O Syriza é um filho bastardo da Sra Merkel, mas não é um monstro
Quando a direita é torta e pouco inteligente, a esquerda aproveita bem.
Há anos que isto estava escrito no destino.
A teimosia e o egoísmo da direita europeia geraram o Syriza.
O partido grego que acabou por vencer, e bem, é um filho bastardo da Sra. Merkel.
A mãe da austeridade, de tanto obrigar os povos ao sacrifício, gerou bastardos revoltados e zangados.
É isso que sempre acontece quando as pessoas são obtusas.
Ao longo de cinco anos, entre 2009 e 2014, a direita europeia impôs uma política exagerada, errada e contraproducente.
Merkel, mas também Sarkozy, Oli Rehn, Trichet, Rajoy, Samaras, Passos Coelho e outros, aplicaram com entusiasmo políticas de austeridade duríssimas.
A Grécia, a Irlanda, Portugal, mas também a Espanha, a Itália, a França, até a Holanda, foram obrigadas a cortes violentos nas despesas e a uma cura de emagrecimento forçada, mas supostamente salvífica e redentora.
Nunca se chegou à terra prometida dos austeritários.
A Europa veio de crise em crise, desde 2009 que não sai dela.
Porém, a direita europeia não admite que esse podia não ser o melhor caminho.
Mais do que isso: a Sra Merkel quis mesmo impedir todos os avanços positivos que ainda se iam conseguindo.
O Mecanismo Europeu de Estabilização, a União Bancária, a intervenção do BCE, foram sempre adiados, sabotados ou fortemente criticados pela Alemanha.
Ao longo de cinco anos, Merkel só tinha uma resposta para tudo: austeridade e reformas estruturais.
Tudo lhe saiu furado. As economias nunca recuperaram e as sociedades começaram a reagir.
Na Grécia, Itália, Espanha, França, até na Alemanha e no Reino Unido nasceram movimentos políticos hostis.
Já em 2014, em Maio, quando se deram as eleições europeias, era evidente que algo estava em curso.
A crise saltara das finanças para a economia, e agora saltava desta para a política.
Estavam a nascer os filhos bastardos da austeridade.
Porém, a sra Merkel e os seus "boys", como Rajoy ou Passos, enfiaram a cabeça no chão, como a avestruz.
Fatalmente, um dia algo iria acontecer, e esse dia foi ontem.
A partir de agora, há uma alternativa à austeridade.
Os povos zangados podem unir-se e obrigar a mãe a concessões.
Na dívida pública, no fim da austeridade, na união política, há muito a fazer para consertar os danos que Merkel e seus "muchachos" provocaram.
E descansem as almas mais sensíveis: o euro não vai acabar.
Isso é a conversa do costume, a chantagem do "não há alternativa", do "tem de ser".
Estão errados. O Syriza vai surpreender, e a Europa vai mudar para melhor.