A Avenida Brasil não me encheu as medidas

Sim, eu sei que há milhões de fãs da telenovela, e que a Dilma Rousseff parou tudo para ver o final.

Sim, eu sei que a SIC tem óptimas audiências, e que o Público escreve artigos a louvar o génio desta telenovela.

Sim, eu sei isso tudo mas lamento dizer que Avenida Brasil não me satisfez por aí além. 

Primeiro que tudo, aquele Brasil do lixão, tão Cidade de Deus, tão miséria que é preciso enaltecer, enjoa-me.

Sim, enjoa-me. E se nos lixões houvesse gente tão esperta como Carminha ou Max, ou mesmo a Mãe Lucinda, os lixões iam longe.

O culto do génio do mal no meio do lixo é um mito um bocado parvo, mas pronto.

A vida do Tufão é mais divertida, a família de loucos, pirosa e lustrosa, de um barroco quase aterrador, mas divertido.

Ainda se atura.

Têm graça os Lelecos, porque é um actor magnífico, ou mesmo a sopeira, mas é um bocado inverosímil toda aquela história da criadita "infiltrada" para se vingar da madrasta má.

Também é um lugar comum a história da "piranha", a Sueli, devoradora de homens, que anda para ali de homem em homem.

Por outro lado, a classe média alta é um desastre.

O Cadinho é um "trígamo", e as suas três mulheres umas venais, que só pensam em dinheiro, acabando o harém a transferir-se para o advogado que deu o golpe. 

É a vitória dos modestos mas sãos, do Divino, do churrasco, da pureza da Monalisa.

Ou seja, quem vem de muito baixo, ou quem já está lá em cima, não presta.

Quem presta é a classe média baixa, da chinela, das cabeleireiras e da gritaria.

Mas, o pior de tudo é a demora.

Durante meses, nada avança, ou avança lentamente. Estava-se duas semanas sem ver, e continuava tudo na mesma, os mesmos truques da Carminho, as mesmas patatedas do Max, as mesmas caras preocupadas do Tufão.

É nós à espera do óbvio, a queda da Carminha, a morte do cúmplice.

Tudo muito previsível.

Avenida Brasil vive dos actores. Sem Carminha, por exemplo, era uma telenovela banal, e Adriana Esteves é a única grande actriz do elenco.

O resto são pormenores, mais ou menos engraçados, mais ou menos entediantes.

Que saudades da Gabriela... 

publicado por Domingos Amaral às 12:54 | link do post | comentar