O regresso mediático de Vítor Gaspar
Vítor Gaspar, anterior ministro das Finanças, regressou em força para "limpar" a sua imagem.
Agora, que o PIB já cresce, que o desemprego já desce, e que ganha força a hipótese de uma saída "limpa" do programa de ajustamento, Gaspar regressou para colher os louros que ele julga dele.
Tudo o que fez, diz Gaspar, foi bem feito.
Tudo o que disse, diz Gaspar, foi bem dito.
E se algo correu mal, diz Gaspar, a culpa foi de Portas, que desestabilizou o Governo.
A pergunta que fica, depois da leitura das entrevistas de Gaspar, é óbvia: então porque é que se foi embora?
Se tudo o que fez estava bem feito, e tudo o que disse foi bem dito, porque se demitiu Gaspar?
Porque disse, na sua carta de demissão, que as suas políticas tinham produzido resultados graves que o tinham "descredibilizado"?
É que, se estava tudo bem, e ele tinha razão em tudo, não fazia muito sentido demitir-se, pois não?
Ao ler as recentes declarações de Vítor Gaspar, a ideia com que se fica é que ele não aguentou a "pressão".
No pico da crise, com os resultados desastrosos que se viam em finais de 2012 e inícios de 2013, Gaspar deixou de acreditar em si próprio e foi abaixo, escolhendo a saída.
Na carta que escreveu, vê-se que já nem ele acreditava nas suas ideias, e já não tinha força psicológica e anímica para continuar.
É como o treinador que se demite a meio da época, e que depois do seu sucessor (o treinador adjunto) ter sido campeão, vem dizer que foi ele que decidiu tudo, e preparou tudo, e sem ele não haveria título.
Pois, mas quem ficará para a história como treinador campeão será Maria Luís Albuquerque, e não Gaspar.