A pressa em chegar ao poder é má conselheira
À direita e à esquerda, está tudo cheio de pressa em chegar ao poder.
Passos Coelho, ontem ao sair de Belém, pediu celeridade.
Os investidores, as expectativas, o orçamento, é necessário o presidente despachar-se e indigitá-lo sem perder tempo.
Mas, a gente pergunta-se: e para quê tanta pressa?
Ao mesmo tempo que pede a indigitação, Passos admite que não pode garantir um governo com apoio maioritário no parlamento.
Então pressa para quê? Para o seu governo cair mais depressa?
Do outro lado, a coisa não está melhor.
Costa, Catarina e Jerónimo acham que não vale a pena o presidente nomear Passos, que vai ser derrubado, e por isso era melhor queimar etapas e ser nomeado já um governo chefiado por Costa.
Catarina lá vai dizendo que precisam de mais "um ou dois dias", coisa pouca, já há acordo pronto, mas...a verdade é que ainda não há acordo nenhum que se veja.
Para quê tanta pressa, quando a esquerda ainda não conseguiu mostrar à população um acordo firme e duradouro, estável e sólido?
Na verdade, além da pressa, há dois pontos comuns, entre esquerda e direita.
Todos querem ser governo, mas nem um lado nem outro garante que vai haver um governo sólido e estável.
Portanto, eu se fosse ao Cavaco mandava-os continuar a conversar uns com os outros.
Enquanto não existirem acordos sólidos, venham de onde vierem, não deve haver governo.
Noutros países europeus, as negociações entre partidos demoram meses, mas os portugueses andam com um despacho que até enerva.
Que tal serem um pouco mais europeus, mais tranquilos, mais sólidos e não mostrarem tanta pressa em chegar ao poder?
Assim, parece que o único objetivo de ambas as partes é impedir que a outra parte lá chegue primeiro.
Passos e Portas querem impedir a todo o custo que a esquerda se una e Costa acabe primeiro-ministro.
E Costa, Catarina e Jerónimo estão colados à pressa, e a cola que os une é apenas a vontade de enxotar Passos e Portas para fora de São Bento.
É pressa a mais.
Normalmente, quando estamos mortinhos por fazer qualquer coisa, não a fazemos bem.