Terça-feira, 05.02.13

Bye bye Godinho

Finalmente, Godinho Lopes demitiu-se. Por pura teimosia, o presidente do Sporting tentou a todo o custo ficar e resistir, mas acabou por render-se às evidências e atirou com a toalha ao chão. 

Com o clube à beira de um golpe de Estado, e com uma Assembleia Geral explosiva marcada para o próximo sábado, Godinho fez bem em não esticar mais a corda. Até porque, como há já mais de um ano se percebeu, Godinho não é um bom presidente de um clube de futebol, e não é suficientemente competente para lá ficar mais tempo.

O mais grave erro de Godinho Lopes foi ter despedido o treinador Domingos quando o Sporting até não estava a jogar mal, já se tinha qualificado para a final da Taça de Portugal, além de ir com uma boa carreira na Liga Europa. A partir desse momento, nunca mais Godinho Lopes agarrou o clube.

Despedir treinadores dá sempre mau resultado. Em trinta anos, o Sporting teve 45 treinadores diferentes! Mais instável que isto, é impossível. Esta época, e ainda só vamos a meio, já vai no quarto treinador: Sá Pinto, Oceano, Vercauteren e Jesualdo. Ora, isso é uma receita para o desastre, e o desastre está a dar-se aos olhos de todos.

A partir do despedimento de Domingos, foi sempre a descer. Casos com Pereira Cristóvão, despedimentos de Sá Pinto, Duque e Carlos Freitas, e uma solidão cada vez maior do presidente. A bóia de salvação chamada Jesualdo, a que Godinho se agarrou, não resultou, e naturalmente os sócios do clube não aguentam mais tanto sofrimento.

Além disso, há o buraco financeiro. O Sporting tem pouco dinheiro? Não é bem verdade, pois o Sporting tem muitos adeptos e até tem tido muita gente no estádio, e Godinho investiu muito quando chegou. O problema é que o dinheiro é sempre mal gasto, e Godinho gastou muito mal o muito que teve disponível.

Portanto, venha o próximo, a ver se faz melhor.  

publicado por Domingos Amaral às 11:18 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Terça-feira, 08.01.13

O Sporting pode acabar?

O principal problema do Sporting chama-se instabilidade. Instabilidade na presidência do clube, instabilidade no banco de treinadores, e instabilidade nas políticas de gestão desportiva. No Sporting, aplica-se diariamente a célebre máxima de Pimenta Machado, uma espécie de cúmulo da instabilidade: "no futebol, o que hoje é verdade, amanhã é mentira". 

Veja-se a instabilidade na presidência. Nos últimos 30 anos, enquanto o FC Porto teve 1 presidente, o Sporting teve 10. Vários deles, nem duraram dois anos no lugar, como foi o caso de Amado de Freitas, Jorge Gonçalves, Pedro Santana Lopes ou José Eduardo Bettencourt. E o actual, Godinho Lopes, não parece ir durar muito mais do que estes antecessores.

Depois, há a instabilidade no banco dos treinadores. Em 30 anos, desde 1982, o Sporting teve 44 treinadores, se contarmos com Oceano, e Jesualdo será o quadragésimo quinto! Apenas em 12 temporadas não mudou de treinador a meio, e em certos anos, como o actual, chegou a ter 4 treinadores numa época. Nesta temporada, até Janeiro, já se sentaram no banco Sá Pinto, Oceano, Vercauteren e agora será a vez de Jesualdo. 

É claro que esta dupla instabilidade, na presidência e no banco, não trouxe nada bons resultados. O Sporting apenas foi campeão 3 vezes em 30 anos, em 1982, 2000 e 2002.

E a política desportiva foi mudando de rumo, como um imprevisível vento. Umas vezes estava nortada, outras de este, e outras ainda levante. Primeiro apostava-se na formação, depois comprava-se galáticos (Sousa Cintra); voltava a virar-se para os meninos, juntando-lhe uns brasileiros e a seguir apostava-se forte nas estrelas (Jardel e João Pinto), para mais à frente se entrar numa grande redução salarial, que impediu Paulo Bento de lutar por campeonatos.

No entanto, mal Paulo Bento saiu, logo se descobriu o dinheiro, que Bettencourt e Godinho não souberam gastar, pois não têm talento para presidentes de clubes de futebol profissionais. Quando tinha talentos, o Sporting não tinha dinheiro e por isso vendia os talentos. Quando tinha dinheiro, já os talentos tinham fugido.

Godinho Lopes é mais uma demonstração cabal de incompetência. Começa a comprar que nem um desalmado, acho que foram 19 jogadores, todos apresentados com grande fanfarra em Alvalade. Mas mal o barco abana, despede o treinador, Domingos, num absurdo de gestão impossível de compreender. De então para cá, não pára o chorrilho de disparates. Sá Pinto, Oceano, Vercauteren, todos já queimados na fogueira dos resultados.

