Terça-feira, 29.04.14

Sem um bocadinho de inflação, não há retoma

Já há alguns sinais que a retoma económica, seja na Europa, seja até em Portugal, pode estar a abrandar o seu ritmo.

Se isso acontecer, é uma má notícia para todos, e também para Portugal.

Mas, não deve ser uma surpresa muito grande, pois toda a Europa está num processo de deflação, e quando assim é, tudo se torna mais difícil.

 

A deflação (queda dos preços) é uma inimiga do crescimento económico, e se os preços estão a cair, é difícil haver melhorias muito grandes no PIB.

Há sempre duas componentes no crescimento, a quantidade e o preço.

Se uma empresa vender 10 carros num ano, e no ano seguinte vender 11, aumentou a venda em quantidade, mas é preciso ver a que preço o conseguiu.

Se teve de baixar muito o preço, até pode não ter aumentado a receita.

Com um país é semelhante: podemos produzir mais e exportar mais quantidades, mas se os preços descem, podemos acabar com um crescimento pequeno, ou mesmo negativo.

 

É isso que se está a passar na Europa e também em Portugal: com a queda geral dos preços (deflação), por mais que os países produzam ou exportem, podem não conseguir resultados positivos no crescimento.

As pessoas até podem estar a consumir mais (em quantidade), e até podem aumentar a sua confiança, mas como os preços estão a descer, o PIB não aumenta por aí além.

Esta armadilha é especialmente perigosa para países que têm muita dívida, como é o nosso caso.

A inflação é amiga de quem tem dívidas, pois o dinheiro desvaloriza com o passar do tempo, e é mais fácil de pagar as dívidas.

Com a deflação, é ao contrário, cada ano que passa as dívidas tornam-se mais difíceis de pagar.

 

É nessa armadilha que continuamos, e na Europa o Banco Central, dominado pelos alemães, está relutante em estimular as economias.

Ora, se os preços continuarem a cair, não saímos da cepa torta.

Os juros podem estar baixos, já nos podemos financiar, mas a economia continua anémica.

É um sarilho europeu, e só se dai daqui com a ajuda do BCE.

Ou Draghi dá uma ajuda valente nos próximos meses, ou continuaremos a patinar na lama.

 

publicado por Domingos Amaral às 12:36 | link do post | comentar
Quarta-feira, 11.12.13

O caso do chinês que se suicidou ao fim de 5 horas às compras com a namorada!

A história é verídica e conta-se assim: ao fim de cinco horas às compras com a namorada, num shopping na China, um homem perdeu a cabeça.

Pediu à namorada para parar com aquilo, mas ela não quis. Queria comprar mais um par de sapatos.

Ele, desesperado, disse-lhe que ela já tinha muitos sapatos, sapatos a mais, tantos sapatos que não teria vida para os calçar a todos.

Ela irritou-se, zangou-se com ele, disse-lhe que ele não tinha paciência para ela, nem gostava dela.

Desataram os dois a discutir, azedos e ofensivos. De repente, ele não faz mais nada, vai até à varanda e salta.

Eles estavam no quinto andar de um shopping e por isso ele morreu ao cair. Suicidou-se porque estava farto de andar às compras com ela, não aguentava mais.

É uma história triste, mas qualquer homem compreende aquele chinês.

É esta uma das maiores diferenças entre os dois sexos, as comprinhas. As mulheres adoram-nas, podem passar horas nisso, e os homens normalmente não gostam.

Quer dizer, uma hora, duas no máximo, ainda se aguenta, mas ao fim de quatro horas qualquer homem está capaz de se divorciar, e ao fim de cinco cada um de nós é um suicida chinês em potência.

Os homens não aguentam bem o capitalismo. O capitalismo foi feito a pensar nas mulheres. É para elas, são elas que adoram as compras.

Nós, pela nossa parte, como gostamos delas, temos de aguentar o melhor possível, fingir que gostamos.

Mas, senhoras, tenham dó. Duas horas é o máximo! A partir daí, verifiquem se não estão no quinto andar do shopping, e se estiverem desçam para o rés do chão, pois já ninguém responde por nós.

 

publicado por Domingos Amaral às 11:10 | link do post | comentar | ver comentários (5)
Quarta-feira, 13.11.13

Dr. Passos, isto não é uma questão de pessimismo!

Com um triunfalismo um pouco excessivo, Passos Ceolho afirmou que "o tempo do pessimismo está a acabar"!

Por vezes, tenho a sensação que está na moda este uso de explicações psicológicas e sentimentais para explicar as flutuações da economia.

É como se tudo se reduzisse a "estados de alma", "emoções", "comportamentos desviantes", coisas assim.

É evidente que a psicologia e as expectativas dos povos têm efeitos sobre a economia, mas convinha não exagerar.

A nossa crise não foi uma crise de pessimismo, nem de pessimistas.

A crise portuguesa existiu por muitas e variadas razões, e nenhuma delas foi psicológica.

Existiu porque houve uma terrível crise financeira internacional, em 2008.

Existiu porque essa crise gerou outra, uma crise do euro, a partir de 2009.

Existiu porque a crise do euro gerou a crise das dívidas soberanas, lançando muitas dúvidas sobre a capacidade de certos países conseguirem pagar as suas dívidas, e as taxas de juro subiram.

E existiu porque a linha que as troikas escolheram, e que Passos aplicou como aluno empenhado, provocou uma recessão brutal!

Reduzir tudo isso a "pessimismo" é um doce engano.

As pessoas não deixaram de consumir apenas porque estivessem "apreensivas" ou "pessimistas"!

As pessoas deixaram de consumir sobretudo porque pura e simplesmente têm muito menos dinheiro disponível agora, ou porque foram parar ao desemprego, o que é bem diferente de pessimismo...

Quem pensar que é com excitações psicológicas que tira o país da crise, está a alimentar uma estranha ilusão.

A melhoria recente da economia portuguesa não se deve a uma diminuição do pessimismo, ou a um súbito aumento de optimismo.

A verdade é que houve mais turismo, mais exportações, e taxas de juro um pouco mais baixas.

Ou seja, quem está optimista são os estrangeiros, os turistas que nos vêm visitar, os países que nos compram as exportações, e os investidores que compram a nossa dívida pública nos mercados internacionais.

Esses sim, já não estão pessimistas!

E isso melhora um pouco a nossa vida, mas não muito.

A verdade é que os portugueses, em geral, ainda não sentem grandes melhorias na sua vida.

Optimistas ou pessimistas, o pilim no final do mês continua curto.

E enquanto for assim, não há psicologia que nos valha...  

publicado por Domingos Amaral às 12:23 | link do post | comentar | ver comentários (4)
 

Livros à venda

posts recentes

últ. comentários

  • Li com prazer o seu primeiro volume volume de assi...
  • Caro Domingos Amaral, os seus livros são maravilho...
  • Caro Fernando Oliveira, muito obrigado pelas suas ...
  • Gostei muito dos dois volumes e estou ansiosamente...
  • Bela e sensata previsão!Vamos ganhar a Final?!...
  • A tua teoria do terceiro jogo verificou-se!No enta...
  • Gostei de ler, os 2 volumes de seguida. Uma aborda...
  • Neste momento (após jogo com a Croácia) já nem sei...
  • Não sei se ele só vai regressar no dia 11, mas reg...
  • No que diz respeito aos mind games humildes, é pre...

arquivos

Posts mais comentados

tags

favoritos

mais sobre mim

blogs SAPO

subscrever feeds