Preparem-se: o BES tem de ser nacionalizado, não há outra solução
Interrompo as minhas férias neste blog, porque parece-me que a situação se justifica.
O sistema bancário português está à beira do colapso, devido à grave crise que se vive no BES e no grupo Espírito Santo.
E o sistema financeiro português está em pânico, como se prova pelas graves quebras da bolsa nas últimas semanas.
Para estabilizar a situação, já não chegam os nomes que foram lançados para a praça pública há dias.
A partir de agora, é preciso intervir, e à séria.
Nacionalizar o BES, e o mais depressa possível, é a única solução para evitar um colapso ainda mais gravoso.
Tal como há uns anos a Inglaterra nacionalizou o Lloyds, Portugal terá de nacionalizar o BES.
Pelo caminho, há críticas graves que se devem fazer a todos os intervenientes neste processo.
A família Espírito Santo degladiou-se em guerras civis, quando a casa já estava a arder.
Mas, esse não é o principal problema, há muito que deixou de o ser.
A intervenção do Banco de Portugal, sobretudo nos últimos três meses, foi absolutamente inconsequente e desleixada.
Não é aceitável que se decapite a liderança de um banco, sem ter uma solução alternativa imediata.
Ao vetar nomes e soluções a conta-gotas, o Banco de Portugal gerou um vazio de poder sinistro e aterrador.
Os mercados sentiram a fragilidade, e desataram a vender, fugindo a sete pés da bolsa portuguesa.
Também não esteve nada bem o nosso Governo.
Há cerca de um mês, Passos Coelho lavou as mãos do assunto, dizendo que a situação do BES não tinha a ver com ele.
Essa frase foi a medida da falta de lucidez de Passos, e da sua nefasta negligência.
O maior banco privado de um país é sempre um assunto nacional, é sempre um assunto de Estado.
Agora, a bomba BES vai rebentar nas mãos de um primeiro-ministro impreparado e pouco lúcido.
Esperemos que tenha a dignidade de tomar a decisão mais correta, e nacionalizar o BES.
Caso contrário, e se for mantida por mais tempo a atitude tonta de "laissez-faire" do Banco de Portugal e do Governo, então preparem-se todos para um desastre nacional de proporções inimagináveis.