Há quem diga que o problema é outro: não há dinheiro, e os salários já estão atrasados, por isso os jogadores não correm e não estão comprometidos com as vitórias do clube. Não sei se é verdade, mas parece. O que é verdade é que esta queda a pique é confrangedora e não se vêem saídas airosas.

Um clube grande pode acabar? Não é provável. Não se conhecem histórias de grandes clubes europeus, com muitos sócios, que tenham fechado as portas. Mas podem passar por momentos duríssimos, como foi o caso da Fiorentina e agora do Glasgow Rangers. Talvez seja necessária uma cura purificadora. Os bancos terão de perdoar a já impagável dívida, os notáveis terão de desamparar a loja, e alguém com capital e juízo terá de pegar neste zombie actual e ressuscitá-lo.

Talvez o BES possa comprar o clube, ou aterrem na Portela os russos do Bruno de Carvalho. Para um clube com tantos sócios como o Sporting, morrer não é uma opção. Mas também ninguém quer um morto-vivo, a arrastar-se pelos relvados.   

 

publicado por Domingos Amaral às 16:10 | link do post | comentar
Terça-feira, 11.12.12

Quando a cabeça (do Sporting) não tem juízo...

Já cantava o António Variações que o corpo é que paga quando a cabeça não tem juízo, e foi disso que me lembrei ontem ao ver o Sporting-Benfica. Os leões correram demais na primeira parte, tal era a ânsia de vencer o rival, que depois pagaram um preço alto, e acabaram por ser derrotados sem qualquer dúvida por 1-3.

Na segunda parte, chegou a ser penoso ver alguns dos jogadores do Sporting a perderam bolas da maneira que perderam, por puro cansaço. Capel, por exemplo, quase não existiu depois do intervalo. No princípio, Maxi Pereira parecia estar a levar um banho de bola, mas ele é uma velha raposa, e sabia que quem corre como Capel correu em 45 minutos...Na segunda parte, era Maxi que passava por ele sem problemas.

Quanto a Carrillo, um excelente jogador, quase só se viu uma vez, quando acelerou e ofereceu a Elias um golo que Artur negou, com mais uma das suas espantosas defesas. O Sporting acabou aí, e depois só deu Benfica. Antes do jogo, na brincadeira, tinha enviado um sms a um amigo a dizer que os leões iam levar 4 na segunda parte e quase adivinhei. 

Jesus teve mais uma vez razão ao dizer que a esta corrida é a dois. Provavelmente assim será até ao final do campeonato. Benfica e FC Porto estão colados, e nenhum quer ser o primeiro a ceder.

Como digo no meu livro "Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?", o elemento determinante para vencer são os salários que os clubes pagam a jogadores e treinadores. Quem paga mais, normalmente é campeão.

Ora, este ano as coisas estão muito próximas. Segundos os relatórios de contas, no primeiro trimestre desta época, o FC Porto gastou 11,7 milhões de euros em salários e o Benfica 11,2, o que os coloca quase lado a lado na possibilidade de ser campeão.

Talvez por isso, a igualdade de resultados é a norma. Até agora, o FC Porto disputou 21 jogos (11 para o campeonato, 6 para a Champions, 3 na Taça de Portugal e a Supertaça). Ganhou 16, empatou 3, e perdeu 2, o que dá uma percentagem de vitórias de 83,3 por cento. Para calcular este número, a vitória vale 2 pontos e o empate um, e depois é preciso dividir pelo total de pontos em 21 jogos (35/42). 

Já o Benfica disputou apenas 19 jogos, pois falta-lhe um na Taça e não disputou a Supertaça. Desses, venceu 13 jogos, empatou 4 e perdeu 2. Ou seja, conseguiu 30 pontos em 38 possíveis, o que dá uma percentagem de vitórias de 78,9 por cento, já mais próxima da do FC Porto, e melhor que há um mês atrás. Portanto, a coisa está mesmo renhida! 

publicado por Domingos Amaral às 11:55 | link do post | comentar | ver comentários (13)
Sexta-feira, 30.11.12

Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?

Já está à venda nas livrarias o meu primeiro livro sobre economia e futebol! Chama-se "Porque é que o FC Porto é campeão e o Benfica só ganha Taças da Liga?" e é uma análise económica e financeira dos últimos 11 anos do futebol português.

A principal conclusão deste vosso amigo benfiquista e economista é a de que "Quem Paga Mais, Ganha Mais". Ou seja, quem gasta mais em salários dos jogadores e treinadores é normalmente campeão.

Esta regra verifica-se em nove anos dos últimos onze, incluindo no ano que o Benfica foi campeão, treinado por Jorge Jesus. Nessa época, em 2009-2010, o Benfica foi o clube que mais gastou em salários, e por isso foi campeão. Foi a única vez em onze anos que o Benfica ultrapassou o FC Porto na despesa em salários, e pelos vistos valeu a pena, pois no final festejou e bem.

