Segunda-feira, 15.09.14

Novo Banco: vender à pressa, vai dar barraca

A saga do BES continua, agora com novos episódios e um nome diferente, mas com trapalhadas semelhantes.

Vítor Bento era um nome forte, com credibilidade, mas durou muito pouco.

Aparentemente, é um problema de pressa.

Sente-se nas declarações de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, que há que despachar o trambolho o mais rapidamente possível.

O governo faz coro, e repete a ideia. Portas, Pires de Lima, Maria Luís, Passos, todos querem vender, e já.

Para ontem, se fosse possível.

 

Ora, qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe que vender à pressa é mau.

É mau se for um carro, uma casa, uma Playstation, e naturalmente é mau também se for um banco.

A pressa do vendedor obriga a baixar o preço, e o negócio é sempre pior.

Ainda por cima num banco que saiu de um colapso, e que se pretende recuperar.

Se a ideia era maximizar o valor da venda, para poupar dinheiro ao contribuinte, a pressa é um disparate.

 

Pelos vistos, Vítor Bento queria mais calma, o que só abona em seu favor.

Pelos vistos, Banco de Portugal e Governo querem vender depressa. O todo ou as partes, não interessa, o que interessa é fazê-lo antes das eleições.

Porém, gerir a situação de bancos com timings políticos já se viu que dá num desastre.

É agora evidente para todos que, desde finais de 2013, era conhecida a situação grave do BES.

Passos, Carlos Costa e a "troika" fizeram uma "gestão política" do assunto, adiando-o para depois da saída da "troika".

Deu no que deu, o BES entrou em colapso total, e esfrangalhou-se.

 

Agora, que as coisas pareciam estabilizar, lá vem a "gestão política" outra vez.

Tudo vendido, antes das eleições, para que não se possa atirar à cara do Governo que não protegeu o contribuinte.

Pois. Até Maio, era "proteger o BES", e ele faliu. Agora, é "proteger o contribuinte", e ou muito me engano ou vai dar barraca da grossa outra vez.

Infelizmente, as estratégias de Carlos Costa e de Passos falharam todas no caso do BES.

Esta será a última oportunidade, mas com tanta incompetência até aqui, é provável que corra muito mal também. 

publicado por Domingos Amaral às 11:23 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Quinta-feira, 07.08.14

O ebola da bolsa

Não há nada que os mercados financeiros temam tanto como a desconfiança.

A desconfiança enche as pessoas de receios, temores de perda do seu dinheiro.

Daí ao medo é um pulo, e ao pânico um saltinho.

A desconfiança é o ebola das bolsas, um vírus que parece incontrolável e para o qual ainda não há remédio.

É esse ebola que parece pairar sobre a bolsa portuguesa.

Ontem caiu tudo, aos trambolhões, e até os juros da dívida subiram.

A bolsa ficou vermelha. E nos bancos e no Governo, o sinal voltou ao laranja.

 

Talvez seja um exagero o que se está a passar.

Roosevelt disse um dia que a única coisa de que devíamos ter medo era do próprio medo.

Estava a falar de guerra, mas podia estar a falar dos mercados financeiros.

Ou de Portugal, nos dias que correm.

Há medo, e esse medo, a sua existência, dá-nos mais medo, e andamos ali às voltas, presos numa espiral de aflição.

 

Mas convém respirar fundo, contar até dez, acreditar que há nisto uma dose de exagero.

As bolsas, muitas vezes, comportam-se como rebanhos de carneirada.

Para onde vai um, vão todos, e ninguém sabe bem porquê, nem quem é o líder.

E quando assim é, é difícil encontrar uma explicação racional para o que está a acontecer.

 

A solução "banco bom" e "banco mau" tem virtualidades.

Protege os depositantes, os clientes normais, os activos bons do BES.

Porém, tem dois pontos fracos.

Primeiro, penaliza muito os accionistas, e isso gera desconfiança na bolsa portuguesa.

