A dança entre Passos e Seguro
Há um ano que já vemos isto, esta permanente dança cheia de equívocos e sugestões subtis, entre Passos e Seguro.
Uns dias Passos diz que não precisa do PS, por exemplo para um "programa cautelar", o que logo leva o PS a reagir de forma ofendida.
Noutros dias vemos Passos a namoriscar o PS, dizendo-o essencial para o "consenso nacional", o que leva o PS a fazer-se caro, dizendo que não está disponível para suportar a política do Governo.
Noutros dias a iniciativa pertence ao PS, que desafia o Governo a isto ou aquilo, o que leva o Governo a fazer-se difícil, dizendo que não pode ceder, pois a troika não deixa.
E noutras ocasiões vemos o PS a atacar o Governo, o que leva este a fazer um discurso de gente séria e responsável, declarando que o país não se compadece com durezas e irredutibilidades, e é preciso responsabilidade.
Portanto, vamos assistindo a esta dança que nunca termina, mas também nunca acelera o ritmo, num conflito de baixo nível de intensidade, que já ninguém entende bem, e que se duvida ser salutar para as duas lideranças e os dois partidos.
A política precisa destes rituais permanentes de ataque, defesa, aproximação e distância, crítica e aplauso, namoro e ruptura, mas se no final do dia, ou ao final de meses, nada se alterou de relevante, o que é que isto é a não ser apenas um espectáculo sem consequências?
Passos e Seguro deviam refletir se valerá a pena viver neste saltitar de pequenas discórdias, neste ziguezague de tácticas, zangas ou amuos curtos.