Nos outros anos, quem gasta mais é quase sempre o FC Porto, e essa é a principal razão que explica que, só na última década, o FC Porto tenha vencido oito dos dez campeonatos.

Quem pensar que a arbitragem explica as vitórias em campeonatos está redondamente enganado, e não é só em Portugal que a regra do "Quem Paga Mais, Ganha Mais" se verifica. Também é quase sempre assim em Inglaterra (o campeão, Manchester City, foi o que mais gastou em salários), em Espanha (foi o Real) ou na maioria dos outros países.

Não sendo uma regra infalível, os salários mais elevados explicam a maior capacidade de vitórias dos clubes, cujo modelo de negócio eu examino neste livro. Para vencer muitas vezes, os clubes têm de saber gerir muito bem o seu plantel. Há três princípios essenciais: comprar bem, pagar bem e vender bem.

Na última década, em Portugal foi o FC Porto que melhor aplicou estes princípios, e por isso vence mais vezes. É certo que o Benfica já consegue fazer muita coisa bem feita, nomeadamente vender bem, mas ainda falha nas compras de jogadores (Roberto, Emerson, e mais uns quantos brasileiros onde se gastaram milhões sem retorno), e não paga tão bem ao seu plantel.

Além disto, no meu livro falo também sobre o mercado das receitas televisivas nacionais, controlado pela Olivedesportos, e quanto ele prejudica os clubes nacionais, em especial o Benfica.

Termino com uma análise ao buraco negro das enormes dívidas que todos os clubes portugueses têm, e quanto essas dívidas os vão limitar nos próximos anos, pois a UEFA irá colocar em prática as suas novas regras de "fair play" financeiro, que impedem os clubes de ter prejuízos em três anos seguidos, colocando em risco a participação dos clubes portugueses nas provas europeias.   

publicado por Domingos Amaral às 12:54 | link do post | comentar | ver comentários (11)
Sexta-feira, 19.10.12

35 milhões é muita massa!

Mais de 35 milhões de euros de prejuízo num ano é mesmo muito! A crise, a nacional mas também a europeia, está tão intensa, que até aquele que era considerado um dos clubes de futebol mais bem geridos da Europa, o FC Porto, que muitos consideram um "case study" de sucesso na indústria, teve este ano um resultado negativo fortíssimo.

Depois de cinco anos consecutivos a dar lucro, o que é um caso raro na Europa e sobretudo em Portugal, o FC Porto teve em 2011-2012, na época que terminou em Junho passado, um péssimo ano económico e financeiro (35,7 milhões de prejuízo), muito pior do que o Benfica (11,6 milhões de prejuízo) mas apesar de tudo melhor do que o Sporting (45,9 milhões de prejuízo).

Quais os motivos de tão grande rombo? A SAD do FC Porto fala no custo dos juros dos empréstimos e na perda do valor dos passes dos jogadores (as célebres imparidades), mas não deixa de ser um pouco surpreendente que um clube que, no exercício em causa, vendeu Falcão pela astronómica quantia de 40 milhões de euros, dê mesmo assim prejuízo. Talvez o gasto excessivo nas compras de Danilo e Alex Sandro (num total de 28 milhões de euros) seja a verdadeira causa deste inesperado "buraco". Pela primeira vez em muitos anos, o FC Porto comprou mal, comprou caro demais, e o resultado desse exagero está à vista. Bem sei que as vendas de Hulk e Álvaro Pereira não entraram neste exercício, pois já foram depois de Junho, mas mesmo assim, e mesmo tendo sido campeão nacional, foi um ano péssimo para o clube.

No entanto, que ninguém se ria desta situação, pois tirando o Braga, que teve um lucro de 5 milhões de euros, ninguém ficou positivo este ano. A crise toca a todos.

publicado por Domingos Amaral às 10:54 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Segunda-feira, 20.08.12

Jesus não aprende

Jorge Jesus continua o mesmo de sempre, com os mesmos erros e as mesmas qualidades. Já por várias vezes escrevi no Record que, na maioria dos jogos, o Benfica não devia jogar de "pernas abertas", ou seja com 2 avançados e 2 extremos, um sistema demasiado ofensivo e que é bem aproveitado por equipas matreiras como foi o Braga no sábado. Mas Jesus insiste, teimoso. O ano passado, no primeiro jogo do ano, aconteceu o mesmo, empatámos 2-2 com o Gil Vicente. As coisas não estão pois muito diferentes. Além disso, o Melgarejo teve bastante azar naquele caricato autogolo, mas acho-o um óptimo jogador, que com o tempo vai aprender a não repetir erros desses. Quanto ao resto, o que nos valeu foi que FC Porto e Sporting também começaram muito desinspirados... 

publicado por Domingos Amaral às 11:17 | link do post | comentar
 

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