Se os accionistas podem perder tudo, para quê ser accionista, sobretudo de bancos com problemas?

Este medo gera uma pressão de venda, pois quando o risco de perda sobe, todos querem evitá-lo.

É verdade, mas também é verdade que, na sexta-feira passada, as acções do BES já só valiam 12 cêntimos, quase nada.

A maior perda já tinha acontecido.

 

O segundo ponto fraco da decisão é a ideia de que serão os outros bancos a ter de resolver o problema do Novo Banco.

Se não for bem privatizado, a um bom preço, são os outros bancos que se chegam à frente e pagam a factura.

Parece injusto, e até um bocado absurdo.

Então são os bancos que nada tiveram a ver com o caso a ter de suportar o imbróglio?

Como, se também eles estão a sair da situação difícil em que estiveram nos últimos anos?

Foi isso que ontem penalizou, e muito, o BCP, o BPI e o Banif.

 

Também aqui, há que colocar um pouco de gelo na ferida.

Em primeiro lugar, esses não são os únicos bancos a actuar em Portugal.

Existem a Caixa, o Santander, o BBVA, o Deustche, o BIG, e muitas outras instituições financeiras.

O fundo de Resolução inclui todos os bancos, não apenas o BCP, o BPI e o Banif.

E pode até dar-se o caso de os futuros compradores nem serem bancos que hoje actuam em Portugal.

 

Além disso, é apressado concluir que isto se vai passar depressa.

O mais provável é a reprivatização do Novo Banco demorar algum tempo.

Poderá ser feita em parcelas, mas ninguém acredita que seja rápida.

Dois anos, menos que isso?

Talvez sim, talvez não.

Seja como for, é cedo para penalizar os outros por algo que não se sabe quando, ou como, vai acontecer. 

 

publicado por Domingos Amaral às 10:25 | link do post | comentar | ver comentários (1)
Segunda-feira, 04.08.14

BES: finalmente alguém tomou juízo...

Nada é mais importante no sistema bancário do que a confiança das pessoas.

Quando ela se perde ou está em risco, tudo se desestabiliza e o pior pode acontecer.

Era isso a que Portugal estava assistir nos últimos dois meses.

A crise no Grupo Espírito Santo estava a contaminar o sistema financeiro e bancário português, e cada dia que passava as coisas ficavam piores.

A bolsa caía, os outros bancos começavam a ser arrastados para a lama, e o receio estava instalar-se.

Qualquer pessoa que conheça as histórias de crises financeiras, por todo o mundo, sentia que Portugal estava já num sarilho.

Havia que actuar, e depressa, para evitar a derrocada de um país que ainda está frágil.

 

Infelizmente, Governo e Banco de Portugal andaram sempre a correr atrás do prejuízo.

Só na semana passada aceitaram aquilo que era evidente, que o BES estava perdido, e que o sistema estava minado.

Finalmente, o supervisor acordou, e o Estado chegou-se à frente para parar o sarilho do BES.

Depois de meses e meses de erros e trapalhadas, declarações tontas e descobertas terríveis, fez-se o que estava escrito nas estrelas há muito: uma intervenção pública no BES.

Só pecou por tardia, pois pelo caminho muito valor se destruiu, e muita instabilidade desnecessária se gerou.

 

A solução "banco bom/banco mau" é inteligente, e pode salvar muita coisa.

Proteje bem os depositantes, as empresas-clientes, os trabalhadores do BES.

Tambem protege os obrigacionistas, e quem tem fundos geridos pelo banco, desde que sem ligações aos outros negócios contaminados.

Isso é bom, pois nenhum desses grupos de pessoas foi responsável pela desgraça que derreteu o banco.

 

Quanto aos accionistas, a solução penaliza-os muito, embora talvez em excesso no caso de serem pequenos.

