Contra a Alemanha e a austeridade, marchar, marchar!

Nos últimos meses, muitos foram os que fizeram apelo aos estímulos económicos, para combater a recessão que parece regressar à Europa, e talvez ao Japão.

 

Mario Draghi fez em Setembro um célebre discurso, onde falou em expansão orçamental, e o BCE vai começar o seu programa de expansão monetária.

No Japão, o banco central já está activamente a intervir, e o primeiro-ministro Abe está a repensar o lançamento a subida dos impostos.

 

Em Inglaterra, ainda ontem Cameron dizia que era preciso investimento público, pois o Reino Unido está a ser ameaçado pela recessão europeia, o que já levou o governador do Banco de Inglaterra a manter os estímulos monetários no país.

Na América, Obama pede mais intervenção dos outros países, para não ser apenas a América a única locomotiva da economia mundial, e o FED está a refletir sobre se deve subir já as taxas de juro, com o perigo de deflação à espreita.

Em França e em Itália, Hollande e Renzi fazem apelos constantes à intervenção da Europa, com mais investimento, e ao relaxamento das duras regras, que já admitem não vir a cumprir.

 

Olha-se para o mundo inteiro, e o que se vê são líderes preocupados com a recessão.

Todos? Todos não, os alemães resistem ainda, e não querem admitir o óbvio: a austeridade afocinhou a Europa numa longa recessão, ou em três recessões consecutivas, desde 2009. 

A fúria austeritária germânica, que impôs o Tratado Orçamental à Europa, um desvario perigoso, está cada vez mais isolada, mas só a sua mera existência mantém a Europa numa grave crise.

 

O ódio à dívida pública e à despesa do Estado, sempre estimulado pela direita e pelos liberais, é uma loucura em épocas de recessão, só agravando a crise.

Mas, tal como antes socialistas ou comunistas, a ideologia tola cega os que a praticam, e alemães e seus apoiantes recusam-se a olhar para a realidade e a perceber que assim não há saída da recessão.

A escolha é simples: preferem desemprego e recessão, ou deficit público e alguma dívida?

Eu prefiro claramente a segunda solução.

publicado por Domingos Amaral às 11:35 | link do post | comentar