A sabotagem de Passos a Marcelo
Em política, o que parece normalmente é.
Quando definiu um "perfil" presidencial, o PSD de Passos distinguiu algumas características importantes para um futuro candidato, e é evidente que Marcelo ficou excluído.
Quando se diz que o presidente a apoiar não deve ser "mediático", isto quer dizer uma coisa: não queremos o prof. Marcelo!
Este, rápido e arguto como é seu costume, percebeu perfeitamente o recado, e inteligentemente colocou-se fora da corrida.
É um pouco patético Passos vir agora fazer-se de desentendido, dizendo que não queria excluir ninguém, quando foi precisamente isso que pretendeu.
Diga-se aliás que é natural que Passos não queira Marcelo em Belém, pois na sua cabeça o professor é um homem que ele não controla, e Passos quer alguém na presidência que ele possa "controlar", ou pelo menos prever com facilidade o que vai fazer.
É também evidente que o candidato que Passos quer é Durão Barroso, um homem alinhado com as teses de Passos, e que muitas ajudas lhe deu nos últimos anos, com constantes declarações de apoio às políticas deste governo.
Portanto, parece ser evidente que Marcelo está fora da corrida, e Barroso só não avança se não quiser.
O único problema deste cenário é que Barroso é muito pior candidato do que Marcelo.
No país, são poucos os que o admiram, e menos ainda os que gostam genuinamente dele.
Barroso não é um político afetivo, não desperta simpatia ou sequer empatia.
Pelo contrário, desperta muita antipatia, e muitos são os que não esquecem a forma como "abandonou" Portugal em 2004, trocando o lugar de primeiro-ministro pelo de presidente da Comissão Europeia.
Além disso, a sua estadia em Bruxelas não aumentou a sua popularidade, e são poucos os que consideram que ele fez algo de relevante, fosse pela Europa, fosse por Portugal.
Barroso é visto como um político que manda pouco, influencia pouco, e pouco protegeu os interesses de Portugal.
É certo que não sabemos quem à esquerda se vai candidatar.
Se for por exemplo António Costa, dificilmente Barroso vence as eleições.
Um combate entre Marcelo e Costa, ainda podia gerar dúvidas, mas entre Barroso e Costa, o país prefere claramente o segundo, cuja postura simpática é mais apropriada a um presidente.
Já se fosse Sócrates o candidato do PS, e Marcelo o candidato do PSD, aí era grande a hipótese deste último vencer, pois Sócrates não tem uma relação pacífica com grande parte do país.
Por fim, resta um cenário aterrorizador: uma luta entre Barroso e Sócrates!
Nesse caso, o melhor é emigrarmos todos.