Percebe-se que se quis castigar e punir os grandes, sejam do Grupo Espírito Santo, franceses, brasileiros ou portugueses.

Todos perdem fortunas colossais. 

Mas, e os pequenos accionistas, que não tiveram responsabilidades na gestão?

Também perdem, e sem culpa, mas esse é o risco de quem compra acções, e elas já valiam muito pouco na sexta-feira.

Quem não vendeu, perde tudo, e pode recuperar muito pouco no futuro. 

 

Para já, evitou-se uma crise gravíssima, e evitou-se o descalabro na economia.

Foi o Estado que o fez, pois mais ninguém o podia fazer.

É para isso que existe o Estado, e é por isso que é importante a sua presença.

A economia privada, só por si, não chega.

Quando a crise é sistémica, o Estado tem de intervir, por muito que isso custe aos liberais e aos críticos. 

 

Mas, não devemos esquecer o que se passou, nem os erros que foram cometidos pelo Banco de Portugal nesta crise.

Só apontar o dedo aos "fraudulentos" não é suficiente.

É evidente que devem ser feitas investigações, acusações, e julgamentos em tribunal.

É assim com todos os crimes, e se existiram crimes têm de ser julgados os seus responsáveis.

 

Só que isso não absolve o supervisor das suas falhas.

É absurdo que se tenha andado a aplicar uma estratégia desde Setembro de 2013, tentando "isolar" o BES dos problemas do Ges, para agora descobrir que isso foi impossível.

Quanta inocência...

É absurdo que se tenha aprovado um aumento de capital em Junho, ainda liderado pela anterior administração, sabendo já que essa mesma administração iria ser destituída.

Que desplante...

É absurdo que se tenha destituído uma administração e se tenha demorado semanas a nomear uma nova.

Que loucura...

O vazio de poder que o Estado criou no BES que abriu a caixa de Pandora, e tudo se descontrolou.

 

Em conclusão, foram meses de erros do supervisor, que ajudaram ao caos sem o parar.

Que se consiga agora salvar a situação, é bom e deve ser aplaudido.

Porém, a gestão desta crise foi um desastre até à salvação final, e Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, sai deste imbróglio com muito menos força do que no passado.  

O regulador não pode ser um avozinho simpático que repreende os netos, e que depois se surpreende que eles sejam muito mal comportados.

publicado por Domingos Amaral às 12:07 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Sexta-feira, 01.08.14

O BES derreteu, parabéns Banco de Portugal!

Como aqui previ, há duas semanas, o Estado vai ter de entrar a sério no BES.

Os últimos meses já faziam adivinhar que a situação ia acabar muito mal.

Basta ler um pouco da história das crises bancárias, seja cá, na América, ou noutros países, para perceber que toda a gente estava a cometer os erros de sempre.

Passos Coelho mandava bocas, a dizer que aquilo era um problema "privado", que o Estado não ia meter-se.

O Banco de Portugal emitia comunicados, todas as semanas, a dizer que o BES estava "sólido".

E a imprensa fazia um festim com as más notícias, enquanto milhares queriam era ver a família Espírito Santo atrás das grades!

 

Ora, ninguém parece ter percebido que se estava perante um gravíssimo problema, para a economia portuguesa e para o sistema bancário nacional.

O BES é só o maior banco privado português, não é algo com que se possa brincar.

Os governantes e o Banco de Portugal deviam ter-se lembrado que também Bush decidiu não salvar o Lehman, e foi o que se viu, o maior colapso financeiro desde a segunda guerra mundial.

Quando estamos a falar de um banco tão importante para o sistema bancário de um país, convém não ser inocente, nem irresponsável.

 

Porém, o país parecia num teatro de tontos.

Os últimos meses são um chorrilho de asneiras do regulador, uma trapalhada desmiolada dos principais accionistas, um delírio para os abutres e para os especuladores profissionais, e uma irresponsabilidade permanente do Governo.

