E, como não podia deixar de ser, o mesmo se passa na Madeira.

 

Sim, é verdade, a Escócia já chegou à Madeira!

Na cara de Alberto João Jardim há já um sorrisinho tipo "eu não vos dizia que isto um dia mudava?" 

Ainda por cima, se a Escócia tem whisky, a Madeira tem o seu vinho!

Não tem petróleo, nem tantos milhões de pessoas, mas tem o Cristiano Ronaldo, que dá para uma bela campanha de marketing!

 

Se no referendo escocês vencer o Sim, preparem-se pois para uma sessão de fogos de artifício no Funchal.

Será, aposto, quase tão forte como as das Passagens do Ano!

Jardim sairá à rua, em pelota se for preciso, para festejar a grande possibilidade de, finalmente, a Madeira ser independente!

 

O pior é se isto pega.

E porque não a Galiza, o Alentejo, o Algarve, a Andaluzia, o Languedoc, a Bretanha, a Baviera?

Sim, porque não fragmentar todas as nações, uma a uma, em pequenas cidades estados?

Porque não um feudalismo digital com páginas no Facebook e conta no Twitter?

Como dizia Karl Popper há muitos anos, o único grave problema do princípio da autodeterminação é que é autoagravante, nunca mais se pára.

Se virmos bem, há razões para tudo, até para Algés se separar definitivamente de Miraflores... 

publicado por Domingos Amaral às 12:34 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quarta-feira, 14.11.12

Os portugueses têm culpa?

Nas últimos dias muitos têm escrito que eu não reconheço que os portugueses têm muita culpa da situação a que chegámos. Nada mais falso. Nunca aqui escrevi que não éramos responsáveis pela nossa dívida, nem que não a devíamos tentar pagar.

Querem falar de culpados? Falemos então. A dívida pública portuguesa ronda os 200 mil milhões de euros. Sim, leram bem, 200 mil milhões de euros. Destes, há parcelas que convém destacar:

- 30 mil milhões de euros são dívidas das empresas públicas, incluindo as empresas de transportes (CP, Carris, Metro de Lisboa, Metro do Porto, TAP, etc) que são responsáveis por 20 mil milhões, e as outras empresas (RTP, Lusa, etc), que são responsáveis pelos restantes 10 mil milhões.

- 8 mil milhões são dívidas das autarquias locais, embora haja quem admita que esse valor possa chegar aos 12 mil milhões, pois ainda há dívida "oculta".

- 6,3 mil milhões são dívidas da Madeira, embora também neste caso haja quem diga que, se trouxermos para a superfície mais dívida que está "oculta", este valor chega aos 8 mil milhões.

- 6,6 mil milhões são as dívidas que o Estado contraiu junto da "troika" para resgatar 3 bancos - o BCP, o BPI e Caixa Geral de Depósitos. 

- 3,5 mil milhões são a dívida contraída pelo Estado para resolver o buraco do BPN. 

- 3,5 mil milhões é o valor da dívida actual vinda das PPP (parcerias público-privadas), embora a "troika" ainda não tenha aceite que a totalidade desse valor seja registado como dívida pública.

Estes são os números oficiais do Ministério das Finanças, e se somarmos estas seis parcelas, chegamos a um total de 57,9 mil milhões de euros, o que é quase 30 por cento do total da dívida pública portuguesa. Ou seja, quase 30 por cento dos 200 mil milhões, aconteceram porque as empresas públicas foram mal geridas, as autarquias viveram num regabofe, a Madeira se encheu de túneis, os bancos tiveram de ser ajudados, um deles devido a uma burla (BPN), e o país construiu demasiadas auto-estradas, de que não necessitava.

Culpados? Sim, é evidente que há culpados. O PS de Sócrates, o PSD de Jardim, Barroso e Santana, o PP de Portas (e nem sequer falei nos submarinos, que nos custaram mais de mil milhões de euros); os banqueiros que financiaram esta orgia despesista, e as grandes empresas de construção civil, que se empaturraram com muitas destas obras. Portugal ficou cheio de luxos inúteis como o Metro do Porto, as estações maravilhosas do Metro de Lisboa, estádios de futebol aonde ninguém vai (Aveiro, Leiria, Algarve), submarinos caríssimos e obviamente alemães, SCUTs na província onde passa um carro em cada dez minutos e é com sorte, e muitos maravilhosos aquedutos na Madeira, para os ingleses verem quando lá vão de férias.  

Sim, há culpados, e não são poucos. Sim, eu sei que a culpa é dos portugueses, e desta gente toda que teve responsabilidades. Nunca irei branquear nada, nem ninguém. Porém, isso não significa que a forma de sair da crise seja a austeridade defendida por Merkel e Passos Coelho. Por mais culpas que os portugueses tenham, e são muitas, não é a austeridade que vai resolver o problema da dívida, bem pelo contrário. A austeridade agrava a dívida, que já subiu para quase 120 por cento do PIB! Assim, quanto mais pagamos, mais devemos, e a história não vai ter um fim feliz para ninguém. 

publicado por Domingos Amaral às 12:03 | link do post | comentar | ver comentários (6)
 

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