Já ninguém tem medo da Rússia?
Quando eu era miúdo, a Rússia metia muito medo.
Os soviéticos formavam a URSS, toda poderosa, cheia de mísseis balísticos.
Metade da Europa era deles, cercavam Berlim e invadiam o Afeganistão quando queriam.
Também eram comunistas à séria, de barba rija, e todos vivíamos com receio que eles invadissem o lado de cá.
O Brejnev, por exemplo, era medonho e grotesco, e certamente por isso metia-me medo, com aquela carantonha feia, e o poder de tocar nuns botões e dar cabo de um país.
Trinta e tal anos depois, já ninguém parece ter medo da Rússia, e a própria Rússia perde tempo com disparates que não enganam ninguém.
Nas últimas semanas, Putin tentou mostrar que ainda tem umas forças armadas poderosas, e fez umas aparições por aí, para pregar um pequeno susto aos europeus e aos americanos.
Primeiro foi um submarino russo, que andou a brincar às escondidas com a marinha sueca.
Depois foram uns enormes bombardeiros que cruzaram o Atlântico, o que gerou uma excelente oportunidade para boas fotografias, e também para os F-16 portugueses mostrarem algum serviço.
Por fim, parece que outro navio anda por aí a passear-se pelas águas territoriais portuguesas, sendo escoltado ordeiramente para fora do nosso mar, não fosse matar alguns peixinhos.
A verdade é esta: estas exibições masculinas de Putin só servem para alegrar os parolos russos que ainda o apoiam, mas não metem medo a ninguém.
Putin parece uma criancinha, a tentar impressionar as outras com os seus brinquedos, os seus barquitos, os seus aviõzitos, os seus submarinozitos.
Melhor seria ele organizar um parque temático militar e vender bilhetes, sempre ganhava algum.