Como é que alguém acreditou, e muitos acreditaram, na história de que era possível separar os problemas do BES dos problemas do GES (Grupo Espírito Santo)?

Que raio de imprensa económica é a nossa, que julga que está a ter momentos de glória, quando está a afundar um sistema bancário?

Que raio de Governo é este que não percebe que não pode lançar bocas demagógicas, dizendo que não vai ajudar "famílias e negócios de amigos", quando se está perante o maior terramoto da história bancária de Portugal?

 

A crise do BES entrou directo para o número 1 do top das crises financeiras portuguesas.

Em dois meses, o valor do banco derreteu.

Os culpados deste desastre são muitos, a lista é espantosa.

Sim, a família, isso é óbvio.

Mas também o Banco de Portugal, que pilotou esta crise como uma criança de três anos guia um bólide, sem qualquer noção.

E o governo, os liberais que vão ter de engolir tudo o que disseram, e voltar usar o Estado para salvar o que resta do BES, para estabilizar um sistema bancário à beira de um ataque de nervos.

E nem quero falar em certos comentadores que se julgam heróis e não passam de carrascos...

 

 

 

 

publicado por Domingos Amaral às 16:34 | link do post | comentar | ver comentários (4)
Quinta-feira, 10.07.14

Preparem-se: o BES tem de ser nacionalizado, não há outra solução

Interrompo as minhas férias neste blog, porque parece-me que a situação se justifica.

O sistema bancário português está à beira do colapso, devido à grave crise que se vive no BES e no grupo Espírito Santo.

E o sistema financeiro português está em pânico, como se prova pelas graves quebras da bolsa nas últimas semanas.

Para estabilizar a situação, já não chegam os nomes que foram lançados para a praça pública há dias.

A partir de agora, é preciso intervir, e à séria.

Nacionalizar o BES, e o mais depressa possível, é a única solução para evitar um colapso ainda mais gravoso.

Tal como há uns anos a Inglaterra nacionalizou o Lloyds, Portugal terá de nacionalizar o BES.

 

Pelo caminho, há críticas graves que se devem fazer a todos os intervenientes neste processo.

A família Espírito Santo degladiou-se em guerras civis, quando a casa já estava a arder.

Mas, esse não é o principal problema, há muito que deixou de o ser.

A intervenção do Banco de Portugal, sobretudo nos últimos três meses, foi absolutamente inconsequente e desleixada.

Não é aceitável que se decapite a liderança de um banco, sem ter uma solução alternativa imediata.

Ao vetar nomes e soluções a conta-gotas, o Banco de Portugal gerou um vazio de poder sinistro e aterrador.

Os mercados sentiram a fragilidade, e desataram a vender, fugindo a sete pés da bolsa portuguesa.

 

Também não esteve nada bem o nosso Governo.

Há cerca de um mês, Passos Coelho lavou as mãos do assunto, dizendo que a situação do BES não tinha a ver com ele.

Essa frase foi a medida da falta de lucidez de Passos, e da sua nefasta negligência.

O maior banco privado de um país é sempre um assunto nacional, é sempre um assunto de Estado.

Agora, a bomba BES vai rebentar nas mãos de um primeiro-ministro impreparado e pouco lúcido.

Esperemos que tenha a dignidade de tomar a decisão mais correta, e nacionalizar o BES.

 

Caso contrário, e se for mantida por mais tempo a atitude tonta de "laissez-faire" do Banco de Portugal e do Governo, então preparem-se todos para um desastre nacional de proporções inimagináveis.

publicado por Domingos Amaral às 11:53 | link do post | comentar | ver comentários (45)
Terça-feira, 20.11.12

Os "Zandingas" e as "Mayas" da Economia

Os seres humanos sempre adoraram prever o futuro, e quem o consegue conquista um poder especial, quase divino. Os druidas gauleses observavam as entranhas dos peixes, a Nancy Reagan consultava uma cartomante, os meteorologistas avisam o tempo dos próximos dias, os espectadores matinais da SIC escutam os horóscopos da Maya, e os economistas do mundo inteiro fazem previsões sobre 2013 e 2014. 

