A Guerra Constitucional (episódio 4 - O Regresso das Trevas Salariais)
Lá vamos nós para o quarto melodrama constitucional português.
Sim, já é a quarta vez que vemos este filme, está a tornar-se uma saga repetitiva e sem interesse.
É que esta Guerra Constitucional (episódio IV - O Regresso das Trevas Salariais) é igual às três edições anteriores da saga, com apenas algumas nuances.
Qualquer episódio da série começa sempre da mesma maneira, com o Governo a tomar uma decisão drástica, tipo cortes dos subsídios, ou de salários.
Nesse momento inicial, há pessoas que dizem que é quase certo que o Tribunal Constitucional vai chumbar a medida, mas o Governo não pensa duas vezes e avança com ela.
No segundo acto, há pessoas que levam o assunto ao TC (o presidente da República, ou a oposição), e o TC fica uns meses a digerir o assunto, para criar algum suspense.
Pelo caminho, o Governo lá vai mandando umas bocas, a tentar fazer pressão, e o TC lá vai mandando outras, a dizer que não é pressionável.
No terceiro acto, conhece-se a decisão previsível e esperada do TC (não há qualquer surpresa, é sempre o que se dizia que era), e logo depois começa o melodrama do Governo, também ele já cansativo e repetitivo.
Lá vem o Marco António aos berrinhos, o Portas muito sério, o Passos muito preocupado, o Durão a lançar avisos ameaçadores de Bruxelas, e toda a gente de direita a zurrar, acusando o TC de ser "ideológico" ou "de esquerda".
Por momentos, todos acreditamos que vai existir finalmente o tão esperado "duelo ao sol" entre o Governo e o TC, mas passados uns dias nada acontece.
O Governo lá arranja umas medidas à pressa para cumprir os objectivos, e o drama esfuma-se.
O problema da série "A Guerra Constitucional" é sempre o mesmo: é anunciado um fim tenebroso para o país, mas algum tempo depois essa anunciada tragédia não se dá, pelo contrário, as coisas até vão melhorando.
Já foi assim no episódio 1 (Os Cortes dos Monstruosos Subsídios); no episódio 2 (O regresso dos Monstruosos Subsídios); e no episódio 3 (As monstruosas pensões atacam).
Sempre que o TC decidia contra o Governo, logo vinha aí o tenebroso "Segundo Resgate" e a perdição final e apocaliptica do país.
Porém, o tenebroso "Segundo Resgate" tem sido como o lobo da história, as pessoas dizem que ele vem aí, mas nas primeiras vezes nunca apareceu.
As coisas iam supostamente piorar muito, mas a verdade é que acabaram por melhorar, e até conseguimos a inesperada "saída limpa".
É esse aliás a incoerência do Governo.
Há pouco menos de um mês, sim um mês, este Governo decidiu-se pela "saída limpa" e disse ao país que tudo estava bem.
Agora, de repente, já está tudo em risco e tudo a falhar?
Como é isso possível?
Nos três episódios anteriores, apesar das decisões do TC, tudo correu bem!
E, pergunto eu, se estamos assim tão em perigo, não terá sido prematuro escolher a "saída limpa"?
Acho que vou ter de esperar pelo Episódio V, para ver como isto acaba, mas até agora tem sido tudo tão previsível que até chateia.
É sempre a mesma coisa, os mesmos dramas pífios e os mesmos finais chochos.