Em Portugal toda a gente protesta...e ainda bem!
Muita gente tem a ideia que só a CGTP e os sindicatos de esquerda é que protestam.
No entanto, não é bem assim.
Qualquer ramo de actividade, quando é atingido nos seus interesses, protesta de imediato.
Não são só os funcionários públicos a protestar. Também as associações de reformados, recém formadas, protestam muito.
E os bancos? Nas últimas semanas, protestaram pelo menos 2 vezes, e bem.
A primeira foi contra uns certificados que o Governo vai lançar, e que para os bancos são concorrência "desleal".
E a segunda vez foi contra a subida do imposto extraordinário sobre a banca, que logo levantou um coro de protestos!
E a EDP, não protesta, contra os cortes nos subsídios? Sim, protesta.
Até os chineses que a compraram logo vieram protestar, enviando uma cartinha, e logo o defensor dos chineses, Eduardo Catroga, veio dizer que eles tinham razão.
E a Galp, não a ouviram também a protestar?
E o ACP, não levantou a voz, dizendo que mais impostos sobre os carros a gasóleo era um erro?
E a associação dos restaurantes, não protesta contra a manutenção da taxa máxima do IVA? Sim, protesta e até ameaça com manifs.
Como se vê, não são só os do costume, os sindicatos da função pública, ou os trabalhadores das empresas públicas.
Esses vão fazer o que fazem sempre.
Mas, os outros também protestam e por vezes têm formas muito eficazes de levar a água ao seu moínho.
E quem achar que Portugal é irreformável só por causa disto, não percebe nem gosta das democracias modernas.
Nessas, todos se podem defender, e protestar é uma forma de defesa.
Seja os interessados "de direita", ou sejam os interessados "de esquerda", todos protestam e ainda bem, é sinal de que estão vivos. Só os mortos não protestam.
Qualquer ser vivo reage mal ao sacrifício e à dor, mesmo que seja apenas no seu bolso.
Isto não quer dizer que certas medidas não sejam necessárias, mas pensar que todos devíamos ser carneirinhos mansos e submissos, e aceitar tudo com um sorriso nos lábios, é um instinto totalitário assustador.
Antes uma sociedade onde todos protestam e é difícil mudar, do que uma sociedade de mortos-vivos, subjugados por um poder totalitário.
Protestar é sinal de vida, e de democracia. E nisso não somos muito diferentes dos outros.
Não há nenhuma democracia ocidental onde não haja protestos quando alguém se sente prejudicado.
Contudo, há muitos que preferiam uma sociedade diferente, mansa e amorfa, que nunca protestasse.
É compreensível.
Debaixo de muitas pessoas que odeiam os protestos, há um ditadorzinho doméstico, um fanático do come e cala.
É o que há mais por aí, os ditadorzecos de sofá, que resolviam tudo em duas penadas...