Para enfrentar a ansiedade da vida, nada melhor do que uma crença positiva sobre os dias de amanhã. Será que vai chover? Consulte-se o weather.com. É amanhã que ela vai descobrir o amor da sua vida? Ela é Peixes, e diz na revista que a próxima semana é fundamental no Amor! Ele irá ser bem sucedido na operação aos intestinos? A carta do Tarot anunciava um bem-estar radioso! Será que Portugal vai crescer em 2014? A previsão do Governo diz que sim, 0,8 por cento!

O problema do futuro é que há cada vez mais gente a tentar prevê-lo! Nas sociedades primitivas, esse poder era exclusivo dos sacerdotes, que mandavam matar quem os desafiasse. Com o tempo, o número de druidas cresceu exponencialmente, e hoje é escusado esventrar animais ou esfregar bolas de cristal, há modelos matemáticos que não sujam as mãos nem nos fazem passar por charlatão.

Só que, havendo tantos a prever o futuro, quem tem razão? Sim, é a Maya ou é o professor Bamba? Será o Tarot mais eficaz que o horóscopo Chinês? Será o weatherchannel mais preciso que o Instituto de Meteorologia? E quem está mais perto da verdade, nas suas previsões para 2013: o Banco de Portugal, o Governo ou o FMI?

Há umas décadas, na semana anterior a qualquer passagem do ano, os jornais publicavam as previsões dos astrólogos para o ano seguinte. Foram os tempos do saudoso Zandinga e de outros personagens semelhantes. Hoje, já não há Zandinga, mas há a OCDE, a União Europeia, o Conselho Económico Social, e muitos outros organismos capazes de nos adivinharem o futuro. 

Mas quem é o melhor Zandinga da economia? Por exemplo, em 2013 o PIB poderá retrair-se 1 por cento (Zandinga do Governo); 1,6 por cento (Zandinga do Banco de Portugal); ou 2 por cento (outro Zandinga qualquer, cujo nome agora não recordo, mas que não era a Maya nem o professor Bamba). E o deficit poderá ser de 4%, 5%, 4,5%, ou mesmo 3,5%, consoante se consulte a cartomante de Berlim ou a de Bruxelas.

No final do dia, é natural que os portugueses estejam um pouco confusos. A guerra das previsões económicas é uma guerra feroz, onde cada druida tenta ganhar ascendente sobre os outros, provando que andou mais perto da verdade. Na realidade, o que isso interessa? Em 2013 já ninguém se vai importar com as previsões feitas um ano antes, e toda a gente já estará a consultar a Maga Patalógica para saber o que vai acontecer em 2014, ou mesmo em 2015.

E amanhã, será que vai mesmo chover? Pelo seguro, como dizia a minha avó, é melhor levar o guarda-chuva.    

 

publicado por Domingos Amaral às 11:34 | link do post | comentar | ver comentários (4)
 

Livros à venda

posts recentes

últ. comentários

  • Li com prazer o seu primeiro volume volume de assi...
  • Caro Domingos Amaral, os seus livros são maravilho...
  • Caro Fernando Oliveira, muito obrigado pelas suas ...
  • Gostei muito dos dois volumes e estou ansiosamente...
  • Bela e sensata previsão!Vamos ganhar a Final?!...
  • A tua teoria do terceiro jogo verificou-se!No enta...
  • Gostei de ler, os 2 volumes de seguida. Uma aborda...
  • Neste momento (após jogo com a Croácia) já nem sei...
  • Não sei se ele só vai regressar no dia 11, mas reg...
  • No que diz respeito aos mind games humildes, é pre...

arquivos

Posts mais comentados

tags

favoritos

mais sobre mim

blogs SAPO

subscrever feeds